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Destaques dos festivais e premiações em 2009


Este texto eu queria ter escrito há vários meses. Mas o tempo foi passando e consigo publicá-lo só agora. A vantagem de ter demorado tanto é que o resultado de festivais importantes, como o de Cannes, o de Veneza e o de Toronto, por exemplo, acabaram saíndo neste período. Os eventos espalhados pelo mundo, alguns muito badalados, outros menos conhecidos, nos apresentaram filmes muito bons em 2009. Alguns dos premiados nestes eventos estarão no próximo Oscar. Outros merecem nossa atenção porque agradaram crítica e público e revelam algumas das melhores produções do ano. A seguir, comento os principais destaques de cada festival, listados de forma cronológica.

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Globo de Ouro – 11 de janeiro: considerado por muitos uma prévia do Oscar, o Golden Globes deste ano premiou como melhor filme na categoria drama Slumdog Millionaire; e na de comédia, Vicky Cristina Barcelona. Pouco mais de um mês depois, o Oscar confirmaria estes dois filmes como alguns de seus destaques. Mickey Rourke, elogiado por seu desempenho em The Wrestler, embolsou o prêmio de melhor ator na categoria drama. Na de comédia, o vencedor foi Colin Farrell por In Bruges. As atrizes premiadas deste ano foram Kate Winslet, na categoria drama, por Revolutionary Road; e Sally Hawkins, na categoria comédia, por Happy-Go-Lucky. Como coadjuvantes, ganharam prêmios Heath Ledger, por The Dark Knight, e Kate Winslet conseguiu o seu segundo prêmio na noite por seu papel em The Reader. Danny Boyle venceu como melhor diretor; o israelense Vals Im Bashir como melhor filme estrangeiro e Wall-E, do estúdio Pixar, como melhor animação. Para os especialistas, os premiados no Golden Globes foram bastante previsíveis.

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Sundance – de 15 a 25 de janeiro: o principal festival com caráter independente dos Estados Unidos – e talvez do mundo – premiou este ano ao drama Precious: Based on the Novel Push by Sapphire. Este filme, dirigido por Lee Daniels e estrelado por Gabourey Sidibe, Mo’Nique, Lenny Kravitz, Mariah Carey, entre outros, é considerado por muitos críticos um dos grandes destaques do ano. Na categoria de melhor documentário, foi premiado We Live in Public, que foca a vida cibernética de Josh Harris. Saíram como vencedores na categoria World Cinema, que premia o cinema de outros mercados, o drama chileno/mexicano La Nana e o documentário Rough Aunties. A audiência do festival reafirmou a decisão da crítica e premiou Precious. Outros premiados pelo público do festival foram An Education (World Cinema, drama), Afghan Star (World Cinema, documentário) e The Cove (documentário).

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Lumiere Awards – 19 de janeiro: esta premiação abre o calendário de eventos que celebram o cinema na França. Celebrada no luxuoso e tradicional Hôtel de Ville, em Paris, o Lumiere deste ano consagrou como melhor filme Entre Les Murs. Vincent Cassel recebeu o prêmio de melhor ator por dois trabalhos: L’ennemi Public nº 1 e L’instinct de Mort; e Yolande Moreau foi premiada como melhor atriz por Séraphine. O prêmio da audiência confirmou a escolha da crítica por Entre Les Murs, uma produção dirigida por Laurent Cantet. O filme, inspirado no livro homônimo de François Bégaudeau, é ambientado em um colégio parisiense onde um professor de francês ensina sua disciplina de maneira tradicional, enfrentando a resistência de seus alunos, que falam um francês muito diferente daquele que o professor quer ensinar. O interessante desta premiação é que ele destaca alguns dos filmes mais importantes da França, adiantando o desempenho deles em outros eventos. O Lumiere Awards foi o primeiro, por exemplo, a destacar o título Séraphine, que seria premiado ainda em outros eventos no decorrer do ano.

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Goya Awards – 1 de fevereiro: uma das principais premiações da Espanha celebrou, este ano, o filme Camino, que além de ter levado o prêmio de melhor filme, ainda ganhou os prêmios de melhor atriz para Carme Elias, melhor atriz revelação para Nerea Camacho, melhor ator para Jordi Dauder, melhor direção para Javier Fesser e melhor roteiro original. Camino foi um verdadeiro papa-prêmios no Goya deste ano. Dirigida e com roteiro de Javier Fesser, Camino conta a história de uma menina de 11 anos que descobre o amor e, pouco depois, o fato de que vai morrer. As notas de produção do filme revelam que Fesser se inspirou em algumas histórias reais para escrever este roteiro. Camino trata da dura provação de uma menina que fica, pouco a pouco, cada vez mais doente, e a posição muito diferente de seus pais sobre o que está acontecendo. Nas entrelinhas, o filme reflete sobre a ação do Opus Dei. Mesmo abocanhando a maior parte dos prêmios deste ano, Camino deixou algum espaço para outros premiados, como Benicio del Toro, que recebeu o prêmio como melhor ator por Che: Part One; El Langui como melhor ator revelação por El Truco del Manco (produção que recebeu ainda os prêmios de melhor diretor estreante para Santiago Zannou e o de melhor canção original) e Penélope Cruz como melhor atriz por seu trabalho em Vicky Cristina Barcelona. Como no caso do Lumiere Awards em relação à França, o Goya serve como um bom termômetro para nos atualizar sobre algumas das principais produções do cinema espanhol – especialmente porque ele tem como seu foco o mercado de cinema do país.

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Festival de Berlim – de 5 a 15 de fevereiro: o primeiro grande festival do calendário de 2009 destacou este ano a produção peruana La Teta Asustada. O filme dirigido por Claudia Llosa, sensível e que toca em um tema polêmico em seu país, foi o grande vencedor de Berlim. Tenho uma crítica aqui no blog sobre ele, mas o essencial desta história é a busca de libertação de uma mulher que cresceu com medo de tudo e de todos e que, ao perder a mãe, deve enfrentar suas crenças e a realidade. Outros premiados este ano no festival foram Sotigui Kouyaté como melhor ator por seu trabalho em London River; Birgit Minichmayr como melhor atriz por Alle Anderen; Asghar Farhadi como melhor diretor por Darbareye Elly; assim como os filmes Gigante e Alle Anderen com o Grande Prêmio do Júri. Adrián Biniez, diretor de Gigante, recebeu ainda o prêmio de melhor estréia no cinema – algo curioso, porque este é o terceiro filme no currículo de Biniez.

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BAFTA Awards – 8 de fevereiro: o principal prêmio de cinema do Reino Unido consagrou, a exemplo do Globo de Ouro, ao filme Slumdog Millionaire. A produção dirigida pelo inglês Danny Boyle recebeu, além do prêmio máximo do evento, os de melhor diretor, melhor roteiro adaptado, melhor fotografia, melhor direção de som, melhor edição e melhor trilha sonora. Il y a Longtemps Que Je T’aime ganhou o prêmio de melhor filme em língua não-inglesa. Produção francesa dirigida e escrita por Philippe Claudel, com uma atuação bastante elogiada de Kristin Scott Thomas, Il y a Longtemps Que Je T’aime conta a história de uma mulher que volta a conviver com a irmã mais nova depois de ter sido “banida” da família por 15 anos. Nas categorias de interpretação, sairam vencedores Mickey Rourke como melhor ator por The Wrestler; Kate Winslet como melhor atriz por The Reader; Heath Ledger como melhor ator codjuvante por The Dark Knight e Penélope Cruz como melhor atriz coadjuvante por Vicky Cristina Barcelona – repetindo, sem tirar e nem por, o resultado do Globo de Ouro. O policial com tintes de humor sarcástico In Bruges ganhou o prêmio de melhor roteiro original.

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Oscar – 22 de fevereiro: publiquei textos específicos sobre a mais badalada premiação do cinema mundial – como este e este, por exemplo -, mas nunca é demais lembrar que o grande vencedor deste ano foi mesmo Slumdog Millionaire, que saiu da premiação com oito estatuetas. Exceto pelo prêmio de melhor ator para Sean Penn, por seu desempenho no filme Milk, o restante dos prêmios repetiram, basicamente, o que o Globo de Ouro e, especialmente, o BAFTA já haviam premiado. Outros consagrados este ano foram a animação Wall-E e o japonês Okuribito. Este último, para muitos apostadores da premiação, foi a grande surpresa do Oscar este ano. O favorito nas bolsas de apostas era Vals Im Bashir. Mas a delicadeza, a sutileza e a linda história de Okuribito arrebatou os votantes da Academia. Dirigido por Yôjirô Takita, o filme reflete sobre a morte, a família e as vocações através da história de Daigo e sua mulher, que acabam se vendo “forçados” a deixarem Tokyo e voltarem para a pequena cidade onde o protagonista cresceu. Nas categorias técnicas, foram destaque os filmes The Dark Knight e The Curious Case of Benjamin Button.

 

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César Awards – 27 de fevereiro: segunda premiação importante no calendário francês, os prêmios César deste ano destacaram o drama Séraphine, baseado em uma história real e com direção de Martin Provost. Muito elogiada pela crítica, a produção conta a história verdadeira de Séraphine Louis, também conhecida como Séraphine de Senlis, uma mulher simples do interior francês que pintou, de forma alucinante, naturezas mortas durante parte de sua vida. Descoberta em 1914 pelo crítico e colecionador de arte Wilhelm Uhde, Séraphine foi celebrada como um talento da “arte ingênua” de Henri Rousseau. O diferencial do filme dirigido por Provost é que ele toca como poucos no assunto da arte e da loucura. Sua protagonista é considerada uma louca e uma piada no pequeno vilarejo onde mora devido a seu comportamento excêntrico. Um dos destaques da produção é a atriz Yolande Moreau, assim como a direção de fotografia de Séraphine. Além de vencer como melhor filme francês do ano, o filme garantiu ainda os prêmios de melhor atriz para Yolande Moreau, melhor roteiro original, melhor fotografia, melhor figurino, melhor design de produção e melhor música escrita para uma produção. Vincent Cassel embolsou o prêmio de melhor ator por L’ennemi Public Nº 1. Dirigido por Jean-François Richet, o filme conta a história do notório gângster francês Jacques Mesrine, considerado o inimigo público nº 1 do país. Assaltante de bancos, assassino e “amante” da mídia, Mesrine marcou época na França até sua morte, em 1979, em Paris. O César premia, todos os anos, atores que considera promissores. Em 2009, os ganhadores deste prêmios foram Marc-André Grondin e Déborah François, ambos por seus desempenhos no filme Le Premier Jour Du Reste de Ta Vie. Nas categorias de ator e de atriz coadjuvante, saíram vencedores, respectivamente, Jean-Paul Roussillon (por Un Conte de Noël) e Elsa Zylberstein (por Il y a Longtemps que Je T’aime). A consagração de Elsa Zylberstein reforçou a opinião da crítica de que Il y a Longtemps que Je T’aime é um filme que tem força especialmente pelo trabalho de suas atrizes. O diretor parisiense Jean-François Richet, responsável por L’ennemi Public Nº 1 foi considerado o melhor do ano. Este foi o sexto filme na carreira de Richet, que estreou na direção em 1995 com o drama État des Lieux.

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Asian Film Awards – 23 de março: esta premiação serve como referência sobre boas produções do mercado asiático. Este ano, o Asian Film Awards premiou como melhor filme Tôkyô Sonata, que recebeu ainda o prêmio de melhor roteiro. Dirigido por Kiyoshi Kurosawa (que não tem nenhum parentesco com Akira Kurosawa), Tôkyô Sonata conta a história de uma família em crise, revelando parte da tradição, dos costumes e dos efeitos que os problemas econômicos no país podem provocar na vida de seus habitantes. O ator Masahiro Motoki levou o prêmio de melhor ator por seu excepcional e delicado trabalho em Okuribito. A atriz Xun Zhou recebeu o prêmio de melhor atriz por seu papel em Li Mi de Caixiang, um filme que explora o submundo da cidade de Kuming. Hirokazu Koreeda ganhou como melhor diretor por Aruitemo Aruitemo, uma produção que é praticamente uma unanimidade da crítica internacional. O filme dirigido e escrito por Koreeda foi considerado pelo crítico John Anderson, do The Washington Post, um dos filmes mais bem realizados e bonitos do ano.

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Hong Kong Film Festival – 19 de abril: promovido apenas um mês depois do Asian Film Awards, este festival também serve como parâmetro para sabermos sobre alguns dos títulos interessantes que foram produzidos pelos asiáticos no ano anterior. Yip Man, um filme semi-biográfico sobre o primeiro mestre de artes marciais do Wing Chun, foi um dos grandes vencedores do festival em 2009. Ele embolsou os prêmios de melhor filme; melhor ator para Donnie Yen; melhor ator coadjuvante para Siu-Wong Fan e Ka Tung Lam; e melhor coreografia de ação. Para termos uma idéia da importância de Yip Man, ele foi o mestre de Kung Fu do astro Bruce Lee. Mesmo tendo perdido na categoria de melhor filme, a produção Tin Shui Wai Dik Yat Yu Ye saiu do festival com mais prêmios que Yip Man. Ela recebeu os prêmios de melhor atriz para Hee Ching Paw; melhor atriz coadjuvante para Lai-wun Chan; melhor diretor para Ann Hui; e ainda o prêmio de melhor roteiro. Drama dirigido por Ann Hui, Tin Shui Wai Dik Yat Yu Ye conta a história de uma viúva generosa que vive sozinha com seu filho adolescente em um apartamento minúsculo do subúrbio de Tinshuiwai. O local, conhecido pelo número significativo de casos de suicídio e pelos problemas causados por adolescentes linha dura, acaba servindo como pano-de-fundo para a dificuldade que mãe e filho, provenientes de gerações e realidades muito diferentes, têm para dialogarem. Outros destaques da premiação do festival este ano foram as produções Wa Pei e Chi Bi. A primeira, dirigida por Gordon Chan, é um thriller de ação que conta a história de uma órfã resgatada por soldados das mãos de bandidos em um deserto. Depois de ser adotada por um general e sua esposa, a menina passa a ser vista com desconfiança pela população local já que, junto com sua chegada, começaram a ocorrer tenebrosos crimes na cidade. Chi Bi, por sua vez, é um épico de guerra poderoso escrito e dirigido por John Woo. O filme tem sua história ambientada na China antiga, com roteiro inspirado no período chamado de Três Reinos.

dasweisse1Festival de Cannes – 13 a 24 de maio: o mais importante festival do território francês e um dos melhores do mundo teve uma difícil escolha este ano. Muitos filmes esperados pela crítica e pelo público concorreram ao prêmio principal. Houve polêmica com Antichrist, que recebeu uma espécie de anti-prêmio. Mas o importante desta edição do festival é que o grande vencedor como melhor filme foi o alemão Das Weisse Band. O filme, na verdade co-produzido por Alemanha, Áustria, França e Itália, desde Cannes é um dos fortes candidatos para o próximo Oscar. Além de receber o prêmio como melhor filme, Das Weisse Band ainda foi premiado com o FIPRESCI Award e com o Cinema Prize of the French National Education System. Mas Cannes este ano foi bastante generoso e dividiu os louros com várias produções. Vale citar o Grande Prêmio do Júri para o francês Un Prophète, dirigido por Jacques Audiard; o prêmio de melhor ator para Christoph Waltz por seu desempenho excepcional em Inglourious Basterds; o de melhor atriz para a também genial Charlotte Gainsbourg de Antichrist; o de melhor diretor para Brillante Mendoza com seu Kinatay; e o de melhor roteiro para Chun Feng Chen Zui De Ye Wan. O Festival de Cannes tem como uma de suas características uma grande segmentação de prêmios. A lista é grande, mas sempre vale estarmos atentos as pequenas pérolas descobertas na mostra Un Certain Regard, que este ano premiou ao filme Politist, adj.

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MTV Movie Awards – 31 de maio: para não dizer que só falo de premiações “sérias”, nunca é demais dar uma olhada em eventos como este, que serve como um dos termômetros da audiência estadunidense. Recheada de categorias curiosas, como melhor luta, melhor momento WTF e vários etcéteras, esta premiação consagrou, este ano, o filme Twilight. A produção, uma das sensações das bilheterias entre o final de 2008 e o início deste ano, venceu em cinco categorias, incluindo a de melhor filme, ator, atriz, luta e beijo. A produção High Musical 3: Senior Year também se destacou entre os premiados, vencendo nas categorias de melhor atriz revelação, para Ashley Tisdale; e de melhor ator para Zac Efron. Jim Carrey ficou com o prêmio de Melhor Atuação em Comédia por seu papel em Yes Man; e Heath Ledger venceu como Melhor Vilão por seu elogiadíssimo desempenho em The Dark Knight. O Melhor Momento WTF ficou com a cena em que Amy Poehler “mija na pia” no filme Baby Mama. O filme Hannah Montana venceu na categoria de Melhor Música com The Climb.

 

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Festival Karlovy Vary – 3 a 11 de julho: promovido na República Tcheca, o Karlovy Vary está na lista dos principais festivais do mundo. Este ano, ele premiou como melhor filme o belga Un Ange à la Mer, que levou ainda os prêmios de melhor ator para Olivier Gourment (que dividiu as honras com Paul Giamatti por Cold Souls) e o Don Quijote Award. Un Ange à la Mer, dirigido e escrito por Frédéric Dumont, narra a relação entre um garoto de 12 anos e seu pai, um maníaco-depressivo que pensa em cometer suicídio – e que adianta essa informação para o filho para, depois, pedir-lhe segredo. Outros premiados desta edição foram: com o Prêmio Especial do Júri, o drama iraniano Bist; como melhor documentário, Osadné; e com o Prêmio da Audiência o sérvio-croata Nije Kraj. Dirigido por Abdolreza Kahani, Bist conta a história de Soleimani, um homem que depende financeira e emocionalmente do negócio de um restaurante que, depois de muitos anos de boa clientela, agora estás ameaçado de fechar.

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Festival de Locarno – 5 a 15 de agosto: outro dos festivais importantes promovidos no continente europeu, este festival suíço destacou, em 2009, o elogiado drama She, a Chinese, dirigido e escrito por Xiaolu Guo. A produção conta a história de Mei (Lu Huang), uma garota que viaja pelo país de Leste à Oeste depois de de ter fugido de uma aldeia chinesa. Aprisionada em um trabalho desastroso em uma fábrica em Chongqing, ela sonha com sua ida para Londres, onde pretente se casar com um homem mais velho. Os outros premiados do ano no Festival de Locarno, desta vez com o Leopardo de Prata, foram Antonis Kafetzopoulos como melhor ator pelo filme Akadimia Platonos; Lotte Verbeek como melhor atriz pelo filme Nothing Personal; e Aleksei Mizgiryov como melhor diretor por Buben, Baraban. Este último ainda recebeu o Prêmio Especial do Júri. Urszula Antoniak, diretora de Nothing Personal, recebeu o prêmio pelo melhor filme de estréia. O canadense La Donation, dirigido e escrito por Bernard Émond, se destacou também por receber três prêmios secundários.

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Festival de Montreal – 27 de agosto a 7 de setembro: um dos festivais mais importantes do Canadá, o Festival de Montreal interessa por algumas descobertas interessantes que ele têm feito nos últimos anos. Exemplos são Okuribito, Ben X e The Syrian Bride, premiados em edições anteriores do festival. Este ano, o grande vencedor foi o drama alemão Waffenstillstand, que recebeu o Grande Prêmio das Américas e o Prêmio do Júri Ecumênico. Dirigido por Lancelot von Naso, o filme conta a história do cessar-fogo decretado na cidade de Falludscha, onde falta de tudo. Não há comida, medicamentos ou mesmo parte da ajuda que seria necessária. Neste cenário, um grupo de cinco pessoas estabelece um plano para ajudar as pessoas do local, lutando para salvar as suas vidas e, logo irão descobrir, a deles próprios. Outro filme que merece destaque entre os premiados é o equatoriano Los Canallas, dirigido e escrito por Ana Cristina Franco. Estrelado pelo astro conhecido como Mil Máscaras, o filme conta a história de um policial durão que, após prender um bandido, descobre que a namorada dele procura vingança.

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Festival de Veneza – 2 a 12 de setembro: evento que compõe o trio dos principais festivais de cinema do mundo (junto com Cannes e Berlim), o Festival de Veneza deste ano, a exemplo de Cannes, tinha uma série de filmes importantes e aguardados entre suas atrações e estréias. O grande vencedor do ano foi o drama de guerra Lebanon, dirigido e escrito por Samuel Maoz. Ambientado na Primeira Guerra do Líbano, em junho de 1982, o filme conta a situação desesperadora vivida por um grupo de quatro soldados enviados na busca de uma cidade hostil. Outros premiados que merecem destaque: Shirin Neshat, que recebeu o prêmio de melhor diretor por Zanan-e Bedun-e Mardan; o ótimo Fatih Akin, que recebeu o Prêmio Especial do Júri por Soul Kitchen; o prêmio de melhor roteiro para Life During Wartime; o de melhor ator para Colin Firth por A Single Man; e o de melhor atriz para Kseniya Rappoport por La Doppia. A lista de premiados é grande, porque o festival tem como característica quase três dezenas de prêmios secundários.

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Festival de Toronto – de 10 a 19 de setembro: o mais importante festival canadense confirmou a força do filme Precious: Based on the Novel Push by Sapphire, premiado no início do ano em Sundance. A produção ganhou o prêmio de escolha do público, que ainda premiou o documentário The Topp Twins: Untouchable Girls, um filme que conta a história das cantoras lésbicas que viraram sensação na Nova Zelândia. O drama Cairo Time foi premiado como o melhor filme canadense do ano. Dirigido e escrito por Ruba Nadda, o filme estrelado por Patricia Clarkson e Alexander Siddig conta a história de um caso de infidelidade embalado pelos cenários e pela história do Cairo. O Prêmio da Crítica Internacional (o tradicional FIPRESCI) foi dado para Paltadacho Munis, dirigido e escrito por Laxmikant Shetgaonkar. O filme conta a história de um guarda florestal indiano que acaba se relacionando afetivamente com uma mulher que ele encontra sozinho em uma floresta.

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Milan Film Festival – 11 a 20 de setembro: o segundo prêmio mais importante da Itália, o relativamente desconhecido Milan Film Festival, premiou este ano como o melhor longa o drama japonês Tobira No Muko, dirigido por Laurence Thrush. Filmado em preto-e-branco, Tobira No Muko conta a história de Hiroshi, um adolescente que se tranca no próprio quarto e que se recusa, por dois anos, a sair dali. Inicialmente os pais acreditam que o garoto passa por apenas uma fase de revolta, mas não demora muito para que eles percebam que o problema é maior. A partir deste momento, Tobira No Muko ressalta os esforços da mãe do protagonista para ajudá-lo. O tema é importante para a realidade japonesa graças ao fenômeno chamado hikikomori, como é chamada a atitude de alguns japoneses, normalmente homens, em buscarem o isolamento total.

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Emmy Awards – 12 de setembro: promovido pela Academia de Televisão, Artes e Ciências dos Estados Unidos, este prêmio é o principal no calendário da televisão norte-americana. Ele nos interessa nas categorias que premiam filmes produzidos para a televisão. O grande vencedor deste ano foi o filme Grey Gardens, que recebeu os prêmios de melhor produção para a TV, melhor atriz para Jessica Lange e melhor ator coadjuvante para Ken Howard. Comentado aqui no blog, o filme dirigido por Michael Sucsy arrancou elogios por onde passou. A produção conta parte da vida de Edith Bouvier Beale (uma Jessica Lange em grande forma), tia de Jacqueline Kennedy, de seu auge até a sua completa decadência. Grey Gardens remonta a história de Edith e de sua filha, Edie (uma competente e envolvente Drew Barrymore), por quarenta anos, a partir de 1936. A verdade é que o filme é um impressionante documento sobre o apego à propriedade e às aparências de uma parte importante da sociedade estadunidense. Achei curioso que o ator Ken Howard ganhou um Emmy por sua interpretação como Phelan Beale, marido de Edith. Ele está bem no filme, mas não sei dizer se chega ao ponto de merecer um prêmio por sua atuação. Outro premiado foi o ator Brendan Gleeson por seu papel em Into the Storm. Produzido para a TV, o filme dirigido por Thaddeus O’Sullivan se debruça sobre a figura de Winston Churchill durante o seu mandato de primeiro-ministro inglês no final da Segunda Guerra Mundial. Gleeson, que já mostrou talento em outros filmes, como o recente In Bruges, interpreta a Churchill em um trabalho elogiado pela crítica.

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Festival de San Sebastián – 17 a 27 de setembro: o mais badalado festival de cinema da Espanha destacou, este ano, a produção chinesa City of Life and Death, um drama histórico que reconstrói os crimes de guerra cometidos na cidade de Nanking em 1937. O filme dirigido por Chuan Lu recebeu o principal prêmio do festival e ainda o prêmio de melhor direção de fotografia. City of Life and Death reconstrói os fatos que ocorreram na chamada Batalha de Nanquim, ocorrida durante a Segunda Guerra Sino-Japonesa. Em 1937, no auge da guerra, o Exército Imperial Japonês captura a que era então a capital da China, Nanking. Durante várias semanas, os japoneses mataram dezenas de milhares de soldados e civis chineses. O filme de Chuan Lu enfoca vários personagens, reais e fictícios, que participam deste momento histórico. Gigante, produção que foi destaque também no Festival de Berlim, mais no início do ano, recebeu o Horizons Award em San Sebastián. O filme dirigido e escrito por Adrián Biniez conta a curiosa história de Jara (Horacio Camandule), um tímido e solitário homem de 35 anos que trabalha como segurança de um supermercado do subúrbio de Montevidéu. Suas noites de vigilância passam sem nenhuma novidade até o momento em que ele descobre, através de uma das câmeras instaladas no supermercado, a Julia (Leonor Svarcas), uma mulher da limpeza pela qual ele se sente imediatamente atraído. Sem coragem de se aproximar de seu objeto de paixão, Jara acaba sorrateiramente perseguindo Julia por todos os lugares – inclusive em suas idas ao cinema e na casa de um outro homem.

Posso ter esquecido algum festival ou prêmio importante. Meu caro leitor, se você lembra de algo que esqueci ou quer saber mais sobre alguma premiação específica, por favor, comente por aqui.

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