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10 – Retrospectiva 2008: sucessos e fracassos do ano


EPÍLOGO: Este é o décimo texto que produzi para o site DVD Magazine e que reproduzo aqui no blog. Este artigo sobre os “vencedores” e os “perdedores” de 2008, assim como os demais artigos que você, caro leitor, poderá ler aqui, devem ser vistos – como sempre – levando em conta a data em que eles foram produzidos e publicados. Sempre que possível acrescentarei atualizações e comentários datados e posteriores, como faço com as críticas dos filmes.

DATA DE PUBLICAÇÃO: 7 de janeiro de 2009.

TÍTULO: Retrospectiva 2008: quem se deu bem e quem se saiu mal no ano do rato

2008 foi um ano conturbado. As pessoas comuns mundo afora passaram por momentos especialmente difíceis, de rupturas, de desafios como nunca. Regiões inteiras presenciaram tragédias naturais e/ou guerras. Por outro lado, muita gente se deu bem. Incluindo os produtores e astros de Hollywood e de outros mercados internacionais. Agora que 2008 foi para o espaço, ficou para trás, vale a pena ver quem se deu melhor no ano do rato (pelo horóscopo chinês).

Os sortudos do ano:

  • Campeões de bilheteria:

batman1Todos sabem que Batman – O Cavaleiro das Trevas lavou a banca. Apenas no “mercado interno” dos Estados Unidos a produção dirigida por Christopher Nolan ultrapassou a marca de US$ 530 milhões, o que o torna o segundo filme de maior êxito na história do cinema norte-americano. Ele só perde para Titanic, que atingiu a marca de US$ 600 milhões no mercado interno. Mas no mercado internacional o filme ficou no segundo lugar – perdeu o posto de campeão para Indiana Jones e o Reino da Caveira de CristalBatman teria faturado US$ 465 milhões – que, somados ao mercado estadunidense, estão conferindo praticamente US$ 1 bilhão para o filme. No Brasil a produção se consagrou também campeã das bilheterias, faturando R$ 32,7 milhões e chegando a um público de 4 milhões de pessoas.

Homem de Ferro também destronou muitos filmes pelo caminho. Apenas nos Estados Unidos o filme de Jon Favreau arrecadou pouco mais de US$ 318 milhões, colocando-se na posição número 21 entre as maiores bilheterias de todos os tempos – ganhando de Harry Potter e a Pedra Filosofal, por exemplo. Mas Homem de Ferro foi mais um “fenômeno nacional” do que internacional. Ele faturou tanto assim nos Estados Unidos, mas no mercado internacional não conseguiu manter o ritmo: ele ocupa a décima posição na lista dos mais lucrativos, conseguindo arrecadar US$ 263 milhões pelo mundo. No Brasil ele ficou na terceira posição, faturando R$ 23,4 milhões.

Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal ressuscitou o herói do chapéu e chicote e faturou um bocado com a façanha. Apenas nos Estados Unidos o filme arrecadou US$ 317 milhões que, somados aos US$ 469 milhões do mercado internacional, garantiram um bom Natal para o pessoal da Paramount. No Brasil o filme ficou na quarta posição entre os que mais faturaram, conseguindo embolsar R$ 21,8 milhões.

kungfupandaPara surpresas de muitos, a animação Kung Fu Panda foi melhor que muitos arrasa-quarteirões mundo afora. A produção da DreamWorks foi a segunda mais vista no Brasil em 2008: ela conseguiu impressionantes R$ 26,9 milhões. Nos Estados Unidos e no mercado internacional ela faturou muito menos que os outros concorrentes do ano: US$ 215 milhões e US$ 416 milhões, respectivamente.

E fechando nossa lista dos grandes “arrasa-quarteirões” de 2008, chegamos aHancock, Wall-EMadagascar 2 – A Grande Escapada, Crepúsculo e 007 – Quantum of Solace. Todos eles entraram na lista das 150 maiores bilheterias no mercado estadunidense de todos os tempos. Um fenômeno que fez pouco nos Estados Unidos mas que impressionou no mercado internacional foi a comédia Mamma Mia! O filme com Meryl Streep faturou US$ 428 milhões em todo o mundo (descontados o mercado dos Estados Unidos e do Canadá), o que lhe conferiu o posto do terceiro mais visto em 2008.

Outro que se deu bem no mercado internacional foi A Múmia: Tumba do Imperador Dragão, chegando a faturar US$ 290 milhões e assumindo a sétima posição nos campeões de bilheteria. No Brasil, além dos títulos já citados, figuraram na lista dos 10 mais assistidos Eu Sou a Lenda (que faturou R$ 18,3 milhões), Meu Nome Não é Johnny (o único brasileiro na lista, com R$ 18 milhões) e As Crônicas de Nárnia 2 (com R$ 12,2 milhões).

  • Campeões em prêmios:

Vou dividir esta categoria em duas partes: das premiações internacionais, dando destaque para os festivais reconhecidos e badalados, e para as premiações do mercado dos Estados Unidos – e que determinam, para muitos, os talentos em quem se deve investir nos próximos anos.

linhadepasseNos festivais internacionais dois brasileiros se destacaram: José Padilha com seu Tropa de Elite e Sandra Corveloni por Linha de Passe. O primeiro foi consagrado no início de 2008 no Festival de Berlim, quando recebeu o Urso de Ouro como melhor filme do ano. Sandra Corveloni surpreendeu a muitos ao ganhar o prêmio de melhor atriz no Festival de Cannes, em maio.

Fora os brasileiros, filmes fortes, muitos deles violentos, se consagraram nos festivais durante o ano. Se destacam na lista o italiano Gomorra (vencedor do prêmio da crítica em Cannes), o francês Entre Les Murs (que levou a Palma de Ouro no mesmo festival) e o estadunidense The Wrestler (vencedor do Leão de Ouro no Festival de Veneza). Com estes prêmios, foram valorizados nomes de diretores como Matteo Garrone, Laurent Cantet, Darren Aronofsky e do ator Mickey Rourke – literalmente renascido das cinzas.

No início do ano também foi catapultada a carreira dos irmãos Coen com o filme Onde os Fracos Não Tem Vez levando para casa quatro preciosas estatuetas douradas do Oscar. Além deles, a premiação valorizou a carreira de atores como Javiem Bardem, Daniel Day-Lewis, Marion Cotillard e Tilda Swinton, assim como da roteirista Diablo Cody (responsável por Juno).

Dentro do mercado estadunidense outros nomes despontam como os bons do ano. Danny Boyle está acumulando prêmios na categoria de melhor diretor entre os críticos daquele país. Até agora ele faturou nada mais, nada menos que seis dos 10 prêmios das associações de críticos que já divulgaram os melhores de 2008. Tudo graças ao badalado Slumdog Millionaire – eleito o melhor filme por cinco das 10 associações.

benjaminbutton1Os outros diretores premiados foram David Fincher (por O Curioso Caso de Benjamin Button), Mike Leigh (por Simplesmente Feliz), Jonatham Demme (por O Casamento de Rachel) e Christopher Nolan (por Batman – O Cavaleiro das Trevas). Entre os intérpretes, têm se destacado nas premiações dos críticos Anne Hathaway (por O Casamento de Rachel), Meryl Streep (por Dúvida), Sally Hawkins (por Simplesmente Feliz), Michelle Williams (por Wendy and Lucy) e Kate Winslet (por The Reader), entre as mulheres; e Sean Penn (porMilk), Mickey Rourke (por The Wrestler) e Clint Eastwood (por Gran Torino). Mas está ganhando desparado, na opinião da crítica, o trabalho de Sean Penn – que, depois de agradar como diretor com Na Natureza Selvagem, agora mostra toda sua capacidade de intérprete em Milk. Sem dúvida ele é um dos nomes fortes de Hollywood atualmente.

No mercado dos festivais brasileiros o filme do ano foi Apenas o Fim, dirigido por Matheus Souza. Ele venceu a escolha do público em dois dos três principais festivais do país: o do Rio e o de São Paulo. Por sua parte, os críticos destes festivais consagraram, respectivamente, os filmes Se Nada Mais Der Certo e Aquele Querido Mês de Agosto. O Festival de Gramado premiou Nome Próprio, do diretor Murilo Salles, enquanto que o Festival de Brasília consagrou a FilmeFobia.

Os azarados de 2008:

No mundo de bilhões de dólares do cinema, onde o sucesso de um filme normalmente se mede pela bilheteria que ele alcança – muito mais que pelos prêmios que ele possa conquistar –, uma produção é considerada um fracasso quando não consegue superar as expectativas dos investidores. Em 2008 alguns filmes realmente se deram mal.

speedracerSpeed Racer, por exemplo, foi considerado um fracasso tanto pelo lado do lucro quanto pelo da crítica. O filme que teria custado US$ 120 milhões para a Warner faturou, nos Estados Unidos, pouco mais de US$ 43,9 milhões – se presume que cerca de US$ 89 milhões se contados os outros países. Outro que se deu mal foi Eddie Murphy com seu novo filme, O Grande Dave – se bem que o ator vem fracassando há vários anos. O Grande Dave teria custado US$ 60 milhões e faturado, nos Estados Unidos, pouco mais de US$ 11,8 milhões – chegando a US$ 30 milhões nos outros mercados.

E o que pode ser quase tão pior quanto Eddie Murphy? Só mesmo Mike Myers com seu Guru do Amor. O filme que teria custado US$ 62 milhões faturou, nos Estados Unidos, pouco mais de US$ 32 milhões. Figura ainda na lista de fracassos o filme O Amor Não Tem Regras, dirigido e estrelado pelo astro George Clooney. A produção teria custado US$ 58 milhões e faturado, nos Estados Unidos, pouco mais de US$ 31 milhões – chegando a US$ 41 milhões somada a bilheteria nos outros países.

Outro que se deu mal em 2008 foi Nicolas Cage com seu Perigo em Bangkok. O filme custou aproximadamente US$ 40milhões e faturou “apenas” US$ 15 milhões nos Estados Unidos – mas teria chegado quase a se pagar, já que conseguiu cerca de US$ 39 milhões somados os outros mercados de cinema. Um filme menos explorado pela mídia e que praticamente podia se considerar independente,Cinturão Vermelho, dirigido por David Mamet, também foi mal. A produção que teria custado US$ 7 milhões conseguiu pouco mais de US$ 2,3 milhões nos Estados Unidos. Ainda fazem parte da lista de fracassos divulgada pelo site IMDb e pela revista Forbes: Semi-Pro, Missão Babilônia e Delgo.

Leia na próxima crônica: as grandes apostas de 2009.

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