Depois que a gente piscar, será Natal. Pois sim. Entramos na reta final de 2016 e, por isso, decidi começar a olhar para o Oscar 2017. Se vocês acham que eu estou me adiantando, saibam que logo é Natal e, na sequência, faltará pouco tempo para assistir a todos os filmes indicados à maior premiação de cinema do mundo. Então vamos começar os trabalhos. Decidi iniciar com Julieta, o mais novo filme do espanhol Pedro Almodóvar. Ele vai representar a Espanha na busca por uma vaga na categoria Melhor Filme em Língua Estrangeira. Julieta não é o melhor e nem o pior filme de Almodóvar. O diretor perdeu um pouco do esmero visto anteriormente e parece um pouco cansado.
A HISTÓRIA: Roupa vermelha que parece uma cortina. Respiração. Julieta (Emma Suárez) coloca a escultura sobre a mesa e a embrulha. Ela está preparando a mudança. Em uma gaveta, procura um envelope. Em seguida ela o joga fora. Toca o interfone. Ela deixa Lorenzo (Darío Grandinetti) subir. Ele pergunta como ela está, e Julieta diz que está confusa porque não sabe que livros ela vai levar. Ele diz que eles estão indo para Portugal e que ela pode retornar para Madri quando quiser.
Julieta responde que não gostaria de voltar para a cidade se ela puder evitar. Em uma esquina da cidade, ela se encontra com Bea (Michelle Jenner), uma grande amiga de sua filha, Antía (Blanca Parés). Bea fala de um encontro que teve com Antía no Lago Colmo. Na conversa, Julieta diz que segue em Madri e que continuará ali. Os seus planos acabam de mudar.
VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Julieta): Sempre gostei do Almodóvar. Primeiro, porque gosto de admirar e acompanhar diretores que passam a carreira destilando uma certa assinatura, forjando um estilo próprio. Almodóvar, a exemplo de outros diretores, é um exemplo destes. Além disso, gosto do estilo latino do diretor. Ele levou parte do espírito, dos valores e do estilo da Espanha para o mundo. Como neta de espanhóis, impossível não me interessar pelo cinema daquele país.
Dito isso, reafirmo o que eu comentei antes: Julieta não é o melhor e nem é o pior filme de Almodóvar. Esta produção não está à altura de Hable con Ella (principalmente) e Todo Sobre Mi Madre, mas também ela se revela muito, mas muito melhor que o horripilante Los Amantes Pasajeros (comentado aqui) ou do que o estranho La Piel Que Habito (com crítica neste link). Algo que me chamou a atenção neste filme, logo no início, foi o exagero de diversos elementos.
Para começar, a trilha sonora. Admito que o trabalho do veterano Alberto Iglesias me irritou um pouco desta vez. Ok que Almodóvar quis reforçar a todo momento que este filme tinha elementos de suspense, mas achei a dose exagerada demais. O que acaba jogando contra a história.
Além disso, achei o roteiro escrito por Pedro Almodóvar e inspirado em histórias curtas de Alice Munro também um bocado “over” em diversos momentos. Sim, o diretor espanhol gosta de explorar os exageros e o “drama” dos espanhóis, mas acho que desta vez ele apostou em saídas um bocado simplificadas e exageradas. O roteiro, em si, segue aquela narrativa já tradicional no cinema: começa com a história em um momento de ruptura para, depois, a protagonista, através de um diário que está escrevendo para a sua filha, nos contar o que a levou até aquela situação.
Então partimos do presente para uma longa narrativa de “volta ao passado” que conta parte da história de Julieta e de sua filha única, Antía. O melodrama mostra as suas cartas cedo, logo no início do longo flashback com o suicídio do estranho senhor que se sentou na mesma cabine que Julieta no trem. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). História um tanto forçada, um tanto estranha, como diversos outros momentos da produção – destaco, neste sentido, a primeira noite de Julieta e de Xoan (Daniel Grao), também no trem; a “hora da verdade” entre o casal antes do acidente fatal do pescador; e a reação de Antía em diversos momentos.
O filme acaba sendo bem dividido entre o momento presente de Julieta e a sua busca relativa pela “filha ausente” e o longo flashback. O ir e vir do tempo narrativo é constante, o que demonstra uma aposta confortável de Almodóvar por prender a atenção do espectador. Como é característico do diretor espanhol, ele sabe valorizar muito bem o trabalho dos atores. Para começar, Almodóvar escolhe com perfeição os seus talentos.
Desta forma é que vemos grandes trabalhos de Adriana Ugarte (Julieta na fase jovem), Emma Suárez, Inma Cuesta (que interpreta Ava, melhor amiga de Xoan e que acaba sendo uma boa amiga de Julieta no “pueblo”), Daniel Grao e Darío Grandinetti. A sempre ótima Michelle Jenner aparece pouco no filme, mas sempre que ela surge, demonstra talento e a estrela que ela tem.
Vale uma menção especial o bom trabalho de Rossy de Palma, uma antiga colaboradora do diretor. Ela é a “megera” da história mas interpreta, como ninguém, a típica mulher de “pueblo” da Espanha. Com ela, Almodóvar consegue, mais uma vez, repercutir o que a cultura de seu país tem de mais diferenciado. Além dela, possivelmente apenas Julieta e Ava, quando jovens, tem este mesmo mérito na produção. São os papéis mais legítimos, sem dúvida. Os demais tem uma certa simplificação para o gosto do grande público – não estamos nem perto da “Espanha profunda” de filmes como ¿Qué He Hecho Yo para Merecer Esto?
A verdade é que através deste filme Almodóvar parece demonstrar um pouco de “cansaço”. Ele não consegue ser tão original quanto na fase inicial da carreira e nem consegue ser tão preciso e universal como nos seus grandes filmes. Ele não está forjando cada cena e cada diálogo com esmero. Essa fase, parece, ter passado. Agora ele segue mostrando interesse pela cultura espanhola e pelos sentimentos e desejos mais profundos do ser humano, mas apresentando tudo isso de uma forma mais displicente e um tanto preguiçosa. Sinto que para ele é fundamental continuar fazendo filmes, mas que ele já não tem tanta paciência ou interesse de produzir obras-primas.
Então sim, Almodóvar segue sendo interessante. Ele cuida do visual e nos apresenta sempre uma câmera bem focada em ótimos atores, mas não temos mais o mesmo apelo visual e narrativa precisa e interessante de outrora. Em Julieta, temos uma história um tanto estranha de uma mãe que sente a ausência da filha e que a “busca” sem, na verdade, nunca ter a buscado realmente. Afinal, a história não mostra, em momento algum, Julieta indo pessoalmente atrás de Antía. Verdade que ela diz, em certo momento, que prestou queixa na polícia e contratou um investigador. Mas de fato uma mãe se contentaria com isso?
Pode até ser que sim. Mas aí quando ela sabe algo da filha, naquele encontro casual com Bea, não seria mais lógico ao invés dela ter dispensado o namorado e ter voltado para o mesmo prédio em que vivia com a filha ela ter ido no tal lago em que a amiga da filha a encontrou? Ela poderia ter se mudado para perto do lago e ir, pouco a pouco, buscado informações sobre a filha. Mas não… ela entra em um estranho processo de mergulho nas próprias lembranças e em uma crença um bocado irreal de que, depois de 12 anos sem contato com a filha, Antía entraria em contato com ela.
Também não custa voltarmos um pouco na história. Julieta diz que prestou queixa do “desaparecimento” da filha para a polícia e que contratou um detetive particular. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Agora, convenhamos. É difícil de acreditar que Antía tenha desaparecido do mapa sem nunca mais voltar para pegar as suas coisas, não? Ok que ela queria romper com a mãe, mas ela realmente teria desaparecido sem ter planejado isso antes (levando parte do que ela tinha junto) ou, caso não fizesse de forma planejada, não teria retornado para pegar as suas coisas em Madri? Difícil acreditar. Além disso, mesmo que ela tivesse saído sem nada e nem voltado, certamente ela usou algum cartão de banco ou “libreta” para tirar dinheiro. Neste caso, ela poderia ter sido rastreada.
Então é difícil de engolir a “fuga perfeita” de Antía como o filme de Almodóvar quer fazer o espectador crer. As reações de Julieta após o desaparecimento da filha e os de Antía após a morte do pai também me pareceram um tanto deslocados e propositalmente exagerados pelo diretor/roteirista. Descontados estes pontos, Julieta tem alguns pontos bem interessantes de “ironia” da vida. Vejamos.
Mas importante dizer que não deixa de ser irônico dois pontos importantes da produção. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Primeiro, a dificuldade de Julieta aceitar e perdoar o pai que traia a mãe dela – aparentemente com Alzheimer – antes dela morrer. Oras, a própria Julieta não ficou com Xoan antes da mulher dele, que estaria em coma há cinco anos, morrer? Desta forma Almodóvar quer expressar a sua reflexão sobre a hipocrisia das pessoas – e, consequentemente, da sociedade. Julieta age no melhor estilo “façam o que eu digo e não façam o que eu faço”.
Outra ironia importante da produção é que Antía rompe o silêncio e envia uma carta para Julieta depois que ela própria perde um filho – e quase da mesma forma com que ela perdeu Xoan, ou seja, em uma morte na água. Ao sentir na própria pele a dor da perda de um filho, ela resolve procurar a mãe. Muitas vezes alguém só se dá conta de um erro ou de um sentimento quando passa pela mesma situação. Infelizmente nós temos menos empatia do que nós deveríamos no nosso dia a dia – e especialmente quando as relações em jogo são um tanto conturbadas.
Além destes pontos fundamentais de Julieta, há outros três “secundários” e que acabam sendo interessantes também. Primeiro, a figura de Marian, a típica mulher de “pueblo” (interior) que sabe de tudo e que não se contenta em apenas saber das coisas, mas também em falar “verdades” cruéis para as pessoas quando tem uma oportunidade – sem, exatamente, medir as consequências. Depois, o filme claramente trata de paixão/amor e de culpa, dois elementos tão importantes na cultura espanhola.
A culpa é considerada uma herança da cultura com forte presença católica, mas a verdade é que ela tem pouca justificativa na religião e bastante em uma cultura que leva tempo para se libertar de seus “pecados” e da interpretação que fez deles. Mas este elemento, a culpa, é algo importante nesta história. Julieta acaba nos mostrando, como outras produções já fizeram, os efeitos daninhos que a culpa pode ter para uma pessoa e para quem está em volta. Finalmente, o terceiro elemento pincelado por Almodóvar é a homossexualidade, desta vez apresentada nas entrelinhas da relação entre Bea e Antía – e apenas semi-revelada para Julieta perto do final.
Como outros filmes de Almodóvar, Julieta tem bastante tempero e diversos elementos que fazem pensar. Pena que o diretor já não se esmere tanto nos detalhes, especialmente no visual, na história e no ritmo cadenciado do filme. Julieta tem ótimos atores, tem algumas cenas muito interessantes e alguns elementos que lembram a boa fase do diretor, mas ele carece de uma história um pouco mais verossímil e de uma carga menos melodramática e exagerada.
Talvez se não tivesse forçado a barra na trilha sonora e em alguns elementos da história, teria funcionado melhor. De qualquer forma, Julieta segue sendo Almodóvar. E o diretor, geralmente, está acima da média. Além disso, não deixa de ser interessante a escolha dele para o final. Muita gente vai ficar frustrada por não ver o reencontro. Mas acho que esta foi a forma de Almodóvar nos dizer que o importante não é a resolução de um problema, mas o caminho que fazemos até que tudo esteja resolvido. Esse final não me frustrou, ainda que eu entenda quem tenha ficado “chateado”. 😉
NOTA: 8.
OBS DE PÉ DE PÁGINA: O diretor faz algumas escolhas estranhas. Por exemplo, substituir Adriana Ugarte por Emma Suárez quando Antía ainda era uma adolescente. Para mim, teria feito muito mais sentido fazer esta substituição quando Antía tinha 18 anos e resolveu fazer o seu retiro espiritual. Verdade que o corte do cabelo e outros detalhes fazem o “esforço” de apresentar uma Julieta com Emma Suárez mais “jovem” quando a filha dela tem 18 anos mas, mesmo assim, achei a escolha estranha e equivocada.
Falando em desenvolvimento de personagens, verdade que Julieta é bem desenvolvida. Dentro do que a história permite. Mas acho que faltou mostrar um pouco mais de Antía, especialmente na fase pouco anterior ao retiro espiritual. Das duas fases de Julieta, sem dúvida alguma também preferi a fase dela jovem. Acho que Adriana Ugarte nos apresenta uma personagem melhor acabada e estruturada do que na fase de Emma Suárez.
Pedro Almodóvar faz um bom trabalho na direção, ainda que ele não esteja no mesmo nível de trabalhos anteriores como Hable con Ella e Todo Sobre Mi Madre. Mas, como eu comentei antes, ele segue valorizando o trabalho dos atores, colocando a câmera sempre próxima deles mas sem se esquecer também dos cenários e das paisagens que, para ele, são tão importantes para a história quanto os diálogos e as interpretações. Neste sentido, vale destacar também o trabalho do diretor de fotografia Jean-Claude Larrieu e do editor José Salcedo.
Como é característico dos filmes de Almodóvar, vale destacar ainda os figurinos, sempre muito bem escolhidos e parte fundamental da narrativa. Em Julieta quem faz este trabalho é Sonia Grande. Belo trabalho, muito coerente com a história e cada um dos personagens. Sem dúvida alguma ajuda a construir cada um deles e a história.
O filme é bastante centrado em Julieta, como o nome da produção mesmo sugere. Além dela, tem o pequeno grupo de atores que eu já destaquei anteriormente. Eles é que tem o maior destaque na história. Mas há outros atores com papéis secundários que vale citar porque eles tem um trabalho competente, apesar de pequeno. Vale citar Pilar Castro como Claudia, a mãe de Bea; Sara Jiménez está bem como Bea na adolescência; Susi Sánchez como Sara, mãe de Julieta; Mariam Bachir como Sanáa, empregada e amante do pai de Julieta; Joaquín Notario como Samuel, pai da protagonista; Ramón Aguirre como Inocencio, o porteiro do prédio em que Julieta vai morar em duas ocasiões; Priscilla Delgado e Jimena Solano como Antía quando ela era uma adolescente e uma criança de dois anos de idade, respectivamente.
Julieta estreou em abril deste ano na Espanha. No mês seguinte o filme participou do Festival de Cinema de Cannes e, depois, de outros 16 festivais em diferentes lugares do mundo – os últimos três a partir de 7, 8 e 9 de outubro, nestes dias, são os de Nova York, Busan e Hamptons. Nesta trajetória, o filme ganhou um prêmio e foi indicado a um outro. O único prêmio que ele recebeu foi o de Melhor Diretor entregue pelo International Cinephile Society Awards.
Não sei, mas achei algumas escolhas de Almodóvar um tanto toscar. Vou citar apenas uma delas. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme ainda). Muito estranha e mal feita aquela sequência do atropelamento de Julieta. Realmente não me convenceu. Há outros momentos em que Emma Suárez também está bem inconstante. Mas aquela sequência para mim foi a mais tosca. O que apenas reforça o que eu comentei sobre Almodávar estar um pouco displicente. Paciência.
Adriana Ugarte, Michelle Jenner e Inma Cuesta. Isso que eu chamo de uma bela seleção de beldades e de aposta em jovens talentos que ajudam a rejuvenescer o cinema espanhol. Almodóvar, mais uma vez, acerta nas escolhas.
Para quem gosta de saber os locais em que um filme foi rodado, vale citar as locações de Julieta: Redes, em La Coruña (casa de Xoan); Madri; Ares e Mugardos, em La Coruña; Mairena del Alcor, em Sevilla (casa dos pais de Julieta); Panticosa, em Huesca (sequência em que Julieta dirige para o retiro da filha); Algodor, em Toledo (estação do trem); Fanlo, na Comarca de Sobrarbe, em Huesca (local “remoto” no final do filme que mostra os Pirineus). Em Madri, vale citar alguns endereços: Calle del Marqués del Riscal e Calle Monte Esquinza (encontro de Bea com Julieta), Eva Duarte Park, na Calle Dr. Gómez Ulla (quadra de basquete), Calle Fernando VI (apartamento de Julieta) e Colegio Estudio, na Calle Jimena Menéndez Pidal (escola em que Julieta dá aula quando jovem).
Interessante que Julieta, na Espanha, recebeu o nome de Silencio. De fato, este é um elemento importante nesta produção. Muitos não se comunicam e esta falta de comunicação é fundamental para a história. Tanto que, e percebemos isso aos poucos, Julieta realmente não conhece a própria filha. Sem dúvida isso foi algo importante para explicar tudo o que aconteceu. O silêncio é bom, mas nas relações ele não ajuda muito.
Este é o 20º filme de Almodóvar. Grande diretor. Apesar dos deslizes, merece totalmente o nosso respeito e admiração.
O roteiro de Julieta foi escrito por Almodóvar tendo como material original que o inspirou as histórias Destino, Pronto e Silencio da escritora Alice Munro e que fizeram parte de uma coleção que ela lançou em 2004.
Todas as esculturas que no filme aparecem como sendo de Ava são, na verdade, do artista Miquel Navarro.
Uma curiosidade que vai além do filme – ainda que tenha relação com a divulgação dele: Pedro Almodóvar cancelou todas as entrevistas e a estreia oficial desta produção em Madri por causa da divulgação do Panama Papers. O nome do diretor e do seu irmão, Pedro Almodóvar, apareceram neste material sobre paraísos fiscais e empresas offshore.
O roteiro original do filme foi escrito em inglês e a ideia era rodar a história no Canadá. Mas Almodóvar não se sentiu cômodo, no final, em gravar uma produção em um idioma que ele realmente não dominava e em país em que ele não estava familiarizado. Por isso ele resolveu fazer o filme em espanhol e em seu país de origem. Acho que foi uma boa escolha, porque apesar dos probleminhas do roteiro, o filme convence por se passar na Espanha.
Os usuários do site IMDb deram a nota 7,2 para Julieta, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 55 críticas positivas e 17 negativas para a produção, o que lhe garante uma aprovação de 76% e uma nota média de 7,6. Especialmente as notas dos dois sites chamam a atenção. Elas são muito boas se levarmos em conta o padrão de ambos.
Esta é uma produção 100% da Espanha.
CONCLUSÃO: Pedro Almodóvar é um destes diretores com assinatura. Sobre isso, não há dúvida alguma. Mas já vimos filmes melhores dele. Com Julieta o diretor espanhol mostra que perdeu um pouco do rigor no estilo narrativo e também na força do roteiro. Ele cai algumas vezes no exagero e em saídas cômodas para os problemas da história, mas segue valorizando o trabalho dos atores e a reflexão sobre questões importantes para os indivíduos. Mais uma vez é um prazer ver Madri e um pouco da cultura espanhola, ainda que a apresentação não seja tão interessante como já foi um dia. De qualquer forma, é um bom filme, apesar de seus exageros e pontos difíceis de acreditar.
PALPITES PARA O OSCAR 2017: Como eu comentei lá no início, Julieta foi escolhido pela Espanha para representar o país no Oscar 2017. Com ele eu começo a ver filmes que estão cotados para diferentes categorias da maior premiação de Hollywood. Ainda que eu respeito Almodóvar e a sua filmografia, francamente eu não vejo Julieta com qualquer chance de chegar na lista dos cinco indicados a Melhor Filme em Língua Estrangeira. Ele não tem qualidade para tanto. Só chegaria lá se estivéssemos em um ano com uma safra fraquíssima, o que eu acho difícil de ser o caso. Então, honestamente, eu não apostaria nele para chegar até perto de uma estatueta.
5 respostas em “Julieta”
[…] de Pedro Almodóvar, fruto de uma safra menos interessante do diretor espanhol (e comentado aqui); o italiano Fire at Sea, que tem seis prêmios até o momento; e o venezuelano Desde Allá, que […]
CurtirCurtir
[…] lista inicial, sem dúvida alguma Julieta (comentado por aqui) corre por fora. O filme emplacaria mais pela força do diretor Pedro Almodóvar do que por sua […]
CurtirCurtir
Não gostei da sua crítica.
CurtirCurtir
[…] do diretor aqui no blog. Vocês podem acessar, por aqui, crítica dos seguintes filmes do diretor: Julieta; La Piel que Habito e Los Abrazos Rotos – além de Los Amantes Pasajeros, já citado […]
CurtirCurtir
[…] Quem quiser, encontra por aqui as críticas de Dolor y Gloria (publicada em 2019), Julieta (publicada em 2016), Los Amantes Pasajeros (publicada em 2013, pior filme da lista), La Piel que Habito (publicada em […]
CurtirCurtir