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Death Proof – À Prova de Morte


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Para muitos Quentin Tarantino é um deus. Um mestre do cinema. Tenho visto em várias comunidades na internet o seu Pulp Fiction eleito por internautas como o melhor filme de todos os tempos (olho: de todos os tempos!). Ok, estou de acordo que ele é muito bom e que Pulp Fiction foi quase um divisor de águas, mas “o melhor de todos os tempos” acho um exagero. Na verdade, gosto demais de Cães de Aluguel, por exemplo, que é anterior a Pulp Fiction. Mas mesmo não achando ele o maior de todos, tenho que revelar: Death Proof é um dos melhores filmes que eu vi nos últimos tempos! Tarantino volta à direção fazendo duas das coisas que melhor sabe: escrevendo um roteiro com diálogos impagáveis e cuidando do manejo de câmera como um artista cuida do tom das cores em uma pintura.

A HISTÓRIA: O filme conta a história do Dublê Mike (Kurt Russell), um personagem destes raros que vive nos Estados Unidos – como tantos outros – à sua maneira. Depois de trabalhar como dublê em vários e antigos filmes de ação, agora ele perambula pelas cidades dos Estados Unidos com um carro “à prova de morte” – é assim como chamam os carros preparados para qualquer tipo de acidente ou colisão e que asseguram a vida do dublê/motorista. Em seu caminho conhecemos dois grupos de mulheres cheias de atitude, provocadoras e muito bonitas: o primeiro, liderado por Jungle Julia (Sydney Tamiia Poitier), Arlene/Butterfly (Vanessa Ferlito) e Shanna (Jordan Ladd); e o segundo por Abernathy (Rosario Dawson, a mais conhecida do elenco feminino), Lee (Mary Elizabeth Winstead, outro nome mais conhecido), Kim (Tracie Thoms) e Zöe (Zoe Bell).

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso que o restante da crítica fala de pontos-chaves do filme, recomendo que continue lendo só quem já viu a Death Proof): Como eu dizia antes, Tarantino volta ao cinema depois da trilogia de Kill Bill fazendo o que ele sabe melhor: criando diálogos ótimos, cheios de referências ao cinema e com aquela dose de “filosofia de bar” ou “filosofia das ruas” que ele consegue sacar das situações – como poucos atualmente.

Pois Death Proof é uma delícia de filme. Começando pelo ângulo e ritmo da câmera de Tarantino – que assina também a direção de fotografia. Para exemplificar: na abertura do filme o diretor já nos apresenta os elementos principais da história, ou seja, mulher e carro. Depois novamente somos jogados a observar (na verdade, pelo ângulo de Tarantino, a contemplar) o balançado do gingado de Jungle Julia e suas pernas… mesmo ângulo que seria repetido muitas vezes com essa e outras personagens. O que se aprende disso? Que a mulher é o objeto de desejo e que move a trama junto com as carangas poderosas de Dublê Mike e das garotas que provocam o seu desejo.

Falando no Dublê Mike… que sacada a do Tarantino de colocar como seu personagem principal um dublê! Afinal, todos sabem que os dublês vivem arriscando a sua pele para os grandes atores mas nunca se tornam conhecidos ou reconhecidos – como máximo reconhecidos em seu próprio meio, no “backstage”. E olha lá! E aqui nosso Dublê Mike “se vinga” de todo prótotipo de famoso. A cena em que ele pergunta a Pam (Rose McGowan, ótima, fazendo aqui quase uma ponta) para que lado da estrada ele deve seguir quando está dando carona para ela e o restante dos diálogos posteriores, quando ele se revela, são ótimos.

Para mim uma das melhores seqüências de diálogo no filme é a hora em que Abernathy, Kim, Lee e Zöe estão na lanchonete falando de filmes de ação com carros e o Dublê Mike está atrás, só escutando. E a sequência em que Zöe e Kim emprestam um carro rarríssimo para fazer uma cena super perigosa é primorosa – apesar de um pouco extensa demais, para o meu gosto. Mas perfeita! Diversão garantida.

NOTA: 9,8.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Entre várias brincadeiras que Tarantino faz no filme, gostei de uma em especial. A sátira do “policial do interior que descobre um serial killer e resolve, por sua conta, risco e grande dedicação, investigar o caso por conta própria”. A dupla de policiais que troca frases incríveis no hospital em que vai parar o Dublê Mike se chama Earl McGraw (Michael Parks) e Edgar McGraw (James Parks). Os dois são pai e filho na vida real também – assim como no filme.

Não chego a tanto de dizer que Tarantino fez pela carreira de Kurt Russell com Death Proof o mesmo que fez com John Travolta ao filmar Pulp Fiction, mas que ele deu uma boa “revigorada” nesse ator, ah, isso ele fez. Ainda mais se lembramos que antes de Death Proof Kurt Russell havia estrelado Poseidon e outros filmes de menor importância… fazia tempo que não fazia nada realmente decente. Me lembra um pouco a Mickey Rourke, que foi “ressuscitado” com Sin City pelos diretores Robert Rodriguez, Frank Miller e Quentin Tarantino. Aliás, exceto por Frank Miller, os mesmos responsáveis pelos filmes do projeto Grindhouse (composto por dois filmes, este Death Proof, de Tarantino, e por Planet Terror, de Robert Rodriguez).

Falando em Grindhouse, esse projeto saiu da mente dos diretores Rodriguez e Tarantino como forma de homenagear os “filmes-B” tão conhecidos a partir dos anos 70 e 80, especialmente os de corridas de carros com requintes de terror (Death Proof faz referências a esses) quanto aos de zumbis e cia. (com o Planet Terror). Originalmente, Grindhouse juntava os dois filmes – primeiro o de Rodriguez, depois o de Tarantino – em uma espécie de “sessão dupla”. Claro que parte de cada filme teve que ser “cortada” para que a sessão dupla fosse possível, por isso se fez depois a separação dos dois com mais tempo para cada história.

Tarantino faz um personagem secundário na trama – maior que as pontas tão famosas de Hitchcock ou menos famosas de M. Night Shyamalan, ou mesmo que as outras “pontas” do próprio Tarantino em seus outros filmes (exceto em Kill Bill, onde resolveu não aparecer) -, conhecido como Warren o Barman. Bem divertido esse personagem, com uma frases infames. Só que a voz de Tarantino realmente é algo estranha… hehehehe

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

13 respostas em “Death Proof – À Prova de Morte”

Impressionante como as coisas viram ouro na mão do Tarantino…
Poucos diretores teriam a ousadia de idealizar um projeto como esse. Indiscutivelmente ele é um dos melhores de todos os tempos, não somente pelos filmes que faz, mas pela reformulação de conceitos que claramente influenciaram em trabalhos de vários outros diretores como por exemplo Guy Ritchie, Paul McGuigan e o próprio Robert Rodriguez….
Death Proof é apenas uma das dezenas de obras primas que estão por vir… o dificil é esperar até a próxima….
😀

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Sim, incrível o filme, não?

Quando vi, fiquei impressionada especialmente com o olhar único que essa figura do Tarantino tem, além do seu talento para sacar umas frases perfeitas de tão “comuns” e espirituosas. O cara é foda!

Que bom, Giancarlo, que voltaste! Espero que deixes mais comentários por aqui. Estou adorando. Tens blog? Se sim, deixa teu link aqui – tenho que melhorar, e muito, a minha lista de blogs para indicar.

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Huahuahua… olha… ter eu não tenho…
mas já tive pretensões de ter um igual ao seu… porque também sou fascinado por cinema….
mas acho que por falta de talento, competência e tempo eu me limito a apreciar blogs como o seu! ahhh.. deixa eu dar uma sugestão…
90% dos motivos que levam um visitante a retornar a uma página é definido pela capacidade de interação com quem é responsável por ela….
trocando em miudos.. continue respondendo aos comentários de seus leitores, e principalmente, debatendo cinema através deles…
acredite! já deixei de visitar muitos blogs por me sentir solenemente “ignorado”… hehe
não tenho blog, mas leio muitos e sei oque estou falando!
😉

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Bacana. Faz muito tempo também que eu queria ter criado esse blog, mas nunca “dava tempo” e tal. Mas finalmente comecei, ainda que ainda não me dê tempo… hehehehehe.

Mas é que sou realmente louca por cinema. E brigadão pela sugestão. Ainda que para mim uma das grandes “revoluções” dos blogs seja realmente esse contato direto de quem quem “produz” a informação ou a opinião e de quem lê… até que o negócio fique tão bom, esse lance da interação, que tu já não sabe quem cria e quem recria. Acho isso fantástico. Espero que no futuro meu blog chegue a esse ponto, de pessoas opinando muito, concordando, discordando, lançando novos olhares. Nossa, se isso rolar, vou ficar hiper feliz.

Obrigada, novamente, por passar por aqui. Ainda mais tu conhecendo tantos blogs e sabendo bem o que vale a pena ou não continuar visitando.

E sobre o Kurt Russell… realmente, ele estava meio “caidinho”, mas nem tanto quanto John Travolta antes de Pulp Fiction. Aliás, isso é outra qualidade do Tarantino: resgatar caras que ele admira para fazer algo bacana, criativo… quase como uma homenagem a essas figuras. O John Travolta sem o Tarantino e o Pulp Fiction estaria morto.

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Tens razão Alessandra… o John Travolta voltou ao mundo dos vivos através do hiper-clássico Pulp Fiction… mas destaco também a ótima interpretação do Samuel no filme… hehe.. sempre lembro da cena em que a câmera congela na cara dele enquanto ele come chessburger.. hehe.. e vc fica esperando.. e esperando… e esperando… enfim… é sensacional! huahuahua…
sobre o John Travolta.. seria interessante uma crítica sua sobre o HairSpray… que a principio… no IMDB ta muito bem cotado… é bom que ele esteja voltando depois do horrivel SwordFish e do mais ou menos Bee Cool… hehe
Beleza! Obrigado pelo espaço! Aguardo novas críticas!
😉

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Claro, o Samuel L. Jackson está perfeito no papel. Tão bom quanto o Travolta. Mas a diferença entre os dois no caso de Pulp Fiction, para mim, é que o Travolta estava “morto” como ator visível para Hollywood, ninguém acreditava nele, enquanto Jackson tinha feito bons filmes recentemente, como Fresh, do Boaz Yakin, True Romance do Tony Scott ou até mesmo um papel secundário em Jurassic Park. Por assim dizer, ele estava em uma curva ascendente, enquanto o Travolta nem curva mais tinha… hehehehehehe

E Giancarlo, tenho medo de HairSpray… hehehehe. Outro dia quebrei uma regra minha e li um resumo do filme e achei péssimo. Na real, não tinha curiosidade de vê-lo, mas vou atrás agora que tu comentou. hehehehehehe. Se eu tiver alguma sequela por isso, mando a conta do meu analista para ti. hehehehehehehe

Beijosssssssssss

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Assisti o filme e achei pior que o planeta terror os dialogos são chatos e narrativa muito lenta, maçante nessa o tarantino falhou o filme parece que tem mais tempo para acabar por causa disto! A unica coisa que se salva é a mina na gaiola do carro com o dialogo curto que poderia ter durado um pouco mais, a cena da colisão e no hospital. A perseguição não mostrou nada de interessante tudo previsível, a parte que ele esta bebendo alcool e jogando na ferida ficou boa também. Curto os trampos do tarantino, assisti muito filme trash/b na vida, eles foram feitos para divertir, mas esse é um Filme chato de assistir ele errou a mão feio!

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Oi AMalone!!

Sério mesmo? Achasse o filme tãooo chato assim?

Interessante.

Não sei se eu assisti a Death Proof de maneira muito descompromissada, relaxada, meio que não esperando nada demais e isso ajudou a que eu tivesse uma impressão boa do que eu assisti… pode ser.

Eu me diverti com esse filme. Porque achei que ele realmente faz um repasse em todos os lugares-comum das produções deste gênero. E adiciona as esquisitices do Tarantino. Por isso achei divertido.

Mas respeito a tua impressão. Talvez outras pessoas acharam ele um saco também. É bem possível.

Obrigada pela tua visita e pelo teu comentário. Espero que voltes por aqui mais vezes.

Um grande abraço e inté!

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Curto os filmes do Tarantino, mas me decepcionei com Death Proof.
Os diálogos são tediosos, alguns trechos longos demais, desnecessário.
Acho que assisti esperando demais do filme!

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Oi Rockheart!

Pois, como você, eu também gosto do Tarantino. Mas acho ele um pouco irregular e/ou inconstante. Talvez por isso eu assisti a esse filme “neutra”, sem grandes expectativas. E talvez por isso, também, tenha gostado mais dele do que você.

Mas paciência. Quem sabe no próximo ele nos surpreende mais positivamente? Tomara!

Obrigada pela tua visita e pelo teu comentário. E volte por aqui mais vezes, inclusive para falar de outros filmes, combinado?

Abraços e inté!

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