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CODA – No Ritmo do Coração


Um filme que trata de tantos temas importantes que é até um pouco difícil de defini-lo. Verdade que uma parte de CODA é previsível, nos mostrando um enredo “já conhecido”. Mas o interessante do filme é que ele pega este “roteiro conhecido” e nos mostra para além do que estamos acostumados a ver e a refletir. Um filme surpreendente, emocionante, cheio de carisma e de mensagens importantes. Uma das grandes produções desta temporada.

A HISTÓRIA

No mar aberto, uma embarcação pesqueira aparece em cena. Além do som do mar e das gaivotas, ouvimos uma música tocando. Acompanhando a canção, soltando a voz dentro do barco, está Ruby (Emilia Jones). Ela trabalha separando os peixes acompanhada do pai, Frank Rossi (Troy Kotsur), e do irmão, Leo (Daniel Durant). Conforme acompanhamos os Rossi, percebemos que todos da família são surdos, menos Ruby. Essa é a história da jovem, sua família e suas descobertas no fim do ensino médio.

VOLTANDO À CRÍTICA

(SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a CODA): Nada como escrever sobre um filme logo após assisti-lo. Vi CODA ontem, e já estou escrevendo sobre ele. Devo dizer que há tempos um filme não me emocionava tanto.

Claro que apenas por ver o cartaz do filme, eu já imaginava que ele trataria muito sobre a questão familiar. Depois, vendo a tradução do título original para o mercado brasileiro, já imaginei que a produção trataria bastante sobre a vertente musical. Como quem acompanha o blog há mais tempo sabe, prefiro mergulhar nas produções tentando saber quase nada sobre elas.

Assim, comecei a assistir a CODA desta forma, apenas com algumas “impressões”, mas sem saber nada sobre a história ou o roteiro. E é isso que eu recomendo para vocês. Inclusive parem de ler esse texto e partam já para a parte da Nota e demais partes do conteúdo para não serem influenciados pelas minhas impressões e leituras. Assistam ao filme “desarmados” e sem praticamente informação nenhuma prévia.

Foi assim que eu assisti a CODA. E foi o melhor que eu poderia ter feito. (SPOILER – não leia a partir daqui se você não assistiu ao filme). Quando você assiste a este filme sem saber nada a respeito dele antes, você acaba sendo conduzido pela história da maneira como os realizadores idealizaram. Assim, logo de cara, ficamos fascinados pela questão da música e do som neste filme. Até que a história nos surpreende com o que é importante para parte importante do elenco central desta trama: o silêncio.

Se olharmos com uma lupa para esta produção, inicialmente ela parece um tanto “juvenil” ou “pueril”. Afinal, a história começa nos apresentando uma jovem que vive todos os dramas de boa parte das adolescentes americanas desta geração.

Entre outras questões, ela sofre bullying, divide os dias entre a escola e o trabalho no barco que é o sustento da família, e não sabe muito bem como lidar com a paixão platônica que tem por um garoto do colégio que, aparentemente, não dá bola pra ela.

Algo interessante desta produção é como ela começa nos apresentando uma realidade aparentemente “comum” e conhecida, sob a perspectiva da adolescente e seus dilemas, mas acaba se aprofundando nos temas apresentados. E sem grandes discursos, mas de forma natural.

Assim, partimos do contexto que eu comentei antes para, pouco a pouco, mergulharmos na história daquela família de surdos que tem a caçula como a única pessoa que consegue ouvir e se comunicar sem ser com a língua de sinais. Conforme avançamos na história, muito bem conduzida pela diretora e roteirista Sian Heder, vamos acessando a outras camadas dramáticas e temas da produção. Vou tratar dos principais abaixo.

(SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme ainda). Para começar, temos aqui um isolamento social absurdo e ao mesmo tempo um bocado realista. A família Rossi é, aparentemente, a única surda da comunidade. Assim, eles vivem um bocado isolados, praticamente sem inserção alguma, e tratados como “freaks” (“aberrações”) por alguns cretinos, como o sujeito do bar que resolve brigar com Leo (Daniel Durant).

Conforme este isolamento vai ficando evidente, a importância de Ruby na família fica ainda mais evidente. Por ser a única que verbaliza o que pensa e o que sente em inglês, ela acaba sendo a porta-voz dos pais e do irmão em diversas situações. Especialmente nas questões envolvendo a indignação deles com a exploração dos pescadores da localidade.

Assim, a família se acostumou a ser “dependente” de Ruby. Isso nem é questionado, seja pela adolescente, seja por qualquer outra pessoa. Até que Ruby tem uma oportunidade única de ser preparada para concorrer a uma vaga na prestigiada e concorridíssima Faculdade Berklee de Música.

Daí entram em cena outras questões delicadas envolvendo o ambiente familiar. Em certo momento, a mãe de Ruby, Jackie (Marlee Matlin), questiona a filha de o porque dela escolher justamente cantar para se sobressair. Ruby encara a mãe e questiona a “rivalidade” entre elas.

Relações de mães e filhas – e entre filhas e pais – podem ser e, geralmente são, complexas. Existe sim, algumas vezes, certa “rivalidade”, alguma concorrência e disputa e, geralmente, chantagens emocionais. Ruby não tem culpa de ter nascido com a capacidade de ouvir em uma família de surdos e nem de ter talento para o canto.

Ainda assim, é claro, é de cortar o coração pensar que os pais da jovem não podem ouvir o talento da filha, entender de forma completa como ela é diferenciada. Quando temos a sequência da apresentação de final de ano dela no colégio, percebemos o quanto é injusto eles não estarem inseridos realmente naquela plateia – algo que será corrigido no final.

Não vou mentir para vocês. Chorei muito com a sequência do retorno da família para casa, após a apresentação no colégio, quando Frank (Troy Kotsur) pede para a filha cantar para ele. Naquele momento, ao tocar nas cordas vocais da filha e no seu rosto, ele consegue perceber o talento dela. E se enche de orgulho e felicidade. Que cena, meus amigos, que cena!

Então temos, conforme CODA se desenvolve, aquele cenário complexo que é vivenciado por quase toda a família. O filme trata muito sobre família, amor, aceitação, pertencimento, diálogo, dedicação, desprendimento e doação. Ainda que exista alguma falta de entendimento aqui e ali, o que é normal entre pais e filhos, o que fala mais alto ali é o amor e o desejo que o outro seja feliz.

Ruby se sente responsável pela família por ser a única que consegue se comunicar com o “mundo exterior” sem nenhuma barreira de entendimento. Mas esse é um fardo pesado demais para uma garota, uma jovem que ainda está se descobrindo na vida. Muitos caçulas passam por isso, pelo peso de serem responsáveis pelos pais quando eles envelhecem e ficam mais “dependentes”. Não vou questionar aqui se isso é justo ou injusto, porque tudo passa por doação, amor e etc. Mas que o fardo é pesado, muitas vezes, isso ninguém pode negar.

Então esta jovem, que sente e que inicialmente parece não se importar tanto com este peso todo nas costas, pouco a pouco começa a sonhar com algo maior. Incentivada pelo professor de música do colégio, Bernardo Villalobos (Eugenio Derbez), e encarando o talento que tem, ela resolve dar voos bem mais altos. Inicialmente, isso parece impossível, pela situação complicada em que a família se encontra. Mas, no final, fala mais alto a vontade dos pais e do irmão de Ruby em vê-la feliz e fazendo o que ama.

A família também faz sacrifícios uns pelos outros. É considerado natural que os pais se sacrifiquem pelos filhos no início, para que eles possam estudar e se desenvolver e que, em certo momento da vida dos pais, quando eles precisam de apoio dos filhos, eles recebam este retorno. A questão que CODA apresenta é que pelos pais de Ruby e Leo terem uma deficiência e não se sentirem inseridos na comunidade em que vivem, a educação de Ruby pode ser prejudicada porque ela precisaria, desde jovem – e desde sempre, podemos considerar -, sacrificar-se por eles.

Ruby faz isso com gosto, mas isso não a impede de sofrer. Daí entramos em um tema importante do filme – e que é tratado com naturalidade, sem “discursos”: será mesmo que todo o “sacrifício” deve ser feito apenas por Ruby? Uma comunidade razoavelmente saudável deveria se preocupar com todos os seus membros, não é mesmo? Então parece incrível que praticamente ninguém se esforce em inserir os Rossi e de tentar entendê-los para além das dificuldades de comunicação que eles e quem não fala a língua de sinais possam ter.

Quando o filme tem o encaminhamento que ele tem, esse cenário começa a mudar. Finalmente! Ah sim, e o filme aborda uma questão familiar muito comum e que não comentei antes: a dor e a dificuldade vivenciada pela “síndrome do ninho vazio”. Ruby é a caçula da família, mas será a primeira a sair de casa. E isso traz tristeza e uma certa dificuldade de aceitação, principalmente por parte de Jackie.

Ainda que mãe e filha tenham as suas diferenças, está claro que Jackie resiste à ideia da filha partir. E isso não passa apenas pela dependência que a família criou com Ruby sendo a “intérprete” deles para o mundo exterior. Essa resistência passa pelo fato da mãe não querer ver a filha longe. Esse processo é vivenciado por muitas famílias e já foi abordado por vários filmes, mas aqui ele ganha uma “gravidade” maior pelas dificuldades e barreiras únicas desta família de surdos que está buscando tocar um negócio próprio pela primeira vez na vida em uma comunidade que ainda não se adaptou a eles.

Toda essa história, rica em camadas e na sua narrativa, encanta pela condução da diretora e roteirista e, principalmente, pelo trabalho impecável dos atores. Todos estão excelentes, mas com destaque para o carisma e o trabalho da protagonista, vivenciada por Emilia Jones. Ela está perfeita! Sua voz, assim como as escolhas musicais deste filme, são perfeitas. Enfim, uma produção que emociona, que faz pensar e que nos conduz em uma narrativa envolvente e com atores que fazem um trabalho excepcional.

Além disso, o filme tem algumas cenas marcantes, desta que vamos levar na lembrança por um bom tempo. Comentei já a cena entre pai e filha, assim como a cena do teste de Ruby em Berklee, mas existem também algumas sequências entre Ruby e seu par romântico, Miles (Ferdia Walsh-Peelo), realmente tocantes e bem feitas, bem planejadas, com destaque para quando eles vão ensaiar sozinhos no quarto da garota e, tímidos um com o outro, acabam cantando a música em dueto de costas. Que fofos!

Enfim, este é um daqueles filmes singelos, bonitinhos, que dificilmente não vão fazer você sorrir, ser embalado por boa música, se emocionar e, possivelmente, sair melhor da experiência após o fim. Se, além disso, esta produção ainda fizer a gente e o restante da sociedade se conscientizarem um pouquinho mais de que é direito de todos conseguirem se fazer ouvir e entender, melhor ainda.

Mas, para não dizer que tudo é perfeito, admito que tem algo que me incomodou um pouco nesta história. A ponto de, depois de ter assistido ao filme, e refletindo sobre ele, ter pensado se eu não deveria reduzir a nota abaixo em três ou quatro décimos. Certo que Ruby era uma peça importante na família Rossi porque eles se acostumaram a ela ser a “intérprete” de Frank, de Leo e de Jackie.

Mas ela era a caçula da família, certo? Tinha alguns anos a menos que Leo. Antes dela nascer e antes dela começar a falar, como eles se viravam? Certamente eles conseguiam se comunicar de alguma forma para fazerem suas atividades básicas, como pescar e vender a produção, fazer compras, entre outras atividades. Frank comenta que o pai e o avô dele também eram pescadores. Claro que por parte da vida ele, ele acompanhava os patriarcas nesta lida. Mas não sabemos se eles também eram surdos, e como era a vida deles antes.

De qualquer forma, certamente, antes de Ruby vir ao mundo, os Rossi tinham que se “virar” e conseguiam se comunicar de alguma forma. Por que isso se perdeu depois? Esta é uma questão que acabou não sendo abordada no filme e que acabou ficando no vácuo, o que prejudica um pouco a história, me parece. Enquanto CODA está sendo apresentado, isso não chega a incomodar, mas depois que pensei na história, sim. Ainda assim, decidi que não vou dar desconto na nota do filme. Realmente fiquei encantada com esta produção e vou dar a nota abaixo pra ela.

NOTA

10.

OBS DE PÉ DE PÁGINA

Vou começar essa seção comentando sobre o título do filme. Entendo que traduzir o título original seria um tanto “complicado”, pelo que CODA significa, mas admito que achei “No Ritmo do Coração” um tanto piegas. Não sei, mas não acho que seja um título atrativo ou mesmo que faça uma referência tão verdadeira e interessante para a história do que o título original da produção. Mais uma adaptação ruim, me parece.

Muito interessante a escolha do título original, diga-se de passagem. CODA tem duplo significado, e tudo a ver com a história desta produção. Uma das interpretações de CODA, conforme este site explica, é que ele faz referência à sigla para Children of Deaf Adults, organização internacional que faz referência aos filhos ouvintes de pais surdos. Outra interpretação para coda é explicado pelo Dicionário Cambridge: coda, na referência musical, se refere a uma peça musical que faz parte do final de uma peça musical mais longa. Geralmente essa peça está separada da estrutura básica e, muitas vezes, é a parte mais difícil de ser executada, tecnicamente, do que o restante da peça. Interessante, não? Tudo a ver com o filme.

Diferente de The Power of the Dog, produção que comentei por aqui, o roteiro de CODA é um dos destaques do filme. O texto escrito pela diretora Sian Heder, adaptado do roteiro escrito por Victoria Bedos, Stanislas Carré de Malberg, Éric Lartigau e Thomas Bidegain para o filme La Famille Belier, tem ótimas sacadas.

Achei o filme muito atual, a exemplo de Verdens Verste Menneske. CODA tem um texto inteligente, com diversas sequências divertidas, com diálogos entre diversos personagens bem diretos e sem “papas na língua”, especialmente diversas conversas entre Ruby e Frank, além de uma boa dose de emoção e de controvérsias. CODA é centrado na narrativa e no olhar da adolescente Ruby. Assim, é natural que ela aja como uma adolescente, com tudo que isso significa – desde a admiração até os questionamentos sobre os pais, a família e sua realidade.

Ruby chega a ter uma certa “vergonha” da casa onde mora, mas logo ela recebe outra perspectiva por parte de Miles. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Enquanto ela tem vergonha do barulho que a família faz, especialmente dos pais quando fazem sexo, Miles comenta que ao menos eles se amam e manifestam esse amor e essa alegria, enquanto na casa dele o que existe é ausência e falta de relacionamento. De fato, algumas vezes nos falta um pouco de perspectiva e de olhar para além do nosso quintal para perceber o quanto nossa família é boa e tem qualidades e o quanto o nosso lar é cheio de vida e de afeto. Mais uma reflexão interessante que este filme provoca no público.

Além do roteiro de CODA, outro ponto de destaque desta produção é a direção de Sian Heder. Ela tem uma visão diferenciada e muito atenta aos detalhes da interpretação de seus atores, além de valorizar o cenário em que eles vivem – claro que o foco no entorno é menor do que no já citado The Power of the Dog. Mas a dinâmica de filmagens e de narrativa de CODA convence e conduz o público com eficiência. Um bom trabalho de Sian Heder.

Aos 44 anos de idade, Sian Heder tem uma carreira diversificada, tendo 11 trabalhos no currículo como atriz, sete como roteirista e nove como diretora. Na direção, ela estreou em 2006 com o curta Mother. O primeiro longa que ela dirigiu veio 10 anos depois, em 2016, Tallulah, estrelado por Ellen Page e por Allison Janney. Fiquei com vontade de assistir a mais trabalhos dela. Vou atrás.

Além do roteiro, que achei diferenciado, o outro grande destaque do filme é o elenco. Que trabalho excepcional dos atores envolvidos na trama! Destaque, em especial, para o trabalho impecável e cheio de carisma de Emilia Jones, que interpreta Ruby, e do ator que interpreta o pai dela, Troy Kotsur. Eles fazem um trabalho marcante e convincente do início ao fim.

Fiquei fascinada por Emilia Jones. Essa atriz inglesa que fez 20 anos há pouco, no dia 23 de fevereiro, tem 21 trabalhos no currículo como atriz. Ela começou a carreira em 2011 com a série de TV House of Anubis e, no mesmo ano, participou dos longas Pirates of the Caribbean: On Stranger Tides e One Day. Não lembro de ter visto ela em cena antes, então calculo que CODA seja o melhor papel de sua carreira até aqui.

Junto com eles, fazem um belo trabalho Daniel Durant como Leo, irmão mais velho de Ruby; e Marlee Matlin como Jackie, mãe de Leo e Ruby. Eles são os destaques da produção. Em papeis menores, mas fazendo um bom trabalho, ainda que sem o destaque dos anteriores, está Ferdia Walsh-Peelo como Miles, estudante do ensino médio, parceiro de coral da protagonista e “crush” dela; Amy Forsyth como Gertie, melhor amiga de Ruby; e Eugenio Derbez como Bernardo Villalobos, professor de música e coordenador do coral do colégio e principal incentivador de Ruby.

A música, claro, é algo fundamental neste filme. Excelente as escolhas das canções que ganham destaque na trama – elas tem significado importante para a história. Além da escolha certeira das canções, a trilha sonora que ajuda a dar ambientação para a história também é um ponto importante. Destaque, neste sentido, para o trabalho de Marius De Vries.

Entre os aspectos técnicos da produção, vale citar o bom trabalho de Paula Huidobro na direção de fotografia; de Geraud Brisson na edição; de Diane Lederman no design de produção; de Paul Richards e Jeremy Woolsey na direção de arte; de Vanessa Knoll e de Amy Morrison na decoração de set; e de Brenda Abbandandolo nos figurinos.

Como comentei antes, CODA é baseado no roteiro de outro filme, La Famille Bélier. Esta outra produção, de 2014, francesa e com coprodução da Bélgica, foi dirigida por Éric Lartigau, que é um dos roteiristas do filme. A ideia original de La Famille Bélier foi de Victoria Bedos, que desenvolveu o argumento para uma peça teatral, junto com Stanislas Carré de Malberg. Depois, Éric Lartigau e Thomas Bidegain levaram a história para os cinemas. Pelo que eu vi do trailer do filme francês, boa parte de CODA é inspirado na produção original. A diferença é que a família da produção francesa vive da agricultura e da produção de queijos, enquanto a família de CODA vive da pesca.

CODA estreou em janeiro de 2021 no Festival de Cinema de Sundance. Até março deste ano, o filme participou, ainda, de outros seis festivais de cinema. Na internet, ele estreou na maioria dos países, incluindo Brasil e Estados Unidos, no dia 13 de agosto de 2021.

Em sua trajetória até aqui, CODA recebeu 53 prêmios e foi indicado a outros 142, incluindo três indicações ao Oscar 2022: Melhor Filme, Melhor Ator Coadjuvante para Troy Kotsur e Melhor Roteiro Adaptado. Entre os prêmios que recebeu, destaque para o BAFTA de Melhor Roteiro Adaptado e de Melhor Ator Coadjuvante para Troy Kotsur; para o Screen Actors Guild Awards de Melhor Ator Coadjuvante para Troy Kotsur e de Melhor Elenco de Filme; e para quatro prêmios no Festival de Cinema de Sundance: Melhor Filme Drama, Melhor Direção Drama, Melhor Filme segundo a Audiência e Melhor Elenco segundo o U.S. Dramatic Special Jury Award.

Agora, vale citar algumas curiosidades sobre esta produção. A atriz Emilia Jones se dedicou para aprender, durante nove meses, a língua de sinais americana, além de ter se dedicado, no mesmo período, em aulas de canto e para aprender a operar uma traineira de pesca.

Como as cenas de pesca envolviam pesca real, o elenco e a equipe de filmagens tiveram que seguir as regras de pesca locais. Em um dia de filmagem, por exemplo, eles realmente tiveram que levar um observador com eles. Neste mesmo dia eles precisaram remover um dos membros da tripulação do barco já que é permitido ter, no máximo, 10 pessoas em uma embarcação como aquela.

Uma pergunta que talvez vocês se fizeram enquanto assistiam ao filme: se os atores que interpretam os personagens surdos são, de fato, surdos. Sim, confirmei que sim. Diferente do filme francês no qual a produção é baseada, em CODA os personagens da família central da trama que são surdos são interpretados por atores surdos. Acho que este é um ponto fundamental para dar maior legitimidade para a produção.

Os usuários do site IMDb deram a nota 8 para CODA, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 253 críticas positivas e 13 negativas para a produção – o que lhe garante uma aprovação de 95% e uma nota média de 7,9. O site Metacritic, por sua vez, apresenta um “metascore” 74 para o filme, fruto de 36 críticas positivas e de nove críticas medianas.

De acordo com o site Box Office Mojo, CODA arrecadou US$ 1 milhão nas bilheterias dos cinemas mexicanos. Não há informações sobre o resultado do filme nos cinemas de outros países.

CODA é uma coprodução dos Estados Unidos com a França e o Canadá. A produção foi filmada no local em que a história é ambientada: em Gloucester, no estado americano de Massachusetts.

CONCLUSÃO

Um filme cheio de música e que trata sobre família, doação, pertencimento, inclusão/exclusão, a busca de sonhos e a descoberta sobre si mesmo. CODA também aborda processos difíceis, como a cobrança que os filhos tem de serem responsáveis e/ou ajudarem aos pais ao mesmo tempo em que os pais buscam sobreviver em cenários agrestes e também se sentem responsáveis pelos filhos. Compromisso mútuo é algo que o filme aborda muito bem. Com ótimos atores e uma condução envolvente, CODA emociona e faz pensar sobre temas importantes com naturalidade. Uma bela produção desta temporada. Eu recomendo.

PALPITES PARA O OSCAR 2022

Como comentei antes, CODA está indicado em três categorias do Oscar. Ele tem chances em quais categorias? Segundo as bolsas de apostas, o filme deve ganhar apenas uma estatueta: como Melhor Ator Coadjuvante para Troy Kotsur. Ele é o favorito. Em segundo lugar, mas bem atrás nas apostas, aparece Kodi Smit-McPhee (The Power of the Dog).

Aliás, The Power of the Dog é o filme a ser batido por CODA. Segundo as bolsas de apostas, o filme dirigido por Jane Campion é o favorito nas outras duas categorias em que CODA busca por reconhecimento: Melhor Filme e Melhor Roteiro Adaptado. Ou seja, caso o favorito da noite deslizar em alguma destas categorias, CODA estaria em segundo lugar na preferência de quem aposta no Oscar.

Para o meu gosto, como quem acompanha o blog a cada nova publicação já notou, CODA deveria ser o favorito. Acho um filme mais completo, mais sensível e mais interessante que The Power of the Dog. Mas, como eu não decido nada do Oscar… hahahahaha. Vamos ver se vai dar o óbvio.

Se der o óbvio, CODA sairá apenas com o prêmio de Melhor Ator Coadjuvante. O que já será um prêmio imenso para Troy Kotsur, é claro. Este seria o primeiro Oscar para o ator que tem 16 trabalhos no currículo e 18 prêmios recebidos até aqui. O Oscar seria o ponto alto de sua carreira e um estímulo imenso para atores surdos, pouco reconhecidos por seus trabalhos como intérpretes no cinema – e em Hollywood, em especial.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 20 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing e, atualmente, atuo como professora do curso de Jornalismo da FURB (Universidade Regional de Blumenau).

3 respostas em “CODA – No Ritmo do Coração”

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