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8 – Filmes estrangeiros e o Oscar 2009


EPÍLOGO: Este é o oitavo texto que produzi para o site DVD Magazine e que reproduzo aqui no blog. Este artigo sobre os filmes pré-indicados para o Oscar 2009 na categoria de Melhor Filme Estrangeiro, assim como os demais artigos que você, caro leitor, poderá ler aqui, devem ser vistos – como sempre – levando em conta a data em que eles foram produzidos e publicados. Sempre que possível acrescentarei atualizações e comentários datados e posteriores, como faço com as críticas dos filmes.

DATA DE PUBLICAÇÃO: 4 de novembro de 2008.

TÍTULO: Os filmes estrangeiros na corrida pelo Oscar

081020a_014.nefAinda falta um bom tempo para a cerimônia do próximo Oscar, mas como preza a tradição, a corrida pela cobiçada estatueta dourada já começou. Na verdade, há alguns meses. A lista dos escolhidos mundo afora para concorrer às cinco vagas na categoria de Melhor Filme Estrangeiro foi divulgada pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas para a imprensa no dia 17 de outubro. Mas antes dela sair, cada país passou por um processo interno de seleção dos seus “craques” para a disputa. Ao total, são 67 países na expectativa do dia 22 de janeiro, quando a Academia divulga os cinco escolhidos para a grande noite da premiação. Mais que o vencedor, que será divulgado na noite do dia 22 de fevereiro, o interessante desta lista é observar algumas das grandes produções de cada país em 2008.

O favoritismo dos filmes europeus é indiscutível. Afinal, nos últimos 30 anos, apenas quatro vezes os países da Europa não levaram o Oscar® para casa. Isso mesmo, apenas quatro vezes! Os “estraga-festa” para os europeus de 1978 para cá foram: Argentina (em 1985), Taiwan (em 2000), Canadá (em 2003) e África do Sul (2006). Nos demais anos, só deu Europa entre os premiados. Ainda que a disputa tenha sido um pouco acirrada entre alguns países nestes 30 anos, a Espanha leva vantagem, tendo levado para casa quatro estatuetas. Ela é seguida de perto, com três estatuetas por país, por Alemanha, Holanda e Itália. Em seguida, com dois prêmios cada um, vem França, Suíça e Dinamarca.

losgirasoles11Claro que surpresas sempre podem ocorrer, mas para começar as escolhas de alguns dos favoritos, sempre é interessante olhar para os países mais premiados da Europa. A Espanha, este ano, por exemplo, indicou a Los Girasoles Ciegos (que leva o título de The Blind Sunflowers para o mercado inglês) para o Oscar 2009. Trata-se do último filme do talentoso José Luis Cuerda, diretor de produções interessantes como La Educación de las Hadas e La Lengua de las Mariposas. O filme, adaptado do livro homônimo de Alberto Méndez, faz uma análise amarga da pós-guerra espanhola. No elenco, feras como Maribel Verdú, Javier Cámara e Raúl Arévalo. Assistindo ao trailer, vê-se que, entre outros temas, a produção cutuca com vara curta a Igreja, o adultério e o autoritarismo dos militares.

baadermeinhof1Outro país sempre forte na disputa, a Alemanha, está sendo representada pelo filme The Baader Meinhof Complex, do diretor Uli Edel – conhecido por Christiane F. A produção nasceu polêmica, porque o roteiro conta a história dos militantes de extrema-esquerda da Gangue Baader-Meinhof, grupo formado no final dos anos 60 e que seria conhecido posteriormente como Facção Exército Vermelho (identificada pela sigla RAF). O filme de Edel conta como o grupo surgiu, fruto dos movimentos estudantis, e cresceu ao ponto de ser apontado como o responsável por 34 mortes em atentados a bomba, seqüestros e assassinatos em pouco mais de 20 anos. O filme não tem muita cara de ganhar (ou mesmo ser finalista) em um Oscar® – e sim em festivais europeus. De qualquer forma, o diretor e o país tem forças para talvez chegar lá.

gomorra2Outro país sempre forte na disputa, a Itália, escolheu uma produção já premiada para levar até o Oscar®: Gomorra, do diretor Matteo Garrone, vencedor do Grande Prêmio do Júri no último Festival de Cannes. O filme, baseado no livro homônimo de Roberto Saviano, conta os bastidores da máfia napolitana, chamada Camorra. Além de contar como age o crime organizado em Nápoles, Gomorra expõe a atração que os criminosos exercem nos jovens, seu contato com o poder – e a conseqüente conivência dos políticos – e tentáculos em várias partes da sociedade. É um filme forte e que celebra o “renascimento” do bom cinema italiano.

dunya2Por sua vez, a Holanda busca entrar no seleto grupo dos cinco indicados com Dunya & Desie, dirigido por Dana Nechushtan. O filme não deve chegar tão longe, afinal, se trata de uma adaptação para o cinema de uma popular série televisiva sem maiores pretensões. Ainda que trate de um tema importante na Europa – e no mundo – atual, como é o da imigração e do choque de culturas, Dunya & Desie parece “leve” demais se comparado a outros concorrentes mais sérios.

A França, por exemplo, indicou Entre Les Murs, de Laurent Cantet, para representar o país. O filme, vencedor da Palma de Ouro em Cannes, trata de maneira muito mais potente o tema da imigração e do choque de culturas. Se a Academia resolver pagar pelo erro de não ter indicado Persépolis anteriormente, Entre Les Murs tem grandes chances de chegar entre os cinco finalistas.

derfreund1A Suíça este ano será representada pelo filme Der Freund, do jovem diretor Micha Lewinsky. A produção conta a história da paixão de um garoto tímido por uma cantora. Quando ela morre, a família o “adota” como um amigo da cantora e ele acaba se vendo em uma intricada situação de mentiras enredadas. A Dinamarca, outro país vencedor de dois Oscar® nas últimas três décadas, concorre este ano com To Verdener, de Niels Arden Oplev. O filme trata dos conflitos e dilemas de uma garota que é Testemunha de Jeová e que se envolve com um rapaz que não é de sua religião.

up174_09Olhando para o nosso quintal, merece destaque a indicação de Última Parada 174, o novo filme de Bruno Barreto. O diretor romantiza a história verídica de Sandro do Nascimento, um jovem que em 2000 seqüestrou no Rio um ônibus da linha 174 e transformou a sua ação criminosa em audiência televisiva transmitida ao vivo. Diferente do excelente documentário Ônibus 174, o filme de Barreto remonta a história de Sandro desde a infância. Para alguns, depois de Cidade de Deus e de Tropa de Elite, este filme pode finalmente garantir uma vaga no Oscar® para o Brasil. Pessoalmente, ainda acho difícil. Mas não custa tentar.

leonera11Ainda na América Latina, vale a pena dar uma conferida no filme Leonera, dirigida por Pablo Trapero. O filme representa a Argentina no Oscar® e conta a história de uma jovem que acaba na cadeia depois de ser acusada de homicídio. Grávida, ela tem o filho enquanto espera ser julgada – o crime pelo qual ela é acusada, na verdade, pode ter outra pessoa como culpada. A história trata de amor, relações familiares, sobrevivência e noções de liberdade.

Representando o Chile na disputa está Tony Manero, segundo filme do diretor Pablo Larrain. A produção conta a história de um criminoso obcecado pelo personagem de John Travolta no filme Embalos de Sábado à Noite. Mas em lugar de glamour ou festas, o personagem vive em um Chile sem perspectivas durante a ditadura de Pinochet, nos anos 70, recorrendo ao crime para conseguir o que ele deseja. A Colombia será representada pelo filme Perro Come Perro, um filme potente sobre o mundo do crime em Bogotá. Dirigido por Carlos Moreno, o filme mostra o lado “cru” do crime na cidade com o tempero de colocar em cena superstições importantes na cultura local – mais especificamente a bruxaria. Parece interessante.

Assinado pelo diretor Roberto Sneider, vêm do México o filme Arráncame La Vida, uma produção de época – que remonta aos anos 1930 – e que trata de jogos de poder, amor, ambição, política, corrupção, adultério e outros temas nascidos de toda a lista anterior. Do Uruguai vem o filme Matar a Todos, do diretor Esteban Schroeder. A produção conta a história de Eugenio Berríos, um homem perseguido pela chamada Operação Condor e, depois da sua morte, a luta de uma advogada para descobrir a verdade sobre o que aconteceu.

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E para fechar a lista de representantes da América Latina, da Venezuela segue para o Oscar® o filme El Tinte de La Fama. Dirigido por Alejandro Bellame Palacios, o filme conta a história de uma mulher que entra em um concurso – e depois leva a idéia muito mais a sério – para encarnar a personagem de Marilyn Monroe. Dificilmente algum dos filmes latinos chega a ser selecionado, mas não deixa de ser interessante buscar estes filmes para conferir o que se anda produzindo nas “redondezas”.

2 respostas em “8 – Filmes estrangeiros e o Oscar 2009”

Olá John Lenon!

Primeiramente, seja muito bem-vindo por aqui.

Olha, o caminho para um ator que quer se dedicar ao cinema é longo e difícil. Mas isso acho que você já deve saber.

Um bom começo é você colocar metas e objetivos no teu horizonte. Você quer atuar no cinema brasileiro, no cinema dos Estados Unidos ou de que outro país? Essa deve ser tua primeira pergunta.

Com a resposta, o melhor caminho é investir na tua carreira fazendo cursos de interpretação – ou de cinema, se quiseres atuar de outra forma em uma produção – de respeito, no Brasil ou fora daqui. Para isso, é claro, precisas preparar os bolsos, porque os bons cursos, obviamente, exigem bastante dinheiro.

Nestes locais – universidades, escolas de interpretação, teatros, etc. – você deve começar a formar uma rede de contatos que será fundamental para o teu futuro. E por aí segue…

Te desejo sorte no teu caminho e nas tuas escolhas. Um abraço e volte mais vezes – inclusive para opinar sobre os filmes que vou comentando.

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