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Okuribito – Departures – A Partida


Departures (Page 1)

A maioria dos apostadores do Oscar 2009 errou na categoria de Melhor Filme Estrangeiro. Poucos acertaram a vitória de Okuribito, representante do Japão na disputa. Mas ao assistí-lo, esta noite, percebi as razões que fizeram os votantes da Academia escolherem esta produção no lugar de outras que eram consideradas favoritas. Okuribito é um filme lindíssimo, um dos mais bonitos – se não, o mais – que eu já assisti sobre o tema da morte. Sem contar o restante do temário do filme, como a quebra de preconceitos, a mudança de rumos que uma pessoa pode ter na vida e, o principal, o amor que acaba sendo maior que tudo, maior que mágoas, que abandonos ou diferenças de opiniões. Belíssimo, no melhor estilo do cinema japonês, que preza pelos gestos, expressões, detalhes e o silêncio – um prêmio para as pessoas cansadas da verborragia de outras produções.

A HISTÓRIA: Daigo Kobayashi (Masahiro Motoki) vive com a mulher Mika (Ryoko Hirosue) em Tóquio. Ele saiu de uma pequena cidade no interior do Japão para buscar o seu sonho de ser um violoncelista em uma orquestra na cidade grande. Endividado por seu sonho, ele decide voltar atrás quando a orquestra da qual ele faz parte é dissolvida. Mika aceita a idéia sem pestanejar, e eles voltam a morar em Yamagata, onde o casal não precisa pagar aluguel porque Daigo herdou uma casa da mãe, morta dois anos antes. Procurando trabalho, ele encontra uma oportunidade incrível em um jornal, sem saber que será aceito em um emprego considerado tabu na sociedade local.

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Okuribito): Como tantos outros filmes que nos “ensinam” histórias edificantes, Okuribito começa com uma importante reviravolta na vida do protagonista. Afinal, nunca é fácil aceitar que aquele “sonho” que se tinha quando alguém era criança, na prática, se tornou inviável. Ou, como o próprio Daigo admite logo no início, que talvez seu talento não chegue tão longe quanto ele – e outras pessoas, como a imponente ainda que ausente figura paterna – gostariam. Então ele se desfaz do violoncelo que lhe tirava o sono – poucas coisas podem deixar um japonês mais inquieto do que uma dívida – e, de quebra, de um sonho de vida que ele não sabe muito bem se era seu ou do pai que lhe abandonou criança. Mas este primeiro corte na vida do personagem é apenas o estopim de partida de Okuribito. O que vem depois é muito, mas muito mais interessante.

Os japoneses, para quem não sabe muito sobre sua cultura e seu “modo de vida”, prezam muito a questão da honra e da família, o respeito pelos mortos e a idéia de que a morte é apenas uma “partida”, ou seja, a saída desta vida para outra mais plena – os orientais acreditam que a morte seja apenas um renascimento. Neste link do blog Micropolis vocês podem encontrar um texto curioso sobre celebrações para os mortos e outros detalhes sobre como o assunto é tratado nas culturas orientais. Sabendo de tudo isso, é fácil entender o repúdio que muitos japoneses sentem com as pessoas que “lucram” com a morte dos outros ou, pior, tratam os entes queridos das pessoas quando mortos como se fossem apenas um “objeto” que precisa ser colocado em um caixão. E um homem sensível, um músico como Daigo, se surpreende sendo contratado justamente para executar rituais de “passagem”, ou seja, de preparação dos mortos para que eles sejam cremados – no Japão as pessoas não são mais sepultadas.

Daigo se sente envergonhado de trabalhar em algo assim – porque sabe que esta profissão é mal vista por sua sociedade. Mas ele não abandona seu trabalho, inicialmente, pela bela remuneração que começa a receber – e com pagamentos diários. Como sempre, serviços que a maioria das pessoas não quer fazer, seja na sociedade ocidental ou oriental, são muito bem pagos. Assim sendo, Daigo fica no trabalho, mas escondendo o que ele realmente faz da esposa, Mika – que, como toda mulher oriental, “não se mete demais” na vida do marido, sabendo o momento de perguntar e o de ficar calada (muito diferente de nós, mulheres ocidentais). Aliás, Okuribito é um filme bem bacana também para mostrar como são as relações na sociedade japonesa, tanto na questão de “castas sociais” como na das relações pessoais, entre indivíduos de uma mesma família ou nos ambientes de trabalho.

Mas voltando a história de Daigo… como acontece com quase todos os preconceitos que existem em uma sociedade, ele também sente ojeriza, inicialmente, ao trabalho que acabou assumindo por necessidade. Mas, pouco a pouco, ao ver a poesia que existe e, principalmente, o respeito e o amor que representam os gestos do seu chefe e mentor, Ikuei Sasaki (o ótimo Tsutomu Yamazaki), em todas as cerimônias de preparação dos mortos na frente de seus familiares, Daigo perde suas idéias preconcebidas e deixa o preconceito de lado. De forma ainda mais especial quando ele assume o posto de Ikuei naquele trabalho. É verdadeiramente emocionante as cenas das preparações e o desempenho dos atores neste processo.

Mas além da quebra de preconceitos, Okuribito trata do tema do respeito e do amor que todas as pessoas sentem em relação ao seus entes queridos que um dia, inevitavelmente, irão morrer. O processo da partida é doloroso, não importa o quanto preparadas ou “resolvidas” estejam as pessoas que ficam vivas e acompanham a cerimônia de despedida de quem está partindo. (SPOILER – não leia se você ainda não assistiu ao filme). Okuribito, indiretamente, também trata das entranhas de diferentes famílias e suas formas de enfrentar a morte de um ente querido, como quando ocorre a inesperada perda da batalhadora e simpática Tsuyako Yamashita (Kazuko Yoshiyuki), a proprietária da casa de banhos frequentando há décadas pelas famílias da pequena cidade. Até a véspera de sua morte, Tsuyako defendia com unhas e dentes o seu negócio, resistindo aos apelos do filho (o ótimo Tetta Sugimoto) em vender a casa de banhos.

Super emocionante a “ponta” do ator Takashi Sasano como Shokichi Hirata, um dos mais fiéis e simples clientes de Tsuyako que nos dá uma grande lição no final do filme. E falando em papéis “secundários”, merece uma menção toda especial a atriz Kimiko Yo, que interpreta Yuriko Kamimura, a secretária de Ikuei e sua fiel amiga (e admiradora) há muitos anos. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Quando Daigo descobre que seu pai (Tôru Minegishi) morreu e reluta em viajar para se “despedir” dele, Yuriko nos dá outra grande lição sobre amor, afeto e as barreiras que o orgulho (e a vergonha) podem formar para separar durante uma vida – pelo menos a terrestre – as pessoas que se amam. Lindo. Bem, acho que sou suspeita para falar, mas achei este filme uma verdadeira obra de arte, belíssimo, delicado e inspirado.

NOTA: 10.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Volta e meia, nos textos aqui do blog, eu destaco as trilhas sonoras e as direções de fotografia dos filmes. Mas poucas vezes eu achei tão digna de menção e de aplausos uma trilha sonora de uma produção cinematográfica quanto desta vez, com Okuribito. Achei verdadeiramente impecável o trabalho de Joe Hisaishi – digo isso para os que não tem coceira ao ouvir música clássica, é claro. Também bastante competente o diretor de fotografia Takeshi Hamada, que nos brinda com cenas belíssimas, tanto exteriores quanto interiores, em diferentes residências japonesas.

O filme, no geral, é bastante bem acabado e cuidadoso nos detalhes. Desde o trabalho de maquiagem dirigida por Iaso Tsuge até o design de produção de Fumio Ogawa. O diretor Yôjirô Takita, que fez um discurso bastante engraçado no Oscar – ele estava visivelmente bastante surpreso em ganhar o prêmio -, fez o seu trabalho com primazia, orquestrando o trabalho dos outros profissionais competentes que ele conseguiu reunir, junto com os produtores, para o projeto. E claro, merece grande parte do crédito deste filme o roteirista, Kundo Koyama – que escreveu uma história e alguns diálogos perfeitos.

Não sei, realmente, se todas as pessoas que assistirem ao filme ficarão tão tocadas por ele quanto eu fiquei. Mas sou suspeita para falar, porque eu sempre fui apaixonada por música, especialmente por violinos e violoncelos, assim como pela cultura japonesa e pelo tema da separação que a morte provoca entre as pessoas que se amam. Então, já viram… juntando tudo isso, não tinha como eu não adorar ao filme.

Okuribito, como dito anteriormente, ganhou o Oscar de Melhor Filme Estrangeiro de 2009, deixando para trás favoritos como Vals Im Bashir e Entre Les Murs. Mas além do maior prêmio da indústria cinematográfica ocidental, este filme levou outros 27 para casa, incluindo 10 conferidos pela Academia de Artes Cinematográficas japonesa – prêmio que seria o equivalente ao Oscar no Japão -, entre eles, o de melhor filme, diretor, roteiro, ator, ator e atriz coadjuvantes. Fora das terras orientais, Okuribito foi agraciado ainda com dois Prêmios da Audiência: como melhor narrativa no Festival Internacional de Cinema de Palm Springs e como melhor produção no Festival Internacional de Cinema do Hawaii. Ele levou, ainda, fora do Japão, o Grande Prêmio das Américas no Festival Internacional de Montreal. Sem contar outras três indicações a prêmios para os quais acabou perdendo. Nada mal, hein? E muito justo, eu diria.

Os usuários do IMDb conferiram a nota 8,4 para o filme – a maior entre os concorrentes ao prêmio de Melhor Filme Estrangeiro no Oscar 2009. O site Rotten Tomatoes, que abriga críticas de diversos veículos de comunicação, têm dois textos positivos e um negativo para a produção. Um dos textos que elogiam a produção é do crítico Eddie Cockrell, da Variety, que destaca a estréia do roteirista televisivo Kundo Koyama no cinema elogiando seu texto detalhista na descrição de personagens.

Okuribito conseguiu uma bilheteria respeitável no Japão: arrecadou, até março deste ano, pouco mais de US$ 53,5 milhões. No Brasil, o filme está previsto para estreiar agora, dia 24 de abril – antes que na França, na Argentina, na Holanda e em outros países.

(SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Não comentei antes, por puro esquecimento, mas além de todas as temáticas anteriormente citadas, Okuribito ainda aborda um assunto importante na cultura japonesa e na ocidental: a nossa capacidade de perdoar. Achei, neste aspecto, um filme especialmente belo, ao mostrar como Daigo acaba sendo confrontado com a figura paterna desaparecida e, ao perdoá-lo, consegue fazer as pazes consigo mesmo e com seu passado, entendendo de forma muito mais ampla e completa a sua trajetória e a de seus pais, seus sonhos, expectativas e frustrações. Não adianta. Por mais que nademos algumas vezes contra a corrente, mas nada é mais importante do que estarmos em paz conosco e com nossos pais e antepassados. Só assim, acredito, é possível realmente caminhar com segurança e com perspectivas de futuro.

CONCLUSÃO: Um filme bem lapidado sobre as reviravoltas que a vida e a morte podem dar nos rumos das pessoas. No melhor estilo do cinema japonês – ou de parte dele, pelo menos -, Okuribito coloca em primeiro plano a importância do silêncio e da contemplação, da vivência do amor e de demais sentimentos importantes sem a expressão ou manifestação escancarada deles. Bem dirigido e com um roteiro elaborado, atores afinados e uma trilha sonora de arrepiar, é um filme vencedor de diferentes prêmios mundo afora, incluindo o último Oscar de filme estrangeiro. Com um roteiro bastante complexo e amplo, esta produção trata de maneira genérica e, ao mesmo tempo particular, aspectos que definem a cultura japonesa. Entre eles, a importância que eles dão para as relações familiares e para a morte de entes queridos, assim como para o trabalho e suas noções de fracasso, sucesso e de comunidade. Poético, com uma fotografia cuidadosa e inspirada e uns atores de tirar o chapéu, é um destes filmes mais que recomendados.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

50 respostas em “Okuribito – Departures – A Partida”

Gostei muito, inclusive, da forma como o filme trata da questão do amor num casamento. É especialmente tocante quando a esposa de Daigo finalmente diz que o marido é embalsamador — sem esconder o orgulho que tem com isso.

A trilha realmente é belíssima, como quase tudo que Joe Hisaishi já compôs (ele é mais conhecido pela trilha de «A Viagem de Chihiro» e de outros longas de Hayao Miyazaki).

Belíssimo filme sobre a morte e a vida.

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Oi Christian!!

Primeiramente, seja muito bem-vindo por aqui. Fico feliz que tenhas encontrado este blog. Pareces conhecer muito mais o cinema japonês do que eu – que sou uma curiosa pelo cinema de todos os países e, por isso, acabo não me “especializando” por nenhum.

Tens razão sobre a beleza com que o tema do casamento (e eu iria além, o tema do amor) é tratado no casamento. Sim, a quebra de “preconceitos” e a mudança que ocorre com os personagens passa também pela aceitação de Mika da nova profissão do marido – que, desculpa te corrigir, não é um embalsamador, porque, afinal, ele apenas “prepara” o corpo (sem embalsamá-lo) para que depois ele seja cremado. Embalsamar um corpo presume que ele será conservado da forma mais perfeita possível por décadas – ou centenas de anos -, o que não ocorre com os mortos deste filme.

Como você, também recomendo o trabalho de Joe Hisaishi e o filme A Viagem de Chihiro.

Um grande abraço e volte por aqui mais vezes!

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Adorei o seu texto e é exatamente isso que o filme nos passa. Um dos melhores filme qu já assisti. Gostaria, então, de saber o que significa Okuribito, alguém sabe? bjs

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Oi Lucimar!

Primeiramente, seja bem-vinda por aqui!

Que bom que você gostou do texto. E concordo contigo, Okuribito está na lista dos grandes filmes, sem dúvida.

Olha, pesquisando um pouco, encontrei que Okuribito significaria “pessoa que leva” (Okuri=levar, bito=pessoa).

Beijos e volte sempre! Inclusive para falar de outros filmes, ok? Inté!

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Oi Mangabeira!!

Concordo contigo… é difícil escolher entre Okuribito e Kirschblüten – Hanami… são filmes bem diferentes, ainda que tenham em comum um cuidado com os detalhes e uma beleza intrínseca das histórias e nas direções de tirar o chapéu. Não sei dizer qual eu gosto mais…

Mas também, quem precisa escolher? Podemos rever os dois, não é mesmo? hehehehehehehehe

Um grande abraço!

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Queria conseguir o filme kirschbluten – hanami; pois ainda não assistir. Porém o Okuribito comprei, e toda hora que assisto choro feito criança: que filme lindo! Envie-me uma cópia;
marcos s. nascimento

Compensarei-lhe enviando outros filmes muito bons que tenho aqui.
Abraços!

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aleogeda, parabéns pelos riquíssimos comentários,
não poderia deixar de fazer as minhas congratulações.
deixo aqui micro-observações.
Tókio é realmente o centro civilizatório nipônico e
Yamagata fica mais ao norte da ilha, daí o movimento do Kobayashi de Yamagata para Tókio – algo bem clássico por aqui – observe que o diretor fez questão de fazer tomadas de cenários de decadência de lá.
Não deve ter sido proposital, não sei, mas diria que, e em relação à subprime americana, o filme foi quase que premonitório. Isso deve ter sido fundamental para o sucesso do filme por aqui.
estouro da bolha, dos sonhos, cenários de decadência etc, etc, etc.
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Nunca vi tantos estereótipos estúpidos sobre a cultura japonesa reunidos num texto só!!! Realmente, a senhora sabe muito sobre a cultura japonesa… Muito de nada, muito de mito. Reserve-se a fazer as “críticas” do que a senhora viu, ao invés de falar abobrinhas lidas em sites ou em livros de auto-ajuda. Não existe “cultura oriental”. Existem culturas que são distintas umas das outras, muito mais do que a sua vã filosofia possa imaginar. Se a senhora lê algo que preste saberá que a humildade também é um dos estereótipos da “cultura japonesa”. Verdadeiro ou não, é pelo menos algo que vale a pena seguir.

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Olá, “Shokado”!

Primeiramente, queria comentar que sempre acho engraçado quando alguém precisa criar um nome fictício para conseguir se comunicar. Estaria se escondendo? Criando um personagem para poder agredir sem mostrar a cara? Não sei ao certo, mas pela virulência do seu comentário, é isso que você dá a entender. Mais um “estereótipo”, como gostas de afirmar? Talvez… Mas para início de conversa, já perdes uma centena de pontos pelo simples fato de se esconder atrás de um “nickname”.

Ok, agora vamos ao que tu disseste. Primeiro que é quase óbvio que, ao falar de cinema, tratemos de estereótipos, não é mesmo? Ou você imagina que uma obra, seja um destes maravilhosos livros de alta literatura que você sugere ler ou qualquer peça de teatro, filme, e mais uma lista incontável de obras artísticas estão livres deles? Seria, no mínimo, inocência ou cegueira acreditar nisso. QUALQUER, e coloco isso em maiúsculas, obra trabalha com estereótipos. Mas alguém fica limitada a eles? Eu não. E acho que as pessoas que viram Okuribito e leram o texto – pelo menos a maioria – também não.

Mas você sabe mesmo o que são estereótipos? Vou te lembrar citando o dicionário Aurélio, que diz que estereótipo é uma “imagem mental padronizada, tida coletivamente por um grupo, refletindo uma opinião demasiadamente simpli­ficada, atitude afetiva ou juízo incriterioso a res­peito de uma situação, acontecimento, pessoa, raça, classe ou grupo social”. Certo?

TODAS as sociedade e TODAS as pessoas lidam diriamente com estereótipos. É assim que vivemos. E não estou citando livros de auto-ajuda – que, se você não fosse tão rápido em julgar, saberia que não fazem parte da minha leitura, e digo isso sem julgar quem faça uso deles. O que eu acabo de falar está comprovado pela ciência, mais especificamente pela psicologia e pela sociologia.

Mas vamos adiante. Você sabe muito sobre a cultura japonesa? Morou por décadas no Japão, conhecendo a fundo várias gerações de japoneses de várias regiões? Éres um especialista nesta cultura ou no que eu chamei de “cultura oriental” – ou seja, fizeste o mesmo de antes em vários países orientais? Não, pergunto isso porque só podes ser um especialista que dedicou a vida inteira a estudar a fundo os japoneses ou alguns outros orientais para afirmar que nunca viu “tantos estereótipos estúpidos sobre a cultura japonesas reunidos num só texto”. E depois ainda falas de humildade? Nossa, realmente acho que o problema não está comigo… porque, em momento algum no texto de Okuribito ou em qualquer texto deste blog eu me intitulo a “dona da verdade”. A pessoa que comenta sobre um tema e o esgota totalmente. Seria um absurdo se eu fizesse isso.

Meus textos, caro “Shokado”, são opinativos. Tenho todo o direito de opinar da maneira que eu ache mais interessante, sempre lidando com estereótipos – nada como o cinema para disseminá-los, abordá-los e, porque não, ironizá-los. Neste contexto, de uma sociedade que lida com estereótipos diariamente para poder existir, é que é feita a arte em suas várias vertentes e, por consequencia, de onde saem meus textos. Algo óbvio, simples, e que não precisa deveria ser explicado para pessoas “altamente cultas”, como você sugere que você seja.

Ah, e antes de finalizar: TODAS as culturas, caro “Shokado”, são diferentes umas das outras. Não apenas as dos diversos países considerados “orientais”, mas a de TODOS os países ocidentais, muçulmanos, árabes, católicos, etcétera. E se vamos olhar com lupa mesmo, dentro das culturas também não existem regras ou padrões irrefutáveis. O que existe é uma “tendência de comportamento”, criado e modificado pela história de cada povo e cultura. Daí surgem os estereótipos, normalmente baseados em verdades – mas que, claro está, não podem ser aplicados a todos.

Ufa, acabei falando demais. É só que pessoas como você, tão cultas e “humildes”, merecem tamanha atenção. Acredito que era isso que você estava buscando, não é mesmo?

Um abraço!

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Moro no Japão há 23 anos, ainda não entendi a cultura daqui, principalmente esse saber em ficar calada que eu deveria treinar mais.
Amo esse filme, Shiraishi, violoncelo, Memory e outras coisas, já assisti mais de 10 vezes.
TUDO o que você falou foi muito bem observado, estou estudando para ser cuidadora de idosos, o que também é uma arte, tudo feito com muito respeito, cheio de formalidades e muito difícil para nós brasileiros entendermos o motivo de ser feito assim.
Hoje estou assistindo novamente pela cena da troca de yukata, quero fazer uma troca perfeita no meu teste.
Infelizmente cultura e educação não é algo que se ensina, vem de berço, mas felizes aqueles que conseguem assimilar e se tornam uma pessoa melhor.

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Olá Nilson!!

Primeiramente, seja muito bem-vindo por aqui.

Gostei muito das tuas ponderações. Não havia pensado nisso antes, mas realmente faz muito sentido o que falaste sobre o significado da migração do casal de protagonistas para esta cidade mais ao Norte do Japão como um indicativo de “decadência”.

Claro que, como o filme nos proporciona um bocado de reflexão, com ela percebemos que tal “decadência” não é, necessariamente, ruim. Pelo contrário. Ouso dizer que a migração dos protagonistas para um cenário muito mais simples e para um padrão de vida muito abaixo do que eles tinham em Tóquio acabou sendo o reencontro deles – especialmente de Daigo – com o que era mais importante em sua vida. Digamos que o filme nos mostra como, nem sempre, uma guinada para a “decadência” pode ser visto como algo ruim, não é mesmo?

Mas gostei, gostei mesmo desta tua reflexão. Muito acertada. Mais que premonitório, eu diria que Okuribito foi emblemático na captura dos sinais de uma época de crise provocada pelo pavor e pelo medo. Os envolvidos neste projeto tiveram muita sensibilidade em capturar este momento.

Muito obrigada, Nilson, por tua visita. Espero que ela se repita muitas vezes ainda, inclusive para falar de outros filmes. Se quiseres, podes me indicar alguns bacanas da filmografia japonesa recente – ando desatualizada com eles.

Um abraço e até a próxima!

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oi Ale..tem um tempinho que não passo por aqui. Acabei de ver taken (também já comentado aqui) e já me contradizendo, até que achei legal, he he..
Estou ancioso por mais críticas dessa sua interminável e selecionadíssima lista de filmes. Seu blog continua sendo uma de minhas referências para me enriquecer sobre arte, cinema e CULTURAS.
Tudo que você escreve aqui, invariavelmente, me parece ser muito embasado em pesquisa e observações precisas sobre o
universo do cinema.
Parabéns mais uma vez e obrigado!!!!

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Olá Marcelo!!

Puxa, muito obrigada por tuas visitas e teus comentários. Fico feliz em saber que gostaste do blog e do texto de Okuribito.

Realmente é um grande filme, não é mesmo? Eu gostei muito – como pode-se notar pelo meu texto. Depois, além de receber um comentário bem negativo por aqui, li também alguns textos um bocado negativos para o filme. Mas continuo achando ele excelente. 🙂

Anotei a tua recomendação de filme. Ela entrou para a minha listinha – um bocado parada, eu admito – de filmes para conferir.
Quero te visitar com tempo, uma hora dessas, e ler teus artigos.

Um grande abraço e obrigada por tua visita. Espero que voltes muitas vezes por aqui.

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Oi Mangabeira!!

Você é um querido! Obrigada mesmo pelo teu comentário super incentivador. É bacana saber que pessoas talentosas e de bom gosto, como você, gostam de algo que eu escrevo.

Como sabes, eu não gostei muito de Taken… mas, comparado com outros filmes do gênero, ele até não é tão “terrível” assim. Certamente existem produções piores.

Andei sumida por um tempo também, com muito trabalho e coisas para resolver na “vida real”, fora do blog. Mas agora quero ver se mantenho esse espaço mais atualizado. Espero te encontrar aqui mais vezes neste período. Gosto das tuas opiniões.

Um grande abraço e inté!

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assisti ao filme no sabado dia 06 junho e achei fascinante, pude comparar com outros concorrentes do oscar Valsa com bashir , Katyn e Entre os muros , todos sao excelentes , mas acho que o japones larga na frente devido ao tema de dificil elaboracao e devido a maneira que foi conduzido , de poucas palavras e de pequenos gestos , com uma musica inspiradora………

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Uma parte interessante do filme (dentre muitas outras) é quando o pessoal da funerária aparece para buscar o corpo do pai e, o telespectador já envolvido com a situação, pensa: “Epa, pera aí, não é assim que se trata quem faleceu”!… rs.

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Olá jardel!!

Antes de mais nada, seja muito bem-vindo por este blog. Espero que esta tua visita se repita muitas vezes ainda.

Olha, ainda não consegui assistir a Entre Les Murs… infelizmente. Queria muito. Mas assisti aos outros concorrentes do Oscar deste ano e não tenho dúvidas: Departures mereceu ter levado para casa a estatueta.

Como você bem disse, é um filme belíssimo, muito bem conduzido e que economiza nas palavras, mas não na sensibilidade.

Espero te encontrar por aqui outras vezes. Um abraço!

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Olá Alexandre!!

heheheheheehehehe
Tens toda a razão… neste ponto do filme, bem no finalzinho, estamos tão envolvidos com esta bela história que ficamos, ao mesmo tempo, chocados e revoltados, assim como Daigo.

Fico feliz que tenhas achado este blog. E espero que voltes por aqui mais vezes, inclusive para falar de outros filmes – ou me indicar alguns. Seja bem-vindo!

Um grande abraço e até a próxima!

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É uma das melhores críticas que já li sobre Okuribito, parabéns. Um diretor que estudou cerimônias fúnebres durante 10 anos exclusivamente para o filme merecia no mínimo esse Oscar, além do ator que teve que aprender a tocar violoncelo e assistir a vários velórios também.

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Gentes… esta crítica sintetiza a delicadeza do filme. Após assisti-lo, fiquei procurando uma palavra para defini-lo e aqui a encontrei: poesia… Um filme sensível, comovente… Tirou-me dúzias de lágrimas…
Mas devo admitir… meu marido me diz que choro até em inaugurações de postos de gasolina, quem dirá num filme como este.
Aceite meu humilde comentário, com carinho…

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Olá Takeshi!!

Primeiramente, seja muito bem-vindo por aqui. Obrigada por tua visita e pelo teu comentário.

Puxa, fico feliz que tenhas gostado desta crítica. Como podes notar por outros comentários neste post, existe gosto para tudo – tanto para os “que odeiam (quanto para) os que amam”, como diria certa música.

Não sabia destes detalhes que você comentou, mas agora fica ainda mais claro de que forma o diretor e o ator principal de Okuribito conseguiram chegar tão perto da perfeição neste trabalho.

Muito obrigada, Takeshi, por teu comentário que agregou novas informações ao texto original.

Um grande abraço e volte sempre!

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Olá Alessandra! Eu não havia me dado conta que você tinha respondido ao meu comentário. hehe. Mas é injusto eu não citar a fonte destas informações que vieram de meu colega blogueiro Jorge Soares (My Asian Movies) de Portugal. http://shinobi-myasianmovies.blogspot.com/2009/07/departuresokuribito-2008-origem-japao.html

E pode ter certeza que sempre estou consultando seu blog antes de assistir a um filme que esteja aqui ou então consultando após assistí-lo.

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Olá adriana!!

Bem-vinda por aqui! E obrigada por teu comentário.

Vou me repetir (como sempre): puxa, fico feliz que tenhas gostado da crítica e, principalmente, que tenhas gostado tanto do filme. Aliás, sugiro que você saia por aí indicando-o (afinal, não é todo mundo que está atento a filmes de fora do circuito de Hollywood). Ele merece ser visto e indicado.

hahahahahahahahahaha
Achei engraçado isso de que choras “até em inaugurações de postos de gasolina”. 😉
Não sei você, mas eu sou meio estranha nesta questão de chorar… dependendo do caso, posso chorar até com propaganda de margarina ou, ao assistir a um filme que muitos acham “lindo”, não verter nem uma lagriminha. Isso varia… choro com muitos trechos das Olimpíadas, por exemplo, mas com filmes, depende muito. Tem que ser uma história verdadeiramente bela para me comover.

Super aceito o seu divertido, estimulante e bacana comentário. E espero que ele seja apenas o primeiro de muitos. Volte mais vezes.

Um grande abraço!

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Boa tarde, Alessandra:

Gostei demais dos seus comentários sobre esse filme. Quanta sensibilidade e pertinência em suas opiniões. Sabe, meus pais eram originários de Yamagata. Não sabia disso quando fui assisti-lo, e adorei. No filme, o local é chamado de “inaká”, ou seja, “interior”, mas não faz mal, pois é mesmo, não denigre em nada. (O nome Yamagata significa algo como “portal para as montanhas”) Meus pais chegaram ao Brasil em 1933, e somente em 1975 voltaram lá para visitar. Claro, visitaram também quase todos os pontos turísticos do Japão, tendo ficado vários dias em Tokyo, onde morava uma irmã do meu pai. Pois bem: quando retornaram, contaram como tudo estava muito diferente de quando vieram (antes da 2a. guerra…) e que, o único lugar onde ainda puderam sentir alguma impressão do que era o Japão de antes, foi em Yamagata…. No jeito do local, nas plantações e montanhas (aquele que aparece ao fundo várias vezes, inclusive quando Daigo vai tocar em dia que parece ser domingo, deve ser o Monte Zao, onde meu pai subiu e tirou uma foto antes de emigrar) nas pessoas, no modo de ser e de tratar….Uma curiosidade: o modo de falar local é um dialeto muito típico, o zuzubeshi, que pude reconhecer em alguns momentos do filme.

Enfim, gostei demais do filme, inesperadamente belo, criativo e profundo, tive a surpresa de ver que se passava na província de origem dos meus pais, que pode ser um cafundó mas não deixa de ter beleza e qualidades, e agora, deparei com o seu blog e ótimo comentário. Não podia deixar de escrever-lhe.

Um forte abraço. (Obs.: tenho apelido de ‘Ana’ mas não é para me esconder, é para facilitar).

Obrigada mais uma vez, Alessandra, sua sensibilidade e capacidade de comunicação são maravilhosas.

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Olá Masako, boa tarde!!

Nossa, que história bacana esta que publicaste aqui em forma de comentário. Muito bacana essa tua relação pessoal com o filme. Afinal, teus pais vieram da cidade retratada em grande parte da história de Okuribito. Imagino o quanto as cenas de Yamagata podem ter mexido contigo. Um filme sempre nos chega mais fundo quando nos identificamos com ele, não é mesmo?

Te agradeço por tua visita e por um comentário tão pertinente e enriquecedor. Gostei de saber dos detalhes que comentaste sobre Yamagata e a imigração dos teus pais para o Brasil. São histórias assim que nos enriquecem.

E sobre Yamagata ser um “cafundó”… isso depende do ponto de vista de cada um. Acho que se eu morasse um tempo no Japão – gosto muito daquele país e me interesso por sua cultura -, passaria uma temporada curta em Tokyo (porque acho quase inevitável não fazer isso) mas, francamente, adoraria passar a maior parte da minha experiência em um local pequeno, onde eu teria contato realmente com a essência da cultura japonesa. Sei que as pessoas sempre resistem a chegada de uma pessoa nova, mas sei também que a adaptação desta pessoa ao ambiente depende muito mais de sua postura do que dos demais. Enfim, eu acho que uma cidade dos “cafundós” do Japão deve ser muito mais interessante, justamente por preservar as características originais do país, do que uma megalópole como Tokyo.

E obrigada você, Masako, por passar pelo blog e deixar um comentário tão bacana. Espero que voltes mais vezes por aqui – e uma sugestão: aqui no blog eu comentei um filme alemão que enfoca algumas característica da cultura japonesa chamado Kirschblüten Hanami. Se puder, dê uma conferida nesta produção também. Acho que vais gostar.

Um abração e até a próxima!

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Alessandra:

Olá, adorei sua resposta, you made my day. Estou pensando como, onde, conseguirei assistir o Kirschbluten – Hanami, pois foi de 2008. Como muitos outros filmes, acabei perdendo a oportunidade.

Mas vou assistir (em DVD) Um Domingo Maravilhoso, de Akira Kurosawa. Já assisti Cão Danado (adorei passear na Tokyo do pós-guerra), Donsoko (tem maloqueiros, e acaba em batucada!), e outro que emprestamos e esqueci o nome: aquele onde o personagem principal está com os dias contados por ter câncer.

Enfim, filhos criados, decidí fazer algumas coisas que gosto, entre eles, assistir bons filmes. Que delícia entrarmos em mundos diferentes, com cenários, personagens, música, sentimentos, situações únicas, tão diferentes e ao mesmo tempo tão próximas…. pois somos todos um! Assim, Alessandra, você ganhou uma fã do seu blog.

Abraços, de uma São Paulo gelada e cinzenta. Inté.

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Olá masako!!

Grande Kurosawa, hein? Eis aí um diretor do qual eu assisti apenas uma pequena parte de sua grande obra. Donsoko, por exemplo, acabei vendo apenas uma parte, mas tenho que revê-lo inteirinho, como manda a regra. Os outros filmes que comentaste não assisti… mas coloquei na minha lista. Acredito que eu tenha assistido apenas os filmes mais conhecidos do Kurosawa… os outros todos, ainda não. Mas nunca é tarde para colocar o dever de casa em dia, não é mesmo? 😉

Fico feliz que agora tenhas mais tempo para assistir a filmes e fazer coisas que gostas. Acho muito bacana isso de passar um tempo da vida criando os filhos, outras fases dedicando seu amor e tempo para outras tarefas… bacana. Sou suspeita para falar sobre cinema porque, verdadeiramente, sou louca por ele. 😉

Obrigada por voltar por aqui e por deixar esses recados tão bacanas. Espero que voltes mais vezes, inclusive para falar de outros filmes.

Um grande abraço, de uma praia catarinense ensolarada e com clima ameno (pelo menos hoje, porque em outros dias estávamos com frio e chuva). Inté!

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Antes tarde do que nunca!!Há muito tempo que estava de olho neste filme,e somente agora tive a oportunidade de ve-lo,e navegando pela net tive a sorte grande de encontrar este blog.Não sou muito de comentar,mas confesso que fiquei tentado pela seu artigo tão preciso e minuncioso que indica a sua paixão pelo cinema e também pela cultura japonesa,Eu admiro muito a cultura oriental e sobretudo a japonesa e encontrar alguém que se dedique a estes temas é muito legal.Li todos os comentários até de um “chato” que criticou o seu artigo dizendo que era cheio de esteriótipos,e acredito que ironicamente gostei dele ter postado este comentário,porque assim você nos deu mais de seu conhecimento,”a provocação promove mais conhecimento”.Alessandra tudo que foi dito a respeito do filme é perfeito,Okuribito consegue ser raso e profundo,ele nos toca de forma silenciosa,nos arrepia com um sussurro….Sem mais delongas quero te parabenizar pelo blog,e já adicionei nos favoritos vai ser uma das minhas leituras diarias.Tem um filme coreano muito interessante “Old Boy” acredito que conheça,não encontrei aqui no seu blog uma critica sobre ele…se for possivel postar uma critica sobre este filme gostaria muito de saber o seu ponto de vista a respeito deste filme…

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Olá Andre!!

Primeiramente, seja muito bem-vindo por aqui. Espero que esta tua primeira visita, motivada pelo meu texto de Okuribito, se repita mais vezes, relacionadas a outros filmes.

Pois sim, acertaste em cheio em dizer que eu sou uma apaixonada por cinema e pela cultura oriental – como você, especialmente pela japonesa. Gosto muito de distintos valores e costumes daquela parte do mundo.

Andre, até os “chatos”, como você comentou, são bem-vindos por aqui. Sempre fui da opinião que o debate nos traz mais conhecimentos e aprendizado. E, claro estás, ninguém sabe tudo sobre um tema ou pode bater no peito e dizer que tem o melhor gosto do mundo. Então mesmo os “chatos” que aparecem por aqui arrombando a porta, partindo para a baixaria ou para ataques pessoais, merecem suas respostas – e, algumas vezes, elas resultam em debates interessantes.

Ficofeliz que tenhas gostado do texto e do blog. E espero mesmo que estejas passando por aqui sempre que publico um texto novo. 😉 Nestas ocasiões, aproveite para comentar sobre filmes que tenhas assistido. Inclusive para continuarmos com os debates.

Anotei a tua indicação de Old Boy. Eis um título que eu tenho pendente de assistir há vários anos. Ouvi falar muito bem dele. E, agora, ele está na minha lista para breve. Obrigada.

Um grande abraço e volte sempre!

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Olá Alê! Bom, como disse anteriormente assisti a todos os que estavam concorrendo à categoria de melhor filme estrangeiro no oscar 2009, exceto Revanche, e posso afirmar que o que mais mexeu comigo foi Okuribito. O filme, além de ter um belíssimo roteiro e contar como uma direção de arte e fotografia impecáveis, trás uma reflexão muito importante sobre se os sonhos que nós construimos embasados na visão e expectativa do outro e que, na maioria das vezes, sendo tão sólidos de início, se transformam em brumas num momento seguinte. Assim, por passar por uma experiência parecida com relação a profissão que eu tanto quero (será?), ao assistir ao filme parei um pouquinho pra refletir e filmes que nos fazem pensar são sempre marcantes e maravilhosos.

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Olá Caio!!

Lindo filme, não é mesmo? De uma delicadeza impressionante – como costumam ser as produções japonesas.

Concordo contigo que ele mexe com muitas pessoas, de diferentes formas. Alguns, por se identificarem com isso que comentas, que é a reformulação de seus próprios sonhos/desejos. Outro, pela questão da morte e da perda. E outros, ainda, pela música, ou pela “volta forçada” às próprias raízes. Há também o tema da família, tão forte nesta produção. Enfim, Okuribito toca em uma série de temas fundamentais e muito bem inseridos na história.

Agora, qual é a profissão que tanto queres? Fiquei curiosa por saber… hehehehehehehe. E tens enfrentado problemas para conseguir seguí-la, é isso? Bem, se for, boa sorte com tuas resoluções – e que o melhor caminha se abra na tua frente.

Um grande abraço e inté! Obrigada, mais uma vez, por teus comentários e visitas.

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Olá Takeshi!!

Olha, eu posso demorar – e algumas vezes demoro bastante -, mas sempre respondo. hehehehe

Estás certo, sempre é bom citar as nossas fontes de pesquisa. Eu conhecia o site do Jorge, muito bacana, aliás. Recomendo para quem gosta do tema de filmes asiáticos.

Fico feliz que tenhas “pego” o costume de visitar sempre este meu humilde blog. Assim eu gosto. 😉

Um grande abraço e volte sempre, inclusive para falar de outros filmes que tenhas assistido e dos quais eu tenha escrito algo por aqui.

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Foram poucos os filmes que assistir, esse Okuribito impressionou-me pela maneira inteligente com qual lidar com a morte. Ainda com uma linda trilha sonora, foi só emoção. Sempre estou assistindo. Filme muito bonito, surpresa para os que pensam que os orientais só sabem fazer filmes de lutas Kong-fu. Gostaria de lhes sugerir os seguintes filmes: “ÀS MARGENS DO RIO GANGES”; “CRUZADAS”; “ME CHAME DE RÁDIO”; “UM AMOR PARA RECORDAR”; entre outros.
Abraços!

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Olá marcos!!

Antes de mais nada, seja bem-vindo por aqui.

Olha, editei o teu primeiro comentário retirando dados pessoais teus do texto para evitar que recebas correspondências “indevidas” no teu endereço. 😉

Sinto muito não poder te ajudar, mas não tenho uma cópia do filme Kirschbluten para te passar. Assisti uma cópia do filme emprestada de um amigo.

Agora, estou contigo de que Okuribito é um filme lindo, emocionante. Para mim, ele é perfeito.

Anotei as tuas sugestões de filmes e, logo que tiver um tempo, comentarei sobre eles por aqui.

Muito obrigada, aliás, por tua visita e por teus comentários. Volte mais vezes, inclusive para falar sobre outros filmes que tenhas assistido.

Um abraço!

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masako haraguchi :

Alessandra:
Olá, adorei sua resposta, you made my day. Estou pensando como, onde, conseguirei assistir o Kirschbluten – Hanami, pois foi de 2008. Como muitos outros filmes, acabei perdendo a oportunidade.
Mas vou assistir (em DVD) Um Domingo Maravilhoso, de Akira Kurosawa. Já assisti Cão Danado (adorei passear na Tokyo do pós-guerra), Donsoko (tem maloqueiros, e acaba em batucada!), e outro que emprestamos e esqueci o nome: aquele onde o personagem principal está com os dias contados por ter câncer.
Enfim, filhos criados, decidí fazer algumas coisas que gosto, entre eles, assistir bons filmes. Que delícia entrarmos em mundos diferentes, com cenários, personagens, música, sentimentos, situações únicas, tão diferentes e ao mesmo tempo tão próximas…. pois somos todos um! Assim, Alessandra, você ganhou uma fã do seu blog.
Abraços, de uma São Paulo gelada e cinzenta. Inté.

Sei, a conversa não tem nada a ver comigo. Mas eu gostei de ler inteira, com certeza. Uma história muito interessante, com certeza.

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Prezada Alessandra,

Há tempos atrás, havia lido um artigo numa revista japonesa chamado Bungueishunju, edição de maio de 2009, arespeito da produção desse filme. Segundo o artigo escrito pelo autor Aoki Shinmom, o filme foi baseado num livro que ele publicou em 1993 chamado, “Nokanshi Niki (Diário de Nokanshi), baseado na sua exoeriencia pessoal como Nokanshi (algo como “preparador de defunto”. Em outono daquele ano, ele recebeu o telefonema do ator Motoki mesmo Okuribito, pedindo autorização para ele publica-lo num livro que ele estava escrevendo sobre uma viajem que ele fez à India. Ele aprovou e depois recebeu esse livro chamado “Hill Heaven”. Nele hvia uma foto do ator junto a rio Ganges, citando a importância da vida observando as cinzas que eram jogados no rio. O autor ficou admirado com a persepção da vida e morte do ator, um jovem em torno de 27 a 28 anos, naquela ocasião. Em 1999 ele leu um artigo numa revista onde Motoki citava o seu livro (Diário de Nokanshi) e o projeto de tranformá-lo num filme. Então ele escreveu para ator sugerindo que, como o próprio que tem muita sensibilidade, assumisse a direção, roteiro, etc., como Chaplin fazia com seus filmes. A resposta veio somente em 2006, agradecendo a autorização concedida para transformar o livro num filme. Ele poderia interpretar a personagem, mas a direção já seria cpomplexo demais. E também citava as dificuldades de viabilizar o projeto, pois os produtores não se interessavam por um tema como esse, a respeito de um “Nokanshi”. O autor sugeriu que o livro fosse adaptado para algo mais “leve”, pois se tratasse de uma forma realista o tema central, provavelmente se tornaria um filme muito deprimente e sombrio. Assim, iniciou-se um trabalhoso processo para transformar o livro original num filme que transmitisse algo que o autor percebeu ao longo de seus 3.000 cadáveres que ele preparou antes de ser cremado. Ele percebeu que nos funerais onde o morto apresenta uma expressão suave e serene, mesmo naquele clima de tristeza de funeral, ele percebia um “clima de harmonia”. Os familiares nesse caso, geralmente não pareciam apresentar repulsa e medo pela morte, e os amigos e visitantes que se apresentavamm para se despedir do morto, geralmente expressavamm algo como: “Veja como a expressão facial do morto está suave e serene !! Parece um buda que atingiu a iluminação !!.” Já os cadáveres que apresentam uma expressão amarga transmitem o contrário, ou seja, parece que aquela pessoa tinha medo de morrer, transmitindo apego e expressão de dor perante a morte, parecendo dizer algo como, não queria morrer.Mas segundo o autor, independente da forma da morte, todos nós podemos adquirir uma expressão suave e harmoniosa, quando chegar o momento da morte. Ele próprio tinha um apego exagerado de apego à vida, antes de se tornar um “nokanshi”. Pensava como a maioria, de que se fosse necessário, pisaria até no pescoço da sua mãe para sobreviver. Mas depois de preparar a “Partida” de tantas pessoas, hoje, ele deseja viver o resto da sua vida com serenidade, e quando chegar a sua hora de partida, poder dizer “obrigado” à vida e partir com um sorriso no rosto, para que as pessoas que ficarem agradeçam e valorizem mais a vida, dedicando muito esforço no que faz no seu dia a dia, e não tenham tanto medo no momento da morte. O artigo tem mais detalhes, e o meu japonês não é tão bom assim. Mas na essencia é o que consegui entender nele. Concluindo, o filme foi resultado de muitas pessoas que trataram o tema de modo sério e profundo, mas que também teve a preocupação de não torná-lo pesado e sombrio. Dai o resultado que mereceu um Oscar, e aplauso de muitas pessoas, como se vê no seu blog. Para aquelas outras pessoas que criticaram o filme, a minha humilde sugestão é que não se deve ficar criticando algo que nós não conhecemos. E para que ficar criticando ? Se não gostou, ele tem a liberdade de escolher outros filmes excelentes, de todas as nacionalidades, pois a excelencia não é exclusividade de nenhuma delas. E parabens Alessandra, pelo seu artigo.

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Oi “Paulo”!!

Nossa, que fantástico o teu comentário!

Aportaste muito ao meu humilde texto. Eu não sabia destes detalhes todos… que bacana!

Teu japonês tem que ser maravilhoso, porque resumiste de maneira divina um artigo original compartilhando, com toda a tua generosidade, o supra-sumo para nós.

Muito, muito obrigada! Gostei de saber mais sobre os bastidores da produção – como o grande mérito do ator principal para que o filme fosse concretizado – e também ter acesso a esta experiência do homem que originou toda esta história.

Também acho que o segredo é desapegar-se e tentar viver a vida da forma mais leve possível. Eis um grande desafio – mas algo que vale a pena buscar. Tomara mesmo que a gente consiga “partir” desta vida com um sorriso grande no rosto.

Por comentários como o teu é que vale a pena todo o esforço para continuar com este blog. Muito obrigada, mais uma vez! E espero que passes por aqui outras vezes, inclusive para comentar sobre outros filmes.

Abraços!

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Oi l3on!

Demais a mensagem da Masako, não?
Por estes e outros recados deste blog é que eu vejo este espaço como essencial. Pelo menos para mim. Esta troca de informações e ideia é algo incrível. Adoro encontrar pessoas bacanas, com grandes histórias e interessadas pelo cinema por aqui.

Sem dúvida, vocês todos são a minha inspiração e me fazem continuar, todos os dias, com vontade de seguir com o espaço.

Abraços para ti!

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O Filme é maravilhoso, O filme é a maravilha da década. Lamentamos tentar e não conseguir a biografia Musical completa ou comprar o disco dessa inteligente produção.
SOS CD trilha sonora a Partida.
Marcos

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Oi Marcos!!

Realmente, Okuribito está na lista dos melhores desta década. Concordo contigo.

E a trilha sonora é primorosa. Se conseguires, me fala. 🙂

Obrigada por tua visita e pelo teu comentário. Espero que voltes por aqui mais vezes.

Abraços!!

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