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On Becoming A Guinea Fowl


Certamente você já ouviu alguém comentando, em algum momento de sua vida, que manter as tradições é algo importante. Que um povo pode perder o encanto se não manter suas tradições e costumes. Bem, ao assistir On Becoming A Guinea Fowl, não é difícil pensarmos que algumas tradições devem ser abolidas ou, ao menos, revistas. Tem algumas tradições que certamente não deveriam ser mantidas em pleno Século 21, porque não faz sentido e porque elas beiram o absurdo. Nesse filme, mais do que tratarmos sobre tradições e costumes, abordamos questões culturais que para além da camada superficial que pode nos fazer acreditar que são típicas do local em que se passa a história, percebemos que fazem parte de muitas nações mundo afora.

A HISTÓRIA

Uma música precede a primeira cena. Ela segue ressoando quando vemos uma estrada escura, iluminada um pouco por uma fileira de postes, e com um carro se aproximando aos poucos. É noite. Ainda longe, antes de chegar até a faixa de Pare, o carro sinaliza que vai dobrar à esquerda. O carro segue por uma estrada, desta vez sem as luzes públicas funcionando. Como o trajeto está ainda mais escuro, o carro aumenta a luz dos faróis. Dentro dele está Shula (Susan Chardy), que usa um aparato que parece um meio capacete cheio de lantejoulas e um óculos escuro. Ela curte a música enquanto dirige. Ela segue com os olhos fixos para a estrada, até que algo chama sua atenção na lateral.

Shula dirige um pouco mais lento e olha bem para fora. Em seguida, ela observa o que lhe chamou a atenção pelo espelho retrovisor. Ela para, tira o souvenir que estava usando da cabeça, e vemos que ela está com uma maquiagem de festa. Shula saí do carro, olha ao redor e depois, lentamente, caminha até um corpo que está estendido no chão. Uma garotinha aparece no lugar dela, com a mesma roupa, olhando para aquele corpo. As duas versões de Shula se olham, enquanto a Shula de agora liga para um número que não atende e a ligação cai na caixa postal. Em seguida ela liga para o pai para avisar que encontrou o tio Fred (Roy Chisha) morto.

VOLTANDO À CRÍTICA

(SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a On Becoming A Guinea Fowl): Que filme interessante e diferente do que a gente está acostumado a assistir. Na verdade, acho que essa é a primeira produção que eu assisto e que é ambientada na Zâmbia, um país da África Oriental que, segundo as informações do site Dados Mundiais, tem uma área de 752,6 mil km2 (cerca de três vezes o Estado de São Paulo) e uma população de cerca de 21,3 milhões.

Achei curioso que a Zâmbia é um dos maiores países da África e o 39º maior país em extensão do mundo. Cerca de 47% das pessoas do país vivem dentro das cidades – ou seja, a maioria vive no interior. Bem, feitas as observações sobre o país onde esse filme se passa, vamos falar sobre o que a história nos apresenta. Achei muito interessante como On Becoming A Guinea Fowl começa de forma bem descontraída, apesar de logo sermos apresentados para um corpo estendido no chão, mas que pouco a pouco a história vai se tornando mais densa e mais dramática.

Como todo filme que nos apresenta uma cultura diferente, claro que levamos um tempo para nos acostumarmos com certas características dessa produção. Curioso que o mesmo olhar de estranhamento que a gente tem é o que a protagonista dessa história nos apresenta. Mesmo Shula tendo crescido naquele ambiente e imersa naquela cultura, o olhar dela parece ser de quem já viu outras formas de ser e de fazer e de quem já não acha aquela cultura e aquelas tradições fazem muito sentido.

Se pensarmos na dinâmica da história de On Becoming A Guinea Fowl, essa parece ser a narrativa de um funeral que dura tempo demais e que apresenta uma dinâmica de muitos exageros – sob a ótica das nossas tradições, é claro. Porque tudo faz muito sentido para quem vive naquele ambiente e naquele cenário. Mas, de forma muito inteligente, a diretora e roteirista Rungano Nyoni nos aproxima da história ao nos aproximar da protagonista que, como a gente, tem um olhar crítico para tudo que acontece ao seu redor.

A história sugere que Shula tem um olhar mais amplo para o mundo e que não ficou restrita aos costumes e tradições de seu lugar de origem. Isso está sugestionado por ela comentar com o pai, logo no início do filme, que está “de volta” há apenas dois dias. Depois, ela aparece em um quarto de hotel falando com um grupo de pessoas em uma reunião em inglês que parece estar relacionada com seu trabalho. A reunião virtual acaba sendo interrompida por familiares de Shula que vão atrás dela para arrastá-la para o funeral do tio e para saber mais sobre como ela encontrou ele morto.

A escolha da diretora e roteirista em mergulhar em aspectos muito típicos daquele país africano ao mesmo tempo em que escolhe como condutora da história uma protagonista que tem um olhar um pouco distanciado daquilo tudo faz com que fique mais fácil os espectadores mergulharem naquele universo diferente. Claro que existe algum estranhamento, mas ele é reduzido por causa do olhar e das atitudes da protagonista.

Então sim, essa produção nos apresenta uma realidade bem diferente da nossa – ou, pelo menos, acredito que da maioria de nós. Naquele cenário, a morte de uma pessoa é vivenciada de forma coletiva por alguns dias e a conclusão desse processo de despedida é um tipo de assembleia onde o espólio do morto é discutido e responsabilidades, nem sempre julgadas de forma correta, são avaliadas.

Algo interessante de On Becoming A Guinea Fowl é que apesar do filme começar com música, pessoas alcoolizadas e um morto na estrada, em uma mistura curiosa e convenhamos que um bocado realista sobre o que a vida nos apresenta – drama e comédia muitas vezes misturados -, a produção vai se revelando, pouco a pouco, cada vez mais densa. Então apesar de alguns considerarem que a comédia é um elemento importante dessa produção, eu classificaria o filme como drama sem sombra de dúvidas.

(SPOILER – não leia se você ainda não assistiu ao filme). Algo impactante nessa produção é como a perda de um homem acaba resultando em uma grande revelação sobre abusos sexuais infantis e sobre como uma sociedade machista e que tem um lado matriarcal tem seus abusos sustentados por mulheres que não se unem, muito pelo contrário. Bem na reta final do filme é revoltante ver as “matriarcas” da família consolando as primas que foram abusadas pelo mesmo homem e, em seguida, desprezando de forma retumbante a mulher que era esposa dele e, com isso, todos os filhos do casal – incluindo crianças pequenas.

Interessante como a história vai se desdobrando nessa direção. Mas antes disso, temos algumas revelações interessantes – e elementos que já nos fazem pensar e refletir sobre aspectos daquela realidade. Claramente, pela reação que vemos Shula tendo ao ver o corpo do tio estirado no chão da Estrada Kulu, percebemos que ela não tinha um grande apreço por esse parente. Só bem depois é que vamos saber as razões da mágoa dela, totalmente justificada, pelo tio.

Mas ela não tem um olhar crítico apenas para o tio e para os abusos que ele praticou contra ela e contra outras garotas que fazem parte daquela família. Claramente ela não compartilha do excesso de drama que as mulheres mais velhas apresentam durante a cerimônia de despedida do familiar. Eu fiquei particularmente impressionada com o grupo de mulheres literalmente invadir o espaço de Shula no hotel, não se importando se ela estava com um compromisso de trabalho, para vomitar o que elas consideravam como o comportamento correto que ela deveria ter naquela situação.

Me desculpem os grandes defensores de tradições, porque claramente eu não sou uma grande defensora de tradições por si mesmas, respeitando apenas aquilo que ainda faz sentido para os dias atuais e defendendo que outras práticas sejam abolidas, mas eu acho que todo defensor de uma ideia ou de uma tradição pode levantar bandeiras para si mesmo. Eu abomino sempre que alguém tenta impor uma ideia ou uma prática para outro. Para mim, isso é sinônimo de violência, de invasão do espaço e da liberdade alheia.

Se a outra pessoa tiver interesse e lhe perguntar sobre uma tradição, ok, você tem o direito de apresentar as origens e a base dessa tradição, crença ou o que for. Agora se a outra pessoa não quiser saber, acreditar em outra coisa ou não quiser saber sobre essa tradição ou crença, é direito dessa pessoa e fim! Então achei aquela sequência das mulheres indo atrás de Shula e não se importando com o que ela tinha que fazer ou não uma baita violência. Mas ok, alguém pode defender que elas estavam apenas querendo que os rituais fossem feitos conforme a tradição, conforme a crença deles… sim, esse é o argumento, mas eu não preciso concordar com ele e nem achar que ele seja correto.

O direito de um, vale lembrar, termina quando começa o direito do outro. E sempre que alguém tentar impor algo para outro, a meu ver, isso é invasão de privacidade e uma violência. Bem, mas seguindo a narrativa de On Becoming A Guinea Fowl, a protagonista do filme é arrastada primeiro para buscar a mãe no aeroporto e, depois, para presenciar aquele melodrama extremamente exagerado das mulheres que parece estarem em uma competição para ver quem chora mais alto e por mais tempo em um mesmo ambiente.

Novamente é aquela história de que tem homens que viram santos quando morrem. Mas o tal tio Fred era tudo menos um santo. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Segundo os comentários do pai da protagonista, ele era um bêbado que vivia caindo por aí – tanto que inicialmente ele achava que o homem não estava morto e que bastava jogar água nele para ele acordar da bebedeira -, casou com uma garota que era uma criança quando eles se uniram em matrimônio e, principalmente, o que era muito mais grave, ele era um estuprador que abusou de diversas sobrinhas. Como tantos homens, um verme.

Mas tão lamentável quanto a trajetória dele e o mal que ele fez para tantas meninas da família, é a postura das matriarcas daquela família. Pouco a pouco vamos descobrindo que o que importa para elas é seguir as tradições e os costumes muito mais do que realmente proteger suas crianças – especialmente as filhas, sobrinhas, netas.

E, desta forma, On Becoming A Guinea Fowl nos faz refletir que para uma sociedade ser considerada machista não basta que os machos estejam em posições de poder e que pisem na cabeça das mulheres, mandando e desmandando, mas que as mulheres, especialmente as mais velhas, precisam ser coniventes com tudo isso. E aí é aquela velha história: quem educou esses homens deploráveis? Mulheres, não é mesmo, já que a maioria dos homens são ausentes e quem mais participa da criação e formação das pessoas, em geral, são as mulheres.

Então sim, para uma sociedade permitir que homens como Fred façam o que fazem, que sejam uns merdas em forma de gente, muitas mulheres tem que fechar os olhos ou ignorarem o que acontece. On Becoming A Guinea Fowl mostra isso sem fazer discursos, mas de uma forma natural que chega a assustar. Depois que o filme acaba e que refletimos sobre o que vimos em cena é que a ficha cai e que a revolta aparece ainda mais.

Claro, os bandidos são os Fred da vida e seus semelhantes, mas as mulheres que tem papel de liderança naquela sociedade, na nossa sociedade em tantos outros lugares têm sim sua parcela de culpa ao não denunciar aquelas situações e crimes. Acho que On Becoming A Guinea Fowl é um grande filme nesse sentido, ao escancarar como a falta de proteção de crianças e adolescentes e, em especial, a falta de denúncia de casos de abuso e exploração infantil é o que adoece as sociedade e o que acaba com pessoas e famílias.

Como Shula poderia ter carinho, se sentir amada ou se sentir parte daquela família em que tantos abusos eram escondidos debaixo do tapete? As pessoas faziam de conta que nada acontecia. E o pior: mesmo depois de trazerem os casos à tona com a morte de Fred, ainda aquele grupo tem coragem de seguir com suas tradições e de fazer uma espécie de inquisição da esposa do familiar morto.

Julgam ela culpada por supostamente ela não ter cuidado do marido como deveria – e aquele verme nem merecia ser cuidado – e não pensam duas vezes em excluir ela e os filhos de tudo, retirando qualquer direito mínimo que eles deveriam ter. Não se importam se eles vão ficar imediatamente na miséria, sem ter onde morar ou o que comer. Como isso é possível?

Na sequência final da produção, Shula aparece com os filhos do casal e começa a gritar como uma “galinha d’angola” (foi então que eu entendi o “Guinea fowl” do título original), uma ave que utiliza seu grito para alertar aos demais sobre o perigo que está se aproximando. Com isso, Rungano Nyoni quer nos dizer que precisamos desempenhar um papel como o de Shula, sem nos conformarmos com absurdos e tomando posição quando vemos que algumas práticas, ainda que aceitas por muitos, são infames e totalmente contrárias com as ideias de igualdade, fraternidade e liberdade, para dizer o mínimo.

Nunca deveríamos nos conformar com atitudes que levam a exclusão ou a subjugação de uma pessoa pelas demais. E claro que não dá para se conformar com um julgamento como vemos em cena no final desse filme. A pessoa realmente deplorável daquela família é a que todos se uniram para chorar e lamentar a morte. Ele sim deveria ter sido denunciado, julgado e condenado antes, e não a esposa que foi vítima dele e seus filhos. Aliás, não faz o menor sentido venerarem tanto o morto e concordarem com os filhos dele ficarem ao léu, totalmente vulneráveis, não é mesmo?

Mas para que fazer sentido se podemos usar como bengala as “tradições e os costumes” para seguir perpetuando absurdos, não é mesmo? Mas nossa heroína Shula, juntamente com sua prima Nsansa (Elizabeth Chisela), parecem simbolizar uma brisa de esperança naquele cenário. Elas são de uma outra geração e descobrem que, se conversarem, se exporem o que aconteceu e falarem sobre seus sentimentos, elas podem enfrentar aquela realidade e buscarem por alternativas.

No fim, essa é uma visão de esperança, e uma visão que acho que todos nós temos. Afinal, esperamos sempre que as novas gerações venham com ideias e práticas melhores, deixando para trás a velha desculpa de que as gerações antigas viviam uma outra realidade em que muitos abusos eram praticados e permitidos. Acho que não temos mais espaço para justificativas e desculpas. O que precisamos é de reparações e de revisões, sem medo de encarar de frente tradições e costumes que não fazem mais sentido e de deixar o que faz mal para trás.

Vejo que esse filme tem a qualidade de nos apresentar uma realidade muito diferente da nossa e, ao mesmo tempo, elementos que nos são muito próximos, que também fazem parte, de alguma forma, da nossa sociedade. A ideia de aproximar as pessoas para dialogar e para falar sobre a verdade do que aconteceu, mesmo que essa verdade seja muito dolorida e carregada de feridas, é muito interessante e vale para qualquer audiência, sem contar a proposta da diretora e roteirista desse filme de apostar que as novas gerações poderão consertar ao menos parte dos erros das gerações anteriores.

Sem medo de questionar “os antigos” porque, afinal, nem sempre eles são os mais sábios ou estão certos. Ter coragem de trazer esse debate para a telona e de nos apresentar um filme que aborda questões bem específicas de uma cultura e ao mesmo tempo temas universais são alguns dos grandes trunfos dessa produção.

NOTA

9,3.

OBS DE PÉ DE PÁGINA

Cheguei até On Becoming A Guinea Fowl porque essa produção é apontada por diversas listas como um dos melhores filmes do ano. Olha, realmente, achei esse filme bem acima da média. Acho que não cheguei a essa conclusão enquanto eu assistia ao filme. Demorei um pouco para perceber sobre a força e a importância dessa narrativa. Na verdade, sou franca em dizer que fiquei por um tempo pensando no que eu vi e que só me dei conta das qualidades desse filme quando comecei a escrever essa crítica. Ele ganhou pontos a partir desses momentos de reflexão.

E acho que essa é uma característica dos filmes acima da média. Eles não são óbvios. Eles vão revelando suas camadas e sua abrangência após o minuto final e conforme vamos refletindo sobre eles. Esse é bem o caso de On Becoming A Guinea Fowl.

Ainda eu acho cedo para dizer se On Becoming A Guinea Fowl realmente é um dos melhores filmes de 2025… porque, como vocês sabem, quem me acompanha aqui com um pouco mais de frequência, que estou começando a ir atrás de diversos filmes dessas listas. Mas dos filmes recentes que eu vi, de fato acho que essa produção e que Sinners (com crítica nesse link) tem diversas qualidades para serem colocados nas listas de melhores do ano.

O grande nome por trás dessa produção, claro, é o da diretora e roteirista Rungano Nyoni. Ela é quem idealizou cada segundo dessa produção e que nos apresentou uma história com uma construção narrativa que acaba surpreendendo, porque jamais poderíamos imaginar, naquele início do filme, que a história nos levaria pelos caminhos nos quais ela nos leva depois. Especialmente aquele final é um tanto catártico. Nyoni faz um belo trabalho nesse sentido, de ir tornando a história pouco a pouco mais complexa, tensa e que nos apresenta um final impactante – e bastante certeiro.

Eu achei que On Becoming A Guinea Fowl tinha sido o meu primeiro filme da Zâmbia, mas não. Eu tinha assistido antes a outro filme rodado naquele país e, vejam só o que é a memória, a outro filme da diretora e roteirista Rungano Nyoni. Estou falando de I Am Not a Witch (com crítica neste link), filme de 2017 que deu uma maior visibilidade para o trabalho da diretora. Vale lembrar que ela estreou na direção em 2009 com o curta Twenty Questions e que ela dirigiu dois vídeos e dois curtas antes de estrear em um longa em 2014 com Nordic Factory.

Nascida na Zâmbia no dia 17 de abril de 1982, Rungano Nyoni é, sem dúvida alguma, uma das realizadoras mais conhecidas de seu país. Sem dúvida, é alguém que merece ter seu trabalho acompanhado porque nos traz uma bagagem cultural e referencial diferente e interessante, além de ter uma visão contemporânea sobre assuntos importantes.

On Becoming A Guinea Fowl tem no trabalho de sua realizadora o seu principal ponto de destaque. Mas o elenco central da produção também se destaca. Temos algumas atrizes em cena que fazem um trabalho marcante, desses que ficam orbitando na nossa memória por um bom tempo depois que a trama termina. Nesse sentido, em relação ao elenco, sem dúvida o ponto de destaque e que merece aplausos é o trabalho da protagonista Susan Chardy. Aos 42 anos, ela estreia nos cinemas com esse papel. Susan tem uma presença marcante em cena e nos convence a cada segundo, em uma interpretação realmente muito marcante. Achei o trabalho dela impressionante. Uma grande revelação.

Além de Susan, aparecem em papéis secundários, mas também relevantes, as atrizes Elizabeth Chisela, que interpreta Nsansa, a segunda pessoa da família a encontrar o corpo de Fred na estrada e uma pessoa muito importante durante a narrativa, inclusive para as mulheres mais jovens da família perceberem que elas não foram vítimas isoladas do tio; e Esther Singini como Bupe, prima da protagonista que está no alojamento da universidade quando Shula recebe a missão de ir buscá-la para o funeral do tio.

Achei essas atrizes, em especial, muito importantes para a história porque elas mostram como o que o tio Fred fazia com crianças indefesas e inocentes da própria família perdurou pelo tempo e causou diferentes tipos de reações e feridas. Enquanto Shula parece ter se tornado mais “fria” e, sem dúvida, mais distante da família, justamente por não ter sido acolhida ou protegida como deveria, a prima Nsansa parece ter procurado algum consolo ou “apoio” na bebida, enquanto Bupe estava enfrentando questões psicológicas muito mais sérias e sem ser vista ou compreendida por ninguém.

As três primas vivenciaram o mesmo silenciamento, a dificuldade de falar sobre os abusos sofridos e, claro, não tiveram o apoio e o acolhimento de ninguém nesse processo, com cada uma lidando com aquela violência sofrida de forma diferente. Achei muito interessante como On Becoming A Guinea Fowl traz esse tema à tona e coloca em evidência essas questões, tão presentes naquela sociedade e na nossa também.

Aliás, fui procurar um pouco mais de informações sobre esse assunto e achei essa matéria publicada pela Folha de S. Paulo e que traz informações sobre um estudo da revista The Lancet. Segundo essa publicação, uma em cada seis mulheres (17,7%) e um em cada oito homens (12,5%) no Brasil com 20 anos ou mais sofreram violência sexual na infância ou na adolescência. Vocês têm noção sobre o tamanho disso? Uma a cada seis mulheres e um a cada oito homens! Que absurdo! E em outros países esse índice é ainda maior.

O mesmo estudo mostra que no Chile (31,4%) e na Costa Rica (30,9%) a proporção é de quase uma a cada três mulheres já terem passado por violência sexual na infância ou na adolescência. Em outros países a violência contra meninos e meninas também é muito expressiva, a saber: na Índia, 30,8% das mulheres com 20 anos ou mais sofreram violência sexual na infância ou na adolescência e na Costa do Marfim, no continente africano, 28,3% dos homens com 20 anos ou mais sofreram violência sexual na infância ou na adolescência.

Eu nem sei comentar sobre esse cenário. Como as pessoas, especialmente homens, mas também mulheres, podem praticar tamanho abuso e violência contra pessoas inocentes e que não podem ou sabem se defender? É um nível de crueldade e um absurdo sem tamanho. Mas na reportagem da Folha existe uma ponderação importante sobre como mesmo os números do estudo, que já são altos, devem estar abaixo do que realmente acontece. “Quem sobrevive à violência costuma enfrentar barreiras como vergonha, estigma e medo, que dificultam a denúncia ou a busca por ajuda”, comenta Luisa Flor, professora assistente da Universidade de Washington (EUA) e uma das autoras do estudo.

De fato, todos sabemos que não são todos os casos que chegam até as autoridades policiais, ou seja, nem todos os abusos e violência são notificados e registrados. Interessante que se pararmos para ver o que a narrativa de On Becoming A Guinea Fowl nos apresenta, temos nessa história ao menos três casos que não foram registrados – os de Shula, Nsansa e Bupe. Durante o filme, eu fiquei me perguntando quantos daqueles homens que aparecem no “julgamento” da esposa do tio Fred também não são abusadores dentro de suas casas ou entre familiares e se o falecido tio Fred, tão “chorado” e com a morte tão ferozmente lamentada por várias mulheres da família, não teria feito mais vítimas.

E agora, só para aumentar a nossa revolta um pouquinho mais, trago outra reportagem com dados sobre esse tema envolvendo o Brasil. Segundo essa reportagem de O Globo, com base em dados do Atlas da Violência 2025, 115.384 crianças e adolescentes até 19 anos de idade foram vítimas de violência em 2023 – incluindo nos tipos de violência a física, a psicológica, a sexual e a negligência. São 13 crianças e adolescentes sofrendo algum tipo de violência no país por hora. Que pais e mães são esses? Ou que pessoas estão acessando essas crianças e jovens e praticando esses abusos? Que sociedade é essa?

Por esses e vários outros motivos que, francamente, eu nunca tive coragem de ter filhos. Porque colocar uma criança nessa sociedade doente em que vivemos… ah, alguém vai dizer que eu estou exagerando. Que os números não explicam tudo e que ainda é a maioria de mulheres e homens que não sofreram abuso – vide os dados que apresentei antes da The Lancet. Sério, não interessa a maioria. Apenas uma criança sofrendo um abuso sexual já marca a falência de toda a sociedade. E se você que me lê é um desses abusadores ou abusadoras, eu só posso dizer para você que a tua condenação ainda está para chegar. Se não aqui, depois. Nisso eu acredito. Porque a impunidade não é eterna.

Enfim, até fiquei mal buscando mais informações sobre o tema. Mas a realidade realmente é dura e cruel. E ignoramos que ela existe apenas faz o que as matriarcas que aparecem nessa produção fazem: tampar o sol com a peneira e permitir que os agressores sexuais continuem fazendo vítimas. Aliás, esse é um ponto importante do filme. Porque quando as mulheres choram e dizem que não queriam que Shula e Nsansa tivessem passado por aquilo, que elas eram amadas e que as mulheres gostariam de ter protegido elas… bem, isso é o discurso de muitas e muitas mulheres Brasil e mundo afora.

Elas se perguntam: mas e se eu denunciar, meu marido/irmão/pai vai ser preso? Eu vou fazer Fulano ser preso? Meus amores, bandidos devem ser presos. A responsabilidade não é da vítima e nem de quem denuncia e sim do bandido que cometeu o crime. Sim, dói “cortar na própria pele” e mandar um marido ou familiar para a prisão, mas as pessoas precisam responder pelo que elas fazem. Do contrário, teremos uma sociedade cada vez mais criminosa, doente e injusta. Se um familiar seu é criminoso e pratica crimes, ele deve sim ser denunciado e pagar por isso. Se o resultado for a prisão, a responsabilidade é só de quem praticou o crime, de mais ninguém.

Mas as sociedades machistas e patriarcais querem colocar a responsabilidade sempre nas mulheres. Elas devem sofrer caladas diferentes tipos de violência e não devem denunciar porque, afinal, elas não podem “acabar” com as suas famílias. Vejam a inversão de valores e a subversão da realidade! Quer dizer que os criminosos podem seguir impunes e não podem ser denunciados e que se isso acontecer a culpa é das vítimas, das mulheres, jovens e meninas que sofreram a violência? Ah, por favor! Vão tomar um pouco de vergonha na cara! Algo muito bom de On Becoming A Guinea Fowl é que o filme joga luz para esses temas e para tudo o mais que já comentei no decorrer dessa crítica.

Mas isso, devo dizer, é algo “muito comum”. Quantas mulheres, possivelmente muitas fazendo isso enquanto escrevo essas linhas, ignoram todos os indícios e até as provas de que seus filhos ou parentes estão sofrendo abuso sexual porque querem resolver a questão “de outra forma” que não fazendo uma denúncia? Muitas famílias “tem vergonha” e não querem levar à público o problema, denunciar, porque “o que vão falar” sobre um pai, filho, irmão, etc. sendo preso por isso?

Então as famílias querem resolver “internamente” a questão, como as matriarcas da família de Shula, que foram falar com o tio Fred para ele parar de fazer aquilo… ora, sério? Realmente alguém acha que um pedófilo, um abusador, uma pessoa violenta vai parar de cometer crimes e de praticar abusos porque alguém pediu para ele fazer isso? Claro que não. A única forma de parar criminosos é denunciando e fazendo eles prestarem contas para a Justiça. Não tem outra forma. Não se iludam! Denunciem para, de fato, protegerem suas crianças e jovens!

Porque não tenham dúvida que ao não denunciar um crime, você está ajudando o agressor a seguir com seus abuso ou até a fazer novas vítimas. Como é o caso do que vemos nessa produção – ao menos Bupe poderia ter sido poupada, não ter tido a infância roubada e não ter cicatrizes para o resto da vida dela caso os abusos de Shula e de Nsansa, a gente presumindo que eles ocorreram na mesma época, tivessem sido denunciados.

Alguém pode dizer: Tá, mas você elogiou muito On Becoming A Guinea Fowl, então por que você só deu a nota 9 para o filme? Olha, vou dizer que me incomodou um pouco algumas questões do roteiro, mais especificamente alguns momentos de redundância narrativa, com a diretora gastando muito tempo mostrando aquela choradeira sem fim das mulheres e algumas práticas envolvendo o funeral que eu acho que poderiam ter sido suprimidas. Claro, ficarmos muito tempo naquele ciclo é uma forma de nos torturarmos como a protagonista da história, vivenciando ritos que são basicamente isso, repetições de velhas práticas vazias muitas vezes de significado ou de contato com a realidade. Entendo a escolha de nos torturar um pouco, e faço um desconto por não termos exatamente as mesmas práticas culturais, mas acho que em termos de narrativa mesmo isso tira um pouco do ritmo da produção. Ela segue forte, potente, mas poderia ter um ritmo melhor.

Mas voltando para a questão do elenco. On Becoming A Guinea Fowl tem uma protagonista incrível, que nos conduz por essa história de uma forma muito interessante, convincente e sempre no tom certo, nos passando uma mensagem importante de visão crítica e resistência, e tem aquelas duas coadjuvantes que fazem um belo papel durante o filme – com um leve destaque para Elizabeth Chisela, que realmente está incrível como Nsansa.

Mas, além delas, temos vários outros nomes no elenco de apoio – com uma predominância de mulheres em papéis secundários que tem relevância na história. Entre esses coadjuvantes, vale citar o trabalho de Henry B.J. Phiri como o pai de Shula, um homem aparentemente um bocado ausente, além de volta e meia parecer estar mais preocupado com a ajuda financeira que a filha poderá dar para ele do que com outras questões; e de Doris Naulapwa como a mãe de Shula, mais uma mulher que segue os costumes e tradições e que não parece ser capaz de ter atitudes mais firmes para realmente garantir a segurança e o bem-estar da filha.

Mais do que os pais da protagonista, há um grupo de parentes que aparece no decorrer da história e que acabam tendo até mais relevância do que eles na narrativa. Não vou conseguir localizar bem o nome dos intérpretes, porque faltam elementos durante o filme – como a citação de nomes – ou no material de divulgação da produção (especialmente a ausência de fotos) para que eu possa fazer essa identificação. Então eu vou citar por aqui as tias que aparecem nos créditos do filme, sem saber, exatamente, quem é quem. No filme, contudo, devo dizer que foram aquelas quatro parentes que invadem o quarto de hotel de Shula, interrompendo a participação dela em uma reunião de trabalho, que mais me chamaram a atenção.

Entre as tias que aparecem nos créditos e que vale citar os nomes aqui como pessoas que tem relevância na história, vou relacionar os nomes de Gillian Sakala como a tia Ruth; Carol Natasha Mwale como a tia Catherine, a que aparece sempre a mais indignada e combativa contra a viúva do Fred; Loveness Nakwiza como a tia Linda; e Bwalya Chipampata como a tia Bukata. Pelo que eu entendi, elas são as quatro tias que vão até o hotel atrás de explicações de Shula e que depois levam ela para buscar a mãe e até o funeral. Depois, no desenrolar da produção, aparecem com um pouco mais de destaque Stella Njolomba como a tia Sampa, e Queen Chimimba como tia Stella, duas mulheres que buscam seguir as tradições e os costumes e mediar os conflitos.

Apenas na reta final da produção, quando vão “julgar” a mulher de Fred, é que os homens aparecem em cena com um pouco mais de relevância – antes, basicamente, eles aparecem pedindo comida para as mulheres durante o funeral, porque nem se servirem eles podem… segundo as tradições e costumes, aparentemente, eles sempre devem ser servidos… Bem, são esses homens que acabam tendo a palavra no final para determinar o que deve ou não acontecer com o “espólio” de Fred.

Vale citar então o nome de alguns desses coadjuvantes que tomam a cena no final do filme: Ezekiel Banda como o tio Enoch; Salati Phiri como o tio Lucky; Geliate Mwale como o tio Gabriel; Victor Phiri como o tio Vincent; Henry Kapinga como o tio David e Johnny Mulenga como o tio John. Chama a atenção muitos nomes bíblicos, não? Até hoje, infelizmente, usam a Bíblia e diversas religiões para “justificar” absurdos, devo dizer.

Entre os aspectos técnicos do filme, vale destacar a trilha sonora marcante e bastante pontual de Lucrecia Dalt; a direção de fotografia de David Gallego; a edição de Nathan Nugent; os figurinos de Estelle Don Banda – esse aspecto, em especial, muito interessante; o design de produção de Malin Lindholm; a direção de arte de Victoria Richards; e a cenografia de Chelangat Lebo.

O filme ainda não tem um título oficial em português, mas buscando por uma “tradução livre”, digamos assim, do título original, teríamos algo na linha de “Sobre se Tornar Uma Galinha d’Angola”. O que, no contexto da história, e do que a realizadora nos apresenta de forma muito interessante como explicação em determinado momento importante e preciso da narrativa, faz muito sentido. Shula não era uma “galinha d’angola”, mas ela se tornou uma no decorrer da história porque ela finalmente se deu conta que seu caso não era isolado e que muita coisa errada e equivocada estava acontecendo ali.

Interessante observar essa questão do “sobre se tornar”… porque isso é realmente o que acontece na vida real, para além da história simbólica mas carregada de verdade que On Becoming A Guinea Fowl nos apresenta. De fato, muitas vezes, as mulheres vão aprender apenas com o tempo sobre os diferentes tipos de violência que elas sofrem. Eu sou um destes casos. Só muito tempo depois, e com ajuda de terapia e de muita reflexão, é que eu fui entender os diferentes tipos de abuso e de violência que eu sofri a partir da experiência e contato com diferentes homens, da família e de fora da família. E então hoje eu posso me considerar uma “galinha d’angola”, capaz de gritar e de me manifestar quando eu vejo abusos acontecendo. Mas eu me tornei isso, não nasci assim e nem fui preparada para ser uma “galinha d’angola”. Isso é algo interessante, e acho que algo que muitas mulheres vivenciam.

Agora, vou fazer uma confissão. Comecei essa crítica dando uma nota X para esse filme, mas conforme fui escrevendo a crítica e percebendo os toques geniais que o filme nos apresenta, aqui e ali, e de maneira nada óbvia, só fui aumentando a nota.

Então ela assumiu essa postura de denunciar os abusos e os absurdos para tentar mostrar para os mais velhos que o que eles estavam fazendo era um perigo para o grupo. Porque sim, nem sempre os mais velhos estão certos… e, volto a dizer, acho que é a esperança de todos nós que os jovens tenham crítica e autocrítica para fazer a mudança que precisamos para tentarmos todos sermos um pouco melhores. Já passou da hora.

Com isso eu quero dizer que apenas os jovens tem a responsabilidade de mudar esse mundão que temos aí e de tornar nossas sociedades melhores? Não, com certeza não. Mas é que os jovens tem mais essa energia e o ímpeto da mudança, não é mesmo? Mas isso não exime as pessoas que tem 30, 40, 50, 60, 70, 80 anos ou mais a reverem seus conceitos e a refletir sobre a realidade para tentar mudar as coisas para melhor. Todos podem mudar, todos podem buscar fazer uma sociedade um pouco mais justa, igualitária e, principalmente, sem violência e com respeito a todos. Para isso, é preciso gastar energia pensando, refletindo, alterando o funcionamento de velhas engrenagens e formas de ser e fazer. Claro que isso exige energia e nem todo mundo tá com vontade de gastar essa energia… mas se é para gastarmos energia com algo útil, sem dúvida é com isso. #ficaadica

Bueno, chega de filosofar. Vamos para a finaleira desse texto. 😉

Até o momento, On Becoming A Guinea Fowl conquistou nove prêmios e foi indicado a outros 12. Entre os prêmios que recebeu, destaque para o de Melhor Diretora no Un Certain Regard do Festival de Cinema de Cannes para Rungano Nyoni; para Menção Especial no Festival de Cinema de Londres para Rungano Nyoni; para o Golden Eye Award como Melhor Filme Internacional no Festival de Cinema de Zurique; e para os prêmios de Melhor Diretora para Rungano Nyoni e para Breakthrough Performance patrocinada pela Netflix para Susan Chardy, ambos no British Independent Film Awards.

Não encontrei informações sobre o quanto On Becoming A Guinea Fowl custou, mas segundo o site Box Office Mojo, o filme fez US$ 166,8 mil nos cinemas dos Estados Unidos e, se ampliarmos a visão para a bilheteria global do filme, ele conseguiu US$ 237,7 mil no total. Importante observar que o site só traz as bilheterias dos Estados Unidos, do Reino Unido e da Nova Zelândia – não há informações sobre outros países onde o filme pode ter estreado. De qualquer forma, é evidente que esse filme foi, até agora, pouco visto. Basicamente conferido pela crítica e em festivais. Precisa ser mais difundido, me parece.

Os usuários do site IMDb deram a nota 7 para On Becoming A Guinea Fowl, enquanto que os críticos que tem seus textos linkados no site Rotten Tomatoes dedicaram 103 críticas positivas para o filme, o que resulta em um raro e impactante nível de aprovação de 100% no site. O site Metacritic, por sua vez, apresenta o “metascore” 87 para a produção, fruto de 27 críticas positivas e de uma crítica mediana. Além disso, o site apresenta o selo “Metacritic Must-see” para o filme.

On Becoming A Guinea Fowl é uma coprodução da Zâmbia com o Reino Unido, a Irlanda e os Estados Unidos. O filme foi totalmente rodada na Zâmbia e os idiomas falados na produção são o inglês e o bemba.

CONCLUSÃO

Toda vez que assistimos a um filme de uma cultura bem diferente da nossa, levamos um tempo para nos acostumarmos com alguns aspectos da produção. E é isso o que acontece com On Becoming A Guinea Fowl. Claro que o filme tem uma dinâmica diferente do “feijão com arroz” que estamos acostumados do cinema mainstream, mas nada que um pouco de esforço não nos garanta uma boa experiência de cinema. Sim, a narrativa é mais lenta e há algumas partes um pouco redundantes mas, no geral, o filme nos apresenta de forma muito eficiente alguns aspectos de uma cultura que nos é alheia. E isso é sempre bom.

Ver como outros coletivos tratam suas relações familiares, a perda, a violência, a formação de um coletivo e as ameaças que tudo isso pode sofrer no caminho sempre nos ensina algo. E, mais que isso, nos faz refletir sobre como nossa cultura trata tudo isso. Ainda que On Becoming A Guinea Fowl trate de uma cultura muito específica, o filme também aborda questões importantes e universais, colocando luz em absurdos que muitas sociedades e famílias ainda aceitam. Uma produção que vale o seu investimento de tempo.

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Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

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