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Anora


Existe espaço ainda para contos de fada? Talvez para algumas crianças. Talvez para algumas pessoas que gostam de se iludir. Mas em Anora, não existe espaço para isso. E na vida real também, em 99% das ocasiões, nós sabemos. Esse filme tem uma dinâmica muito interessante e duas fases distintas bem definidas. Um contraponto atualizado e muito eficaz de Pretty Woman. Anora até embarca em ilusões, mas para logo jogar na nossa cara em que tipo de sociedade nós vivemos. O ponto alto do filme, ao mesmo tempo que seu ponto de debate, é o roteiro, assim como o trabalho da protagonista. Apesar de suas qualidades, não vejo Anora como o melhor filme do ano, como alguns apontam.

A HISTÓRIA

Em uma casa noturna, garotas lindas fazem performances sensuais na frente de clientes de todos os tipos. Elas estão nuas, exceto por uma micro roupa íntima, e dançam, e se esfregam, e se contorcem, sendo admiradas por quem está pagando por aquela performance. No final de uma fila de garotas, vemos a Anora (Mikey Madison), que prefere ser chamada apenas de Ani. Depois de atender a um cliente, ela vai para o salão para fisgar um novo homem que possa lhe pagar para dançar e, claro, lhe dar algumas notas de dólar extra. Nessa noite, após atender a alguns clientes e enquanto está fazendo uma pausa, ela é chamada para atender a um ótimo cliente que fala russo. É assim que Ani conhece Ivan, que prefere ser chamado de Vanya (Mark Eydelshteyn), um cliente que fará Ani dar uma guinada em sua vida de forma inesperada.

VOLTANDO À CRÍTICA

(SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes desse filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Anora): Então, demorei um bocado, devo admitir, para saber exatamente o que escrever sobre esse filme. De olho no Oscar 2025, por óbvio que eu estava muito curiosa sobre Anora. Porque, para muitos, ele é o favorito para ganhar a estatueta principal da noite – ou era, há algumas semanas atrás, quando eu assisti esse filme. Porque sim, demorei quase um mês para escrever esse texto e comentar sobre ele. Então eu assisti Anora já pensando se esse poderia ser considerado o Melhor Filme do ano.

Bem, admito que eu me diverti com o filme. Até perto do final, quando levamos aquele tapa na cara e percebemos que mesmo as nossas risadas no meio do caminho foram meio despropositadas. Porque há pouco de engraçado nessa história. Ou nada de engraçado, se formos realmente parar para pensar. E isso que me fez levar um tempo para escrever essa crítica. Afinal, o que Anora me passou? O que eu achei desta produção?

Para início de conversa, como já falei a respeito de outros filmes que comentei nesses anos todos de blog, devemos levar sempre em conta a expectativa que temos quando assistimos a uma produção. Não nego que talvez a minha opinião sobre Anora seja menos efusiva do que a de outras pessoas porque eu sei que este filme já ganhou muitos prêmios, foi muito elogiado por público e crítica e é um dos mais cotados para o Oscar – ou era, ao menos, semanas atrás. Ora, frente a tudo isso, claro que eu esperava bastante dele. E Anora entrega tudo aquilo que esperamos?

Bem, essa expectativa grande de início é um erro por si só. Após admitir isso, saber que parte da minha “frustração” com o filme tinha a ver com as altas expectativas que eu tinha sobre ele, preferi deixar minhas impressões “decantarem” por um tempo. Após fazer isso, cheguei a alguns veredictos. Primeiro, que esse é um filme ao mesmo tempo ousado, interessante, e também um bocado óbvio e previsível. Pode parecer um contrassenso, mas Anora consegue ser tudo isso.

Vamos lá. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme ainda). Na parte inicial do filme temos uma protagonista que rala pra caramba, que é explorada – sim, porque basta ver o local em que ela vive para sabermos que o grosso da grana que ela recebe não fica com ela -, mas que segue em frente fazendo seu trabalho com um profissionalismo absurdo apesar dos pesares. Claro, ela é jovem, tem estômago para coisas que outras mulheres com um pouco mais de idade não teriam, mas o filme inicia com ela dando um show naquele ambiente super colorido, divertido, mas com histórias não contadas nos bastidores.

Logo a protagonista é apresentada para o outro personagem central dessa trama. Alguém que não sabe onde gastar o dinheiro dos pais. Quer dizer, ele sabe. Em festas, drogas, bebidas, mulheres, diversão sem fim com os amigos e similares – tão parecido com alguns “astros” do futebol, não? Quando não está festando ou fodendo, Vanya está dormindo ou jogando videogame. Mas, o que importa para Ani é que ele tem muito dinheiro. Então ela se deixa encantar por ele. Até aí, tudo certo, compreensível. Bastante previsível, vamos combinar.

Só que então o filme dá uma certa “guinada”. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Nada também muito inédito, já que vimos essa história antes – no clássico Pretty Woman. Depois de se divertirem um bocado, Vanya sugere para Ani que ele pode se livrar da pressão dos pais para voltar para a Rússia se ele se casar com uma americana. Inicialmente ela ri da situação, pergunta com quem ele poderia se casar, e ele fala que com ela. Por que não? Ora, nós sabemos porque não. Parece bastante óbvio. Mas Ani se deixa levar.

Também dá para entender a garota. Ela tem uma vida de merda, vamos combinar. Para sobreviver, vive dançando e transando com homens de todos os tipos e estilos. Muitos deles velhos, feios, nada atrativos. E todo esse sacrifício nem permite que ela tenha muito dinheiro. Ela vive em um lugar barulhento, no subúrbio da cidade, trocando sempre a noite pelo dia. Como acontece com muitas mulheres que vivem esse estilo de vida, a pergunta que fica é: elas realmente gostam disso ou se submetem a esse cenário e fazem de conta que gostam da situação apenas para disfarçar a infelicidade de terem apenas essa como opção de vida?

Claro que há exceções. Mas a minha opinião desde sempre é que as mulheres que vivem de dar prazer para os homens em troca de dinheiro são exploradas. Em todos os sentidos. Exploradas pelos homens, em primeiro lugar, mas também pela sociedade em geral. Elas são julgadas, desprezadas, invalidadas. Ninguém se importa, de fato, com seus sentimentos. E isso fica bem claro nesse filme, ainda que no início sejamos enganados por uma promessa de uma história diferente.

E é isso que acontece na vida real, muitas vezes. Claro, há mulheres que conseguem o seu “conto de fadas” e saem dessa vida de exploração ao namorarem e até casarem com um de seus “ex-clientes”. Mas que porcaria de situação é essa em que uma mulher precisa sonhar com essa válvula de escape porque lhe faltam outras opções de escolha? Isso sim, acho uma merda. Mas ok.

Essencialmente é essa história que temos aqui em Anora. Nossa protagonista é linda, divertida, muito sexy, mas claramente vive uma vida ruim. Não tem dinheiro para desfrutar da vida como gostaria, tem alguns clientes costumeiros mas nenhuma relação profunda, então vê em Vanya uma possibilidade de mudança. Para ela, ele é uma opção interessante. Primeiro, porque tem muito dinheiro. Depois, porque, vamos ser sinceros, ele é jovem, bonitinho e transa rápido. Bem melhor do que um velho seboso e que pode ser agressivo ou fazer a garota fazer coisas que ela não gosta, não é mesmo?

Então ok, por tudo isso, entendo a ilusão que a nossa protagonista vivencia. Mas Anora acerta ao não nos deixar levar muito tempo por essa ilusão. Antes mesmo da metade do filme, os pais de Vanya e os amigos deles descobrem que ele se casou com Ani e o filme tem a sua reviravolta. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Claro que eles não aceitam esse casamento intempestivo e consideram que essa foi mais uma de tantas molecagens de Vanya.

E então começa a parte mais tensa e chocante do filme. Claro, há muitas cenas absurdas, especialmente de Ani tentando fugir daquela situação absurda e sendo impedida pelos capangas da família de Vanya – literalmente eles parecem ter saído de uma máfia russa. O roteiro provoca alguns risos, nesse percurso ridículo dos capangas da família de Vanya buscando por ele em todas as partes – e, claro, o covarde estava por aí enchendo a cara e indo de boate em boate, literalmente fugindo da situação. Mas esses risos que o roteiro provoca vão nos envergonhar no final.

Então boa parte do filme é isso, os capangas da família de Vanya, a saber, Toros (Karren Karagulian), Garnik (Vache Tovmasyan) e Igor (Yura Borisov), controlando Ani, mantendo ela prisioneira, contra sua vontade – para resumir, sequestrando a garota – enquanto eles correm para cima e para baixo atrás de Vanya. Tudo isso para conseguirem anular o casamento deles. Entra em cena, mais na reta final do filme, os pais do cretino, Galina (Darya Ekamasova) e Nikolai Zakharov (Aleksey Serebryakov).

Bem, quando eles aparecem, é apenas para diminuir ainda mais a protagonista. Nesse sentido, Anora nos dá um tapa na cara. São os ricos, no alto de sua montanha de dinheiro, desprezando uma pessoa e colocando-a no mais baixo que eles podem. Especialmente Galina faz isso, mas com as risadas cruéis de Nikolai a apoiando no processo. Enfim, depois que o filme termina, as cenas que vemos acabam nos atormentando por algum tempo. Porque o que fazem Ani passar é de uma crueldade sem tamanho.

Depois de tudo resolvido, dos ricos terem conseguido o que queriam e de Vanya demonstrar por A mais B o merda que ele é, chegamos ao final da produção. Que é de cortar o coração, devo dizer. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Ani, acostumada a ser explorada e desprezada por todos, questiona Igor sobre ele ter interesse nela. Diz que sabe que ele poderia ter estuprado ela, se quisesse, e se não fosse gay. Ela entende que é apenas isso que os homens querem. E ele, como todos os outros, deve ser desprezível.

Caramba, não sei nem colocar em palavras o que vemos no final. Igor não é assim, como alguns homens também não são. Ele demonstra isso de alguma forma durante grande parte do filme. Igor realmente acha um absurdo o que fazem com Ani, mas ele está ali para fazer seu “trabalho”. Ainda assim, claramente, reprova toda aquela situação e despreza a família de Vanya. No final, ele faz um gesto surpreendente para ajudar Ani. Ela tenta agradecer dando para ele o que considera que todos os homens desejam – e buscam nela. E então chora. Porque isso tudo é muito cruel, no fim das contas.

Então o filme nos leva por caminhos previsíveis, em alguns momentos, e surpreendente em outros para, no final, nos dar um belo tapa na cara. Como as mulheres são vistas e tratadas na nossa sociedade? Até quando será assim? Alguém tem o direito de fazer tanto mal para uma pessoa como fazem com Ani? Claro que não. Mas isso acontece todos os dias. Um filme interessante pela forma como ele constrói a sua narrativa e nos surpreende no final. Nesse sentido, ele é o posto de Emilia Pérez (com crítica neste link), que começa e avança bem, mas que decepciona no final.

NOTA

8,9.

OBS DE PÉ DE PÁGINA

Minha gente, demorei demais para escrever a crítica desse filme! Assisti Anora, acredito, há um mês, mais ou menos, mas muita coisa aconteceu desde então e eu não consegui concluir esse texto. Tentei fazer o meu melhor buscando na memória as sensações e reflexões que o filme despertou em mim logo depois de eu assisti-lo. Desde já peço desculpas se parte do que pensei sobre ele se perdeu no caminho, mas acredito que a essência está configurada nesse post.

Anora era apontado como um dos favoritos na disputa do Oscar neste ano. Em diversas categorias. Mas com destaque para Melhor Filme, Melhor Atriz para Mikey Madison e Melhor Roteiro Original, pelo menos. Talvez até Melhor Direção para Sean Baker. Isso até dezembro. Mas, pouco a pouco, semana a semana, o filme foi perdendo força. Hoje, claramente, ele corre por fora na disputa.

No fim das contas, Anora foi indicado em seis categorias do Oscar. A saber: Melhor Filme; Melhor Roteiro Original; Melhor Direção; Melhor Atriz para Mikey Madison; Melhor Ator Coadjuvante para Yura Borisov; e Melhor Edição. Em qual categoria o filme é apontado como favorito para ganhar um Oscar? Atualmente, segundo as bolsas de apostas, ele lidera a disputa apenas em Melhor Roteiro Original.

Em outras três categorias que em dezembro ele aparecia como favorito, atualmente ele aparece apenas na terceira posição, segundo as bolsas de apostas. Na categoria Melhor Filme, Anora aparece atrás de The Brutalist e Emilia Pérez. Em Melhor Atriz, está atrás de Demi Moore (The Substance) e de Fernanda Torres (Ainda Estou Aqui). E em Melhor Direção, está atrás de Brady Corbet (The Brutalist) e Jacques Audiard (Emilia Pérez).

Realmente acredito que The Brutalist vem ganhando espaço e preferência e que deve desbancar Anora. Sobre Melhor Atriz… ainda acho que a disputa está entre Demi Moore, Fernanda Torres e Mikey Madison. Analisando o histórico do Oscar, o caminho parece estar mais claro para Demi Moore. Seria um milagre e maravilhoso Fernanda Torres levar a estatueta dourada para casa. E merecido, devo dizer. Vejo o trabalho dela como superior ao de suas concorrentes – ainda que eu precise assistir Demi Moore em ação, mas acho difícil a minha opinião mudar a esse respeito. Então veremos o que pode acontecer até a votação do Oscar terminar. Porque a campanha por Fernanda Torres está crescendo. Ainda há chances de uma reviravolta.

Para resumir, Anora foi indicado em seis categorias do Oscar e pode sair da premiação com apenas uma estatueta. Veremos.

Sobre premiações, o que sabemos é que Anora já acumula 106 prêmios, além de ter sido indicado a outros 225. Números impressionantes, temos que admitir. Entre os prêmios que recebeu, destaque para a Palma de Ouro de Melhor Filme no Festival de Cinema de Cannes e para o prêmio de Breakthrough Performance para Mikey Madison no Prêmio da National Board of Review. Anora foi indicado em cinco categorias do Globo de Ouro, mas saiu de mãos vazias da premiação – o que pode acontecer também no Oscar.

Agora, voltando para o filme. Para mim, o ponto forte desta produção é o seu roteiro. Inicialmente, pensamos que ele é um bocado óbvio, com muitas ideias que já conhecidas que passam por uma certa reciclagem, mas perto do final percebemos que não é bem assim. Anora busca percorrer caminhos conhecidos para nos mostrar uma história diferente que abala algumas percepções e formas de encararmos a realidade atual – e histórica, devemos dizer, sobre a percepção da sociedade sobre as mulheres. Então palmas para o diretor e roteirista Sean Baker por isso.

Ele também manda muito bem na direção. Não acho que seja algo tão forte que mereça muitos prêmios, mas Sean Baker faz bem seu trabalho também na direção – ainda que a qualidade maior dele seja no texto mesmo.

Além do roteiro, o ponto de destaque desta produção é o seu elenco. Com destaque, claro, para a performance de Mikey Madison. Ela está ótima no papel de Ani. Não é um papel fácil de fazer. Seja pelo aspecto físico, seja pelo aspecto emocional. E ela nos dá uma entrega muito legítima e convincente. Gostei dela. Acho que aqui ela entrega realmente seu cartão de visitas. Fez uma entrega marcante, ainda que eu não achei tão forte a ponto de receber um Oscar, por exemplo.

Esse é o segundo filme de Mikey Madison que eu assisto – o primeiro foi Once Upon a Time… in Hollywood (com crítica neste link). Antes de Anora, ela tinha trabalhado como atriz em apenas outras 14 produções. Americana de Los Angeles, com 25 anos de idade, Mikey Madison estreou em 2013 com o curta Retirement. Além desse curta, ela tem outros dois curtas no currículo, oito longas e duas séries de TV. Quase todos com avaliações baixas no IMDb, com exceção das séries. Anora é o filme melhor avaliado dela até agora.

O nome principal do filme, sem dúvida alguma, é o de Mikey Madison. Mas ela tem quatro pessoas que a ajudam a brilhar nessa história. E essas pessoas são os atores que foram elencados como coadjuvantes deste filme. Eles fazem o contraponto principal para a protagonista. Na minha visão, todos estão bem, com um leve destaque para Yura Borisov, que interpreta Igor e que tem uma relevância maior para a história quando o filme dá sua virada de chave. Antes dele, o nome de destaque é o de Mark Eydelshteyn, que interpreta a Vanya (conhecido também como Ivan).

Os dois são os nomes principais entre os coadjuvantes. Um é o contraponto do outro na história, porque enquanto Vanya é um cretino e um covarde, Igor é um cara que percebe o que está acontecendo e que não concorda com a forma como todos tratam a protagonista – como lixo ou algo muito próximo disso, que pode ser facilmente “descartado”. Ele fica indignado com a situação, mas por trabalhar como um dos capangas dos pais de Vanya, pouco consegue fazer a respeito. São dois personagens interessantes, contrastantes, e que por isso tem relevância na história – toda ela girando em órbita da protagonista.

Outros coadjuvantes importantes são os atores que compõem a dupla de paus mandados dos pais de Vanya. Fazem um belo trabalho nesse sentido os atores Karren Karagulian como Toros, aparentemente o braço direito da família Zakharov nos Estados Unidos e uma espécie de “padrinho” de Vanya, e Vache Tovmasyan como Garnik, um dos “capangas” de Toros e que faz o “trabalho sujo” em relação a Ani. Os dois estão muito bons em seus papéis e são o ponto de comédia da produção, porque são um desastre em muitos momentos. Fazem esse papel de forma natural, sem exageros, o que dá graça e dinâmica para essa parte da produção.

Os outros atores que merecem ser mencionados nessa produção, pela relevância de seus papéis, são Darya Ekamasova, que interpreta Galina Zakharov, mãe de Vanya; Aleksey Serebryakov, como Nikolai Zakharov, pai de Vanya; Artyom Trubnikov como Michael Sharnov, advogado dos pais de Vanya e o responsável por “cuidar da situação” e anular o casamento de Vanya com Ani; Luna Sofía Miranda como Lulu, amiga e colega de Ani, um de seus únicos apoios aparentes na história, ao menos no ambiente de trabalho; Lindsey Normington como Diamond, dançarina rival de Ani no clube em que elas trabalham; Emily Weider como Nikki, uma das amigas de Vanya e que tem algumas aparições junto com ele, Ani e outros amigos; Anton Bitter como Tom, um dos amigos de Vanya que mais aparece em cena, junto com Nikki. Esses seriam os nomes a serem citados, porque os outros aparecem menos na história.

Entre os aspectos técnicos da produção, além do roteiro e da direção de Sean Baker, que eu já comentei, vale destacar a direção de fotografia de Drew Daniels; a trilha sonora de Joseph Capalbo; a edição de Sean Baker; o design de produção de Stephen Phelps; a direção de arte de Ryan Scott Fitzgerald; a decoração de set de Christopher Phelps; os figurinos de Jocelyn Pierce; e a maquiagem feita por Callie Filion, Annie Johnson e Justine Sierakowski.

Anora estreou no dia 21 de maio de 2024 no Festival de Cinema de Cannes. Depois de participar desse que é um dos principais e mais importantes festivais de cinema que temos no mundo, o filme fez um impressionante percurso por outros 35 festivais e mostras de cinema em diversos países, incluindo os festivais de Toronto, San Sebastián, Zurique, Viena, São Paulo, Roma e Estocolmo.

Agora, vale citar algumas curiosidades sobre essa produção. O diretor e roteirista Sean Baker disse que virou fã de Mikey Madison desde que viu ela em cena em Once Upon a Time… in Hollywood. Ele falou que viu o filme duas vezes só para assistir às cenas dela uma segunda vez. Enquanto Anora estava na fase de desenvolvimento inicial, Baker viu Mikey Madison em Scream (2022). Na ocasião, ele estava acompanhado de sua mulher e produtora de seus filmes, Samantha Quan. Logo que eles saíram do cinema, Baker decidiu entrar em contato com o agente da atriz para convidá-la para Anora. Foi uma bela escolha, sem dúvidas. Ela faz um trabalho muito marcante aqui.

Em uma sessão de perguntas e respostas com o público do filme realizada na Austrália, Baker comentou que a atriz Lindsey Normington tem experiência como dançarina exótica e que esse conhecimento dela serviu para o filme, já que ela atuou com muitas consultorias durante as filmagens.

Vejam que curioso. Sean Baker é o quarto diretor a conseguir emplacar quatro indicações ao Oscar por um mesmo filme: nas categorias Melhor Filme, Melhor Diretor, Melhor Roteiro e Melhor Edição. Antes deles, conseguiram tal feito apenas Joel e Ethan Coen por No Country for Old Men (com crítica neste link) e Chloé Zhao por Nomadland (comentado nesse texto aqui no blog).

Os usuários do site IMDb deram a nota 7,8 para Anora, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no site Rotten Tomatoes dedicaram 69 críticas positivas e duas negativas para a produção, o que garante para Anora o nível de aprovação de 97% e a nota média de 8,9. No site Metacritic, Anora aparece com o “metascore” 91, fruto de 60 críticas positivas e duas medianas, além de apresentar o selo “Metacritic Must-see”. Ou seja, o filme agradou, em especial, aos críticos.

Anora é uma produção 100% dos Estados Unidos. Por isso, ele passa a fazer parte da lista de filmes que atende a uma votação antiga aqui no blog.

Anora teria custado US$ 6 milhões e faturado, segundo o site Box Office Mojo, cerca de US$ 34,5 milhões nas bilheterias mundo afora – sendo US$ 14,9 milhões apenas nos Estados Unidos. O segundo país onde o filme teve mais sucesso foi a França, com US$ 4,5 milhões.

CONCLUSÃO

Um filme potente sobre uma garota que, como qualquer outra mulher, deseja ser dona de sua própria vida e ser valorizada de alguma forma. Mas tudo que ela recebe é o contrário disso. Anora é um filme que pode parecer básico, um tanto pueril durante um tempo, um tanto óbvio em outros momentos, e com algumas sacada muito boas, mas que, quando paramos para realmente pensar sobre essa história, percebemos que ela é mais do que isso. Sem levantar bandeiras e com diversas sequências bem ousadas, esse filme tem muito de conteúdo para além do que deixa mais evidente na superfície. Um filme interessante, envolvente, que nos faz rir antes de nos dar um tapa na cara no final. Vale ser visto, apesar de ter sido um pouco supervalorizado. Tente assistir sem grandes expectativas.

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Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

4 replies on “Anora”

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