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Eastern Promises – Senhores do Crime


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Eu fico ansiosa toda vez que sai um filme novo de algum diretor que eu gosto. E faz muito tempo que eu gosto deste ser estranho chamado David Cronenberg, autor de Crash (não confunda com o vencedor do Oscar, estou falando do anterior, de 1996, que recebeu o subtítulo no Brasil de Estranhos Prazeres), Spider, A History of Violence, entre outros. Por isso estava ansiosa para assistir a esse Eastern Promises, ainda mais que o diretor repete a parceria com Viggo Mortensen. Não sabia nada do filme antes de começar a assistí-lo. O que foi bom, porque se eu soubesse que ele ganhou o prêmio do público no Festival de Toronto antes, por exemplo, podia ter começado a vê-lo com ainda mais expectativas. E sem saber isso já comecei com esperanças de ver algo muito bom, tudo por culpa do diretor e, no final das contas, me decepcionei.

A HISTÓRIA: Um homem é morto pelo filho do homem que está para lhe cortar o cabelo. Em seguida, uma mulher entra em uma farmácia pedindo ajuda para, em seguida, começar a sangrar. Ela, que depois descobrimos que se chama Tatiana (Sarah-Jeanne Labrosse), é atendida por Anna (Naomi Watts) no hospital. Anna descobre um diário em que Tatiana conta a sua história. Filha de russos, ela chegou a Londres em busca de uma vida melhor, mas foi enganada pela família liderada por Semyon (o alemão Armin Mueller-Stahl, veterano nos cinemas, em uma bela interpretação aos 76 anos). Em paralelo, o chofer Nikolai (Viggo Mortensen) vai tentando conquistar cada vez mais a confiança de Kirill (Vincent Cassel), o filho de Semyon, e adentrar nos segredos da máfia russa estabelecida em Londres.

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que parte do comentário a seguir conta partes importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Eastern Promises): O que mais me surpreendeu nesse filme, negativamente, é que Cronenberg parece ter abandonado totalmente a sua ousadia, a sua loucura, a sua maneira diferente de fazer cinema. Achei o filme muito dentro dos padrões de Hollywood, muito “domesticado”. Sem contar que achei o desenrolar da história arrastado e, quando vi o filme todo fiquei com aquela sensação de “isso poderia ter sido contado em meia hora”.

Não sei, mas um filme que quer contar os “bastidores” da máfia russa em Londres e como um imigrante pode ser sacaneado por um dos seus – o que realmente é o que acontece na maioria dos casos – poderia ser bem mais ousado. Poderia ter mais “caldo”, mais conteúdo. Mesmo os diálogos parecem meio vazios. Em momento algum eu realmente senti uma ameaça daqueles homens perigosos que se passam por pessoas comuns. Bem, talvez caracterizá-los tão bem como “cidadãos acima de qualquer suspeita”, com seus códigos e condutas, seja algo positivo do filme. Mas o restante… fraquinho fraquinho.

O tema em si, o principal, que é a maneira com que a personagem de Tatiana saiu da Rússia para tentar uma vida melhor para, em seguida, ser explorada de todas as maneiras pela família de Semyon, é interessante. Pena que ficou perdido no meio de uma série de idéias secundárias, como a permanente “insinuação” de um romance entre os personagens de Anna e Nikolai, ou sobre o descontrole e a não-declarada homossexualidade de Kirill.

Mas para não dizer que o filme é pura chatice e perda de tempo, existem duas sequências que foram bem dirigidas e dão uma “alma” para a história: a primeira é quando Nikolai é convertido em um membro da família mafiosa – e até a cilada em que ele está caindo fica óbvia antes da hora devido a um roteiro fraquinho -, com direito a tatuagens, interrogatório e testes de conduta; e a segunda é a briga de Nikolai com dois assassinos mafiosos em uma sauna.

NOTA: 6.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: A nota acima é em respeito a Cronenberg, de quem gosto muito. Pelo filme em si, eu daria nota 5, mas como gosto do homem, Eastern Promises leva 6.

Para quem curte cenas de nu, a sequencia toda da sauna apresenta Viggo Mortensen totalmente sem roupa, toalha ou qualquer outro “subsídio” para esconder-lhe o que Deus lhe deu. Ou seja: diversão garantida para as meninas. hehehehehe.

Eu não gosto muito dele, mas devo admitir que o francês Vicente Cassel está muito bem em seu papel, ainda que volta e meia ele repita seus trejeitos e “cacoetes”. Já Naomi Watts está normalzinha, nada demais. O roteiro do Sr. Steven Knight eu achei fraco, muito fraco. E a direção de Cronenberg, como eu disse antes, não se parece muito com ele.

O filme ganhou dos usuários do site IMDb a nota 8,1. Muito boa, para o meu gosto. Acho que tem outros filmes melhores e menos cotados que este. Mas nem sempre se pode pedir coerência ou mesmo tipo de gosto para as pessoas, não é mesmo?

Eastern Promises custou aproximadamente US$ 25 milhões e arrecadou, no período de 16 de setembro até 14 de outubro, nos Estados Unidos, pouco mais de US$ 16,2 milhões. Ainda precisa se pagar.

Uma parte legal do filme é a questão das tatoos e de como elas contam a história da vida do criminoso na Rússia. Pena que o filme não se aprofunda muito nisso, não conta a história de ninguém através de suas tatoos. Seria uma experiência mais interessante, na minha opinião, do que perder muito tempo tentando “decidir” o destino do bebê da mãe morta, por exemplo.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 20 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing e, atualmente, atuo como professora do curso de Jornalismo da FURB (Universidade Regional de Blumenau).

2 respostas em “Eastern Promises – Senhores do Crime”

Bom, discordo um pouco com a sua opnião, achei o filme ótimo, história bem elaborada e com cenas muito bem feitas. O filme não deixa nada o ar, e vai se encaixando as peças ao longo da história, enfm, gostei bastante e concordo com a nota do IMDB.
Obs: e a parte da luta na sauna foge do que se vê normalmente nos filmes, em que o sujeito bate em 2 indíviduos sem sofrer nenhum arranhão, as cenas o tornam um filme mais realístico.

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