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Last Night – Apenas Uma Noite


Resista. O início de Last Night parece uma discussão de relacionamento (a famosa DR) interminável. Mas passados aqueles 20 minutos iniciais, o filme começa a esquentar. E se você tem algum interesse pela velha discussão do que, afinal, é a fidelidade ou a infidelidade, eis um filme interessante a este respeito. Há algumas sequências deliciosas, e os atores estão bem sintonizados no texto e em suas interpretações. Vale uma conferida – mas com uma boa dose de paciência.

A HISTÓRIA: Joanna (Keira Knightley) e Michael Reed (Sam Worthington) voltam para casa, de táxi, olhando, cada um, para um lado. Eles não se falam. Desta cena, do final da noite, voltamos para o início de tudo, quando o casal preparava-se para sair de casa. Atrasados, eles se falam como um casal que vive a rotina. Mas chegando a uma festa, Joanna fica incomodada com a relação entre o marido e sua nova colega, Laura (Eva Mendes). Em uma crise de ciúmes, ela pressiona o marido, até que ele confessa estar atraído pela colega. Joanna dorme na sala mas, na madrugada, Michael se aproxima, faz comida para eles e a paz parece voltar a vigorar. No dia seguinte, Michael viaja à trabalho, e Joanna encontra, de forma inesperada, uma antiga paixão, Alex Mann (Guillaume Canet). A partir daí, o casal vai viver muitas provações.

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso só recomendo que continue a ler quem já assistiu a Last Night): O que me chamou a atenção neste filme, logo no início, foi a sua dinâmica diferenciada. O tempo é fundamental, para entender a dinâmica da história, mas só vamos entendê-lo aos poucos. Não é difícil perceber que a cena inicial, do casal de protagonistas olhando para lugares opostos no táxi, marca o final daquela noite, e que depois voltamos para o seu início. Mas não é desse tempo a que me refiro.

O tempo importante para Last Night está naquele que marca as diferentes relações. Há quanto tempo Joanna e Michael estão casados? (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Há quanto tempo Joanna não encontra a Alex, e quando eles tiveram uma relação? Há quanto tempo Laura trabalha com Michael? Quando Joanna começou a ter bloqueio criativo? Quando Michael começou a achar o próprio cotidiano como algo sem muitos atrativos?

Porque quando alguém está tentado a pular a cerca, a trair, isso não acontece assim, sem mais. Com isso não quero dizer que toda traição é justificada. Não é isso. Sempre podemos escolher, entre fazer ou não. Last Night explora muito isso. Porque tentações sempre existem. Mas ceder a elas é uma questão de escolha. Este filme mostra bem os perigos do flerte, de dar corda, de “deixar rolar”. Quanto mais se deixa a corda solta, mais fácil é para alguém ser enforcado com a própria brincadeira.

Mas o que eu falava antes é que isso não acontece do dia para a noite. Seja a rotina, sejam os desentendimentos, ou a leitura equivocada da pessoa com quem estamos junto, há vários elementos que podem levar alguém a jogar com outra pessoa. Flertar é algo maravilhoso, não há dúvida. Mas casar é uma escolha. E quando se decide por algo, se abre mão de outras possibilidades. Como quando alguém escolhe um emprego, e não outro. Vai ter que abraçar a essa decisão e crescer profissionalmente antes de pensar em pular de galho. Do contrário, a chance é grande de ser visto como um(a) inconstante.

E ninguém gosta de pessoas que vivem pulando de galho. Seja na profissão, seja na vida pessoal. Alguma constância é preciso ter. O problema reside que tudo flui, inclusive as pessoas. E quem você era há algum tempo atrás, já não é mesma pessoa que você é agora. E como lidar com isso? Daí entra outra questão interessante levantada por Last Night: é possível realmente conhecer a uma pessoa? Inclusive nós mesmos?

Acho que estamos permanentemente tentando nos conhecer, entender. Ou deveríamos, pelo menos. Esse exercício é fundamental. Até para saber o que escolher, quando uma nova escolha tiver que ser feita. E a vida é feita delas. De portas abertas, de janelas fechadas, e vice-versa. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Então achei de suprema ironia e elegância o momento em que “lemos” o bilhete de Joanna. Ela diz que conhece o marido. Mesmo? Não, claro que não. Assim como Michael não conhece a Joanna. Na verdade, ninguém conhece a ninguém.

O máximo que podemos querer, nesta vida, é roçar a parte do conhecimento da personalidade das pessoas que amamos, e das quais somos mais próximas. Fora isso, conhecermos o máximo possível a nós mesmos – mas, dificilmente, na totalidade. Por essas e tantas outras que, mais do que nós sabemos, é importante termos em mente tudo o que desconhecemos. Até para que a pressão por respostas e resultados não seja tão pesada, e injusta.

Last Night, devido ao ótimo roteiro e direção de Massy Tadjedin, acaba sendo isso. Muito mais do que as aventuras de um dia e noite de “folga” de um casal. Não importa tanto o que Joanna e Michael resolveram fazer naquela bendita noite de liberdade. Importa muito mais o que virá depois daquilo. O que cada um decidirá aceitar ou negar sobre o outro e, especialmente, sobre os próprios sentimentos. Quem disse que filmes sobre relacionamentos, flertes e traições precisa ser raso? Last Night está aí para provar que é possível fazer algo além do óbvio.

Os únicos problemas do filme são aquele início, que é ruim, porque nunca é fácil começar a assistir a um filme com uma grande DR e uma crise de ciúme de uma mulher insegura; e a falta de química entre os protagonistas. Keira Knightley e Sam Worthington são lindos, estão bem em seus papéis, mas não tem sintonia – talvez até isso seja proposital. Para a satisfação de todos nós, isso muda completamente, em relação à Keira, quando aparece em cena o encantador Guillaume Canet. Ele salva o filme, muitas e muitas vezes.

O mesmo – ainda que sem tanta química ou carisma – pode se dizer de Eva Mendes. Analisando apenas pelo corpo, não há dúvidas que Michael tem razões para estar tentado. Há um abismo separando a silhueta de Eva e de Keira – com vantagem para a primeira, é claro. Os quatro atores estão muito bem em seus papéis, com um destaque gritante para o desempenho de Keira e Guillaume, a partir do momento que eles começam a dividir a cena.

Agora, sobre a polêmica que talvez se crie sobre quem traiu ou deixou de trair, neste filme. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Pela visão dos homens, tanto Joanna quanto Michael traíram – ainda que de forma diferente. Para as mulheres, que acreditam que existe diferença entre “consumação carnal” ou não, talvez apenas Michael tenha traído a Joanna. Francamente, acho que estar em uma relação gostando daquela pessoa e, ao mesmo tempo, de outra, é uma forma de traição. Que é o que acontece. Mas será possível, um dia, gostar de apenas uma pessoa? Exclusivamente, e pra sempre? Se isso é impossível, também é impossível ser fiel. Cada um tem a sua própria história pessoal para servir como exemplo – e não, não existe uma única e certeira resposta.

NOTA: 8,7.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Last Night marca a estreia na direção da iraniana Massy Tadjedin. Antes de escrever e dirigir a esta história, ela havia escrito o roteiro e produzido ao filme Leo, de 2002, e escrito o roteiro de The Jacket, de 2005. Eis um nome que talvez seja interessante acompanhar.

Além dos atores principais, vale citar o trabalho dos coadjuvantes Griffin Dunne, como Truman, amigo de Alex e curioso de plantão; e Daniel Eric Gold como Andy, que trabalha com Michael.

Ótima a direção de Tadjedin. Atenta aos detalhes das cenas, focando objetos e as expressões dos atores quando elas poderiam ser o diferencial de cada momento. Um olhar cuidadoso, típico de uma mulher, para os detalhes. Para que o resultado seja bom, contribuiu muito para ele o trabalho do diretor de fotografia Peter Deming.

Bastante pontual e “classuda” a trilha sonora de Clint Mansell, bastante baseada no uso do piano.

Last Night estreou em setembro de 2010 no Festival de Toronto. Depois, ele participou de outros sete festivais, entre eles o de São Paulo, em outubro de 2011. Nesta trajetória, ele foi indicado a um prêmio, mas não levou nada para casa.

Não há informações sobre o quanto Last Night teria custado. Mas o filme, que estreou em apenas seis salas de cinema dos Estados Unidos no dia 15 de maio de 2011, conseguiu quase US$ 100 mil nas bilheterias daquele país até junho do mesmo ano – sim, mil e não milhões. No restante do mercado internacional, contudo, Last Night teria conseguido pouco mais de US$ 7,6 milhões. Pouco.

Uma curiosidade: como a história sugere, Last Night foi totalmente rodada na cidade de Nova York.

Antes falei da importância do tempo para esta história. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Pouco a pouco, vamos conhecendo a história de Joanna, Michael e Alex. Ela e Michael namoram desde o tempo da faculdade. Se casaram três anos antes da noite em que acompanhamos. Joanna e Alex conheceram-se há quatro anos, e encontraram-se, pela última vez, dois anos antes. Joanna decidiu apostar na história com Michael, e tudo indica que teve um relacionamento com Alex quando ela tinha se desentendido com Michael. Mesmo mais “mexida” por Alex, ela preferiu apostar na segurança do relacionamento com Michael, voltando para ele e casando com o namorado de tempo de faculdade. Então, na prática, ela não traiu o marido desde que resolveu ficar com ele. Só a dúvida se fez a escolha certa é que perdurou. Isso acontece. Mais do que gostaríamos.

Ah sim, e aquela DR inicial, com a Keira Knightley em mais uma atuação irritante – ainda bem que, depois, para a nossa sorte a personagem dela embarca em uma versão mais “leve” -, só reforçou uma teoria que existe e na qual eu acredito cada vez mais: que toda pessoa ciumenta tem os seus “pitis” porque, no fundo, está traindo, já traiu ou está pensando em trair. Normalmente estas pessoas não tem elementos concretos para desconfiar. Mas projetam na outra pessoa do casal a culpa que ela mesma está sentindo – o famoso espelhismo. Em The Night, mais um caso destes.

E a Keira Knightley parece se dar muito melhor em papéis leves. Porque neste filme e no anterior que eu vi dela, A Dangerous Method, ela chega a irritar com o exagero da interpretação dos “momentos difíceis” de suas personagens. Agora, neste filme, quando entra em ação Alex, ela se solta, explora a própria beleza, charme e carisma e daí tudo muda de figura. Aliás, ela e Guillaume Canet passam a ser os nomes do filme a partir do encontro dos dois em cena.

Os usuários do site IMDb deram a nota 6,5 para Last Night. Não é uma nota ruim, levando em conta o padrão do site. Mas os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes foram mais duros com esta produção, dedicando 30 críticas negativas e 29 positivas para o filme, o que lhe garante uma aprovação de 49% e uma nota média de 5,3.

CONCLUSÃO: Provocante e cheio de insinuações, Last Night tem gente bonita e cheia de tentações na mira. Os flertes e as conquistas permeiam toda a história. Mas Last Night é um filme verbal, diferente de Shame, que explora a alta sexualidade visualmente. O início chega a cansar, dar sono, mas vencida aquela primeira parte, a mais chata, a história vai ganhando outros contornos mais interessantes. No final, o que é trair, ou ser fiel? Aparentemente a mentira ou, pelo menos, a dissimulação parece fazer parte de qualquer casamento. Esse filme explora bem isso. Assim como esta incapacidade nossa de realmente conhecer a alguém – afinal, conhecer a nós mesmos, em plenitude, já é uma tarefa complicada, quanto mais acreditar que conhecemos a outra pessoa. E esse conhecimento é fundamental. Ou a aceitação da ignorância. Por incrível que pareça, Last Night roça nestas questões. E de forma eficaz, sem discursos – exceto aquele inicial -, mas com muito flerte.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

29 respostas em “Last Night – Apenas Uma Noite”

Teve um momento no filme, quando a enrolação já estava atingindo picos insuportáveis de chatice entre Michael e Laura que eu já estava pra chamar ele de “homem de ferro”. Afinal resistir ao charme da Eva Mendes deve ser tarefa pra super herói. rsss. Concordo com sua nota, o filme não é dos piores e as atuações são bem satisfatórias.
Por falar em atuações você vai fazer uma resenha de Carnage ? Rodado todinho dentro de um apartamento. Acredite, é ótimo.

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Oi Mangabeira!

hehehehehehe
De fato, ele estava quase um “homem de ferro”. Sem dúvida a tentação era muito mais interessante que a mulher que ele tinha em casa… pelo menos, fisicamente falando.

Agora, este filme aborda bem a questão da “ocasião faz o ladrão”, não é? Porque alguém que não quer trair, jamais aceitaria ou cogitaria tomar um drink com a gostosona nova do pedaço, certo? Bem por aí…

Só vi agora que tinhas indicado Carnage. Como já deves ter visto, comentei sobre o filme. Adorei. Valeu por indicá-lo por aqui.

Beijos e inté!

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Gostei do filme. E do final enigmático q ninguém comentou: na ultima cena, Joanna depois de ouvir o marido declarar “te amo”, o larga de seus abraço, e puxa o ar para comentar algo…abruptamente o filme acaba.
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Provavelmente ela falaria sobre a noite e sobre o que Alex significa em sua vida. O marido raivoso perguntaria sobre o salto no meio da sala…o q ele fazia alí…os 2 soltariam toda a verdade (o homem assumia a traição, Joanna falaria do seu antigo amor) e o casamento acabaria…ou recomeçaria mais forte. Eu não sei.
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Eu mesmo minto/omito muito pra minha companheira. Não que eu traia, NUNCA FARIA ISSO, mas a moça é insegura demais e tem muito medo. Exemplo: Trabalho num ambiente de muitas mulheres e poucos homens, e a cada cantada que recebo das mulheres e conto pra ela, parece que o mundo vai acabar…as vezes não conto por isso, ela simplesmente não aguenta a verdade. E o filme trata disso tambm: da realidade alternativa (insipida, feliz, de cores pasteis) criada pelos pares para sustentar um casamento, pq quando se confronta a realidade (que ninguém completa 100% o outro), tudo fica mais difícil.
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Filme trata de várias questões, de forma bem delicada…por isso, talvez, tenha pouco sucesso.

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Olá Pedro Paulo!

Antes de mais nada, seja bem-vindo por aqui!

Também gostei do comentário do Chicko. E sim, a trilha sonora é ótima.

Obrigada pela tua visita e pelo teu comentário. Espero que voltes por aqui mais vezes, inclusive para comentar sobre outros filmes.

Abraços e até a próxima!

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A minha vida inteira foi cercada por homens. Amigos homens, trabalhava ao lado de homens e para homens. Já teve dias que só de olhar uma mulher em um ônibus eu ficava feliz. Eu acabava esquecendo que era uma mulher… Acho a fala da Joanna muito boa, prudente, “vc poderia ter me poupado”. Acho que é isso. O complicado que ficamos com o pressentimento que estamos escondendo alguma coisa, mas depois de uma cantada (realizada em qualquer lugar, seja de ex, seja de colega de trabalho ou num show), sou a favor de peneirar e insistir nisso sempre. A gente esquece. Já contei varias pro meu namorado e tive a impressão que era quase torturante e criava um ambiente de desconfiança e cobranças. Eu só por receber a cantada estava errada… “Fiz por onde”, até parece, viu? E quando é com ele, assumo que fico maluca, possuída (Até pq cada história que escutei… Not cool). A favor de poupar!

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Olá Mariana!

Gostei da tua ponderação. De fato, muitas vezes, estamos totalmente cercadas por homens – dependendo do nosso trabalho, por exemplo, o ambiente predominante pode ser o masculino.

E daí como reagimos quando recebemos uma cantada – e sendo nós comprometidas? É mais honesto sempre contar sobre a cantada, mesmo quando ela não teve efeito nenhum sobre nós, ou poupar o nosso parceiro deixando ele na ignorância?

Da minha parte, como você, acredito que o melhor seja poupar. Afinal, o que vai trazer de bom para a relação saber que há “perigo na esquina” de tentações com outras pessoas – o que vale para ti e vale para ele? O importante é o que é feito ou não, se o convite é aceito, não é mesmo?

Eu penso assim, pelo menos. E cantadas… quase nunca a gente dá brecha para elas acontecerem – especialmente se já temos uma parceria em casa. Mas elas acontecem mesmo assim. Impossível – infelizmente – evitar, muitas vezes. Mas uma proposta feita não quer dizer nunca que ela será aceita. Last Night trata destes e outros temas, e por isso achei o filme interessante – enquanto provocativo.

Obrigada pela tua visita e pelo teu comentário, e espero que voltes por aqui mais vezes.

Abraços e inté!

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Olá Chicko!

Então, uma boa razão para um filme como este terminar da maneira que ele terminou é, justamente, deixar o que acontece depois do corte da última cena ao gosto do espectador.

De fato, as coisas podem ter acontecido como você sugeriu. Ou pode ter ocorrido algo totalmente diferente. Há muitas possibilidades e variáveis. E isso é bacana.

Cada pessoa conhece a sua verdade e a sua própria realidade. Por isso não dou conselhos. hehehehehehe. Mas também acho que como ninguém sabe tudo sobre a outra pessoa, mesmo em um relacionamento de longa data, também é recomendado que toda a “verdade” não seja revelada. Muito da nossa vida é omitido para o outro, e isso é bom. Afinal, cada um de nós é um pequeno universo – e fica difícil compartilhar tudo.

Falar de cada cantada, de cada pessoa interessante que encontramos na vida… não vejo muito propósito disso. Porque o que importa, no final, é com quem estamos – e, por definição, com quem escolhemos estar.

Também acho que este filme trata de muitas questões e de forma bem interessante. Nem todo mundo está preparado para ver as realidades que ele nos apresenta e, muito menos, para pensar ou debatê-las levando em conta as nossas próprias vidas. Acho que, por isso, o filme não fez tanto sucesso.

Obrigada pela tua visita e pelo teu comentário. E espero que voltes por aqui muitas vezes ainda.

Abraços e até a próxima.

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Comentando sobre o final, não sei se vocês se lembram quando o Michael e a Laura estavam na piscina, que ela conta a história do namorado dela que faleceu? Que ele teve um caso de um final de semana, mas ela perdoou e o relacionamento voltou mais forte e eles estavam felizes. Não sei o que a Joanna ia falar para o marido, e confesso que fiquei muito frustrada por isso, entretanto as vezes isso pode ter sido um aviso para o que aconteceria, não sei!
Gostei do filme, ele me fez questionar a questão de trair e ser traído, de imaginar como deve ser estar nessas situações, pois criamos a ideia de que encontraremos o amor da nossa vida e pronto, assim será para sempre. Infelizmente não é assim, fiquei também muito perdida se torcia para que ambos se traíssem, ou para que parecem com isso, ou que a Joanna voltasse para o Alex, afinal naquela época ele não poderia ser estável, mas anos passaram e as pessoas mudam! Ou não, como disse Truman, ” os anos que ela passou com o marido, isso ela não vai esquecer, você passou com ela o que? uns 100 dias, ou nem isso”.
Boa trilha sonora, ficou tipo um aviso para cenas de tensão emocional, com o leve toque do piano. Enfim, gostaria de saber o que aconteceu com o casal e a história deles, que infelizmente se encontra apenas na mente da diretora!

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Olá Isabela!

Antes de mais nada, seja bem-vinda por aqui.

Sim, recordo desta sequência na piscina. Para mim, ela foi uma versão do que poderia acontecer depois com Joanna. Mas é apenas uma possibilidade. Acho que cada história e cada casal é diferente. Assim como a expectativa das pessoas que estão em uma relação.

Da minha parte, como eu disse antes, achei bacana o filme terminar sem uma resposta, deixando ao gosto do espectador a interpretação sobre o que aconteceria depois.

Estou contigo de que o filme faz pensar em diversas alternativas possíveis sobre fidelidade e infidelidade. Algumas vezes temos alguns conceitos e certezas sobre estes temas mas, como bem disseste, a vida é imprevisível. E vamos aprendendo com ela conforme ela vai acontecendo. Last Night mostra um pouco disto.

O que acontece com o casal… fica a teu critério. 🙂

Obrigada pela tua visita e pelo teu comentário. Espero que voltes por aqui mais vezes, inclusive para falar de outros filmes.

Abraços e até a próxima!

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Olá Barbara!

Que bacana que você gostou do filme e também do que encontraste por aqui, neste blog.

Fico muito contente quando pessoas como você, que curtem cinema, chegam aqui e encontram algumas ideias que podem complementar a maravilhosa experiência de assistir a filmes.

Seja bem-vinda por aqui. Obrigada por tua visita e pelo teu comentário, e espero que retornes mais vezes.

Abraços e inté!

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Muito boa a resenha. Assisti ao filme ontem, e confesso que, quando deitei a cabeça no travesseiro para dormir, fiquei imaginado o que a Joanna iria falar na cena final. Na minha imaginação gosto de pensar que ela contou tudo. Gosto mais ainda de pensar que depois disso eles se separam e ela volta para o lindo e charmosíssimo Alex, que notoriamente tem muito mais haver com ela que Michael.

Gostei muito do filme, ele explora demais o que é realmente a traição. É só o lance físico? Ou vai além disso? Eu, como mulher, vou discordar somente de uma colocação sua: eu acredito que a traição não precisa ser consumada em algo físico para se-lo. Na minha opinião, acho que Jo já “trai” (esse conceito de trair é tão traiçoeiro) Michael desde sempre, pois além de nunca ter esquecido Alex e ainda ter sentimentos por ele, ela ainda pensa constantemente nele, como ela mesma diz, em algumas noites, antes de dormir, ou quando se segura para não mandar emails para saber dele. Alex é muito vivo nela ainda.

Agora uma das coisas que eu achei mais lindas no filme foi a forma de deixar muito claro a diferença entre as situações de traição. Michael é só carnal. É tesão. Ponto. Quando ele parte pra cima da gostosona no hotel, a maneira como ele a pega é instinto, é loucura, é momento. Já Jo e Alex, por mais que queiram se seguram, respeitam os limites impostos por Jo, e passam a noite juntos, dormem abraçados… a vontade de estarem juntos é brutal, e existe tanto sentimento ali que escorre nos olhos e nos sorrisos dos dois. Achei muito profundo isso. Então, o que é pior? A famosa transa de uma noite apenas, ou uma paixão retraída no peito, com lembranças, imagens e desejos da outra pessoa o tempo todo que não sai da cabeça?
Adorei mesmo esse questionamento que o filme traz: onde realmente começa uma traição? sexo por sexo é trair? estar apaixonado por outra pessoa mas não ter sexo é não trair? Existe o momento certo pra se sair da situação? Até que ponto eu devo trair meus sentimentos para não trair o outro? É realmente possível amar somente uma pessoa anos a fio?
Muito louco!

Ah, e pra finalizar, achei super também a reação de cada um: Michael, revestido de culpa, volta correndo pra casa, e encontra um Jo revestida de sentimentos confusos e chorando… e é obvio que ela não estava chorando por causa do Michael…

PS: Carnage é muito interessante! Kate Winslet, como sempre, arrasa. Mas a sintonia dos 4 é ótima!

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Concordo com vc, T.
Gostei muito do filme, queria que tivesse feito mais sucesso. É impressionante como a gente se identifica com as situações vividas no filme… Bom, pelo menos quem está em um relacionamento.
Fiquei surpresa com o final abrupto e me peguei pensando no filme um bom tempo depois que ele acabou!
Agora, eu sei que o estilo mulherão da Eva Mendes da tesão em qualquer homem e a escolha de atrizes foi proposital para causar esse sentimento, mas acho valido dizer que a escolha da Keira também foi ótima: uma mulher linda e sensível, do tipo “pra casar”. Talvez por isso o Alex se viu tão apaixonado. Ela não causa só tesão, ela causa muito mais que isso.
Achei tão ignorante falarem aqui que o cara tava certo de chifrar a “mulher sem bunda” e se pegar com a Eva Mendes pq ela é gostosa. Mas ao mesmo tempo é por causa desses sentimentos que o filme foi feito.
Abs!

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Olá Anna!

De fato, por sentimentos como este – “não dá para evitar de ficar com mulher gostosa” – que este filme foi feito. Aliás, esse pensamento é bem típico de muitos e muitos homens, não? Sabemos que para eles os impulsos falam mais alto que o compromisso e outros fatores.

Também gostei muito do filme e fiquei pensando nele tempos depois. Por isso mesmo aprovei o final… aberto como ficou, ele estimula o espectador a pensar mais em tudo que viu.

A escolha das atrizes foi ótima porque, como bem disseste, bem planejada.

Obrigada pela tua visita e pelo teu comentário. E volte mais vezes, inclusive para falar de outros filmes.

Abraços e inté!

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Olá T Reis!

Antes de mais nada, obrigadíssimo pela tua visita e por um comentário tão interessante e bacana.

Fico feliz que tenhas gostado da crítica. E, de fato, Last Night mexe demais com os nossos próprios conceitos de traição.

Lendo a tua ponderação, de fato me parece que tanto faz se a traição se consuma “de forma carnal” ou não. Viver com uma pessoa e estar sempre pensando em outra, alimentando sentimentos por ela, mesmo que não haja a traição física, me parece traição também. De fato.

Também acho que o que eles deveriam fazer, após a cena final, era jogar em “pratos limpos”, revelando o essencial do que precisava ser revelado e ver o que restou no final. Se existe amor ali, beleza. Porque daí é possível ainda resgatar a relação – talvez. Mas se não há amor suficiente, o ideal é cada um seguir o seu rumo.

Depois do teu comentário eu assistir a Carnage. Não sei se chegaste a ver o texto… Também gostei muito dele.

Obrigada, mais uma vez, pela tua visita e pelo teu comentário. Espero que voltes por aqui muitas vezes ainda, inclusive para falar de outros filmes que tenhas gostado.

Abraços e inté!

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Eu gostaria de expressar minhas perspectivas sobre esse filme, que provavelmente nunca vou superar. Que obra incrível!!. O final ficou aberto para análises e suposições, e refletindo sobre, percebo que Michael e Joana chegaram onde chegaram (traição) porque havia um problema, que nem eles sabiam que existia, e me atrevo a dizer que este problema se baseia no fato de não terem convicção e satisfação com as escolhas que fizeram, e simplesmente ligaram o botão do automático seguindo a vida, ou pelo menos tentando. Joana, uma mulher inteligente, charmosa, divertida e que estava passando por uma crise pessoal e profissional, se sentindo travada cognitivamente, que se desenvolveu após o casamento. Michael, um homem inteligente, bonito, bem sucedido profissionalmente mas que se encontrava sem motivação. Ambos com suas crises intríssicas que se espelhou no casamento, abrindo oportunidades para vivenciarem uma nova e antiga experiência (discriminada por traição) mas que me atrevo a dizer que foi positivo, pois através desse “desastre” puderam ver qual era o problema de verdade, os quais citei a cima, e assim, resolverem essas questões para que ambos fiquem convictos, satisfeitos e energizados com suas escolhas que foi de se casarem e dividir uma vida inteira juntos. Se ficaram juntos ou não, isso não podemos garantir, mas agora eles tem a oportunidade de resolverem o verdadeiro problema e começarem um novo ciclo, se assim quiserem. Em ambos os caminhos traição ou fidelidade o resultado seria o mesmo, fracasso do relacionamento. Então um brinde a dinâmica da vida que sempre nos mostra a realidade em que nos encontramos e que nos estimula a evoluir como seres conscientes.

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T, acho que vc falou tudo! Os dois traíram. Traições diferentes… E qual é pior? Acho que a pior é a da Jô, mas não posso afirmar… Com certeza toda forma de traição é péssima!!

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Olá Cris!

Bacana o comentário da T Reis, não é mesmo? Também gostei muito.

E este tipo de contribuição, tanto dela quanto a tua, é o que faz esse espaço tão bacana.
Lendo a ponderação da T Reis eu também acho que ambos traíram, mas não sei dizer se existe uma traição pior que a outra…

Muito obrigada pela tua visita e pelo teu comentário. Espero que voltes por aqui mais vezes.

Abraços e inté!

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Chicko e T Reis adorei os comentários. Acabei de ver o filme, um ano depois praticamente, e achei ótimo. Os comentários me ajudaram muito a pensar sobre o final do filme. Obrigado.

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Vou ver o filme agora. Me identifiquei muito no comentário. Não traio e eu nunca trai, eu passo uma super confiança para meu namorado (Pelo menos eu acho). Só que eu me sinto insegura não a respeito dele, e sim a mim, pois sou muito insegura, nunca me achei o suficiente para nada. E ver que ele trabalha em ambiente com muitas mulher me deixa um pouco triste, e algumas vezes que ele diz comentários a respeito das mulheres do serviço eu fico meia triste comigo mesma (me sentindo insuficiente) e nada do que ele diz ou faz é na maldade, eu que sou muito insegura e acabo levando tudo para o lado negativo e fazendo que tudo fique um saco!
Anciosaa para o filme! Beijinhos

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Acabei de ver o filme. Achei-o muito bom. Retrata muito bem as vivências de qualquer casal, em determinada fase do relacionamento.
Adorei o facto de ter tido um final em aberto e acho que foi uma opção muito inteligente para o filme funcionar bem (apesar de já ter lido criticas muito negativas em relação a este final). Uma vez que é um filme em que muita gente se revê, não seria oportuno dar um final especifico, pois cada um imagina o final em função do que faria naquela situação. Somos todos diferentes, portanto cada um tem a sua forma de desfechar uma história como esta. Um final especifico poderia estragar todo o filme, já que as pessoas estão o tempo todo a rever-se na história e o final poderia não ir ao encontro da sua realidade.
Quanto à grande questão: traição, deixo aqui uma opinião pessoal. No meu ponto de vista estamos a trair quando o que sentimos pela outra pessoa põe em causa o sentimento que temos pela pessoa que está conosco. Enquanto esse sentimento não for abalado, não considero traição. Considero isso mera exposição ao mundo que nos rodeia. Somos seres humanos, seres de emoções e sentimentos… é dificil desenvolver sentimentos exclusivos a uma única pessoa. Inevitavelmente desenvolvemos sentimentos por outras pessoas, uns mais fortes outros menos. Independentemente do envolvimento fisico ou emocional (este último mais propicio a gerar traição), o importante é o sentimento que mantemos por quem está conosco.

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Concordo com você. Traição é quando o que fazemos ou sentimos acaba com os sentimentos que nutrimos por aquele ou aquela que está com a gente. Na verdade, a gente trai o nosso próprio sentimento, ou seja, é sinal de que ele não justifica mais estarmos com aquela pessoa. Ao menos na condição de casal.

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Excelente filme, excelentes comentários os postados pela T Reis e Joana… E apos assisti-lo diversas vezes, hoje consigo enxergar o final da forma como você comentou Alessandra… Confesso que fiquei muito frustrada e em seguida busquei na internet se houve ou haveria alguma continuação… Mas de fato, este final em aberto nos conduz a pensar por um tempo sobre as possibilidades que Joana tem em suas mãos….

Não me resta duvida o quanto Joana ainda se sente ligada ao Alex e fico imaginando um final onde ela conta tudo para o marido e em seguida liga para Alex e os dois se encontram e dão inicio a uma bela historia de amor… Mas na vida real, pelo menos a grande maioria de nos, age de forma mais racional… gostamos de imaginar que ela larga tudo, justamente porque na vida real as possibilidades de abrir mão de um relacionamento relativamente saudável e de muitos anos são muito menores… Quantos casais que estão juntos ha 20, 30 anos que sempre tem uma historia de uma paixão que deixou pra trás e ate hoje esta pessoa ainda vive em sua mente em determinadas situações…

Justamente isto ocorre por sentimentos como: e se este sentimento pela pessoa de fora do casamento for apenas um fogo de palha, do tipo que só não se esvaiu ainda porque não se desgastou por não ter sido vivido, por ainda estar dentro do idealizado? E se na verdade, o amor pelo companheiro ainda é forte, porém esta desgastado pelo dia-a-dia de um casamento… o que convenhamos, é algo que precisamos batalhar diariamente para que se mantenha firme. E se de fato esta outra pessoa com a qual nos sentimos apaixonada é de fato a pessoa certa pra nos… Decisão difícil… E o filme explora bem isso.

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A meu ver, na cena final quando Michel diz que ama Joana, ela o solta, respira e a continuação é a seguinte: Ela diz a Michel que também o ama, que tem certeza que ele não tem nada com Laura, que não terá mais desconfianças e que ele será para sempre o amor da sua vida. Por outro lado não pensará mais naquele ex namorado que antes mexia com seus pensamentos. A seguir se torna uma escritora de sucessos e feliz ao lado de Michel sem nem mais pensar em Alex, pois ela superou essa provação de ficar confusa anteriormente, porque isso ocorria pela sua insegurança em relação ao marido e sua companheira de trabalho. Se torna uma mulher ponderada e racional afinal.

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adorei o filme. Não é paciência que tem de ter no início, mas sim, a atenção bem alerta pois essa pseudo-embromação é para nos colocar no real clima da história. Tanto que depois vai crescendo o interesse em um ritmo quase dá ansiedade na gente. Mto bem explorado isso, pena que alguns analisam como sendo uma chatice. Michael, penso eu, é o único personagem ou o mais introspectivo, então, concordo, é uma “falta” de química proposital o que deixa a gente deslizar para os casos extra que eles vão ter. Isso mesmo, o personagem Alex -Guillaume Canet deu um brilho limpo quando surgiu e até o final. MAs… digam o que quiserem… Sam/Michael é um homem lindo demais e muito sensual pra não prender a atenção. Eu, pelo menos, não despreguei o olho de cima dele… E Keira, gente, é demais. Por isso, pra mim, foi o par de atores certinho. Todos aqui já comentaram muito bem sobre a temática do filme. O modo de propor a trama ae seu desenrolar me fascinou

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Só ontem vi esse filme. E me pergunto: como nunca ouvi falar dele antes? Achei excelente. Me identifiquei com todos os quatro personagens principais em algum momento da vida. Descobri na dor que amor, paixão, desejo e atração não andam necessariamente juntos. Somos humanos e falhos. Não cabe a ninguém atirar a primeira pedra. Acho que todos aqueles que idolatram a fidelidade jamais deveriam precipitar-se no julgamento, pois a vida prega peças. E a descoberta de que não existe uma única verdade pode ser dolorosa . No mais, o filme é de uma sensibilidade ímpar. Sem contar a delicada trilha sonora. Uma das melhores partes é aquela conclusão do ótimo amigo de Alex, que funciona como uma espécie de terapeuta da trama. Ele fala algo do tipo: é melhor deixar como está, não esperar nada além disso. De fato, há momentos mágicos em nossas vidas que não sobreviveriam à dureza da realidade.

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