Tem filmes que você assiste com um certo sorriso no canto da boca. No final, você fica um tempo pensando se gostou ou não do que viu. Geralmente estas produções tratam de forma sincera questões com as quais você já se deparou. Este é bem o caso de L’ombre Des Femmes. Esta produção francesa é interessante no estilo/forma por ser curta e em preto e branco. Mas a história… nos faz pensar em pessoas que conhecemos ou que já passaram por nossa vida e também nos faz refletir sobre os nossos modelos de sociedade. É um filme “singelo”, entre aspas. Ele não nos apresenta, realmente, nenhuma grande ideia nova. Mas nos faz pensar além do gostaríamos, muitas vezes.
A HISTÓRIA: Pierre (Stanislas Merhar) olha para um papel. Em seguida, olha ao redor e como um pedaço de um baguete. Ele segue olhando para aquele papel, como se estivesse decorando o que está vendo. Corta. Em casa, Manon (Clotilde Courau) seca os cabelos. Alguém toca a campainha e abre a porta. Manon acredita que seja Pierre. Mas não. Caminha pelo apartamento o proprietário do local (Claude Desmecht), que questiona a inquilina em diversos pontos, inclusive lhe cobrando o aluguel que Manon está devendo. Pierre a consola, e diz para ela parar de chorar. Na sequência, o narrador nos conta um pouco da história deste casal.
VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes deste filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a L’ombre Des Femmes): Cada vez mais eu gosto de filmes curtos. Quando vi que esta produção teria pouco mais de uma hora de duração, achei perfeito. Essa talvez seja uma influência das séries que eu ando assistindo – e há vários anos. Tenho achado, com bastante frequência, que uma boa história não precisa de mais de duas horas para ser contada. Muitas, aliás, podem ter 1h30 ou menos. Este é o caso deste L’ombre Des Femmes.
O diretor Philippe Garrel, que escreveu o roteiro junto com Jean-Claude Carrière, Caroline Deruas-Garrel e Arlette Langmann, resolveu grande parte da “enrolação” que a trama poderia ter utilizando um narrador para nos apresentar aspectos da história. Essa decisão funcionou muito bem. Desta forma, temos um filme ágil e que vai direto ao ponto. O narrador nos ajuda a contextualizar os personagens centrais e a entendermos as suas relações melhor.
No fundo, L’ombre Des Femmes fala sobre casais e sobre a busca particular e individual pela própria felicidade e por sentido. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Olhando de maneira ligeira para esta produção, ela poderia ser resumida como a história de um sujeito que trai a mulher, sem culpa, porque acredita que é isso “o que os homens fazem”, mas que não aceita quando ele próprio é traído. Convenhamos, esta é a narrativa de boa parte das nossas sociedades machistas, onde os homens acreditam realmente que tem direitos acima das mulheres.
Garrel aborda estas questões de forma muito direta e franca. Ao mesmo tempo, acompanhamos os protagonistas nas suas buscas particulares por encontrar sentido para as suas existências. Manon faz isso dedicando o seu tempo e talento para o trabalho do marido. Ela ama ele e admira o que ele faz. Pierre, por sua vez, busca seguir fazendo documentários, mesmo que isso não lhes pague as contas. Ambos, no dia a dia, devem buscar saídas para a “vida ordinária” enquanto tentam fazer, em paralelo, o que eles acreditam.
Essa é a vida adulta, todos nós sabemos. Quem nunca teve que encarar afazeres no dia a dia que não lhe faziam muito sentido mas que precisavam ser feitos para que você conseguisse pagar as contas e sobreviver, apostando no dia em que aqueles “sacrifícios” lhe trariam a oportunidade de fazer o que realmente lhe importa? A diferença é que Pierre parece consumido pelo cotidiano. Ele vive espalhando papéis pelo bairro para conseguir um emprego, enquanto filma um documentário que é um projeto muito particular.
Em casa, ele parece morrer de tédio. Não consegue mais olhar para Manon como deveria. Este “tédio” todo faz com que ele se encante pela primeira mulher que lhe “dá mole”. Como muitos homens na vida real, Pierre acredita que está se eximindo de qualquer responsabilidade pelo simples fato que falou, logo de cara, para a amante, Elisabeth (Lena Paugam), que ele era casado. Ora, se ela sabe disso, não deve ter maiores esperanças em relação a ele ou expectativas, correto? Pierre é, me desculpem os sensíveis, o canalha clássico.
Ele considera mesmo que tem o direito de trair e de ficar com quem ele quiser, não importando que, com isso, ele está sendo desonesto com a mulher com quem ele divide um teto. O importante, para ele, é que ele tem uma amante à sua disposição que “sabe a verdade”. Elisabeth é vista como um objeto, um pedaço de carne que ele pode utilizar quando deseja. Em “retribuição”, ele ajuda ela aqui e ali com alguns afazeres domésticos e, claro, com toda a sua “masculinidade”.
Desta forma, Elisabeth deveria ser um robô ou alguém insensível como ele. Afinal, por saber que ele é casado, ela não deve nutrir realmente algum sentimento por Pierre. Mas as pessoas – especialmente as mulheres – são assim? Difícil, não? Como alguém se envolve com outra pessoa e acha que é possível desligar os sentimentos com um botão? Não tem lógica. Ao menos para as mulheres. Os homens, aparentemente, foram forjados para não sentir, não se envolver quando isso não lhes interessa. Para a maioria das mulheres, isso parece algo incrível, inalcançável.
Como esperado, Elisabeth não é um robô e nem uma pessoa que não alimenta o desejo (bastante irreal, devemos admitir) de ter Pierre para si. Ela não quer ser a amante, mas ser “promovida” a condição de companheira de Pierre. Claro, são erros comuns e um caminho bastante óbvio para um roteiro. L’ombre Des Femmes não é, realmente, inovador em sua história. O que chama a atenção no filme é a forma direta com que ele trata os personagens e a forma cuidadosa com que o diretor valoriza os atores em cena.
Elisabeth cai no lugar-comum de querer ficar com Pierre. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Aos poucos, ela vai se tornando a mulher que procura conhecer a “rival” e que busca realmente minar a relação do amado com a sua mulher. Enquanto isso, Manon surpreende um pouco ao se jogar, ela mesma, em um romance fora do casamento (com o personagem interpretado por Mounir Margoum). Quando Elisabeth descobre isso, resolve que é por aí que ela vai conseguir o que quer – ficar com Pierre para si.
O problema é que Pierre traiu Manon não porque não a amava, mas porque ele próprio estava precisando se autoafirmar. Quantos homens não tem o sucesso que eles acham que deveriam ter e que, sem muita autoestima, resolvem trair para se sentirem “desejados” ou “poderosos”? Eles não param para pensar no que lhes faz sentido, no que eles realmente querem. Sem pensar, eles se abraçam no instinto mais “primitivo”, tentando preencher as suas carências pulando a cerca. Sentindo-se, assim, desejados e “valorizados”.
É nesta cilada e nesta ilusão que o nosso protagonista cai. Pierre satisfaz os seus desejos imediatos pulando a cerca, mas quando percebe que a mulher também está usufruindo deste prazer com um outro homem, ele não consegue olhar mais para ela da mesma forma. É o clássico comportamento machista predominante de “eu posso fazer, você não”. L’ombre Des Femmes revela, assim, uma incoerência nata desta sociedade que vê homens e mulheres de forma desigual. O diretor desta produção e os roteiristas apresentam isso de forma direta e muito franca.
Esta é a parte positiva do filme. A forma com que Garrel e a sua turma demonstram toda esta incoerência da sociedade e de parte das pessoas que fazem este entendimento persistir com o passar do tempo. Pierre não admite a traição de Manon e não consegue olhar mais para ela da mesma forma. Ele próprio acaba seguindo a mulher, a exemplo do que Elisabeth fez com ele. Mas e o lado de Manon? Ela mesma confronta ele, em um determinado momento, dizendo que não aguenta mais ser a “culpada” pela ruína do casamento quando ele também a traiu.
Agora, nem tudo são flores. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Enquanto Manon tem a maturidade de seguir em frente, Pierre não consegue fazer o mesmo. Ele não lida nada bem com a traição e acaba radicalizando com o seu “orgulho” ferido de macho contrariado. Até aí, tudo normal, temos “a vida como ela é”, em muitos casos. Pierre acaba se desfazendo de Elisabeth e arruinando a relação com Mainon. O problema e um certo “gosto amargo” que esta produção deixa no final é quando Manon, após se separar de Pierre, resolve ceder novamente aos apelos dele.
Sim, acredito que o casal poderia ter amadurecido e chegado a conclusão que eles poderiam ser felizes novamente. O problema é a essência de Pierre. Será mesmo que ele conseguiria ser honesto com Manon novamente? Ele será capaz de deixar a sua ótica machista e de supremacia sobre ela de lado? Vai superar isso? Tenho sérias dúvidas. Quem tem uma visão romantizada das relações vai apostar nisso. Que Pierre aprendeu com os próprios erros e que realmente será capaz de ter uma relação madura com Manon. Eu, particularmente, duvido muito disso.
Então admito que me incomodou um pouco o fato de Manon não conseguir virar a página. Seguir a vida sozinha e/ou encontrando um novo amor, talvez alguém um pouco mais preparado para tratar uma mulher como ela merece. Agora, se Pierre amadureceu, acredito sim que ele e Manon podem voltar a ser felizes. Para isso, basta os dois se esforçarem, verdadeiramente, e serem sinceros consigo mesmos, em primeiro lugar, para logo conseguirem ser sinceros um com o outro. Não é fácil, mas acredito sim que é possível.
NOTA: 9.
OBS DE PÉ DE PÁGINA: Sim, eu sei. Ultimamente eu tenho dado muitos 9. 😉 Fico um bom tempo pensando sobre a nota que eu gostaria de dar para cada filme. E, muitas vezes, não consigo sair do bendito 9. Mais uma vez isso aconteceu. Não vejo a hora de encontrar algo para o qual eu queira dar o tão desejado 10. Que isso aconteça logo, pois! 😉
Este filme tem uma série de qualidades. Para começar, o roteiro direto e muito preciso de Philippe Garrel, Jean-Claude Carrière, Caroline Deruas-Garrel e Arlette Langmann. Eles não tem papas na língua e não escreve nada que realmente não precisa estar em cena. O filme é enxuto, direto, e o público agradece quando é assim.
O interessante do trabalho deste quarteto é que apesar do roteiro ser muito franco e direto, a história não corre com uma velocidade acima do indicado. Não. Nada disso. O diretor Philippe Garrel consegue valorizar os ótimos atores em cena e fazer com que as suas ações e reações tenham coerência. Com bastante facilidade o público consegue colocar-se no lugar deles ou, ao menos, pensar em alguém que se parece com os personagens. O uso do narrador para contextualizar a história, como comentei antes, ajuda a dar agilidade e flexibilidade para a trama. Elimina “enrolações” e permite que o roteiro foque nas relações que realmente interessam.
Por falar do elenco desta produção, L’ombre Des Femmes acerta ao apostar em um núcleo pequeno de personagens. Essencialmente, este é um filme sobre um casal e as suas relações próximas. Assim, brilham em cena a excelente Clotilde Courau e o interessante (ainda que nos desperte ojeriza) Stanislas Merhar. A atriz se destaca, especialmente, pelo carisma e pelas reações muitas vezes viscerais. Ele, por sua interpretação contida que, em certos momentos, chega quase a se assemelhar ao silêncio antes da explosão. Muito bom e complementar o trabalho dos dois.
Além dos protagonistas apresentarem uma grande sintonia em cena, vale também destacar alguns personagens coadjuvantes que fazem um bom trabalho. O destaque, entre os coadjuvantes, sem dúvida é de Lena Paugam, que interpreta Elisabeth. Mas vale citar também o trabalho de Vimala Pons como Lisa, amiga de Manon; Antoinette Moya como a mãe da protagonista; Jean Pommier como Henri, o “velho resistente” que vira o foco de um documentário de Pierre; Thérèse Quentin como a mulher de Henri; Mounir Margoum como o amante de Manon; Claude Desmecht como o proprietário do apartamento onde Manon mora; e Louis Garrel como o narrador.
Entre as qualidades técnicas do filme, sem dúvida alguma o destaque é a direção de fotografia de Renato Berta. Um trabalho impecável e muito, muito interessante e bonito. A fotografia é um dos pontos fortes desta produção. Também vale destacar a ótima edição de François Gédigier; os figurinos escolhidos à dedo por Justine Pearce; a trilha sonora clássica e bastante pontual de Jean-Louis Aubert; e o design de produção e a direção de arte de Emmanuel de Chauvigny.
Agora, algo temos que admitir. O final deste filme tem uma fina ironia. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Na igreja, Manon faz um paralelo entre o falso “resistente” Henri, que eles foram velar, e a história do próprio casal. O que Henri contava era uma mentira, e a busca do próprio casal por “felicidade” extra-conjugal também se mostrou uma mentira, como ela mesma comenta. Os dois acabaram sozinhos e infelizes. Neste ponto que ela percebe que talvez a história dos dois mereça uma nova oportunidade. Quem sabe, agora sem mentiras ou ilusões, realmente eles possam dar certo? Algumas vezes as pessoas evoluem. Vamos acreditar que isso aconteceu com os dois – assim teríamos, de fato, um final feliz.
Ainda que todo o elenco seja competente, achei a atriz Clotilde Courau realmente deslumbrante. Ela é encantadora, tem carisma e, quando sorri, a tela parece se iluminar. Stanislas Merhar, que parece cheio de tédio durante o filme inteiro, finalmente sorri no final. Então sim, é um final feliz. Não sabemos o quanto ele vai durar, mas isso não o torna menos feliz. E sim, sorrir faz toda a diferença. Na vida e na arte. 😉
L’ombre Des Femmes estreou em maio de 2015 no Festival de Cinema de Cannes. Até agosto de 2016 esta produção passou por outros 14 festivais em diversos países. Nesta trajetória, o filme conquistou três prêmios e foi indicado a outros dois. Os prêmios que recebeu foram o de Melhor Filme no Athens Panorama of European Cinema, em 2015; o de Melhor Filme não lançado em 2015 no International Cinephile Society Awards de 2016; e o de Melhor Atriz para Clotilde Courau no Festival de Cinema Europeu de Sevilha.
Não encontrei informações sobre os custos desta produção. Apenas fiquei sabendo que L’ombre Des Femmes fez pouco mais de US$ 50 mil nas bilheterias dos Estados Unidos – a produção estreou, na verdade, em apenas dois cinemas. Algo insignificante, mas que também não nos dá uma ideia do desempenho da produção nos cinemas.
Para quem gosta de saber onde os filmes foram rodados, L’ombre Des Femmes foi totalmente filmado em Paris.
O diretor Philippe Garrel é um veterano do cinema francês. Ele começou a sua carreira por trás das câmeras em 1964 com o curta Les Enfants Désaccordés. O primeiro longa assinado por ele foi Anémone, de 1968. Diretor, roteirista, editor, ator e produtor, Garrel têm 11 prêmios na carreira. Por duas vezes ele foi premiado no Festival de Cinema de Cannes: em 1984, com Liberté, la Nuit; e em 2017 com L’amant d’un Jour. Entre os seus filmes, um dos mais premiados foi Les Amants Réguliers, estrelado por Louis Garrel, grande ator que é filho do diretor.
Outro destaque de L’ombre Des Femmes, a atriz Clotilde Courau também é uma veterana do cinema francês. Aos 48 anos de idade, ela têm 47 trabalhos como atriz. Em sua trajetória, Clotilde ganhou cinco prêmios. Além do já citado por L’ombre Des Femmes, ela foi premiada por Le Petit Criminel e com outros três prêmios por sua carreira.
L’ombre Des Femmes é uma coprodução da França com a Suíça.
Os usuários do site IMDb deram a nota 6,5 para esta produção, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 31 críticas positivas e apenas cinco negativas para o filme, o que lhe garante uma aprovação de 86% e uma nota média de 7,4.
Agora, falemos um pouquinho sobre o título desta produção. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). L’ombre Des Femmes quer dizer, literalmente, “À Sombra das Mulheres”. Um título interessante para esta produção… Especialmente se pensamos que o protagonista se acha realmente “predominante” por boa parte da história. Ainda que o roteiro diga, lá pelas tantas, que Manon parece viver à sombra de Pierre, o título e o final da narrativa dá a entender que era o inverso. E mais do que Pierre viver à sombra de Manon, ele vive à sombra do sexo feminino. Ou seja, tem os seus passos determinados pelas mulheres. Interessante. No fundo, o machista que “pega todas” não percebe o quanto o seu desejo é o que lhe domina – e não o inverso. Por isso acho que o título faz muito sentido.
Por outro lado, a tradução do título para o português me pareceu um tanto precipitada/equivocada. “À Sombra de Uma Mulher” modifica a interpretação comentada há pouco. Dá a entender que Pierre vive à sombra de Manon, mas não é assim. A interpretação do título original é mais ampla e mais interessante.
Uma outra curiosidade sobre o filme que me ocorreu agora. (SPOILER – não… bem, você já sabe). Não deixa de ser mais uma fina ironia o protagonista desta produção ser um diretor de documentários que não consegue enxergar na sua frente uma mentira. Ele não percebe que Henri está contando uma história mentirosa na mesma medida em que, na vida pessoal, não consegue ver que vive uma mentira dentro de casa. Irônico e interessante. Uma forma de nos mostrar como muitas vezes em “casa de ferreiro, espeto de pau”. 😉
CONCLUSÃO: Um filme sincero, destes que nos fazem pensar sobre crenças, comportamentos, amor, desejo, fidelidade, liberdade e escolhas. Pois sim. Como comentei lá no início, L’ombre Des Femmes é um filme singelo, sem um história complicada e que vai direto ao ponto. Apesar de ter uma história aparentemente bem simples, esta produção nos faz pensar sobre algumas certezas e práticas. De tão sincero, este filme surpreende. Passa rápido, mas nos deixa com uma vontade de “quero mais”. Ele segue na nossa mente um bom tempo depois de terminar. É interessante, vale ser conferido, ainda que não esteja na lista dos melhores do ano – mas isso pouco importa, não é mesmo?
2 respostas em “L’ombre Des Femmes – In The Shadow of Women – À Sombra de Uma Mulher”
Republicou isso em O LADO ESCURO DA LUA.
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Filmes que nos fazem pensar são ótimos, adorei o filme.
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