Os valores corretos são ensinados para cada um de nós quando somos muito jovens. E o ensinamento não vem da repressão ou de discursos, mas sobretudo, de exemplos. A criança aprende observando, sobretudo. Este é um dos grandes temas de Captains Courageous, um filme com um roteiro incrível e uma direção exemplar do americano Victor Fleming. Incrível pensar que esta produção foi lançada em 1937, há exatos 80 anos. Não apenas pela qualidade técnica e narrativa da produção, mas sobretudo por ela continuar sendo tão atual.
A HISTÓRIA: Uma empregada organiza várias bandejas quando Burns (Leo G. Carroll) chega e diz para ela parar porque não serão usadas as bandejas. Na sala de jantar, Mr. Cheyne (Melvyn Douglas) pede para o seu secretário ler as notícias mais importantes enquanto ele come apressadamente. Burns avisa para Cheyne que são 8h45. Burns pergunta quanto tempo deve deixar o filho do patrão e seus amigos dormirem, e Cheyne sugere que mais uma hora.
Na sequência, Harvey (Freddie Bartholomew) liga para pedir o café na cama. Ele faz os amigos fazerem o mesmo e, após falar com o pai, vai com eles para o internato. No caminho, oferece para um dos amigos um livro raro como forma de obrigá-lo a participar de um clube no colégio. Isso desencadeia mudanças no colégio que farão Mr. Cheyne tentar se aproximar de Harvey, mas sem muito sucesso.
VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Captain’s Courageous): Nesta aventura de retomar os grandes filmes da história do cinema, cada detalhe faz a diferença. No caso desta produção, que não tinha me chamado nada a atenção por causa do título – especialmente em português, que é bem ridículo, ao menos para o meu gosto -, logo os créditos iniciais já me mostraram que algo bom poderia vir pela frente.
Pode parecer bobo, mas para um filme lançado há 80 anos, ter a preocupação e o “detalhe” de apresentar créditos dinâmicos, com o mar batendo no casco de um barco, me pareceu algo muito interessante. Mas o que realmente impressiona no filme é como ele vai direto ao ponto e tem um roteiro realmente excelente. Os roteiristas John Lee Mahin, Marc Connelly, Dale Van Every e Tim Kilpatrick fazem um trabalho exemplar tendo a obra de Rudyard Kipling como material original com que trabalhar.
Rapidamente somos apresentados para a vida de privilégios da família do protagonista, o jovem Harvey que, quando a produção começa, tem 10 anos de idade. Mesmo assim jovem, ele é um especialista em ter os seus próprios desejos satisfeitos, seja da forma correta, seja pela via do suborno e da chantagem. Aliás, a interação dele com o “amigo” Charles (Bill Burrud) é uma aula de suborno e de corrupção.
Ele dá um livro valiosíssimo para Charles como “prova de amizade” para que ele, no futuro próximo, consiga colocar ele e os seus dois amigos mais chegados dentro do clube Búfalo. O mesmo ele fez com o professor Tyler (Donald Briggs) ao deixar US$ 50 para ele antes das férias de Natal. O professor não sabia a origem do dinheiro, mas assim que Harvey diz que foi ele que deixou lá como “prova de amizade” para que ele fosse favorecido em uma prova, o professor resolve tomar uma atitude a respeito.
Ele sugere que Harvey seja penalizado com um tipo de “lei do silêncio”. Ninguém pode falar com ele, uma forma de punição para que o jovem garoto repense o que anda fazendo. Ele não tem limites. Filho de um empresário rico e sempre muito ocupado, ele sabe que pode conseguir o que deseja se souber mentir e iludir o pai e os demais sob medida. Depois de ser penalizado pelo colégio e de levar um soco de um colega no jornal da escola, Harvey vai procurar o pai na empresa dele.
O Sr. Cheyne tem negócios importantes e também que cuidar do filho sozinho – não fica totalmente claro no filme, mas parece que a mãe de Harvey morreu e que Cheyne é viúvo. O filho dele chega na empresa e conta uma boa mentira para o pai, mas quando Cheyne vai pedir satisfações do diretor da escola e do professor Tyler, fica sabendo das artimanhas do filho. Como o garoto é penalizado ao ser suspenso pelo restante do semestre, Cheyne resolve levar o filho para uma longa viagem de negócios.
Interessante como a produção apresenta, logo na parte inicial do filme, um tema que continua sendo muito presente nos nossos dias, 80 anos depois desta produção ser lançada: como pais ausentes e que não dão limites para os próprios filhos podem criar verdadeiros “monstrinhos” que, depois, se tornam pessoas sem escrúpulos e sem limites. Cheyne era um sujeito cheio de boas intenções mas que, na prática, não conseguia dar a atenção e a educação necessárias para o filho.
Harvey caminhava para um futuro cheio de atitudes arrogantes, de suborno, corrupção e de “passar por cima de qualquer pessoa” – como quando obriga o barman (Billy Gilbert) a atendê-lo mesmo fora do horário de trabalho – até que sofre um acidente e cai do navio em que está viajando com o pai. Ao cair no mar, ele tem a sorte de ser resgatado pelo pescador Manuel (o genial Spencer Tracy). O português está zombando do transatlântico e remando lentamente quando vê Harvey e “pesca” o garoto.
No início, o jovem abastado quer mandar em todos no navio do capitão Disko (Lionel Barrymore). Ele exige ser levado de volta para casa, mas claro que ninguém lhe dá ouvidos. Afinal, ele é apenas um garoto, e aquele barco está cheio de marinheiros que estão trabalhando para levar dinheiro para casa. No início, como era de se esperar, Harvey é um desaforado. Mas logo ele é colocado de castigo, leva uma bofetada e fica sem comer. Pouco a pouco, por necessidade, ele vai “dobrando” a própria espinha e começa a aprender com aqueles homens com quem ele jamais teria contato se não fosse pelo acidente.
Realmente interessado pelo que Manuel e os demais fazem, Harvey acaba encarando tudo como uma grande aventura e também como um grande aprendizado. Ele percebe a importância de contribuir, assim como cada um dos demais que estão no barco, para que eles não apenas consigam atingir o objetivo, mas também porque eles são uma “grande família”. A exemplo de outras histórias sobre os “homens do mar”, Captains Courageous sabe explorar muito bem a rotina destas pessoas, a sua filosofia de vida e a forma séria e ao mesmo divertida com que eles enfrentam os perigos e as agruras do cotidiano.
Claro que se avaliarmos o filme com os olhos de hoje, Harvey e o filho do capitão, Dan (o grande Mickey Rooney na fase inicial da carreira), estão em trabalho infantil. Hoje, certamente, eles seriam proibidos de estar em um barco como aquele, que ficará três meses no mar. Captains Courageous revela, assim, uma outra época e uma outra ótica sobre a função das crianças na sociedade. Naquele momento, elas eram vistas como “jovens aprendizes”, como pessoas que significavam custos e que deveriam também contribuir com a sua “força de trabalho”.
Hoje, claro, isso não é aceito mais. Com certeza também alguém hoje pode ficar incomodado com o tapa que Harvey leva do capitão após ser insolente com ele. Hoje são poucos os que defendem que uma criança leve umas palmadas, mas é preciso entender essa história como o produto de uma época e de uma forma de enxergar o mundo. Isso é algo que eu gostei muito em Captains Courageous. Apesar de ser uma ficção, é um filme que revela muito daquela época, do cotidiano dos pescadores e das diferenças sociais que existiam na sociedade americana pouco antes do início da Segunda Guerra Mundial.
O roteiro deste filme é saboroso e cheio de grandes momentos. Mahin, Connelly, Van Every e Killpatrick não desperdiçam o tempo do espectador com bobagens. Cada linha e cada momento da produção são interessantes. Não há cena que esteja sobrando ou que seja desnecessária. O roteiro também acerta ao explorar bem a relação entre os personagens, especialmente entre Harvey e Manuel. O garoto Freddie Bartholomew dá conta do papel de protagonista e se sai muito bem ao contracenar com grandes nomes do cinema.
Este filme, aliás, é um verdadeiro deleite aos nos apresentar grandes nomes como Spencer Tracy, Lionel Barrymore e Melvyn Douglas em plena forma. E o que dizer do diretor Victor Fleming? Achei o trabalho dele excepcional. Não apenas porque ele valoriza cada detalhe das interpretações dos grandes atores que tem à sua disposição mas também por ter várias sequências de um trabalho quase documental.
Em muitos momentos de interação dos atores no barco de pesca sabemos que eles estão em um estúdio e que o fundo e o que lhes rodeia foi trabalhado através de efeitos especiais e com a projeção de imagens de mar e de céu, mas nas cenas que envolvem o mar, especialmente quando os barcos estão navegando, percebemos o trabalho cheio de técnica de Fleming. Aliás, diferente de produções de décadas anteriores, neste filme já vemos os recursos com os quais estamos acostumados hoje em dia.
Os planos mais abertos para mostrar os momentos de ação e o contexto de algumas partes da história, os planos mais próximos dos atores para valorizar a interação entre eles e os closes para revelar algum detalhe de emoção fazem parte desta produção. A edição também é um elemento importante, além da visão do diretor para a construção de sua narrativa. Um filme excepcional nestes quesitos. E o roteiro é surpreendente. Trata de temas fundamentais de uma maneira muito franca e, mesmo quando fica “sentimental”, abordando uma pequena “tragédia” para o protagonista, revela maturidade.
Gostei muito desta produção, que me surpreendeu. Eu não esperava tanta densidade narrativa e nem riqueza de detalhes em uma produção com um nome tão desastroso para o mercado brasileiro quanto “Marujo Intrépido”. Este título não poderia estar mais distante do que Captains Courageous apresenta. Este não é um filme engraçadinho sobre um garoto “aventureiro”. É uma produção que trata sobre amadurecimento, sobre garotos que se tornam homens – ou estão próximos disso, que fala de homens que se arriscam pelo próprio sustento e que aborda a questão pais e filhos com muita propriedade.
A formação do caráter de um jovem está em jogo nesta produção. E isso tem pouco a ver com “Marujo Intrépido”. Este é o típico filme que prende a atenção do espectador do início ao fim. Não por causa de pirotecnias ou grandes efeitos especiais, mas graças a uma bela história, com bastante “molho” e questões importantes e, sobretudo, o trabalho de grandes atores. Um belo exemplo de entretenimento que inspira e que faz pensar. Captains Courageous mostra a importância do aprendizado através de bons exemplos. Manuel tem paciência, carinho e firmeza na medida certa com Harvey, e isso faz toda a diferença para o garoto. Ele entra um no barco e sai outro de lá.
Admito que me incomodou um pouco como o protagonista muda rapidamente nesta produção. Ele chega todo arrogante e mandão no navio comandado por Disko e após uma noite no convés com o cuidado e o zelo de Manuel ele já muda de postura. Começa a ouvir aos demais, especialmente Manuel, é capaz de agradecer e se interessa em aprender sobre a vida de marujo e a ajudar. Uma mudança bastante grande para um tempo tão curto. Isso me incomodou um pouco, mas nada que tire as outras várias qualidades da produção. Por causa da oportunidade de ver a grandes nomes do cinema em cena e de ter uma história tão interessante e bem contada é que resolvi dar a nota abaixo.
NOTA: 10.
OBS DE PÉ DE PÁGINA: O diretor americano Victor Fleming mostra um grande domínio de alguns dos principais recursos do cinema com este Captains Courageous. Me chamou a atenção, em especial, como ele valoriza a interação entre os atores, especialmente Spencer Tracy e Freddie Bartholomew, e como ele destaca o perigo e a “aventura” da vida no mar nas cenas mais abertas e de ação envolvendo as embarcações. Com 50 filmes no currículo, Fleming ganhou um Oscar na carreira, o de melhor diretor pelo clássico dos clássicos Gone With the Wind.
Eu já tinha visto algo e, principalmente, ouvido falar muito do grande Spencer Tracy. Mas não recordava do trabalho do jovem Freddie Bartholomew. O ator, que começou a trabalhar no cinema em 1930, com apenas seis anos de idade, e que seguiu trabalhando na área até 1951, foi considerado um dos “mais populares atores mirins da história do cinema” segundo o site IMDb. Entre outras produções, ele esteve também em Little Lord Fauntleroy, Anna Karenina e Lloyds of London.
Além dos atores já citados, vale comentar o bom trabalho de outros atores que tem papéis secundários em Captains Courageous. Charley Grapewin se sai bem como o tio Salters, um dos velhos marujos do barco de Disko; John Carradine está ótimo como Long Jack, com quem Manuel faz uma aposta reveladora; Jack La Rue tem uma ponta interessante como o padre que orienta Harvey; Walter Kingsford aparece bem, mas rápido, como o diretor da escola Dr. Finley; Oscar O’Shea se destaca como Walt Chushman, capitão com quem Disko rivaliza; e Sam McDaniel é um dos coadjuvantes de destaque como o cozinheiro do navio chamado Doc. Além deles, claro, há vários outros atores em papéis menores nos navios que aparecem em cena.
Da parte técnica do filme, o grande destaque é a direção inspirada e que dá uma aula de cinema de Victor Fleming. Mas além dele, vale destacar o excelente trabalho do diretor de fotografia Harold Rosson; a exemplar edição de Elmo Veron; a direção de arte de Cedric Gibbons; o departamento de arte de A. Arnold Gillespie e Edwin B. Willis; e a trilha sonora “grandiosa” (típica da época) de Franz Waxman.
Captains Courageous estreou nos cinemas de Nova York no dia 11 de maio de 1937. O filme entrou no restante do mercado comercial dos Estados Unidos em junho daquele ano.
Esta produção foi rodada na cidade de Gloucester, citada no filme, no Estado americano de Massachusetts; na cidade de Monterey, na Califórnia; no Port aux Basques, em Newfoundland, no Canadá; nos estúdios da MGM (Metro-Goldwyn-Mayer) e no Selznick International Studios, ambos na Califórnia; e no Long Beach Harbor, em Long Beach, também Califórnia. Grande parte das cenas, como fica evidente na produção, foram feitas em estúdio, em um grande trabalho de cenografia e de efeitos especiais para a época.
Agora, algumas curiosidades sobre a produção. Quando Captains Courageous foi finalizado, o grande Spencer Tracy fez uma grande homenagem para o seu companheiro de cena, Freddie Bartholomew. Ele disse que o garoto é 98% do êxito da produção porque ele entrega uma interpretação tão “refinada, simples e verdadeira”, acreditando em cada palavra que ele, Tracy, falava em cena, que ele próprio acreditou no seu personagem através da entrega de Bartholomew. Bacana. E é verdade. O garoto realmente brilha na produção, assim como Tracy, é claro.
Captains Courageous ganhou um Oscar e outros dois prêmios, além de ter sido indicado a outros seis. Indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro, Melhor Edição e Melhor Ator para Spencer Tracy no Oscar 1938, Captains Courageous levou para casa apenas o Oscar de Melhor Ator. E aí outra curiosidade interessante. Quando recebeu a estatueta dourada, Tracy ficou surpreso ao ver a inscrição na estatueta de Dick Tracy, herói de tirinhas que, muito depois, seria levado para os cinemas. Envergonhada pelo erro, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood substitui a estatueta do ator e lhe entregou uma com a inscrição correta.
Além deste Oscar, Captains Courageous foi colocado na lista de Top Ten Films pela National Board of Review em 1937; e ganhou a Medalha de Honra na Photoplay Awards para Louis D. Lighton (produtor do filme).
De acordo com as notas de produção, nenhuma cena envolvendo os atores foi feita no mar. Todas as sequências foram feitas em estúdio, onde foi colocada uma réplica de um navio de pesca (quatro quintos de um navio, para ser mais exata) em um tanque de água. As cenas dos navios em alto-mar foram feitas sem os atores e inseridas quando necessário no filme.
Este foi um dos últimos filmes feitos por Lionel Barrymore antes que uma artrite degenerativa afastou o ator dos cinemas. Em 1938 ele aparece mancando e usando muletas no clássico dirigido por Frank Capra You Can’t Take It With You. Depois, por causa da doença, ele acabou “confinado” em cadeiras de rodas.
Vários anos depois do lançamento de Captains Courageous o ator Spencer Tracy disse que não achava o trabalho dele como um marujo português realmente crível. No início ele não queria o papel, porque achava que ele seria muito “secundário”, comparado com o papel de Harvey, mas depois ele aceitou o desafio. Tracy não quis tentar um sotaque português. Ele acabou utilizando o iídiche (língua germânica das comunidades judaicas da Europa central e oriental) que tinha aprendido para uma peça teatral encenada pouco antes. Antes de ser elogiado pela crítica e ganhar um Oscar por seu papel como Manuel, Tracy odiava o seu desempenho em Captains Courageous.
Esta produção foi a primeira da MGM a ser exibida na televisão, em 1955.
As filmagens foram adiadas por vários dias por causa da morte do produtor Irving Thalberg, um dos grandes nomes por trás do cinema americano em seus primeiros anos e considerado o “garoto de ouro” da MGM de 1924 a 1933. Ele faleceu jovem, vítima de uma pneumonia, em setembro de 1936, quando tinha apenas 37 anos de idade.
A publicação Hollywood Reporter registrou que, pela primeira vez na história do cinema, um filme estreou com protestos em frente ao cinema. Captains Courageous teve o azar de estrear em uma época de protestos e em que houve greve geral nos estúdios.
O tema principal desta produção foi inspirado na canção tradicional catalã de Natal “El Noi de La Mare” (O Filho de Maria).
Apesar daquela “virada” um tanto “brusca’ no comportamento do protagonista, algo que eu gostei muito em Captains Courageous é que o filme não “doura a pílula”. (SPOILER – não leia se você não assistiu à produção). Parte da dificuldade e do humor dos “homens do mar” está nesta produção. Fez todo o sentido, para a história de Harvey, o fim que Manuel teve. A morte dele, mostrada com franqueza por Fleming, também serviu de pretexto para uma bonita homenagem para os homens que a cada temporada eram mortos no mar. Interessante.
Admito que me deu um certo prazer ver aquele leão nos créditos iniciais da MGM. Sim, sou uma figura com esse tipo de satisfação. 😉
Descobri Captains Courageous porque o filme aparece na obra “1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer” que, como vocês sabem, me inspirou a criar a seção “Um Olhar Para Trás” aqui no blog. Como sempre, acho válido citar os textos da obra. A crítica de Adrian Martin começa assim: “Rudyard Kipling, que morreu em 1936, não viveu o bastante para ver três de seus livros adaptados para o cinema no ano seguinte, entre eles Marujo Intrépido, o empolgante épico infantil de Victor Fleming. Freddie Bartholomew interpreta Harvey Cheyne, um menino rico mimado que, depois de tomar seis sorvetes, cai do transatlântico no qual ele o pai (Melvyn Douglas) estão viajando”.
O texto dele segue assim: “Ele tem a sorte de ser resgatado por um barco pesqueiro vindo de Goucester, cuja tripulação, que inclui o bem-intencionado Manuel Fidello (Spencer Tracy), pouco se impressiona com sua riqueza e ‘posição’. Humilhado, Harvey tem que se virar sozinho, porém, sob a atenciosa tutela de Manuel, ele aprende o valor do trabalho duro e do sucesso merecido”. Ele segue comentando alguns outros pontos do filme e finaliza o texto curto assim: “O astro infantil Batholomew está excelente em um papel que exige que ele seja tanto detestável quanto irresistível. E Spencer Tracy, com o cabelo enrolado e o rosto maquiado para ficar moreno, faz uma ótima imitação de um marinheiro português. Com humor, pathos e uma moral interessante, este é um dos melhores filmes infantis já produzidos em Hollywood”. Tenho que concordar com ele. 😉
Os usuários do site IMDb deram a nota 8 para esta produção, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 13 críticas positivas e apenas uma negativa para a produção, o que lhe garante uma aprovação de 93% e uma nota média de 7,8. Especialmente a nota do IMDb chama a atenção, revelando um grande nível de aprovação do público. Merecido.
Esta é uma produção 100% dos Estados Unidos. Por isso o filme atende a uma votação feita aqui no blog há algum tempo.
Em uma época como esta, em que o tema corrupção está tão presente no cotidiano dos brasileiros, Captains Courageous pode ajudar os pais a apresentarem o assunto para os seus filhos. A parte inicial da produção explica bem o que é suborno e corrupção. #ficaadica
CONCLUSÃO: Um filme que poderia ser debatido hoje em dia com grande propriedade nas escolas do Brasil e de muitos países mundo afora. Captains Courageous surpreende pela qualidade técnica, narrativa e pela ousadia do diretor Victor Fleming na direção. Uma produção que trata sobre educação, aprendizado, amadurecimento, família e que faz uma bela homenagem para os “homens do mar”. Em uma época em que tantos filhos se sentem órfãos de pais vivos e que nos falta bons exemplos para seguir, talvez precisemos ver a mais filmes como este e valorizar quem é simples mas sabe muito bem o valor do trabalho correto e do companheirismo. Esqueça o péssimo título em português. Eis uma bela surpresa.