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Jodaeiye Nader az Simin – A Separation – A Separação


Uma cisão entre o compromisso com o passado e com o futuro. Como conseguir buscar o equilíbrio entre estes dois tipos de compromisso quando a realidade não permite este equilíbrio? A escolha entre um e outro sempre causa dor, mas a escolha sempre é possível. Sobre isso e muito mais é que trata Jadaeiye Nader az Simin, filme iraniano que é o grande favorito na categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira no próximo Oscar. Profundo e potente em diversos sentidos, este filme, com o título internacional de A Separation, tem todos os elementos e os méritos para sair vencedor.

A HISTÓRIA: Vários passaportes e outros documentos de identidade ganham luz em uma máquina de xerox. Lado a lado, Simin (Leila Hatami) e Nader (Peyman Moadi) discutem sobre o pedido dela para o divórcio. O juiz pede mais detalhes, porque não está convencido. Em poucos minutos, sabemos sobre o impasse que levou o casal até aquele lugar e situação. Simin quer sair do país, viver no exterior em busca de um futuro melhor para a família, especialmente para a filha Termeh (Sarina Farhadi). Nader resiste a sair de seu país, porque não quer abandonar o pai (Ali-Asghar Shahbazi), que está em estado avançado do Mal de Alzheimer. Frente ao impasse, Simin decide se separar e sair de casa. Com esse gesto, Nader, que trabalha o dia todo fora, é obrigado a contratar alguém para ajudar a cuidar do pai doente. Desta forma é que Razieh (Sareh Bayat) entra na vida da família, e tudo se complica.

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso só recomendo que continue a ler quem já assistiu a Jodaeiye Nader az Simin): Gostei muito da forma direta com que o filme começa. Logo nos primeiros minutos, sabemos sobre a essência do impasse do casal. De um lado, o compromisso de Nader com o pai, que simboliza as suas raízes, o seu passado – e, de forma intrínseca, a tradição do Irã. De outro lado, Simin e toda a sua amorosidade cheia de fibra, que busca fora do país as oportunidades que ela não vê no Irã – sendo mulher, ela sabe o que a filha poderá esperar dali no futuro.

Logo de cara, o personagem de Nader parece irrepreensível. Simin, para alguns, pode parecer uma traidora. Mas logo na cena da separação, no início do filme, cada um apresenta os seus argumentos. E Simin revela como a ideia de buscar um futuro melhor fora não foi só dela. Ainda que não tenhamos detalhes sobre o que aconteceu – nem no começo, e muito menos depois -, sabemos que o casal passou 18 meses trabalhando e ganhando dinheiro para conseguirem um visto para morar fora do país. E seis meses depois, faltando 40 dias para o prazo expirar, Nader resolve que não quer mais morar fora.

Enquanto o marido se agarra à enfermidade do pai como um forte argumento para não partir, Simin comenta que o estado avançado da doença não deixa nem ao menos o velho reconhecer quando o filho está próximo. Mas para Nader, isso não significa nada. O pai estar consciente ou não sobre o filho estar cumprindo as suas responsabilidades não vem ao caso. O compromisso dele independe do reconhecimento. Primeira grande lição do filme. Contra o argumento do compromisso com o passado, Simin rebate sobre o futuro da filha do casal. Ela diz que não quer que Termeh cresça sob “aquela situação”. O juiz pergunta sobre que situação ela está se referindo, e se as crianças daquele país não tem futuro. Simin não responde. E nem será preciso, porque o resto do filme responderá por ela.

Antes disto acontecer, Simin revela que a filha fará 11 anos duas semanas depois. Com esta idade, a menina só pode viajar com a mãe para fora do país com a permissão do pai. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Simin consegue o divórcio, mas não consegue o que mais gostaria, que é a presença da filha. Termeh decide ficar com o pai e o avô, enquanto a mãe vai para a casa dos pais. Ela não quer deixar o país sem a filha, mas também não pensa em continuar convivendo com Nader, com quem se decepcionou. E o filme segue em um crescente de conflitos e de decepções.

Inicialmente, como eu comentei antes, Nader parece o lado correto da história. O pêndulo está de seu lado. Simin, em uma leitura ligeira, parece apenas estar se livrando de um problemão, o de ter um sogro em estado avançado do Mal de Alzheimer. Mas as coisas não são tão simples assim, como o filme vai mostrando aos poucos – eis outra lição, de que qualquer leitura ligeira sobre uma determinada realidade tem uma grande probabilidade de estar errada.

A “situação” aquela da qual Simin quer afastar a filha é logo revelada. (SPOILER – não leia se você ainda não assistiu ao filme). Para começar, um grande disparate entre as pessoas que vivem naquele país. Homens como Nader, que trabalham em um banco, estão em um patamar muito mais elevado do que Razieh e seu marido desempregado Hodjat (Shahab Hosseini). Não apenas uns tratam os outros de forma diferente, mas também a Justiça trata os indivíduos de forma distinta. Certo que Hodjat parecia sempre estar um tom acima do razoável, enquanto Nader mantinha a tranquilidade frente ao juiz mas, ainda assim, fica evidente o tratamento diferenciado que uns e outros recebem.

O tratamento de Nader com Razieh foi muito desigual desde o início. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). E aqui talvez entre em jogo outra questão da sociedade iraniana: a supremacia do homem sobre a mulher. Ainda que eu tenha achado aquela sociedade mais “liberal” que outras do Oriente, porque Simin aparece dirigindo um carro, por exemplo, e porque é possível mulheres e homens dividirem os mesmos espaços sem grandes restrições, sempre parece que o homem tem uma voz mais ativa que a mulher. Outro ponto da “situação”. Nader não cede em nada que Razieh argumenta no início. Ele não se importa se ela tem que sair de madrugada de casa, carregando a pequena Somayeh (a encantadora Kimia Hosseini) pela mão. Ele não dá bola quando ela reclama que ele estava pagando pouco. Isso porque Nader sabe que há muita gente sem emprego, desesperada, e que se submeteria ao que ele estava propondo – mesmo sendo injusto.

O roteiro do diretor Asghar Farhadi é brilhante. Além de ir direto ao ponto no início, de apresentar rapidamente aquela que parece ser a questão primária da separação – mas que depois, vamos descobrindo, ser apenas uma parte das razões -, ele vai aumentando a tensão conforme o filme se desenrola. Partimos do conflito para o drama e, depois, para a tensão de uma disputa judicial com promessas de rompantes de descontrole – e, talvez, violência. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Achei fascinante como Nader começa ganhando a batalha da simpatia do espectador, por não querer abandonar o pai doente – o que parece um argumento irrefutável -, e como depois ele vai perdendo pontos, conforme vai deixando a máscara cair. E mesmo que Simin não apareça tanto quanto ele na história, ela vai virando o jogo quando se solidariza com o ex-marido – mesmo que, novamente, sob o argumento de proteger a filha do casal.

E este é, para mim, o ponto fundamental desta história. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Pai e mãe argumentam, sempre, que estão buscando o melhor para a filha. E a ótima Sarina Farhadi, que interpreta a menina, fica apenas observando. Como nós também. Até que percebemos que ela nunca foi a razão principal da disputa. Nem do pai, nem da mãe. Ela se decepciona com a mãe, e fica triste quando ela realmente sai de casa. Depois, se decepciona com o pai, quando descobre que ele mentiu sobre algo fundamental – e pior, que fez ela mentir. Simin não se separou apenas porque queria sair do país. E Nader não ficou apenas por causa do pai. O casamento estava arruinado por outras razões, ainda que a desculpa do “melhor para a filha” permaneça nos discursos de Nader e Simin. Para resumir, ele não era o santo que parecia. E ela também não era a “megera desalmada” que uma análise rápida poderia levar a crer.

Famílias sempre são complexas, e as relações entre seus membros também. Há muito amor em jogo e, na falta dele, ressentimentos. Mas este filme fala também de comprometimento. Aliás, eis uma carga pesada em cena. Há compromissos com os pais, há responsabilidades com os filhos. E no meio de tudo isso, uma grande desigualdade entre classes sociais, que torna a conta que alguns tem que pagar muito mais pesada. Ainda que, mesmo os “abastados”, também tenham as suas faturas nada leves.

Outra questão que chama muito a atenção no filme é a questão da religião. Fica claro que alguns no Irã não tem apego nenhum pelo Corão, enquanto outros, como Razieh, são muito religiosos. A ponto de ligar para pedir uma consulta antes de praticar algum ato que possa ser considerado pecado. Quem não tem esta religiosidade, como Nader, parece considerar a religião algo de pessoas menos “instruídas”. Outra diferença grande entre as famílias que acabam se chocando nesta história. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Sobre o grande mote do conflito entre estas famílias, evidente que Razieh não fez certo ao deixar ao velho senil em casa sozinho. E que Nader teve razão em ficar desesperado. Mas isso não tira a responsabilidade dele, ainda mais naquela sociedade, por ter sido tão bruto com aquela mulher. E sabendo da situação dela.

Chocante a forma com que ele tratou Razieh sem um pingo de consideração pela filha dela estar vendo tudo. (SPOILER  não leia… bem, você já sabe). Depois, impressionante também como ele não quis ceder em absolutamente nada para ajudar ela ou a família. Entendo e acho justo que ele não quisesse ser condenado por algo que ele não fez. Mas ele tinha condições de ter tornado a vida deles menos miserável. Simin quis colocar panos quentes, e levou a questão do acordo até o final.

(SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Interessante a surpresa dela, assim como a dos demais, quando Nader pede para que Razieh jure sobre o Corão. Não houve piedade, em nenhum momento, e nem a capacidade mínima dele ceder em algo. Como é possível ter uma família assim. Como é possível ensinar valores para uma filha com esta filosofia? Não basta amar o passado e ter responsabilidade com os ancestrais. É preciso mais que isso. Qual seria a decisão final de Termeh? Pouco importa. E este é o final perfeito. Nader de um lado, Simin de outro. Não apenas do corredor, separados ainda por um vidro – sem possibilidade de comunicação, o que eles pareciam incapazes de ter. Mas na vida e no futuro. Talvez o espectador conseguiu escolher um lado. Como Termeh. Mas isso, também, pouco importa.

NOTA: 9,8.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Eu achei o filme perfeito. Roteiro incrível. Direção precisa, dando o devido protagonismo para os ótimos atores. Peyman Moadi, como Nader, e Leila Hatami, como Simin, são impressionantes. Cada um com as suas características – de quase permanente fúria, por um lado, e de costumaz racionalidade, de outro. Grande observadora da história, assim como nós, Sarina Farhadi também está ótima, com uma interpretação bastante comedida, mas muito emotiva. Ela, aliás, é filha do diretor – achei isso interessante. Sareh Bayat dá um banho. Shahab Hosseini está sempre um pouco além do tom, característica do personagem dele, o que torna o filme sempre um pouco tenso quando ele aparece em cena – ele parece carregar uma mágoa constante, e que ultrapassa aquela questão específica. E a pequena Kimia Hosseini como Somayeh rouba a cena a cada aparição. Grande trabalho também de Ali-Asghar Shahbazi. Não é fácil fazer o personagem do pai sênil.

Todos estiveram muito bem. Mesmo os atores secundários, como Babak Karimi, juiz que fazia os interrogatórios, ou Merila Zare’i, como a professora Ghahraii. Sem eles, os momentos tensos do filme – e eles não são poucos, para a nossa surpresa – não seriam tão verdadeiros e relevantes.

Mas nem tudo é perfeito, infelizmente. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Sei que a maioria de vocês, meus caros leitores, vai discordar de mim. Mas paciência. Vocês sabem que não deixo de opinar, mesmo sabendo que posso não agradar a todos. Queria muito ter dado um 10 para este filme. Mas algo que ele deixou sem resposta me incomodou muito. Afinal, foi muito relevante para a história a acusação de Nader sobre o roubo do dinheiro. Ele se descontrolou com Razieh não apenas por causa do pai, mas do alegado roubo. E ela, principalmente, tão religiosa, ficou mais indignada com esta acusação do que com o restante. E eis que o filme não nos explica, afinal, o que foi feito daquele dinheiro. Ele caiu atrás da gaveta e depois Nader o encontrou? Termeh havia pego ele por alguma razão e depois o devolveu? Nader havia colocado o dinheiro em outro lugar? Somayeh pegou ele sem falar para ninguém? Porque quando a menina disse para Nader que a mãe não tinha pego o dinheiro ele disse que sabia? Muitas perguntas sem respostas. E essa era uma questão fundamental. Isso me incomodou, a ponto do filme não receber a nota máxima – apesar de ter tantas qualidades.

Todo o filme é muito bem acabado, tecnicamente. Mas merecem menções os trabalhos de edição de Hayedeh Safiyari, fundamental para o bom ritmo da produção; a direção de fotografia bastante limpa e luminosa de Mahmoud Kalari; e o som captado por Mahmoud Samakbashi e equipe.

Incrível como uma ótima ideia e roteiro podem resultar em um filme barato. A Separation teria custado aproximadamente US$ 800 mil. Depois de estrear em apenas três cinemas nos Estados Unidos no dia 1º de janeiro, ele acumulou, até o último dia 22, pouco mais de US$ 541 mil de bilheteria. No restante do mundo, ele tinha acumulado pouco mais de US$ 13,4 milhões até o dia 30 de dezembro. Fiquei muito feliz em saber que o filme foi tão bem em diferentes países – com destaque para a França que, sozinha, garantiu US$ 6,1 milhões em bilheteria para ele. Desta forma, Farhadi deve continuar produzindo grandes histórias pra gente. 🙂

A Separation estreou no Festival de Berlin no dia 15 de fevereiro de 2011. Depois, ele passou por outros 28 festivais. Um número impressionante. Mas que ajudou, e muito, ao filme ser divulgado e reconhecido – com méritos. Até o momento, ele ganhou impressionantes 43 prêmios, e foi indicado a outros 20 – incluindo dois Oscars. Caso ele ganhar uma das estatuetas douradas mais cobiçadas de Hollywood, no próximo dia 26 de fevereiro, ele terá fechado um ano recheado de prêmios. Entre os que recebeu, destaque para o Urso de Ouro no Festival de Berlin como o melhor filme concorrente em 2011, e os ursos de prata de melhor ator para Shahab Hosseini e Peyman Moadi e os de melhor atriz para Leila Hatami e Sareh Bayat. Destaque também para o prêmio de melhor filme em língua estrangeira dado pelo National Board of Review e o de melhor filme no Festival de Cinema de Sydney.

Agora, algumas curiosidades sobre A Separation: grande parte desta produção foi rodada com uma câmera de mão. Este foi o primeiro filme a ganhar três ursos no Festival de Berlin, a primeira produção do Irã a ganhar um Globo de Ouro como melhor filme estrangeiro e a primeira daquele país a concorrer a um Oscar pelo seu roteiro.

Pela segunda vez na história um filme do Irã é indicado ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Antes dele, concorreu à estatueta Children of Heaven, dirigido por Majid Majidi.

Para os curiosos, como eu, sobre as locações dos filmes: A Separation foi totalmente rodado na cidade de Teerã.

Os usuários do IMDb deram a nota 8,6 para o filme, uma avaliação muito boa para os padrões do site. Os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes, por sua vez, dedicaram 86 críticas positivas e apenas uma negativa para a produção, o que lhe garante a impressionante marca de 99% de aprovação – e uma nota média de 8,8. Praticamente insuperável esta aprovação. O que torna a corrida dele no Oscar ainda mais tranquila.

CONCLUSÃO: Um filme potente sobre as razões de fundo que podem fazer um casal com uma bela filha e história se separar. A vida é complexa, e Jodaeiye Nader az Simin, mais conhecido como A Separation – título do mercado internacional – deixa isso muito claro. Com um roteiro sem sobras e com muitas cenas de tensão, o diretor Asghar Farhadi dá um show sobre interpretação de uma realidade social tendo um núcleo familiar e seus conflitos como argumento primário. As desigualdades do Irã ficam claras nesta produção, que não se limita àquele território porque trata de temas universais. Não apenas família, compromisso com o passado e com o futuro, mas também respeito pelo próximo, compaixão, amor e a perda da inocência a respeito dos nossos progenitores. Um grande filme, que não é perfeito apenas por um detalhe. De pouca importância, eu admito, mas que, ainda assim, impediu o tão aguardado 10. De qualquer forma, é imperdível.

PALPITE PARA O OSCAR 2012: Mais uma vez, não posso fazer uma análise totalmente embasada porque, afinal, não assisti aos outros concorrentes de Jodaeiye Nader az Simin ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira do Oscar deste ano. Ainda assim, pelos prêmios que recebeu, pela quase total unanimidade da crítica e, claro, pela qualidade deste filme, posso dizer que ele tem 90% de chance de receber a estatueta dourada no próximo dia 26 de fevereiro.

Seria uma grande surpresa se esta produção não recebesse o Oscar. Esta sim, seria a grande zebra da premiação deste ano. Acredito que todas as apostas estejam nele. E seria algo bacana para Hollywood. Afinal, de uma maneira muito sutil, Farhadi critica a “situação” das coisas do Irã, um país governado pelo combatido presidente Mahmoud Ahmadinejad. Certamente seria um tapa com luva de pelica dar um prêmio tão importante para a indústria do cinema para um filme que trata sobre ruptura, sobre o “fim dos sonhos” de um casamento e de tantas outras questões tratadas com bastante simbologia nesta história. Mesmo sem ter assistido aos outros quatro concorrentes, se eu fosse apostar, apostaria neste filme como vencedor.

SUGESTÕES DE LEITORES: Só agora, ao responder aos recados dos bons leitores deste blog deixados em janeiro que eu percebi que A Separation tinha sido indicado por dois leitores: Vander e Mangabeira, ambos no dia 22 do mês passado. Meus caros, grande filme este, hein? Provavelmente o vencedor do Oscar de Melhor Filme Estrangeiro hoje à noite, na entrega do Oscar. Merecido, ainda que eu não tenha visto aos outros concorrentes para poder comparar. Obrigada por mais esta dica, Vander e Mangabeira! E inté mais!

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

13 respostas em “Jodaeiye Nader az Simin – A Separation – A Separação”

Engraçado: no início do filme Simin aparece contando um maço de notas quando é surpreendida pela filha Termeh e no meio do filme quando Nader pergunta a Termeh se o dinheiro está na gaveta ela responde que sim. Em um primeiro momento, achei que Simin havia levado o dinheiro e depois achei que ele quis acusar Razieh do roubo, mesmo sabendo que ela não era culpada. Será que me enganei???

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Oi Cláudia!

Bem observado. Não me lembrava mais daquele episódio do dinheiro. Tens razão.

Simin pega o maço de notas da gaveta. Quando o pai de Termeh pergunta se a menina pegou o dinheiro, ela diz que não, mas não comenta que foi a mãe que pegou o dinheiro – justamente porque parece que ela não quer tomar partido na disputa entre os progenitores.

Depois, quando Somayeh diz que a mãe dela não pegou o dinheiro, Nader diz que sabe disto. Para mim, naquele momento, ele já ficou sabendo que foi a ex-mulher que pegou. Mas antes, quando ele se descontrola, eu acho que ele realmente não sabia.

Bem observado. Teu comentário me fez rever o filme e perceber estes detalhes.

Espero que voltes por aqui mais vezes, inclusive para falar de outros filmes.

Abraços e inté!

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Longe de mim querer ser um especialista no cinema de Asghar Farhadi, mas baseado nos dois filmes que vi dele até agora. Esse aqui e o sensacional ‘Darbareye Elly’, eu arriscaria que sua especialidade é a ‘exaltação’ da mentira na essência humana. E não é o corão, bíblia ou tradições milenares que vão mascarar algo tão inerente ao ser humano.

Interessante você citar a questão da simplicidade da filmagem – “com a câmara na mão.” É fantástico porque é justamente essa a impressão. Alguém esqueçeu a câmara ligada e a vida foi passando em frente. E os atores então, como ele sempre acerta em cheio ! (ou sabe-se lá quantas vezes a cena se repete ao ponto de atingir a perfeição).

Minha cena favorita é a conversa do pai e filha no carro, de volta pra casa depois de se encontrarem com o juiz. Conversa ou fusilamento ?

Sua crítica foi minuciosa e talvez um pouquinho exigente demais, he he..
As lacunas no roteiro são visíveis, é verdade. Mas parece que o filme se justifica mais pelas reações e claro, por expor feridas e espectos da natureza humana diante dos dilemas da vida.
bjo Alê!

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Oi Mangabeira!!

Ainda tenho que assistir a Darbareye Elly, um filme muito elogiado.

De fato, parece que o diretor tem um talento especial para tratar das fragilidades do caráter humano. Especialmente do “acovardamento” que todos nós temos frente ao risco, o que muitas vezes origina a mentira – para autopreservação ou não.

Gostei da direção do Farhadi, especialmente porque ele “se ausenta” das cenas. Diferente de outros diretores, que gostam de ser virtuosistas e passarem na frente da história e dos atores, muitas vezes, ele está preocupado que o filme chegue ao espectador da maneira que deve chegar, provocando as reflexões e emoções planejadas por ele.

Aquela cena é realmente ótima. Li em algum lugar que a filha é a consciência do casal… o que, de fato, faz sentido.

Então, você sabe que eu sou minuciosa… hehehehe. Estou atenta aos detalhes que não funcionam como deveriam. Nem por isso, o filme é menos interessante – ou importante.

Obrigada por mais esta visita e comentário, Mangabeira. Beijos e inté!

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A cena do dinheiro não é explícita, mas acredito que a Simin efetivamente leva o dinheiro. Logo no comecinho, quando a mãe está arrumando as coisas, Termeh pergunta “Pra que tanto dinheiro se são somente duas semanas?”. A mãe não responde nada, para de contar o maço e leva tudo embora (até esbarrando nela na porta).

Eles chegam à casa e encontram o avô amarrado etc… Logo antes da Razieh retornar e começar toda a confusão, ele pergunta à filha se ela pegou o dinheiro da gaveta. Ela diz que não pegou e ele começa a fuçar na mochila da menininha (filha da Razieh). Talvez se ele perguntasse “Sua mãe pegou o dinheiro?”, toda a história fosse diferente…

Pra mim ficou claro, foi uma grande falta de comunicação.

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Oi William!

Exatamente. Depois eu percebi. O dinheiro “sumiu” porque foi levado por Simin.

No momento em que pai e filha encontram o avô dela daquele jeito, acho que a menina esquece da cena que viu da mãe e não fala o que sabe. Foi uma falha de comunicação, mas que eu acho que é resolvida depois – tanto que, em outra cena, mais pra frente, Nader diz para a filha de Razieh que sabia que a mãe dela não tinha pego o dinheiro. Pelo jeito ele já sabia que tinha sido Simin.

Muito obrigada pela tua visita e pelo teu comentário. Espero que voltes por aqui mais vezes, inclusive para falar de outros filmes.

Abraços e inté!

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O que mais gostei do filme foi que a medida que a fita passava, os ânimos se exaltavam cada vez mais… muito bom!! Excelente trabalho de elenco e direção. Adoro filmes “crus” que se aproximam o mais perto da realidade possível, ainda mais quando é uma realidade nada próxima da minha.

Saudações e parabéns pelo site!!

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Oi Marcus!

Antes de mais nada, seja bem-vindo por aqui!

Estou contigo. Uma das melhores qualidades deste filme é que ele vai crescendo a cada minuto. Em tensão, em profundidade e em qualidade.

Também gosto de filmes que tratam de realidades diferentes da minha. Eis uma forma de olhar além do nosso horizonte próximo, não é mesmo? Porque, apesar de ser uma criação artística, certamente ela é baseada em elementos reais.

Obrigada pela tua visita, pelo teu comentário e pelo teu incentivo.
Fico feliz que tenhas gostado do blog.

Espero que voltes por aqui mais vezes.

Abraços e inté!

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Olá, assisti hoje pela segunda cez e resolvinfazer umas pesquisas sobre o mesmo e acabei caindo aqui nos seus comentários.
Parabéns pelas palavras!
Só uma observação: o dinheiro, que contribuir para o início de toda aquela confusão, foi usado pela própria esposa para pagar ao rapaz que levou o piano para um andar a mais no prédio. Ela pegou e nao comentou con o esposo.

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Acabei de ver o filme e é dos melhores que já vi. E retrata uma coisa que deixa muito triste quer na religião quer católica quer muçulmana que é a hipocrisia de dar-se mais valor a um feto do que a um ser humano (neste caso avô) um tema que é muito relevante neste momento (Donald Trump é contra o aborto mas recusa-se a ajudar os refugiados). Penso que é um tema muito importante pois tudo o que temos hoje em dia foi nos dado pelos nossos idosos mas não se valoriza estas pessoas.

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