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The Shallows – Águas Rasas


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Alguns filmes tem um propósito e uma história muito bem definidos. Eles sabem o que querem mostrar, focar e a sensação que querem passar e não complicam a história. Este é o caso de The Shallows. O roteiro do filme é bem simples, se formos analisar, mas ele acerta ao manter o foco bem definido e, especialmente, em alguns pequenos detalhes e sacadas que acabam fazendo toda a diferença. Mudando um pouco a “chave” dos últimos filmes que eu assisti e comentei por aqui, desta vez optei por uma produção que mergulha com gosto no suspense. Sem dúvida ao simplificar e ter muito claro o que queria passar, The Shallows mais acerta do que erra.

A HISTÓRIA: Em uma praia, no amanhecer, um garoto brinca com uma bola. Perto dele, aparece um capacete com uma câmera. O garoto deixa a bola e vai conferir o material que está dando sopa na praia. Ele começa a ver os vídeos, e assisti à cenas de dois amigos surfando. Até que um deles começa a pedir socorro. O garoto corre. Corta. Uma caminhonete vai percorrendo uma estrada enquanto Nancy (Blake Lively) olha no celular belas imagens. O motorista, Carlos (Óscar Jaenada), pergunta se a garota já esteve naquela praia.

Ela diz que não, que apenas a mãe dela esteve, quando estava grávida de Nancy. O motorista comenta que ela deve deixar de olhar as fotos e apreciar a Natureza que está ao redor deles. Os dois estão seguindo para uma praia remota e bastante desconhecida. Nancy comenta com Carlos que a amiga dela não vai aparecer porque está de ressaca no hotel. Ela está sozinha na aventura que será bem diferente do que ela poderia imaginar.

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a The Shallows): Algumas histórias já foram contadas. Ataques de tubarões na praia são conhecidos do público do cinema desde que Steven Spielberg resolveu tornar este animal marítimo como o terror dos sete mares com Jaws, de 1975. Então ter um tubarão infernizando alguém não é exatamente novo e, nem por isso, este The Shallows é previsibilidade pura.

O diretor Jaume Collet-Serra demonstra talento e uma boa percepção para os detalhes que, estes sim, acabam fazendo toda a diferença nesta produção. Para começar, o roteiro de Anthony Jaswinski acerta ao apostar em poucos personagens e colocar quase toda a história “nas costas” da protagonista Nancy. A primeira isca do roteirista para despertar a atenção e o interesse do público é recorrer àquele lugar-comum bastante utilizado no cinema das últimas décadas que é começar com um acontecimento e, na sequência, voltar no tempo para retomar a história que explica aquela sequência inicial.

Logo nos primeiros minutos do filme sabemos que algo de muito ruim aconteceu com dois surfistas. Quando Nancy cai na água e encontra estes surfistas, fica claro que um deles será atacado – ou os dois, isso não fica tão claro no início. Bem, sabemos que isso irá acontecer, mas aquelas cenas iniciais não adiantam nada sobre o destino de Nancy. Logo na sequência inicial do menino na praia percebemos que o diretor tem bom gosto para cenas de beleza pura. Mas mais elementos interessantes virão na sequência.

Após aquela pequena introdução, mergulhamos direto na história de Nancy e o seu encontro afetivo com a praia inesquecível da mãe dela. E aí surge a primeira boa sacada de Jaume Collet-Serra. Em tempos em que todos estão super conectados durante todo o dia e muitas vezes “assistem” o que acontecem no mundo e no seu próprio redor através da tela de um celular, o diretor utiliza o recurso de várias telas sobrepostas à imagem principal do que está acontecendo para revelar o que Nancy está vendo e fazendo com o smartphone.

Na primeira sequência, quando ela está chegando à praia com a ajuda de Carlos, que mora perto daquele paraíso natural, vemos imagens dinâmicas de fotos e troca de mensagens em uma parte da tela. Uma sacada bem bacana, aparentemente simples, mas que funciona muito bem. Boa sacada do diretor. A partir do momento em que Nancy se encontra com a praia onde a mãe dela esteve quando estava grávida da garota, vemos apenas exuberância.

Jaume Collet-Serra sabe valorizar muito bem a bela atriz Blake Lively e todo o carisma que a jovem atriz tem. Mas a paisagem também não fica para trás. O local é maravilhoso e isso fica bastante evidente neste filme. Os espectadores mais atentos vão perceber logo que não são apenas os jovens surfistas nativos que acabam sendo vítimas do tubarão, mas também a própria Nancy – e isso bem antes dela ser de fato atacada. O detalhe está no plano que mostra a prancha dela por baixo – na sequência inicial vemos aquela prancha na praia, então é sinal de que a garota foi alvo de um ataque.

Mas antes do drama começar a tomar conta da telona, temos a parte divertida da produção. Ela não se restringe apenas ao diálogo divertido entre Nancy e Carlos, mas também na conversa dela com os dois surfistas. De forma inteligente, o roteiro de Anthony Jaswinski não cai direto na ação, mas após uma sequência bem feita com cenas de surfe, a protagonista sai da água e temos um pouco mais de contextualização sobre a história dela. Não apenas para entender as nuances da relação dela com a família, que agora se resume ao pai dela e à irmã mais nova; a saudade que ela tem da mãe, que morreu de câncer; mas também e especialmente importante para a história, sabemos que ela começou a faculdade de Medicina.

Esse último ponto será fundamental para o que virá depois. Nancy sai da água, conversa com a irmã e, um pouco a contragosto, com o pai, caminha um pouco, reflete e sente bastante “a presença/ausência” da mãe, e depois volta para a água. Ela quer dar apenas mais uma “curtida” antes que escureça. Afinal, é preciso aproveitar ao máximo. Algo bastante normal e realista – aliás, o filme parece ter, o tempo todo, esta preocupação de ser bastante realista.

O diretor sabe bem valorizar a atriz e o local, dois elementos-chave nesta produção. E quase tudo tem uma lógica, o que ajuda a não irritar o público um pouco mais exigente. Depois que volta para o mar, ficamos na expectativa pelo ataque – até pela dinâmica que o diretor dá para as sequências abaixo da água. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Quando o ataque parece inevitável, Nancy é surpreendida por golfinhos. Ela fica maravilhada com a cena e resolve “remar” atrás deles. Neste momento ela se encontra com uma baleia morta e em decomposição que foi atacada. Sem saber, ela está invadindo o espaço de “alimentação” do tubarão.

É como alguém que se aproximasse do potinho de ração de um cachorro com fome. Se fosse um cachorro, escutaria latido, rosnado e talvez fosse atacado. Na versão de The Shallows o tubarão não rosna nem late, mas persegue a presa com obstinação. O mesmo acontece no clássico de Spielberg, ainda que sabemos que nenhum tubarão tem realmente esta postura e reação. Os tubarões podem atacar pessoas que “invadem” os seus territórios, é verdade, mas jamais terão a “sina vingadora” e vão perseguir uma pessoa como podemos ver neste filme.

Enfim, descontado este detalhe, que é sempre inevitável em um filme com esta proposta, podemos seguir em frente. Quando chega perto da baleia, Nancy vira alvo do tubarão malvadão. Jaume Collet-Serra é esperto ao mostrar o primeiro ataque, com o tubarão se aproximando na onda e acertando a prancha da surfista, e não revelar em detalhes o segundo golpe, quando o tubarão morde a perna de Nancy e a puxa para baixo. Muitas vezes, e Hitchcock foi um dos mestres em nos ensinar isso, vale muito mais sugerir algo do que nos mostrar a cena.

Seria muito complicado mostrar em detalhes o ataque e justificar, por exemplo, porque a perna de Nancy não foi simplesmente arrancada. O diretor de The Shallows correria um grande risco em fazer uma sequência tosca. Então ele acerta em apenas mostrar a reação e a angústia da protagonista e não o detalhe do ataque propriamente. Aliás, ele faz isso em diversos momentos, e sempre é uma boa escolha. Afinal, este é um filme de suspense, e o requisito clássico do gênero é não mostrar tudo, mas alimentar a expectativa e sugerir muita coisa.

Como eu disse antes, acaba sendo fundamental aquela informação de que Nancy estava estudando Medicina e deixou a faculdade momentaneamente. Depois de ser atacada pelo tubarão, ela acaba utilizando os seus conhecimentos para salvar a própria vida. É dura a cena em que ela utiliza os brincos e o pingente para “costurar” a própria perna, mas certamente ela precisava fazer aquilo para não se esvair em sangue na pedra em que ela acaba se protegendo durante a maré baixa. O conhecimento dela também em manter a perna irrigada no momento certo e com torniquete na maior parte do tempo acaba sendo vital.

Claro que nem tudo funciona com perfeição neste filme. E nem daria para esperarmos isso de uma produção despretensiosa e que, claro, não tem a pretensão de ser um documentário sobre ataques de tubarões contra surfistas, né? A primeira questão que não tem lógica é que apenas o uso dos brincos e do pingente na perna teria a capacidade de estancar o sangue de Nancy. Se ela ao menos tivesse usado a corrente para costurar a perna, seria mais fácil de acreditar que aquela ação dela teria ajudado a estancar o sangue.

Depois, é meio difícil de acreditar que aquele imenso tubarão teria conseguido atacar o mexicano bêbado que entra na água para pegar a prancha que está boiando – afinal, ele ainda estava no raso quando sofre o ataque. Finalmente, difícil de acreditar que a dupla de surfistas que volta para a praia e escuta Nancy alertando eles contra tubarões não tenha, nem por um segundo, duvidado da certeza que eles tinham até aquele momento de que naquela praia não tinham tubarões. Afinal, por que cargas d’água a garota estaria lá no meio do mar sobre uma pedra, sem a prancha e gritando desesperadamente se ela não estivesse falando a verdade?

Teria sido um pouco mais realista, neste ponto, se os surfistas ao menos tivessem tentado sair da água e daí tivessem sido pegos pelo tubarão. Mas beleza. Para não dizer que o roteiro de Anthony Jaswinski tem mais falhas que acertos, uma boa sacada dele foi colocar uma gaivota na pedra em que Nancy se refugia por boa parte do filme. A simpática ave acaba sendo para Nancy o que a bola Wilson é para Tom Hanks em Cast Away, um belo filme do ano 2000 estrelado pelo ator e dirigido por Robert Zemeckis.

Desta forma, ainda que The Shallows acabe tendo poucos diálogos por causa da situação que vive a protagonista, não ficamos em um silêncio completo por causa da interação de Nancy com a gaivota e por causa das outras interações – seja com o mexicano bêbado, com os surfistas que voltam para o mar ou seja na acertada sequência em que ela grava alguns vídeos para quem puder encontrar a câmera no capacete e para os seus familiares. Afinal, ela vai seguir tentando, mas as perspectivas para Nancy não são nada boas – e ela sabe disso.

Quando ela vai buscar o capacete com a câmera temos outro detalhe importante – aliás, esse filme é repleto deles, por isso é importante o espectador não se distrair ou “dormir no ponto”. Nancy percebe a reação ruim do tubarão quando ele vai atacar ela e acaba “comendo” parte de um recife. Como o refúgio dela ficará impossível após algum tempo, quando a maré começar a ficar alta, ela tem que procurar alternativas. A boia que está um pouco distante será a sua alternativa, e ela só consegue chegar lá porque simula uma certa tourada com o tubarão em meio a águas vivas. A sequência é fantástica, aliás, como várias outras realizadas por Jaume Collet-Serra.

Na reta final, não resta muito tempo para Nancy. Seja porque o tubarão “super do mal” está cada vez mais com raiva dela – isso é o que o roteiro aparenta quando ele não para de ataca-la na boia -, seja porque aquela perna dela sem tratamento não permitirá que ela viva por muito mais tempo. Quando ela alcança a boia, parece que as chances dela aumentam.

(SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Tem uma sequência que vocês podem ter estranhado: quando ela utiliza a última bala do sinalizador para atacar o tubarão e uma corrente de fogo surge na água. Eu tenho uma explicação para isso: a baleia em decomposição, certamente, estava liberando na água o famoso “óleo de baleia”, aquele mesmo que os antigos utilizavam para acender lampiões. Ou seja, o óleo de baleia é bastante inflamável. A minha dúvida sincera é se isso acontece também quando ele se mistura com a água… bem, novamente vamos dar esse desconto para o roteiro de The Shallows. Agora, apesar do “sangue nos olhos” do tubarão, que fica cada vez mais obcecado por atacar Nancy, algo precisamos admitir: a sequência final do embate entre a protagonista e o vilão do filme é ótima.

Vale incluir no pacote deste “grand finale” todo o trecho do “fogo no mar”, a fúria insandecida do tubarão contra a boia em que estava Nancy e a tirada esperta da protagonista em encontrar uma alternativa para golpear definitivamente o seu algoz persistente. A parte que teve a ver com o salvamento dela é que achei um tanto forçada. Não custava o diretor incluir alguns segundos ou até um minuto mostrando como ela saiu do fundo do mar e chegou perto da orla – provavelmente ela teve que dar umas boas braçadas antes de ter as forças exauridas. E, claro, a reação do Carlos eu achei um bocado estranha… ele tirou ela da água e simplesmente ficou parado depois? Nem se deu ao trabalho de fazer alguma massagem para que ela expelisse a água dos pulmões? Achei estranho aquilo.

No mais, achei que o filme foi muito bem feito. Com uma história simples, mas narrada de forma bastante eficiente, com diversos aspectos técnicos (que vou comentar abaixo) jogando um papel-chave e com um trabalho do diretor sem retoques para fazer. Apenas o roteiro teve alguns detalhes um pouco estranhos, já comentados, mas nada que desmereça o filme. Pelo contrário, aliás.

Antigamente – e nem tão antigamente assim – belas atrizes eram colocadas no mar apenas para virar “comida de tubarão”, literalmente. Não sabíamos praticamente nada sobre elas. Era quase pré-requisito elas serem “meio burras” ou “meio tontas” para, digamos assim, morrerem mais facilmente nos filmes. Sendo assim, elas precisavam ser apenas lindas, não precisavam ser boas intérpretes. Para nosso alívio, em The Shallows, a atriz Blake Lively faz um grande trabalho – ela é uma das principais qualidades do filme. Ela é uma intérprete com qualidade, além de ser linda. Então ela leva as atrizes deste perfil de filmes para um outro nível.

Além disso, o roteiro de Anthony Jaswinski acerta em não apenas alimentar a nossa expectativa e adrenalina, mas também em contextualizar a história da personagem e em nos ensinar bastante sobre “como sobreviver a um ataque de tubarão tendo as condições quase perfeitas ao nosso redor”. Como eu disse, este filme não é um documentário. Então, para um filme de ficção sobre o tema, ele tem muito mais acertos do que erros. Sem dúvida alguma é um ótimo entretenimento e, de quebra, a meu ver, rejuvenesce um estilo de filme que já parecia meio desgastado. Não é pouco.

NOTA: 9.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Diversos aspectos técnicos contribuem para que The Shallows funcione bem. Para começar, a direção cuidadosa e atenta aos detalhes do espanhol Jaume Collet-Serra. O diretor sabe acelerar nos momentos certos, criar suspense utilizando a câmera em planos sugestivos e, principalmente, ficar muito próximo dos atores, especialmente da protagonista, para valorizar a ótima interpretação deles (e dela, em especial). Um dos recursos bastante utilizado por ele é o slow motion, bem empregado em diversas cenas – especialmente de surfe e em outras em que ele quer valorizar o trabalho de Blake Lively ou alguma sequência de ação. Ainda que alguns recursos sejam bem repetidos, não vi exagero no emprego das técnicas de filmagem. Achei um belo trabalho do diretor.

Um outro aspecto fundamental deste filme é a trilha sonora. Elemento-chave de diversos filmes de suspense e ação, ela dita o ritmo em muitos momentos de The Shallows. Um excelente trabalho do compositor Marco Beltrami. Outro elemento fundamental é a direção de fotografia, um trabalho impecável de Flavio Martínez Labiano. Ele faz um trabalho impecável de valorizar as paisagens e os detalhes da história mesmo quando ela mergulha na noite. O terceiro elemento crucial para o filme funcionar é a edição de Joel Negron. Ele faz um excelente trabalho em um filme com bastante complexidade na montagem e ajuda o diretor e o restante da equipe a dar um bom ritmo para a história.

Agora, queria fazer algumas ponderações sobre três tópicos da história que eu não citei antes. (SPOILER – não leia se você não viu ao filme). Primeiro, a questão de ninguém falar o nome da praia. Para mim, esta escolha tem duas razões de ser: ao não revelar o nome da praia este “segredo” torna a aura sobre o local ainda mais misterioso e, depois, quando você não cita um nome fica mais fácil de “esconder” um determinado lugar, não é mesmo? Uma escolha totalmente proposital. Depois, queria citar dois aspectos do finalzinho da produção. Achei um barato a gaivota ser mostrada no final. É como se ficássemos com a mensagem “no final, todos foram salvos”. Bonitinho. 😉 E pode haver uma explicação para Carlos ter ficado apenas olhando para Nancy no final. Como ele não fez nenhuma massagem na garota para expelir a água dos pulmões e, na sequência, aparece a mãe de Nancy em cena, isso pode deixar a entender que a garota teve uma “ajuda” fundamental da mãe para se salvar. Eu acredito que isso seja possível, então achei um toque interessante da história no final.

Fiquei muito surpresa com o trabalho de Blake Lively. Achei o trabalho da atriz realmente impecável, irretocável. Acho que vale acompanharmos este nome e ver o que mais ela fará daqui para a frente. Buscando saber um pouco mais sobre ela, descobri que este é o 18º trabalho dela como atriz e que ela já ostenta sete prêmios no currículo. A estreia dela como atriz foi em Sandman, em 1998. O trabalho seguinte demorou sete anos para sair, foi em 2005, The Sisterhood of the Traveling Pants. A partir daí ela não parou mais. Ela participou das séries de TV Saturday Night Live e Gossip Girl e dos filmes Green Lantern, Hick, Savages, The Age of Adaline e do recente filme de Woody Allen, Café Society. O próximo filme dela que vai estrear é All I See Is You, dirigido por Marc Foster. Ficaremos de olho!

The Shallows estreou em première em Nova York no dia 21 de junho. A partir desta data ele começou a se espalhar pelo mundo sem participar de nenhum festival de cinema até agora. Nem é muito o perfil do filme. Mesmo não tendo uma “carreira de festivais”, esta produção foi indicada na categoria Choice Summer Movie Star: Female no Teen Choice Awards. Sem dúvida nenhuma esta é uma produção bem ao estilo “filme de verão” e com cara de adolescentes. Ou seja, o filme está bem entre o seu público. 😉

Antes citei a atriz Blake Lively como um dos pontos fundamentais para o êxito desta produção. Mas vale também citar alguns dos atores coadjuvantes que ajudam a protagonista a brilhar – até porque eles não tem, digamos assim, um graaaaande desempenho: Óscar Jaenada está bem nas duas ocasiões em que ele aparece como Carlos, morador local da praia agreste; Brett Cullen interpreta o pai de Nancy; Sedona Legge interpreta a Chloe, irmã mais nova da protagonista; Pablo Calva é o filho de Carlos, o garoto que está brincando na praia e que acaba ajudando a salvar Nancy; Diego Espejel é o homem bêbado que só faz besteira na praia; Janelle Bailey interpreta a mãe de Nancy; e quatro pessoas interpretam os surfistas que aparecem em cena (pois sim): Angelo Jose, Lozano Corzo, Jose Manual e Trujillo Salas.

The Shallows teria custado US$ 17 milhões – certamente boa parte desta grana foi gasta nos efeitos especiais envolvendo o tubarão, dinheiro muito bem empregado, aliás – e faturado, apenas nos Estados Unidos, pouco mais de US$ 54,5 milhões. No restante dos países em que o filme já estrou ele teria feito outros US$ 38,5 milhões. Ou seja, no total, pouco mais de US$ 93 milhões. Um verdadeiro sucesso. E merecido. É bom ver um filme feito para “as férias americanas” e que joga uma nova brisa sobre um gênero desgastado.

O filme, segundo o roteiro de Anthony Jaswinski, se passa em uma das praias da cidade de Tijuana, no México. Mas, na verdade, The Shallows foi totalmente rodado na Austrália. Pois sim! Muitas das cenas da produção foram feitas nos Village Roadshow Studios, em Queensland, enquanto parte das cenas externas foram rodadas em Mount Tamborine (as imagens do caminho pela “floresta”) e em Lord Howe Island, esta última em New South Wales.

Agora, uma curiosidade sobre o filme: a versão de The Shallows no México altera a localização da praia para o Brasil e os diálogos entre os personagens “locais” que, no original, são ditas em espanhol, na versão mexicana são ditas em português.

O apelido que Nancy dá para a gaivota, o de Steven Seagull (gaivota Steve) é uma brincadeira com o nome do ator Steven Seagal.

Um ponto fundamental desta produção é o trabalho também com o grande tubarão branco – que é uma fêmea, aliás, normalmente maior que os machos. Nove profissionais trabalharam nos efeitos especiais do filme e o número impressionante de 257 profissionais trabalharam nos efeitos visuais da produção. Certamente para estes aspectos foi grande parte do orçamento do filme. Os 14 profissionais envolvidos no departamento de som também merecem elogios, porque o trabalho deles, assim como dos demais, garante a qualidade técnica da produção.

Os usuários do site IMDb deram a nota 6,7 para esta produção. Uma boa avaliação se formos levar em conta o padrão do site. Os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 128 críticas positivas e 39 negativas para a produção, o que lhe garante uma aprovação de 77% e uma nota média de 6,5.

Esta é uma produção 100% dos Estados Unidos. Por isso ela entra na lista de países votados aqui no blog. 😉

CONCLUSÃO: Você não precisa ter uma grande ideia para fazer um filme interessante. Basta ter um propósito muito claro e, mesmo que o assunto já tenha sido tratado, não ficar na zona cômoda e tentar apresentar algum diferencial. Pois é exatamente isso que The Shallows faz. Este não é o primeiro e provavelmente não será o último filme que trata sobre o “perigo dos mares” mais aterrorizante de todos, mas certamente ajuda a revigorar o gênero. Com uma atriz bonita e talentosa como protagonista, este filme tem uma dinâmica bem planejada e envolvente, equilibrando na medida certa suspense, drama e alguma pitada de humor. É uma boa pedida bem ao estilo “Sessão da Tarde”. Simples, mas eficaz como entretenimento.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 20 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing e, atualmente, atuo como professora do curso de Jornalismo da FURB (Universidade Regional de Blumenau).

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