Personagens interessantes, atores carismáticos e um enredo recheado de ação e de pitadas de comédia e de filosofia. Star Wars Episode IV: A New Hope (conhecido no ano de lançamento apenas como Star Wars) levou os filmes de ficção científica para um novo patamar – muito mais pop do que o cinema poderia imaginar até então. Assistir ao filme 40 anos depois dele ser lançado mostra que alguns elementos dele ficaram realmente datados – mas estes elementos são muito sutis. O filme continua encantando, mesmo tanto tempo depois, e mostra que sobrevive ao passar do tempo por apresentar muitas qualidades e uma e outra cena que entrou para a história do cinema.
A HISTÓRIA: “A long time ago in a galaxy far, far away…” (Há muito tempo, em uma galáxia muito, muito distante…”) Star Wars. Em um período de guerra civil, espaçonaves rebeldes, partindo de uma base secreta, atacam e conquistam a sua primeira vitória contra o perverso Império Galáctico. Durante a batalha, espiões rebeldes conseguem roubar os planos secretos da arma definitiva do Império, a Estrela da Morte, uma estação que é capaz de destruir um planeta inteiro.
Perseguida pelos agentes do Império, a princesa Leia (Carrie Fisher) viaja para casa protegendo os planos que podem salvar o seu povo e restaurar a liberdade na galáxia… Após esta introdução, o filme começa a contar a história da perseguição dos rebeldes, a missão dada pela princeia Leia para R2-D2 (Kenny Baker) que, acompanhado de C-3PO (Anthony Daniels), acaba caindo no planeta de Luke Skywalker (Mark Hamill). É lá que o jovem órfão irá, motivado pela mensagem da princesa Leia, procurar o antigo jedi Ben Obi-Wan Kenobi (Alec Guiness) e começar a sua longa aventura.
VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes desta produção, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Star Wars Episode IV): Quem tem 30 anos de idade ou mais dificilmente vai conseguir assistir a este filme sem ter diversas “emoções”. Nossas caixinhas de boas lembranças são acionadas a cada acorde da música fantástica de John Williams, especialmente na introdução clássica feita em Star Wars. Difícil não ficar arrepiado(a) ou levemente excitado(a) com aquela introdução.
A primeira vez que eu assisti a Star Wars Episode IV foi na década de 1980, quando eu era criança – ou seja, provável que eu tenha assistido em meados daquela década. Depois, devo ter assistido nos anos 1990 mais uma vez, e isso foi tudo. Quem tem 30 anos ou mais deve ter tido a mesma experiência – afinal, esta produção passava muito naquelas décadas logo após ela ter sido lançada. O filme que consagrou George Lucas virou um clássico instantâneo e uma produção difícil de ser ignorada.
Como a maioria dos clássicos do cinema, Star Wars também pode ser assistido de duas formas diferentes: fazendo um esforço para situar o filme no contexto de sua época e imaginar o impacto que a produção teve naquele momento e vendo ela com os “olhos atuais”, avaliando o quanto o filme consegue ainda ser “fresco” e/ou o quanto ele consegue provocar impacto. Nestas duas provas Star Wars Episode IV passa com louvor.
Primeiro, pensando neste filme sendo lançado há 40 anos, na segunda metade dos anos 1970. Aquela década foi muito interessante em termos artísticos, especialmente com a música e o cinema, e marcada por diversas guerras, conflitos e por uma crise do petróleo que afetou diversos países – especialmente os Estados Unidos. Ainda que a corrida espacial e armamentista encerraram durante esta década, estes eram assuntos presentes por boa parte do período. As pessoas sonhavam com o que havia além da Terra – afinal, o homem havia chegada à lua apenas oito anos antes de Star Wars ser lançado, em 1969.
Neste contexto é que o primeiro filme de Star Wars foi lançado. A produção é instigante do início ao fim. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Ela começa com ação e com expectativa, com a invasão da nave da princesa Leia, e termina também com uma perseguição eletrizante – com o jovem Luke Skywalker sendo ajudado pela Força na hora de dar um tiro certeiro e destruir a Estrela da Morte. O ritmo desta produção, junto com algumas cenas que viraram clássicas e que foram cuidadosamente planejadas por George Lucas são algumas das grandes qualidades deste filme.
As outras são os personagens, interessantes e interpretados de forma muito carismática pelo ótimo elenco escolhido por Lucas, e as qualidades técnicas de Star Wars em uma época em que os efeitos especiais eram feitos “na unha” e sem a ajuda de computação gráfica. Neste sentido, dão um show os efeitos especiais mecânicos que permitiram as perseguições espaciais – a sequência final do filme, mesmo um tanto “tosca” segundo os critérios atuais, é de tirar o fôlego e cumpre muito bem o seu papel -, os efeitos sonoros e a trilha sonora marcante e fundamental de John Williams.
Se qualquer um destes elementos não tivesse a qualidade que têm em Star Wars, certamente o filme não seria envolvente e interessante como ele de fato é. O roteiro propriamente não é tão excepcional assim. Verdade que ele envolve bem a audiência e consegue entregar de forma cirúrgica apenas o que interessa para Lucas atrair o público para o filme seguinte da saga – e para os outros que ainda viriam. Mas se analisarmos bem o que Episode IV nos apresenta, ele tem um humor um tanto juvenil e simplório. Ele devia combinar bem para a época e para Lucas realizar os seus planos de mostrar a evolução dos personagens, mas não deixa de chamar a atenção este caráter um tanto “pueril” desta primeira história.
Luke Skywalker é um jovem órfão que não sabe praticamente nada de suas origens. Ele está louco para sair do local isolado em que ele vive com o tio Owen (Phil Brown) e a tia Beru (Shelagh Fraser) e buscar as aventuras que tanto deseja fora dali. No fim das contas e de maneira trágica ele consegue realizar este sonho. Ele se torna um herói e, nos filmes seguintes, vai descobrir a verdade sobre o próprio passado. Em Star Wars Episode IV somos apresentados a ele e a outros personagens importantes da saga.
Todos parecem um tanto juvenis nesta produção. E isso parece ter sido meticulosamente calculado por George Lucas. A escolha combinava com a época, podia fazer o filme chegar a todos os públicos (inclusive crianças e jovens) e, claro, abria margem para apresentar uma narrativa mais densa e de amadurecimento destes mesmos personagens no futuro. Na verdade, George Lucas foi muito inteligente em suas escolhas. Este filme funciona bem de forma isolada e consegue, ao mesmo tempo, atrair o interesse para que o público não resista a acompanhar a saga. Não por acaso Star Wars movimentou multidões de “seguidores” e de adeptos com o passar das décadas.
Além de tudo isso, digo que é emocionante ver a grandes atores e personagens em cena. Impossível não ficar arrepiado(a) com a cena em que Luke Skywalker sai da mesa com os tios para encarar o pôr do sol com dois sóis ou aquela em que Ben Obi-Wan Kenobi filosofa com Luke sobre a última vez em que alguém lhe chamou de Obi-Wan. Também é emocionante ver aos carismáticos R2-D2 e C-3PO em suas primeiras trocas de farpas e finas ironias caminhando para cima e para baixo. E quando o jovem Harrison Ford entra em cena? O ator é o mais carismático de todos e mostra neste filme, assim como nos demais da saga e nas produções Indiana Jones, porque é um nome inevitável na história do cinema.
Sim, Star Wars Episode IV é um filme imperdível e inevitável. Se você gosta de cinema, não tem como ignorá-lo. A boa nova sobre isso é que esta produção é fácil de assistir. A narrativa envolvente, com várias sequências de ação e com a apresentação de personagens interessantes torna a experiência fácil – diferente de outros clássicos mais densos. Com um tom um tanto juvenil, este filme também pode ser assistido por todos os públicos sem maiores problemas – outras produções da saga tem uma complexidade maior e não podemos falar delas da mesma forma. De quebra, você tem uma pequena aula de cinema na sua frente.
Ah sim, e há tudo aquilo que os fãs da saga gostam de ressaltar. A filosofia por trás da obra de George Lucas começa a ser apresentada neste filme. Bebendo de diferentes fontes históricas, da filosofia e até da religião, Lucas cria a sua própria “religião”. Há diferentes formas de interpretar o trabalho de Lucas que começa a ser apresentado neste Star Wars Episode IV.
Mas claramente ele se inspira em fatos da História, que teve vários casos de ditadura – inclusive naqueles anos 1970 – e de divisão preto versus branco (vide Guerra Fria, capitalistas versus comunistas e tantas outras disputas) assim como bebe em mitologias e religiões para tratar de uma Força (Deus ou a força “universal” que você quiser escolher) que estaria em todas as partes e que, segundo este primeiro Star Wars, emanaria de cada ser vivo e poderia ser usada para o Bem ou para o Mal.
Não é por acaso o uso das cores na produção – o negro simboliza a escolha pelo Mal feita por Darth Vader (David Prowse, com voz de James Earl Jones) e o branco de Luke Skywalker representa o Bem. As roupas de Obi-Wan também lembram a dos jesuítas e mostram um certo “equilíbrio” da Força. E por aí seguem as referências. Star Wars mudou a história do cinema e da ficção científica. Muito do que vemos neste filme inaugural iriam inspirar diversas outras produções e outros tipos de produtos. Aliás, quem lembra dos primeiros jogos legais para computador vai lembrar de diversas sequências deste filme que podiam ser jogadas pelos fãs depois. Enfim, esta produção é um grande deleite, não importa sob que ótica você a analise.
NOTA: 10.
OBS DE PÉ DE PÁGINA: Como eu comentei antes, Star Wars Episode IV tem um certo tom “pueril” que representa bastante a sua época e a estratégia de chegar a todos os públicos de George Lucas. Esse tom pode ser visto no comportamento dos personagens principais da produção e também nos detalhes de todos os personagens – como nas “batalhas” atrapalhadas entre os soldados do Império e os rebeldes. Neste sentido o filme é um pouco datado, mas nada que ofusque as suas qualidades.
Os números do que George Lucas começou com esta produção impressionam. Primeiro que, segundo o site The Numbers, até hoje Star Wars Episode IV consegue ser o filme recordista em bilheteria nos Estados Unidos (se levarmos em conta a inflação desde que a produção foi lançada) com nada menos que US$ 1,42 bilhão como resultado. Star Wars Episode VII: The Force Awakens é o recorde nas bilheterias se não fizermos este reajuste da inflação – ele fez US$ 936,66 milhões apenas nos Estados Unidos. Observando as bilheterias mundiais, contudo, o sucesso da saga é menor – ela perde para Avatar, com US$ 2,02 bilhões.
Mas os números de Star Wars são superlativos também quando comparamos as principais franquias do cinema – e olhando apenas para os filmes, porque se fôssemos analisar os produtos derivados deles, os números seriam muito maiores. A saga Star Wars com 12 filmes lançados e previstos entre 1977 e 2019 contabiliza uma bilheteria ajustada pela inflação de US$ 6,35 bilhões. Este número a coloca à frente da franquia James Bond, que vem em segundo lugar com 25 filmes entre 1963 e 2015 e US$ 5,47 bilhões (corrigidos pela inflação) e dos filmes do Universo Marvel com 22 produções entre 2008 e 2019 e US$ 4,97 bilhões. Certamente a única ameaça para a saga de George Lucas é a dos filmes Marvel.
Entre os atores desta produção, o destaque vai para Harrison Ford como Han Solo; Mark Hamill como Luke Skywalker; Alec Guiness como Ben Obi-Wan Kenobi; e Carrie Fisher como a princesa Leia Organa. Sem mostrar o rosto, mas tendo uma presença marcante e “sentimental” na lembrança dos fãs, vale destacar também Peter Mayhew como Chewbacca; Kenny Baker como R2-D2 e Anthony Daniels como C-3PO. Estes são os inevitáveis. Também não dá para ignorar a presença forte, ainda que com menos destaque neste filme do que no seguinte, do Darth Vader interpretado aqui por David Prowse.
Entre os personagens que perduraram menos tempo na saga e que aparecem neste filme com certa relevância, vale destacar Peter Cushing como o Grande Moff Tarkin, comandante que tenta acabar com os rebeldes usando a Estrela da Morte; Phil Brown como o tio Owen; Shelag Fraser como a tia Beru; Jack Purvis como o chefe Jawa, que pressiona Solo; Denis Lawson como Red Two, amigo de Luke; Drewe Henley como Red Leader, que comanda o grupo que tenta acabar com a Estrela da Morte; e Angus MacInnes como Gold Leader, que comanda o outro grupo no ataque.
Da parte técnica do filme, a menção especial vai para a trilha sonora inesquecível de John Williams. Não por acaso ele se tornou um dos grandes compositores do cinema de todos os tempos. A música de Star Wars é um de seus trabalhos mais icônicos. Mas vale destacar também outros profissionais que fazem um trabalho excepcional neste filme, como o diretor de fotografia Gilbert Taylor; o design de produção de John Barry; os figurinos de John Mollo; a edição de Richard Crew, Paul Hirsch, Marcia Lucas e George Lucas; o departamento de arte que faz um trabalho fundamental em uma época sem computação gráfica e que era composto por 21 profissionais; o departamento de som, sem o qual este filme não teria a qualidade que ele tem, e que era composto por 21 profissionais; os efeitos especiais feitos por John Schoonraad, John Stears, Tony Dyson, Bob Keen, Robert Nugent e Petro Vlahos; os efeitos visuais fundamentais realizados com miniaturas e com efeitos de lentes por 80 profissionais – e mais uma equipe considerável no relançamento do filme em 1997.
Este filme foi dirigido e teve o roteiro escrito por George Lucas. Diferente do que alguns desavisados podem pensar, este foi apenas um dos quatro filmes da saga Star Wars que ele dirigiu. Além desta produção inaugural da saga, ele dirigiu apenas os Episódios I, II e II, lançados, respectivamente, em 1999, 2002 e 2005. Os filmes que seguiram ao clássico Episode IV não foram dirigidos por Lucas e sim por Irvin Kershner e por Richard Marquand, nesta sequência. Antes de se consagrar com Star Wars Episode IV, Lucas havia dirigido, essencialmente, a curtas, e aos longas THX 1138 (lançado em 1971) e American Graffiti (de 1973). Depois vieram os quatro filmes Star Wars e nada mais. Realmente um realizador de uma saga só – a mais lucrativa da História, é preciso dizer. Imagina se as ideias dele para Star Wars não dessem certo? A história de Lucas seria diferente, certamente.
Star Wars Episode IV estreou no dia 25 de maio de 1977 nos Estados Unidos. No mesmo ano o filme estreou em vários países e, em janeiro de 1978, entrou no circuito dos cinemas do Brasil. No dia 31 de janeiro de 1997, quando a produção completou 20 anos, ela foi relançada em uma versão com recursos adicionais de efeitos especiais feitos em computador nos cinemas dos Estados Unidos – e em outros países.
Este primeiro filme da saga Star Wars teria custado US$ 11 milhões. Em sua época, sem aplicar o reajuste inflacionário, a produção fez US$ 289,9 milhões apenas nos Estados Unidos – e outros US$ 410 milhões no restante do mundo. Ou seja, aquela fortuna, para os padrões da época, de US$ 11 milhões de custo, foi multiplicada nos cinemas e garantiu um belo lucro que salvou a Fox da falência – o estúdio estava mal das pernas nos anos 1970 – e que garantiu a aposentadoria de George Lucas (ou quase isso). Além disso, Star Wars foi a primeira saga a obter uma verdadeira fortuna de merchandising e de produtos derivados do filme.
Star Wars Episode IV foi rodado em cinco países. A saber: no Tikal National Park, da Guatemala (Fourth moon of Yavin); em Ajim (Mos Eisley, Tatooine), Chott el Djerid, Sidi Driss Hotel em Matmata e Sidi Bouhlel em Tozeur (Tatooine), na Tunísia; Yuma e no Death Valley National Park (Tatooine), nos Estados Unidos; Calakmul, no México; e nos estúdios Elstree e Shepperton e nos hangares Cardington Airship (base rebelde Yavin 4) na Inglaterra.
O site IMDb apresenta nada menos que 408 curiosidades sobre esta produção. Vou citar por aqui apenas algumas delas. O diretor e roteirista George Lucas estava tão certo de que Star Wars Episode IV seria um fracasso que, ao invés de assistir à estreia da produção, ele viajou para umas férias no Hawaii com o seu bom amigo Steven Spielberg. Foi nesta viagem que eles tiveram a ideia para o filme Raiders of the Lost Ark (um dos meus preferidos de todos os tempos).
Este foi o primeiro filme da História a fazer mais de US$ 300 milhões nos cinemas.
A decisão de George Lucas de receber um salário mais baixo que o normal, para a época, para dirigir Star Wars Episode IV em troca de ter todos os direitos de merchandising de Star Wars foi considerada uma decisão tola na ocasião. Mas ele não poderia ter se dado melhor na vida. Na época, contudo, esta jogada parecia bastante ousada. Afinal, até então, brinquedos baseados em filmes nunca tinham dado muito dinheiro – mas Star Wars mudou esta lógica e abriu frente para várias outras produções fazerem o mesmo.
Quando a 20th Century Fox foi distribuir Star Wars Episode IV nos Estados Unidos, menos de 40 salas de cinema toparam exibir a produção. Para forçar os cinemas a passar o filme, a Fox disse que só liberaria o blockbuster potencial The Other Side of Midnight para quem exibisse, antes, Star Wars. E foi assim que o filme de Lucas chegou ao máximo de salas possível se tornou um fenômeno das bilheterias.
A música temática de John Williams ocupa a primeira posição na na lista AFI’s 100 Years of Film Scores.
Por falar em listas, Star Wars está na lista de filmes que aparecem na obra “1001 Filmes Para Ver Antes de Morrer” e que norteia a minha revisão de clássicos feita aqui no blog. O texto de Joanna Berry começa assim: “Ninguém esperava que o filme do roteirista e diretor George Lucas fosse um sucesso. Em se tratando de um ‘faroeste de ficção científica’ cujo elenco principal era essencialmente desconhecido (Harrison Ford, Mark Hamill e Carrie Fisher), os chefões do estúdio estavam tão convencido de que o filme iria fracassar que gentilmente cederam a Lucas, de graça, os direitos de merchandising de qualquer produto relacionado a Guerra nas Estrelas”.
E ela segue: “Obviamente, não perceberam o enorme potencial do filme e jamais esperaram que fosse gerar duas continuações, três capítulos ‘anteriores’, um derivativo baseado nos Ewoks, desenhos animados, jogos de computador, brinquedos, trilhas sonoras, livros, enormes vendas de vídeos e DVDs, doces, roupas, roupa de cama e até mesmo comida. O filme, que custou US$ 11 milhões e rendeu mais de US$ 460 milhões, não parecia ter o potencial para se tornar um enorme sucesso”.
Depois de resumir a história, Joanna Berry continua: “Guerra nas Estrelas poderia ter sido incrivelmente tolo, considerando-se que, em meados dos anos 1970, as pessoas esperavam que ‘ficção científica’ fosse algo similar aos cenários de plástico de Jornada nas Estrelas ou com efeitos como a ‘calota pendurada em um fio’ de Ed Wood em seu Plano 9 do Espaço Sideral. Mas Lucas tinhas ideias mais grandiosas. Duas décadas antes que imagens de computador fossem usadas para criar mundos fantásticos, Lucas, usando modelos ultradetalhados, truques inteligentes e locações bem escolhidas – as cenas que mostram o planeta desértico de Tatooine, onde Luke morava, foram filmadas em cenários construídos na Tunísia (reutilizadas em 1999, em Guerra nas Estrelas: Episódio I – A Ameaça Fantasma) -, conta a história de outro universo, no qual o maligno Império dominado por Darth Vader (David Prowse, com a voz de James Earl Jones) está no controle. Mas as forças rebeldes estão se reunindo para tentar derrubar os tiranos”.
Vale seguir citando o texto de Joanna Berry – e, claro, você conferir o livro, que é excelente: “Lucas criou uma mitologia que foi abraçada com entusiasmo por pessoas de todas as idades. além de dar origem a várias criaturas de uma galáxia muito, muito distante, sua linha de narrativa do bem contra o mal nos apresentou a pessoas e objetos que, desde então, tornaram-se parte de diversos idiomas de nosso planeta: o Millennium Falcon (a nave espacial de Han Solo, que Lucas originalmente imaginou com o aspecto de um hambúrguer voador), os sabres de luz (a arma similar a uma espada, com seu som característico), os Stormtroopers imperiais e, naturalmente, os cavaleiros Jedi (hoje uma parte tão integral de nosso inconsciente coletivo que uma campanha via internet sugerindo que as pessoas respondessem ‘Jedi’ a um item sobre religião num formulário de recenseamento no Reino Unido teve enorme sucesso). Ao dar vida a Guerra nas Estrelas, Lucas conseguiu criar muito mais do ue apenas um filme: criou um mundo, um novo estilo de cinema e uma ópera espacial inesquecível que jamais foi superada”.
Ela está certíssima. Star Wars supera em muito a capacidade de um filme de encantar e de entreter.
Star Wars Episode IV ganhou 56 prêmios, incluindo seis estatuetas do Oscar. Além disso, esta produção foi indicada a outros 28 prêmios. Os prêmios da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood que o filme recebeu foram de Melhor Direção de Arte-Decoração de Set, Melhor Figurino, Melhor Som, Melhor Edição, Melhores Efeitos-Efeitos Especiais e Melhor Trilha Sonora Original. Ainda que tenha recebido este número significativo de estatuetas, Star Wars perdeu nas categorias principais – Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante para Alec Guiness, Melhor Diretor e Melhor Roteiro Original. Quem ganhou o Oscar de Melhor Filme em 1978? Annie Hall, de Woody Allen.
Esta produção de Lucas ganhou também o Globo de Ouro de Melhor Trilha Sonora; dois Bafta’s, de Melhor Som e o Anthony Asquith Award for Film Music para John Williams; 13 prêmios na Academy of Science Fiction, Fantasy & Horror Films entregues em 1978 – incluindo Melhor Filme de Ficção Científica, Melhor Diretor, Melhor Roteiro, entre outros; três prêmios Grammy; nove prêmios Guiness World Record.
Os usuários do site IMDb deram a nota 8,7 para esta produção, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 98 críticas positivas e sete negativas para o filme – o que lhe garante uma aprovação de 93% e uma nota média de 8,6. Especialmente a nota recebida pelo filme chama a atenção – muito acima de muitas outras produções. O nível de aprovação, contudo, não é tão alto.
Esta produção é 100% dos Estados Unidos. Por isso o filme entra para a lista de produções que atende a uma votação feita aqui no blog há algum tempo.
CONCLUSÃO: Um clássico que segue cumprindo bem o seu papel mesmo tanto tempo depois de ter sido lançado. O filme mais rentável da história do cinema americano tem uma série de fãs e, mais que isso, de fanáticos admiradores. Mas não é por isso que eu dei a nota máxima para Star Wars Episode IV: A New Hope. Este filme merece a melhor avaliação porque ele cumpre com maestria o seu papel. Ele entretêm ao mesmo tempo que apresenta alguns dos elementos que tornariam a saga criada por George Lucas como a mais rentável de todos os tempos. Bem conduzido e com cenas que marcam a memória de qualquer um, Star Wars Episode IV revela todo o potencial do cinema quando ele é bem planejado e bem feito. Se você ainda não assistiu – o que é algo difícil -, não pense duas vezes em colocar esta sua dívida particular em dia.
2 respostas em “Star Wars Episode IV: A New Hope – Star Wars – Guerra nas Estrelas – Guerra nas Estrelas Episódio IV: Uma Nova Esperança”
[…] filme que inaugurou a saga e que foi lançado em 1977 – revisto por mim este ano e comentado neste texto. Mas admito que algo me incomodou um pouco. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao […]
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[…] Mas não. Johnson começa Star Wars Episode VIII de forma diferente. A espera pela primeira troca de palavras entre Rey e Luke acaba levando mais alguns minutos no novo filme. Antes, assistimos a algumas cenas de batalha e perseguição no Espaço, algo sempre muito celebrado pelos fãs da saga criada há exatos 40 anos – o primeiro filme, que virou Star Wars Episode IV, comentei há alguns meses aqui no blog. […]
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