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The Prestige – O Grande Truque


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Sempre gostei de mágica e dos grandes mágicos da História. Não sei explicar bem, mas acho que não fujo do comum: me fascina o poder que um bom mágico tem de nos iludir, de nos enganar, algumas vezes de maneira tão simples; e, ao mesmo tempo, me fascina tudo aquilo que não entendemos, que nos parece incompreensível. Para mim, tanto a capacidade de nos enganar quanto o fascínio pelo inexplicado estão na essência da mágica. Confesso que tentei fazer algumas mágicas quando era mais jovem, na fase de criança e começando a ficar adolescente.

Fiz algumas em uma viagem a São Paulo, quando visitei duas primas queridíssimas e que sabiam alguns truques. Nos divertimos muitíssimo. Mas não é sobre isso que vou falar, mas sim sobre um filme sobre mágica e sobre mágicos do qual gostei muito: The Prestige. E como cheguei a ele? Através do diretor Christopher Nolan, que havia feito antes Memento, outro filme que me fascinou e do qual gosto muito.

E, para completar, The Prestige conta com quatro atores de primeiríssima grandeza: Hugh Jackman, Christian Bale, Michael Caine e Scarlett Johansson. Não considero ela uma grande atriz, mas sempre é bom citar – e admito que gosto dela – Piper Perabo, que faz, como Scarlett Johansson, um papel pequeno na história. O filme é realmente de Jackman e Bale. Para os que gostam de mágicas e mágicos, como eu, recomendo – assim como o anterior The Illusionist.

A HISTÓRIA: Na Inglaterra do final do século 19, dois jovens mágicos – Robert Angier (Hugh Jackman) e Alfred Borden (Christian Bale) – trabalham juntos com o produtor de espetáculos e inventor de “aparatos mágicos” Cutter (Michael Caine). Mas a breve experiência dos dois trabalhando juntos dura pouco tempo e termina de maneira trágica. A partir do acidente que ocorre em uma das apresentações e da perda fatal para um deles, começa uma rivalidade entre Angier e Borden que beira o absurdo e o criminal. A cada novo avanço de Borden, Angier tenta se sair melhor, e vice-versa. A disputa entre os dois parece não ter limites e nem fim, em um jogo de ambição, poder e gosto pela arte.

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que parte do texto a seguir conta trechos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a The Prestige): O diretor Christopher Nolan é, para mim, desde Memento e Insomnia, um dos grandes nomes do “novo” cinema produzido em Hollywood – digo produzido porque o diretor, na verdade, é inglês, nascido em Londres. E ele continua fazendo um belo trabalho – ainda que menos ousado que Memento – com esse The Prestige.

A narrativa dele, com cortes “bruscos” em alguns trechos – como ocorre com a nossa compreensão durante uma boa mágica – e, mais, a simplicidade com que vai nos envolvendo no jogo cada vez mais perigoso entre os personagens principais é um bom exemplo de como se faz cinema. Sem contar que ele conta, nesse filme, com um trio de atores masculinos de tirar o chapéu. Além deles, destaco a interpretação da atriz inglesa Rebecca Hall como Sarah, a mulher de Borden. As outras duas atrizes que eu tinha comentado – e mais conhecidas, por assim dizer – Piper Perabo e Scarlett Johansson fazem papéis menores, quase secundários em uma história onde os mágicos são realmente o centro da atenção.

Gostei do roteiro dos irmãos Christopher e Jonathan Nolan – que adaptaram a história do livro de Christopher Priest. A história é bem conduzida e envolvente, sem deixar a “peteca” cair no meio do caminho. Também gostei do “the prestige” do próprio filme… afinal, como ensina Cutter, uma boa mágica tem três momentos… depois da promessa, vem a surpresa… mas mais que a surpresa, o mágico deve ter um “gran finale”, que seria o “the prestige” do título… ou o ápice de uma mágica.

E o filme também passa por esses momentos, com um “gran finale” que talvez decepcione alguns – eu, pessoalmente, admito que não gostei muito do que ocorre com um dos personagens principais – mas, ainda assim, fica aquela “penumbra de dúvida” no ar. Afinal, ninguém se importa com o homem da “caixa”. E até que ponto realmente temos a certeza absoluta de quem era o homem na caixa? Para mim a cena final, das redomas com água, nos quer dizer justamente isso… que se pode acreditar no que se bem quiser nesse “gran finale”. Eu fico com a resposta mais óbvia, ainda que não goste muito dela.

Mas, só para comentar um pouco mais da história: como em The Illusionist, outro filme de que gostei muito, The Prestige nos conta uma história interessante de bons mágicos no século 19. Fico pensando que é interessante a história se passar nesse tempo, já que foi aí, no fim do século 19 e início dos anos 20, que viveu Houdini, para alguns o melhor mágico de todos os tempos (pesquisando sobre ele, descobri essa interessante notícia de que ele pode ter sido envenenado por “concorrentes”.

Mais do que nunca a história de The Prestige teria fundamento… heheheheheehe). E, falando em mágicos, para mim foi inevitável lembrar de David Copperfield. Acho que todos que viveram os anos 80 lembram de como esse cara fez sucesso, não é? Impressionante. E aí me perguntei: ele está vivo? Sim, porque depois de ser super exposto na mídia, ele meio que desapareceu. E aí eu descobri que ele está vivo sim, e continua fazendo shows por aí. E descobri também que o FBI anda investigando ele… agora, não sei a razão exatamente.

NOTA: 9,5.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Eu realmente não sei porque demorei tanto para ver esse filme. Acho que deveria estar ocupada com o doutorado para ter perdido algo assim… The Prestige foi nomeado para diversos prêmios, inclusive para dois Oscar: melhor fotografia e para melhor direção de arte. Não ganhou nenhum dos dois, mas realmente mereceu ser indicado, porque tecnicamente o filme é muito, muito bom. Ganhar ele ganhou dois prêmios: melhor diretor para Christopher Nolan no praticamente desconhecido Empire Awards (prêmio inglês); e melhor ator inglês coadjuvante do ano para Michael Caine no Prêmio do Círculo de Críticos Londrinos.

Interessante a interpretação do músico David Bowie como Tesla, o inventor da misteriosa máquina que vira o “the prestige” do filme. Realmente se não fosse o nome dele nos créditos, não o teria reconhecido. A caracterização dele ficou perfeitíssima.

Para quem ficou interessado em saber aonde o filme foi rodado, aí vai a lista de locações: Belasco Theatre, em Los Angeles; cidades de Burbank (California), Colorado, Dowtown (Los Angeles), Greystone Park & Mansão em Beverly Hills (cena em que Angier e Cutter se encontram, na California), Mount Wilson (cena dos “campos elétricos”, California), Pasadena (California) e muitos e muitos outros lugares na California. As cenas todas das ruas “londrinas” de época foram feitas nos estúdios da Universal na California.

The Prestige teria custado aproximadamente US$ 40 milhões. Só nas bilheterias dos Estados Unidos o filme faturou pouco mais de US$ 53 milhões. Ou seja: já se pagou. O que é bom. Sinal de que Nolan continuará fazendo bons filmes, ainda que com idéias caras.

Os usuários do site IMDb (quem acompanha esse blog sabe que esse é o meu banco de dados preferido na net) deram a nota 8,4 para o filme – está bem, muito bem. Pelo site Rotten Tomatoes, que reúne críticas de jornalistas de todo o mundo, o filme recebeu 131 críticas positivas e 44 negativas.

Depois de lançar Batman Begins em 2005, vi agora que Christopher Nolan está filmando The Dark Knight, uma nova história do Cavaleiro das Trevas. O filme tem previsão de ser lançado em 2008. Em The Dark Knight Batman (vivido novamente por Christian Bale) enfrentará um de seus grandes inimigos, o Charada (interpretado aqui por Heath Ledger). Está no elenco ainda Maggie Gyllenhaal como Rachel Dawes, Gary Oldman como James Gordon, Morgan Freeman como Lucius Fox, Aaron Eckhart como Harvey Dent, Michael Caine como Alfred Pennyworth, entre outros. Nada mal, hein?

Falando em nada mal, bem que podiam ter feito um cartazinho mais bonitinho para The Prestige, não? Sinceramente, não curti muito.

CONCLUSÃO: Filme bem escrito e bem dirigido, que reproduz na própria história as fases de uma boa mágica. Recomendado para quem gosta de assistir e pensar a respeito dos bastidores do meio artístico e, especialmente, de ver boas atuações em cena.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

16 respostas em “The Prestige – O Grande Truque”

Por favor alguém me explique completamente aquele final, eu não entendi nada… e não adiante dizer que o final era pra não enteder mesmo, que, com certeza, deve ter uma explicação, se alguém tiver uma explicação plausível para o homem da caixa (cena final com vários Hugh Jackman nas caixas de vidro com água), sobre o efeito multiplicador da máquina criada por Tesla, gentileza me dizer….

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Olá João!

Seja bem-vindo a este blog. Obrigada por tua visita e por teu comentário.

Olha, eu tenho uma conclusão sobre a cena final. Pode ser a única possível ou podem existir outras explicações, mas o que eu entendi leva em conta tudo o que foi dito e mostrado perto desta cena final.

Lembra o que disse o personagem de Robert Angier pouco antes de levar o tiro? Ele diz que desde que assumiu o perigo do invento de Tesla ficava pensando quando ele seria o “homem da caixa”. O que ele quis dizer com isso? Tanto pela cena das cartolas multiplicadas que começa o filme (e se repete depois) quanto pela cena final que comentas, de vários “Angier” mortos em caixas de vidro, percebemos que o invento de Tesla não faz a pessoa simplesmente sumir, mas faz ela ser transportada para outro local e, ao mesmo tempo, cria uma cópia dela. Pois bem. Em seus experimentos, Angier descobre isso e inventa o recurso de colocar uma caixa com água no local em que suas “cópias” saiam. Foi assim que ele conseguiu enganar a todos e acusar Borden de tê-lo matado. Agora, como todo invento, o de Tusla poderia ser alvo de alguma mudança, por isso a frase dele de que, no fundo, ele nunca sabia quando poderia ser o “homem da caixa”, ou seja, seu sósia e não ele mesmo.

As várias caixas com água do final mostram isso, todas as vezes em que Angier matou um de seus sósias para conseguir ficar famoso, para conseguir demonstrar a maior mágica já criada pelo homem – neste caso, a de clonagem de seres humanos. O filme é uma fantasia, é claro. Não fique irritado com ele. hehehehehhe

Um grande abraço e volte sempre!

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Olá Bianca!

Primeiro, obrigada por tua visita. E pelo teu comentário!

Olha, esse é o típico filme com múltiplas interpretações. Não vou dizer que estás errada e nem que estás certa. Isso porque o filme deixa várias perguntas sem resposta. É possível que a cópia tivesse atirado no Angier antes dele ter puxado o gatilho? Sim, acho bem possível. Mas pelo comentário dele no final, de que nunca se sabe “quem será o homem na caixa”, eu acho que ele sobreviveu. Acho que ele sempre conseguiu ser o homem “consciente” do que ia acontecer e reagia mais rápido que seu “clone”, mas sobre isso ninguém pode dar garantia – exceto o roteirista e o diretor, claro.

Antes que alguém comente que a cópia não saia com uma arma no bolso, devo lembrar que as cópias sempre saiam vestidas e iguais ao Angier original… então por que não sairiam com uma arma no bolso? Só que sou da opinião, ainda, que o Angier original era mais “esperto” e “consciente” do seu truque as cópias. Mas pode ser também que ele tivesse morrido na primeira hora… ainda que eu ache que dificilmente uma cópia que se “deu bem” continuaria com um truque como esse buscando a fama… eu, pessoalmente, se fosse uma cópia do Angier, tentaria continuar viva. hehehehehehehe

Obrigada por tua visita, Bianca. E desculpa a demora em responder. Andei meio enrolada ultimamente, mas vou ver se consigo me dedicar mais para o blog. Um abraço e volte sempre!

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e quanto ao Alfred e seu irmão gemeo, um é fruto da maquina de Tesla? ou irmãos gemeos mesmo? essa duvida vem porque antes que Angier fosse financiador de Tesla Alfred ja tinha financiado a mesma maquina, sem contar que o segredo de seu diário era ”Tesla”

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Cara, Alfred nunca teve contato com Tesla, foi uma pista falsa pra tirar Angier da jogada. Ele sempre teve um irmão gêmeo, tanto que ele fala que tem um grande truque mas o mundo ainda não estava preparado para tal muito antes deles virarem rivais, ou seja, Alfred era um zé sem nenhum tostão no bolso. Quanto ao final, a máquina de Tesla criava um clone da matéria e este clone surgia a uma certa distância, onde essa distância dependeria do ajuste realizado. Portanto todas as noites de espetáculo (que foram 100) um dos 2 era morto (original ou clone, não se sabia ao certo, por isso a frase “nunca se sabe que é o homem na caixa”) porém, como ninguém via Angier se afogando, este morria em silêncio e o outro Angier surgia do outro lado do teatro. Na noite em que Alfred viu Angier se afogando ele gritou por socorro muito alto fazendo ecoar por todo teatro o seu pedido de ajuda, com isso o Angier que apareceria do outro lado, ao ouvir os gritos ficou escondido dando a impressão de que Alfred teria colocado o tanque para assassiná-lo. Com isso, o Angier que ficou escondido, assume outra identidade e compra todos os bens do mágico Angier. Ao final todos aqueles “Wolverines” nos tanques são dos espetáculos que Alfred não apareceu.

Este com certeza foi um dos melhores filmes que já vi (juntamente com o Dark Knight), e confesso que virei fã do diretor Christopher Nolan, E na boa Alessandra (autora do post) “enfrentará um de seus grandes inimigos, o Charada (interpretado aqui por Heath Ledger)” é de doer o coração.

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Sou só eu que acho que “Tesla” como pista falsa – levando Angier a uma máquina que já havia sido construída e que fazia exatamente o que o Angier precisava pra superar o truque do Borden – é coincidência demais?

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final fácil de entender, unica coisa que não entendi foi pq a mulher do angier ter claramente aceitado que o alfred mudasse o nó e a deixasse morrer(na cena fica claro que ela percebeu e aceitou a troca do nó), qual a lógica dela ter aceitado morrer na frente do angier? a lógica do filme é isso, ela aceitou que o alfred a matasse e depois disso angier iniciou sua trama, primeiro tentou arrancar do alfred uma resposta de qual nó ele teria dado e depois disso falhar ele criou o plano pra coloca-ló na cadeia e talz, até achei que ela apareceria no final ou uma sósia dela ou irmã gêmea ou outra cópia da maquina de tesla..

só eu pensei nisso? PQ ELA ACEITOU MORRER? QUAL A LOGICA?? uma coisa tenho certeza, falta explicação no filme e o diretor não explicaria nunca já que ele passa o filme inteiro dizendo que quando se sabe o segredo não passa de um simples truque…

faloww

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Olá, pelo que li nos comentários você acredita que a máquina de Tesla criava “cópias independentes” do Angier, com sua própria consciência e tudo mais. Porém não é isso, se você entender dessa forma o filme não faz sentido mesmo, a chave para entender o que ocorre na maquina que Tesla criou é uma frase que o mesmo utiliza pouco antes de Angier testar a maquina em si mesmo, quando ele descobre que a máquina está funcionando, porém não dá forma esperada, ele vê várias cartolas e dois gatos na parte de fora da casa do Tesla, quando eles então medem as cartolas, o físico diz que a máquina precisa de alguns ajustes e Angier vai embora, quando ele sai, pergunta qual das cartola é a dele e Tesla responde “todas são a sua”. Ou seja, a máquina não cria clones, mas cópias idênticas ao original, com as mesmas sensações, memórias, motivações e tudo que o “original” possui, porém não existe um original, todos são reflexos do mesmo Angier, por isso no final, o Michael Caine fala que mentiu quando disse que o amigo dele se sentiu ” voltando pra casa” quando se afogou, por que Angier estava matando a si mesmo diversas vezes e de forma dolorosa (afogado), e queria fazer se sentir culpado. Espero ter sido claro. Abraços.

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É um filme muito bom. “The Prestige” oferece uma série de atividades para competição profissional extrema no espírito de vingança e tom familiar de mistério, a propósito me lembra de “O Hipnotizador” uma nova série de televisão que têm temas semelhantes. Em suma, o filme é uma história divertida, em primeira instância, com diálogos bombásticas e tomaram conjecturas nosso diretor executa um enigma estilo de trabalho, mas sem ir aos extremos, com a fotografia cuidadosa, cenários apresentados com o requinte de um grande arquiteto, fazer precisas e confiáveis, é óbvio que toda a produção se esforça para fazer o trabalho à tona sem a desvantagem de falta de ajuste, mas com a intenção de delicadeza, suspense e tensão, amantes taquicardia cuja percepção inspecionar mesmo o menor pormenor, que vai ser crucial no filme. As virtudes do filme são óbvios, o script é uma obra escapista / ilusionista com o único propósito de enganar o espectador e fazê-lo sentir emoções diferentes; direção de atores é requintado

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Olá, Alessandra. Tudo bem?
Olha… te falar que gostei muito da sua crítica. Ontem assisti a esse filme pela segunda vez (estou de molho em casa por conta da Covid) e pude reparar em alguns detalhes e depois de ler o que escreveste… na mosca!
mas uma dúvida persiste: quem era a mulher dentro da “cápsula”, no final do filme, depois que Robert morre? aparece uma mulher bem na última cena. quem é aquela criaturaaaaaaa, please? 🙂

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