Um filme cheio de sutilezas. Que nos conta uma história que não é, exatamente, inédita, mas que apresenta um olhar diferenciado sobre uma realidade pouco abordada. The Power of the Dog tem ótimas atuações, uma direção diferenciada e uma bela direção de fotografia, mas o roteiro é o seu ponto fraco. Um filme interessante, mas muito longe do título de melhor do ano ou mesmo desta temporada.
A HISTÓRIA
Começa com a voz de um rapaz dizendo que, após a morte do pai, o que ele mais queria era a felicidade da mãe. Ele prossegue: “Pois que tipo de homem eu seria se não ajudasse minha mãe?”. Para ele, a tarefa principal que ele deveria executar era a de salvar a própria mãe. Começa a parte I do filme, ambientado em Montana, no ano de 1925. Alguns cowboys estão lidando com os animais, enquanto Phil Burbank (Benedict Cumberbatch) caminha até a casa da propriedade.
Hettie (Yvette Parsons) pergunta se ele comeu, e ele diz que não. Phil sobe as escadas e pergunta para o irmão se ele lembra há quanto tempo eles assumiram o rancho no lugar dos pais. George (Jesse Plemons) pergunta se Phil já usou a banheira da casa, e ele responde que não. Em seguida, avisa ao irmão que eles vão sair cedo no dia seguinte porque o caminho é longo. A partir daí, acompanhamos a história destes dois irmãos, um muito diferente do outro.
VOLTANDO À CRÍTICA
(SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a The Power of the Dog): Como sempre, assistir a um filme que recebeu muitas indicações ao Oscar gera uma alta expectativa sobre esta produção. Mas, para além destas indicações, eu tinha bastante expectativa sobre The Power of the Dog por ele ser dirigido por Jane Campion, diretora que eu admiro há muito tempo.
Talvez uma expectativa alta tenha influenciado na minha leitura sobre esta produção. Mas não acredito que isso foi determinante para a minha avaliação. Honestamente? Achei o filme bom, mas muito, muito distante de ser o melhor do ano ou mesmo o melhor desta temporada, como eu comentei na abertura desta crítica.
Por que eu comento isso? (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Porque apesar de The Power of the Dog ter ótimos atores e uma narrativa convincente, o filme não é surpreendente e nem ao menos muito original. Termos um protagonista que se esforça para ser o “cowboy clássico”, todo machão e durão, para esconder sua homossexualidade, não é exatamente algo novo. Enquanto eu assistia a este filme, só me passava pela cabeça as lembranças de Brokeback Mountain, filme de 2005 com Jake Gyllenhaal e Heath Ledger.
Se pensamos que o personagem central desta produção não é novo, o que resta desta história? O que mais me chamou a atenção neste filme foi o personagem de Peter Gordon (Kodi Smit-McPhee), porque ele simboliza, para mim, a ideia de que as novas gerações costumam superar as anteriores com certa facilidade. Claro que isso não é regra. Nem todos da nova geração superam os predecessores. Mas muitas vezes isso acontece.
Desta forma, para mim, a grande mensagem do filme é esta. Peter soube ler o cenário muito bem, viu em Phil um risco muito grande para a mãe, que ele amava e de quem se sentia responsável depois da morte do pai, e fez o que achava necessário para se livrar deste perigo. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Como acontece em relação a muitos crimes, a “ocasião” fez o assassino. Peter viu uma oportunidade de se livrar de Phil e não pensou duas vezes em aproveitar aquela chance.
A “bola” estava cantada nos créditos iniciais da produção, quando ouvimos a voz de Peter falando sobre o compromisso que tinha com a mãe. O restante da narrativa, quando somos apresentados aos irmãos Burbank e o abismo que eles tinham entre si, assim como os acontecimentos seguintes que incluíram o casamento de George com Rose Gordon (Kirsten Dunst), só nos levaram por caminhos um tanto previsíveis.
O ponto mais interessante do roteiro, a meu ver, ocorre quando percebemos como Peter lida muito melhor com o fato de não se encaixar naquele cenário agreste do que Phil. Enquanto o protagonista desta produção se esforça ao máximo para seguir o estereótipo do cowboy e esconder a própria essência, Peter não liga se os outros o chamam de “viadinho”, não dá bola para as risadas e o preconceito.
Ele está muito seguro de si e sabe exatamente aonde quer chegar. Ele não tem dúvidas, nem medo. Tem claro o objetivo de proteger a própria mãe e de fazer medicina. Sabe lidar com diferentes tipos de pessoas, uma facilidade que Phil não tem. Por tudo isso, ele está mais preparado que o protagonista porque ele não interpreta um personagem para os outros – o que sempre exige muito esforço e enfraquece quem adota esta prática.
The Power of the Dog trata, portanto, sobre o padrão de uma certa sociedade e sobre como as pessoas que fazem parte desta maioria lidam com o diferente – e como quem é diferente se porta frente ao terreno hostil. Por este lado, o filme é interessante, mas não é fundamental, marcante ou surpreendente. Me pareceu apenas “ok”.
Além desta temática, o filme aborda a questão geracional e de como muitos jovens superam os seus predecessores. Finalmente, a meu ver, The Power of the Dog trata sobre as frustrações e sobre como quem não consegue superar e nem lidar bem com estas frustrações acaba se dando mal. Phil quer muito, mas não consegue ter um diálogo e uma convivência próxima com o irmão. Isso e o fato de não poder ser quem ele realmente é na sua totalidade cobram um preço alto do protagonista.
Sempre na defensiva, sempre preocupado em latir mais alto que os outros, Phil acaba se isolando. Por mais que ele se considere um cão selvagem, ele faz parte de um contexto em que as outras pessoas são importantes para sua sobrevivência. Por não conseguir se adequar e nem viver da forma que gostaria, ele acaba comprando uma briga errada ao “meter o terror” e perturbar a nova mulher do irmão. E se dá muito mal por causa disso.
A parte mais interessante do filme é quando descobrimos o “segredo” de Phil. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Não me refiro ao fato dele ser gay, e sim dele se achar especial porque tem um “olhar diferenciado” sobre o monte – e sobre a vida, que é o que aquela sombra significa. Ele vive da lembrança de Bronco Henry, seu ídolo morto e ex-amante, com quem compartilhava a visão diferenciada do monte. Mas, com muita naturalidade, Peter vê o mesmo que ele, o que revela para Phil que ele não está “sozinho” e que nem é tão diferenciado assim.
Esta talvez tenha sido uma das partes interessantes do filme. Assim como o desfecho perspicaz rapidamente calculado por Peter. Em The Power of the Dog ganha a disputa e a quebra de braços quem é mais perspicaz e atento aos detalhes. Quem percebe que precisa ser feroz para sobreviver. Peter tem um “quê” de psicopata, talvez, com pouca capacidade de se colocar no lugar do outro. O foco dele é seu futuro e a mãe, que se sente ameaçada pela rispidez e pelas perseguições um tanto infantis de Phil.
Pois tudo se resolve de forma objetiva, com Phil deixando os colegas cowboys enlutados e a família do irmão aliviada. Ao tratar sobre as consequências de uma vida forjada na rispidez e na falta de “encaixe”, de sintonia e de pertencimento, este filme nos faz refletir sobre como alguns desaparecem simplesmente por não conseguirem se adaptar. É a teoria da evolução ambientada no interior dos Estados Unidos, no terreno dos cowboys. É interessante? Sim, mas não é excepcional.
NOTA
8,5.
OBS DE PÉ DE PÁGINA
Nossa, estou impressionada. Como o tempo passou! Comecei essa crítica há semanas e só agora eu notei que faz quase um mês que eu estou sem atualizar o blog. Nestas últimas semanas realmente o meu tempo ficou mais curto. Aumentou a correria do trabalho e acabei deixando os filmes para lá. Mas está na hora de voltar. Até porque, no final deste mês, ou seja, dentro de poucas semanas, teremos o Oscar para assistir. Bóra então tentar tirar algo do atraso até o dia 27!
Os pontos de destaque deste filme, para mim, são a direção de Jane Campion, que valoriza cada segundo do trabalho dos atores e, principalmente, valoriza muito bem o cenário e o contexto em que a história é ambientada; e a direção de fotografia de Ari Wegner, que parece, muitas vezes, uma pintura em movimento.
The Power of the Dog é uma adaptação para o cinema da obra de Thomas Savage. Não li o livro. Então não posso dizer se a narrativa de Savage é mais surpreendente ou interessante. A adaptação feita por Jane Campion para o cinema, como comentei antes, valoriza muito bem a questão ambiental, apresenta uma narrativa envolvente e linear, mas acaba sendo pouco surpreendente para quem já assistiu a vários filmes no estilo faroeste e, principalmente, o já citado Brokeback Mountain.
Outro aspecto interessante do filme é o elenco. The Power of the Dog conta com um elenco estelar, formado por um time de atores nos papéis principais bem conhecido – com exceção de Kodi Smit-McPhee, que no papel de Peter Gordon faz o seu grande trabalho no cinema até aqui.
Como ator, Kodi Smit-McPhee estreou em 2006. Apesar de ter uma carreira de cerca de 15 anos, ele já contabiliza 34 trabalhos no currículo – entre filmes, curtas e séries de TV. Ele tem apenas 25 anos de idade e já conta com 36 prêmios e 57 indicações – sendo uma delas ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por este papel em The Power of the Dog. Seu trabalho neste filme é marcante e interessante, colocando ele em outro patamar de visibilidade em Hollywood. Agora, é aguardar que oportunidades darão para ele a partir daqui.
Kodi Smit-McPhee vai se destacando na produção aos poucos, mais na reta final do filme, e acaba roubando a cena. Mas ele tem um elenco muito interessante que orbita ao seu redor. Destaque, neste sentido, claro, para o trabalho de Benedict Cumberbatch, que realmente “se entregou” para seu papel e convence quando está em cena. Em papéis menos “viscerais”, mas importantes para a narrativa, estão os conhecidos e premiados Jesse Plemons e Kirsten Dunst – ele, o fazendeiro que precisa “salvar” a donzela; e ela, uma donzela já vivida e cheia de cicatrizes com as quais lidar.
Esse quarteto é o que mais importa na narrativa. Mas, além deles, temos alguns coadjuvantes que merecem ser citados, como Geneviève Lemon como Mrs. Lewis, uma das empregadas da família; Sean Keenan como Sven e George Mason como Cricket, dois dos cowboys que sempre estão próximos do protagonista; Thomasin McKenzie como Lola, uma das empregadas da casa; Peter Carroll e Frances Conroy como os pais de Phil e de George; Keith Carradine e Alison Bruce como o governador e sua esposa; apenas para citar alguns dos coadjuvantes com mais “linhas” no roteiro.
Entre os aspectos técnicos do filme, além da fundamental e diferenciada direção de fotografia já citada, vale citar o excelente figurino de Kirsty Cameron; a trilha sonora de Jonny Greenwood; a edição de Peter Sciberras; o design de produção de Grant Major; a direção de arte de Matt Austin, Nick Connor, George Hamilton e Mark Robbins; e a decoração de set de Amber Richards. Boa parte destes elementos são importantes para nos transportar no tempo e no espaço e ajudar a contar esta história da forma mais convincente possível.
The Power of the Dog estreou em setembro de 2021 no Festival de Cinema de Veneza. Até janeiro deste ano, o filme participou de outros 29 festivais em diversos países. Uma maratona de divulgação realmente impressionante.
Em sua trajetória até aqui, The Power of the Dog colecionou prêmios. Os números são impressionantes. O filme já ganhou 244 prêmios e foi indicado a outros 328, incluindo a indicação em 12 categorias do Oscar – o filme mais indicado do ano. Impossível falar ou mesmo resumir esses 244 prêmios, então vou citar apenas alguns dos principais.
The Power of the Dog ganhou o Prêmio BAFTA (o Oscar inglês) nas categorias Melhor Filme e Melhor Diretora, para Jane Campion; ganhou o prêmio de Melhor Direção no Directors Guild of America (o principal prêmio desta classe artísticas nos EUA); venceu o Globo de Ouro nas categorias Melhor Filme – Drama, Melhor Ator Coadjuvante para Kodi Smit-McPhee e Melhor Diretora para Jane Campion; e Melhor Diretora para Jane Campion no Festival de Cinema de Veneza.
Agora, vale citar algumas curiosidades sobre o filme. Para quem gosta de saber em que local os filmes foram rodados, The Power of the Dog foi filmado nas seguintes cidades da Nova Zelândia: Dunedin, Otago, Oamaru e Auckland.
Para “entrar” no personagem de Phil, o ator Benedict Cumberbatch deixou de tomar banho por duas semanas antes das filmagens começarem. Ele também passou a fumar de forma compulsiva. Outra pessoa que buscou sua própria técnica para “entrar” na personagem foi a atriz Kirsten Dunst. Para embarcar nas cenas em que Rose estava embriagada, a atriz dava diversas voltas em círculo para realmente ficar tonta.
Com The Power of the Dog, Jane Campion se torna a primeira diretora a ser indicada duas vezes ao Oscar na categoria Melhor Diretora.
As filmagens de The Power of the Dog começaram no dia 10 de janeiro de 2020, mas por causa da pandemia de Covid-19 o trabalho teve que ser interrompido, voltando apenas após o dia 22 de junho do mesmo ano.
As lentes Panavision APO Panatar foram usadas pela primeira vez em um longa no filme Ben Hur, de 1959. Elas não foram usadas por décadas, até serem remodeladas para serem utilizadas no filme The Hateful Eight, de 2015. Depois disso, elas foram utilizadas nas produções Rogue One: A Star Wars Story, de 2016; Avengers: Infinity War, de 2018; Avengers: Endgame, de 2019; e, agora, em The Power of the Dog.
Os usuários do site IMDb deram a nota 6,9 para esta produção, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 310 críticas positivas e apenas 21 negativas para o filme – o que lhe garante uma aprovação de 94% e uma nota média de 8,4.
O site Metacritic apresenta o metascore 89 e o selo “Metacritic Must-see” para esta produção. O metascore comentado é fruto de 57 críticas positivas e de uma crítica mediana para o filme. Sem dúvidas, os críticos amaram a produção – mais que o público, aparentemente, se observarmos a aprovação dada no IMDb.
Filme produzido e lançado pela Netflix, The Power of the Dog estreou na plataforma no Brasil, na Itália e nos Estados Unidos no dia 17 de novembro de 2021. Nos dias seguintes, a produção estreou na plataforma em diversos outros países.
The Power of the Dog é uma coprodução dos Estados Unidos com o Reino Unido, o Canadá, a Austrália e a Nova Zelândia.
CONCLUSÃO
Um filme bem feito e muito bem acabado. Bonito visualmente, com uma construção histórica e temporal sem necessidade de retoques. Mas o que The Power of the Dog tem de interessante esteticamente e em seus aspectos técnicos, carece na narrativa. Sim, é um filme cheio de sutilezas, como comentei acima. Com alguma surpresa aqui e ali, mas nada realmente marcante ou que nos faça refletir para além dos créditos finais. Bom, mas um tanto supervalorizado.
PALPITES PARA O OSCAR 2022
Como comentei antes, The Power of the Dog chega no Oscar 2022 como o filme mais indicado da noite. Ele está indicado, conforme comentei neste post, nas seguintes categorias: Melhor Filme; Melhor Ator para Benedict Cumberbatch; Melhor Ator Coadjuvante para Kodi Smit-McPhee e para Jesse Plemons; Melhor Atriz Coadjuvante para Kirsten Dunst; Melhor Fotografia; Melhor Direção para Jane Campion; Melhor Edição; Melhor Trilha Sonora; Melhor Design de Produção; Melhor Som e Melhor Roteiro Adaptado.
Em quais destas categorias, segundo as bolsas de apostas, o filme está bem cotado? Ele é apontado como o favorito nas seguintes categorias: Melhor Filme; Melhor Direção para Jane Campion; e Melhor Roteiro Adaptado. Correndo em segundo lugar, ele aparece nas seguintes categorias: Melhor Ator para Benedict Cumberbatch (o favorito é Will Smith por King Richard); Melhor Atriz Coadjuvante para Kirsten Dunst (a favorita é Ariana DeBose por West Side Story); Melhor Ator Coadjuvante para Kodi Smit-McPhee (o favorito é Troy Kotsur por CODA); Melhor Fotografia (o favorito é Dune); Melhor Edição (o favorito é Dune); e Melhor Trilha Sonora (o favorito é Dune).
Ou seja, se as bolsas de apostas acertarem, The Power of the Dog sairá com três estatuetas das 12 indicações – sendo 11 possíveis de serem recebidas, já que ele tem indicação dupla em Melhor Ator Coadjuvante – que o filme recebeu no Oscar deste ano. Ele teria chances em outras seis categorias – especialmente nas técnicas, porque na dos atores as chances são bem menores. Caso toda as apostas se concretizarem, o grande “rival” do filme será Dune – apontado como favorito em seis categorias, três além das já citadas acima.
O que eu acho de tudo isso? Que o filme, por ter sido tão indicado ao Oscar, deve realmente levar os prêmios citados. Melhor Filme, até prova em contrário, pelo número de indicações recebidas, deve ser dele. Jane Campion, me parece, é favoritíssima. Ficarei feliz por ela, já que ela é uma grande diretora – e nunca ganhou o Oscar por isso. O único Oscar que ela recebeu até hoje foi na categoria Melhor Roteiro Original por The Piano, no Oscar 1994. Na época, ela perdeu o Oscar de Melhor Diretora para Steven Spielberg, premiado por Schindler’s List.
Ou seja, se The Power of the Dog realmente ganhar nas categorias Melhor Diretora e Melhor Roteiro Adaptado, Jane Campion vai se consagrar duplamente neste ano. Como poderia ter sido feito no longínquo 1994. O mundo dá voltas, realmente. Interessante se isso acontecer.
Ficarei feliz por Jane Campion, apesar de achar que The Power of the Dog dificilmente seja o Melhor Filme do ano. Claro que preciso assistir aos outros filmes da lista para realmente poder falar isso. Então bóra ver mais algumas produções concorrentes deste ano! Até o próximo post!
3 respostas em “The Power of the Dog – Ataque dos Cães”
[…] Benedict Cumberbatch (The Power of the Dog) […]
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[…] de The Power of the Dog, produção que comentei por aqui, o roteiro de CODA é um dos destaques do filme. O texto escrito pela diretora Sian Heder, adaptado […]
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[…] Melhor Direção: Jane Campion (The Power of the Dog) […]
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