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Biutiful


Um grande diretor, um ator sempre acima da média e uma Barcelona que poucos conhecem. Biutiful mistura estes três elementos em um drama com toques sobrenaturais, reflexão sociológica ligeira, dureza argumentativa e um leve toque de esperança. No melhor estilo “a vida como ela é”, o diretor Alejandro González Iñarritu presta homenagem aos antepassados com esta produção que busca, de forma bastante inusitada, destacar a importância dos laços familiares e das origens que cada um de nós possui. Sem dúvida um filme diferente, que retrata uma Espanha que não é vista pelos turistas, mas por aqueles que convivem diariamente com diferentes formas de exploração nos bairros e subúrbios de cidades como Barcelona. Vale pela curiosidade e por uma ou outra reflexão, muito mais que por um resultado final realmente arrebatador ou instigante.

A HISTÓRIA: Uma mão diminuta mexe em um anel que ocupa todo o dedo mínimo da mão de um homem. A voz de uma menina pergunta para aquele homem se o anel é de verdade, e ele responde que sim, que a joia foi um presente do pai para a mãe dele. Ela pergunta porque ele está com o anel, e ele responde que é porque o avô da menina deu a joia para a mãe dele antes de sair da Espanha. Depois disso, a mãe dele, que estava grávida, nunca mais teria visto o marido. A menina então pede para colocar o anel no dedo, e ele deixa, antes dela comentar que a mãe sempre usava o objeto no dedo anelar e que afirmava que a joia era de mentira. Corta. Em um bosque cheio de neve, uma coruja aparece estirada sobre o cenário branco. A voz de Uxbal (Javier Bardem) segue contando para a filha, Ana (Hanaa Bouchaib), que a mãe da garota nunca ouviu aquele som, o de mar. Depois destas cenas, passamos a acompanhar a vida de Uxbal e a sua luta para criar Ana e Mateo (Guillermo Estrella), os filhos que ele teve com a instável Marambra (Maricel Álvarez). Faz parte do cotidiano de Uxbal, além da educação e da busca do sustento dos filhos, negociações com imigrantes ilegais e policiais, tratativas para a venda de um espaço no cemitério onde foi sepultado o pai dele e a relação muito próxima que este espanhol tem com a morte.

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso só recomendo que continue a ler quem já assistiu a Biutiful): Curioso que Biutiful sofre, como outros filmes que concorreram ao Oscar deste ano, com um certo problema de “amarra” argumentativa. A exemplo do que aconteceu com Haevnen, que arrebatou o prêmio de Melhor Filme em Língua Estrangeira, com este filme de González Iñarritu se percebe uma junção de histórias amarradas de forma meio displicente e/ou forçada como tentativa de montar um quadro de realidades complexas. Algumas vezes essa fórmula pode dar certo, como ocorreu anteriormente com Short Cuts, Magnolia, Babel e outras produções, mas isso não funcionou tão bem com Biutiful e Haevnen.

Certo, não é difícil entender que o diretor mexicano e talentoso Alejandro González Iñarritu não queria, com Biutiful, apenas contar um drama humano. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Se torna evidente que ele queria transcender da história da proximidade da morte de Uxbal e tudo que essa “trajetória” significou para o personagem e retratar também a doença de uma sociedade em que as pessoas são tratadas como antigamente, em castas muito bem definidas. Biutiful trata, desta forma, não apenas da doença física de uma pessoa, mas da sua enfermidade moral e, junto com ela, da doença de um coletivo.

Beleza. Isso nós podemos entender e achar, talvez, interessante. A intenção é boa. Mas francamente, todas as histórias exploradas pela produção se mostram necessárias? (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Francamente, eu acho que não. Como aconteceu com Haevnen, Biutiful sofre com excessos. Os dois filmes teriam sido bem mais interessantes se eles tivessem escolhido o caminho da simplicidade. Não eram necessárias tantas histórias paralelas. Para que, exatamente, explorar tanto a fragilidade da personagem de Marambra ou a sua relação com Tito (Eduard Fernández)? Ou porque debruçar-se sobre a história de infidelidade de Hai (Cheng Tai Shen)?

A razão deve ser a mesma de quando um jornalista tenta contar um pouco mais a história de uma pessoa que foi vítima de um acidente, além do óbvio ululante de contar a história do que aconteceu: tornar aquele fato menos impessoal e mais “humano”. Certo, a razão está clara. Mas sempre é preciso pensar se essa “humanização” da história terá o efeito desejado. Faz diferença, realmente, o que Hai faz longe da vista dos empregados e da família? Interessa, muito, que Lili (Lang Sofia Lin) fosse a babá dos filhos de Uxbal nas horas vagas? Talvez apenas para tornar a culpa do protagonista ainda maior. Mas esse fato, propriamente, não “aprofundou” muito a personagem chinesa ou tornou ela muito diferente dos demais imigrantes de sua etnia que são retratados na produção.

Então para que gastar tanto do tempo do filme traçando estas questões? Não teria sido mais interessante aprofundar em alguns outros aspectos da história? (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Por exemplo, eu acharia mais interessante sabermos mais sobre o passado de Uxbal, o que aconteceu com ele e com Marambra além do que é sugerido – de que ela, por ser bipolar, tenha passado por tratamentos, sem contar a dependência química. Mas e ele, o que ele fez até ali? Há quanto tempo ele vivia de explorar a fragilidade de outras pessoas – sejam elas imigrantes ilegais ou pessoas que perderam algum ente querido. Aliás, quando e como ele descobriu a “vocação” para lidar com os mortos?

A ótima atriz Ana Wagener é pouco explorada na história como a personagem de Bea, uma medium que é clara em dizer que o dom que eles tem não deve ser utilizado para conseguir dinheiro. Mas esta personagem, por exemplo, que é mais importante na vida do protagonista do que outros que aparecem no filme, tem pouco de sua história explicada. Então a regra de “aprofundar nos dramas humanos” não vale para todos. Na verdade, é usada de maneira bastante desigual – e, volto a repetir, de uma forma um pouco confusa, sem uma real motivação ou mesmo contribuição para que a história se torne mais interessante. Outro personagem que tem um pouco de sua história/perfil explorado, mas sem grande contribuição para o filme, é o do policial Zanc (Rubén Ochandiano).

Bem, se nem todos os personagens e a exploração de seus dramas se justifica como algo que contribua para a história se tornar mais densa ou interessante, isso são falhas do roteiro assinado por Iñarritu, Armando Bo e Nicolás Giacobone. Por outro lado, os temas propostos pela produção se mostram interessantes – ainda que eles sejam explorados de forma um pouco confusa. (SPOILER) Pela ótica dos roteiristas, todos são infiéis, de alguma forma. Algumas vezes, sexualmente – como é o caso de Marambra e Hai. Outra vezes, moralmente – como ocorre com Uxbal, o policial Zanc, o chefão dos esquemas de exploração, inclusive o uso de mão de obra ilegal na construção civil Mendoza (Karra Elejalde), entre outros. A impressão é que todos estão corrompidos, de alguma forma, e que apenas a morte pode trazer algum reconforto. Ainda assim, Uxbal quer manter-se vivo, especialmente porque ele tem medo de ser esquecido – e de não viver o que gostaria de viver com os filhos.

Sem dúvida o peso desta perspectiva torna os dias do protagonista bastante doloridos. Mas mesmo com tanta desgraça, exploração e infidelidade, Biutiful mostra pelo menos algo interessante: o elo que une as diferentes gerações de uma família, e de como nos aproximamos muito mais dos nossos antepassados quando refletimos, com um pouco mais de tempo, sobre nossos próprios sonhos, características e herdeiros. O antigo e o novo se aproxima, desta forma. E torna cada indivíduo mais completo. Esta talvez seja a ideia mais interessante de Biutiful, e a que consegue ser melhor explorada por seus realizadores. Outras questões, como a “crítica à sociedade que explora”, poderia ter sido melhor trabalhada.

Falando nisso, claro que todo o roteiro de Biutiful é construído para que os espectadores simpatizem e se solidarizem – para não dizer que sintam pena – com o personagem de Uxbal. (SPOILER). Mas francamente, acho bastante difícil não indignar-se com ele. Afinal, ele explora as pessoas até o final, capturando até o futuro de Ige (Diaryatou Daff), tornando as escolhas dela quase impossíveis. Injusto. Mais uma exploração feita pelo protagonista – dentre outras tantas. Ok, alguém pode dizer que todos nós somos humanos e, por isso, erramos. Mas quanto mais uma pessoa conhece sobre as coisas – e no caso de Uxbal, ele tinha bastante conhecimento sobre a vida e a morte, sobre certo e errado -, maior a responsabilidade dela ao escolher caminhos equivocados. Claro que o perdão está aí para redimir a todos nós, mas nem por isso é de se bater palma para o que assistimos no filme. A busca pelo caminho do bem é cotidiana, e sempre que nos afastamos dele, nos aproximamos mais das sombras que tanto pertubavam Uxbal. Nada escapa da lógica da vida e da morte. E ainda assim, sempre há reencontros e a possibilidade da redenção. Por isso, mesmo com toda a imperfeição retratada pelo filme – e a convicção errada plasmada na palavra Biutiful -, existe sim beleza e esperança. O resumo está no título, pois.

NOTA: 8.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Alguém pode me perguntar: “Mas e aí, na Espanha as coisas são do jeito que Biutiful mostra? Chineses e africanos são explorados sem dó nem piedade? Os policiais são corruptos? Existe uma máfia que se beneficia dos imigrantes ilegais?”. Vou falar, como sempre, do que eu vi: sim, há redes de exploração de imigrantes. Eles ocupam sempre os espaços marginais em cidades como Madrid. Estão lá, vendendo DVDs com filmes pirata, ocupam ruas e lojas em que comercializam os mais diferentes produtos “alternativos”. Os espanhóis vão lá, compram estes produtos, mas deixam claro que aquelas pessoas são “invasores”.

Não sei como hoje está o clima entre “nativos” e os imigrantes ilegais. Com um nível de desemprego maior, muita gente no “paro” (recebendo seguro desemprego) e pouca oportunidade de trabalho, eu imagino que o clima piorou. Não sei se continuam chegando “bateras” (embarcações pequenas e normalmente precárias) com imigrantes ilegais africanos na costa Sul da Espanha. Imagino que sim. Porque tanto para chineses quanto para africanos, como bem mostra Biutiful, mesmo a exploração na Espanha é melhor do que as condições de vida que eles tem, muitas vezes, em seus próprios países.

Nas ruas de Madrid, à noite, as pessoas costumam recorrer aos “chinos” (como são chamados os chineses) para comer após “salieren de fiesta” (saírem de festa, de bar em bar). Nesta hora, os “chinos” são bacanas. O mesmo nos sábados e domingos, quando muitos comércios tradicionais estão fechados, e há sempre “un chino” aberto para vender fones de ouvido, MP3 e os mais diferentes artigos em lojas espalhadas por quase todos os bairros. Nesta hora, esses imigrantes – muitos legais, outros tantos “sin papeles”/ilegais – são bastante úteis. Assim como os africanos que vendem “paraguas” (guarda-chuvas) nas ruas quando o clima está castigando os desprevenidos. Mas no restante do tempo, para os espanhóis – e acredito que franceses, e outras nacionalidades que se vêem “invadidas” pelos ilegais -, essas pessoas são indesejáveis.

Lamentável o conflito cotidiano entre as pessoas que se sentem donas de uma terra e de uma realidade e aquelas que tiveram que deixar os seus países, suas famílias e raízes para buscar uma melhor oportunidade de vida. No curso que fiz, em Madrid, falamos muito sobre xenofobia e como a mídia tratava esses temas de imigração. Estar atento aos absurdos e responder a eles é algo fundamental. Seja no país que for, com o desenvolvimento e as relações que se forjarem em cada local. Sobre corrupção policial ou “vistas grossas” de autoridades para o problema eu não posso falar, mas eu imagino que exista. E há, sem dúvida, uma rede que explora estas pessoas, seja na construção civil, nas ruas das cidades ou através da prostituição. Há muita gente ganhando dinheiro com a falta de perspectiva e a fragilidade de outras pessoas.

O diretor e os roteiristas misturam drama com um pouco de suspense, carga policial e sobrenatural. O resultado é um filme tenso quase todo o tempo, com algumas “baixadas” de ritmo aqui e ali e uma velocidade constante até o final. Eventualmente ele pode parecer um pouco arrastado, mas consegue manter o interesse do espectador até o final.

Para reforçar o clima “pesado”, um pouco cru e estranhamente “sobrenatural” da história, o diretor de fotografia Rodrigo Prieto fez uso de lentes que reforçam o azul e o cinza, tornando as imagens mais “agrestes”. O mexicano Prieto é um dos grandes diretores de fotografia atuantes no mercado. Ele foi responsável pela “alma” de filmes como Babel, 21 Grams, Amores Perros, State of Play, Los Abrazos Rotos, Frida, entre outros. Antigo colaborador de Iñarritu, como se pode notar pela lista.

Falando no diretor, quem acompanha a sua carreira sabe que ele gosta de histórias fragmentadas e que questionam algumas “situações dadas” da realidade. Para mim, ele é um dos grandes diretores de origem latina e que souberam manter-se criativos em Hollywood. Biutiful não é o melhor de seus filmes mas, ainda assim, é uma produção com a marca do diretor e com os diferenciais que isso significa. Ele merece todo o respeito, não há dúvidas.

Da equipe técnica de Biutiful, vale destacar o trabalho competente do editor Stephen Mirrione e a trilha sonora bastante pontual e pouco expressiva de Gustavo Santaolalla.

Biutiful é uma homenagem do diretor ao pai, Héctor González Gama, citado nos créditos finais do filme. Em Amores Perros e 21 Grams o pai do diretor tinha sido citado nos agradecimentos.

E uma curiosidade sobre a produção: Iñarritu demorou 14 meses para editar Biutiful. Um prazo bastante longo e que talvez sinalize a dificuldade do diretor em encontrar um resultado satisfatório para a produção.

Biutiful foi rodado em Barcelona, onde se passa a história, e também no Monte de San Donato Berain e na Sierra de Abodi, ambos pertencentes a Navarra, na Espanha.

Essa produção estreou em maio de 2010 no Festival de Cannes. Depois, Biutiful passou por outros 12 festivais, incluindo os de Toronto, Londres, Estocolmo, Oslo, Jacarta e Dubai.

Até o dia 5 de junho deste ano, esta co-produção entre México e Espanha tinha faturado pouco mais de US$ 5,1 milhões nos Estados Unidos. Um resultado baixo, se levarmos em conta que Biutiful foi indicado a dois Oscar e tem nomes como Javier Bardem e Iñarritu como chamarizes.

Falando em premiações, Biutiful saiu de mãos vazias do Oscar, onde concorreu como Melhor Filme em Língua Estrangeira e com Bardem na categoria Melhor Ator. Mas recebeu 11 prêmios, até agora, e foi indicado a outros 22. Entre os que embolsou, destaque para os prêmios de Melhor Ator para Bardem no Festival de Cannes e no Prêmio Goya, da Espanha. Biutiful também foi considerado o melhor filme estrangeiro de 2010 pela votação das associações de críticos de Washington DC, Phoenix e Dallas-Fort Worth.

Os usuários do site IMDb deram a nota 7,5 para Biutiful. Os críticos que tem os textos linkados no site Rotten Tomatoes foram menos generosos: eles dedicaram 86 críticas positivas e 50 negativas, o que rendeu para a produção uma aprovação de 63% – e uma nota média de 6,4. Interessantes que críticos respeitados, como Peter Howell, Tom Long, Steven Rea e Lisa Kennedy publicaram críticas positivas para a produção – o que dá uma certa moral para Iñarritu.

Sobre o filme, o diretor disse o seguinte: “às vezes nossas vidas são assim: fraturadas, saturadas, emocionalmente eletrizantes e, até nos deixar sem fôlego, belas”. No site oficial da produção, ele ainda fala sobre a necessidade, após filmar Babel, de produzir um filme que tivesse apenas um personagem central e uma linha narrativa direta – e não fragmentada, com idas e voltas no tempo. Iñarritu disse que se Babel pudesse ser comparada com uma ópera, Biutiful seria mais um réquiem, um adágio. O diretor também classifica Biutiful como uma tragédia, a tentativa de “um poema sórdido sobre um homem que está se iluminando enquanto cai no escuro poço da morte”. E o diretor segue com uma longa explicação sobre as suas intenções com este filme. Para quem se interessar, esta lá no site oficial, em espanhol.

Ah sim, e para não dizer que não falei de flores: sim, Javier Bardem mereceu os prêmios que recebeu como melhor ator por este filme. Eis mais uma produção em que ele faz um grande trabalho. Ainda que, pela história ter sido construída totalmente sobre o personagem dele, e com a carga emotiva, dramática e de “doença” que a história abriga, era mais que esperado que o ator que interpretasse a Uxbal se destacasse. Por isso mesmo que eu acho, por exemplo, que foi merecido o Colin Firth ter recebido o Oscar este ano. Bardem está bem, mas ainda prefiro a interpretação de Firth, do James Franco e do Jesse Eisenberg em seus respectivos filmes que concorreram ao Oscar este ano.

Além dos atores já citados, vale comentar o trabalho competente dos coadjuvantes Cheikh Ndiaye como o senegalês Ekweme, que acaba sendo deportado e Luo Jin como o chinês interesseiro Liwei.

Entre Biutiful e Haevnen, difícil escolher. Para mim, ambos não chegam ao nível de serem excepcionais. Continuo achando Kynodontas mais original e impactante. Mas se for realmente para escolher, ainda acho que Haevnen é um pouco melhor que Biutiful. Ainda falta assistir às outras duas produções que concorreram como Melhor Filme em Língua Estrangeira este ano mas, avaliando apenas os três que vi até agora, este ano não teve a melhor das safras recentes da premiação nesta categoria.

CONCLUSÃO: Mais um filme meio “existencialista”, meio sociológico, que aborda temas importantes sobre a realidade conflitante de grandes cidades/países. Com uma levada interessante, mas sem a costura adequada para todas as suas histórias, Biutiful soma-se a outras produções do gênero sem grande brilhantismo. Claro que Javier Bardem faz um grande trabalho, assim como o diretor Alejandro González Iñarritu. Mas, francamente? Não há muita novidade nesta história. O maior mérito do filme talvez seja o de mostrar uma parte de Barcelona que poucos conhecem – exceto os que já moraram por lá por algum tempo. Na verdade, o que Biutiful mostra sobre imigrantes ilegais, corrupção policial e explorações desta realidade ocorre em outras partes da Europa, incluindo Madrid, Paris e um bom etcétera. Interessante também a “homenagem” que o diretor faz aos antepassados e a esta linha amorosa que une distintas gerações de uma família. Bacana estas ideias, bem executada a realização delas, mas o filme sofre de excesso de histórias sem muitas amarras. Mediano, apenas.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 20 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing e, atualmente, atuo como professora do curso de Jornalismo da FURB (Universidade Regional de Blumenau).

10 respostas em “Biutiful”

Sim, é visível uma vontade do roteiro em expressar uma abordagem mais espiritual ao filme e acho que no finalzinho, isso é realmente concretizado. Tem razão com relação aos outros aspectos do filme, parece que rolou um probleminha de gestão do tempo, não resolvido nos longos 14 meses de edição, he he..

E o fato do personagem ter um câncer terminal, inevitavelmente me fez lembrar de um ótimo seriado que tenho acompanhado chamado ‘Breaking Bad’. Diferente de muitas outras séries do estilo ‘mais do mesmo’ essa é fundamentalmente focada no ser humano e nas suas fraquezas, mas com um leve toque de irreverência e humor negro. Recomendo bastante.

To sempre por aqui, aprendendo com suas críticas. bjão Ale.

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Oi Mangabeira!

Meu grande companheiro de bons filmes! Sempre muito bom te encontrar por aqui.

De fato, no final o diretor concretiza este seu desejo de dar um toque “sobrenatural” e/ou espiritual, como você disse, para a história. Achei interessante, ainda que um pouco estranho e/ou questionável. Mas enfim, foi o desejo do diretor… e ele fez. hehehehe

Legal você citar Breaking Bad. Eu também assisto a essa série. Gosto muito dela. Ainda que eu ache que ela perdeu um pouco de força no caminho… afinal, aquela primeira temporada é imbatível. Mas é uma série muito boa. Ela não é “mais do mesmo”, como você bem observou. Ela tem um ótimo texto e atores, consegue se reinventar e tem criatividade. Vale ser vista, com certeza. Bela dica.

Fico feliz de te “encontrar” por aqui. Sempre. Obrigada por essa troca de ideias.

Abraços e inté!

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Alguém pode me explicar aquele diálogo final dele com o seu pai? Sobre o som do mar, do vento e sobre o ato final de uma coruja (cospe uma bola de pelos). Realmente, eu não consegui relacionar com nada da história.

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Oi Luca!

Então, realmente aquela sequencia é bastante nonsense.

Pessoalmente, eu tive a seguinte interpretação sobre esta sequência: (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme) perto de morrer, o protagonista começou a fantasiar encontros com o pai, que nunca conheceu. Misturou histórias que foram contadas para ele com uma boa carga de imaginação. E fantasiou o encontro entre eles. Uma outra leitura possível, e até pela “levada” meio espírita do filme, é de que o protagonista se encontrou com o pai, morto há bastante tempo.

Sendo assim, tudo o que você comentou é algo “figurativo”. Como em um sonho, em que muitas coisas não parecem fazer sentido. É uma colagem, por assim dizer, de memórias, sentidos e desejos. No caso do mar e do vento, acho que o autor quis mostrar que as nossas melhores lembranças não se perdem, mesmo quando estamos muito longe delas, distantes de tudo e de todos, ou depois da nossa morte. Sobre a bola de pelos da coruja… acho que ela simboliza o fim. A morte, que chega para todos.

São algumas interpretações…

Obrigada pela tua visita e pelo teu comentário. E volte pro aqui mais vezes!

Abraços e inté!

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caros colegas ignorantes e Insipientes,
Primeiro: na cena final, entre Uxbal e seu pai, no parece uma transição para o além, as frases que segundo vcs não tem sentido referem-se ao que constantemente o filho mais novo de Uxbal constantemente diz . Logo a ideia é que talvez ele tenha contato com o avô que comunicaria com ele, assim como o pai faz com outros mortos.
Fora esse “detalhe” ele também tem nictofobia e sofre de enurese noturna além de indícios de disturbios de personalidade que poderiam ser oriundos de influências…
Vocês buscaram uma trama simples e analisaram com desprezo ..
Perderam grande parte do enredo e espero que essa oclusão na percepção não os atrapalhe na sua vida. Pois até onde vi vcs críticos demonstrar na verdade uma grande verve de cinísmo

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Oi Claudio!

Tudo bem? Tudo em paz?

Fiquei uns segundos pensando como responder a uma pessoa que começa o seu recado dizendo “caros colegas ignorantes e insipientes”… e cheguei a conclusão que não deveria perder muito tempo contigo.

Primeiro porque você me parece o típico sujeito que só aceita a própria opinião. Lamentável.

Continuo achando tudo que eu falei anteriormente sobre este filme. Não gostei do final. E não preciso gostar só porque você assim o quer. Sim, acho aquelas frases e/ou “passagem para o além” dispensável. Não nos leva a lugar algum.

Todos os distúrbios – ou possíveis distúrbios – que você citou não torna, para mim, o filme melhor. Mas se para você isso foi algo genial, filme de mestre. Ótimo.

Tenho todo o meu direito de discordar, de achar o que eu escrevi acima. Assim como você tem o direito de pensar diferente.
Só não tens o direito de ser um boçal. Quer dizer, até você tem. Mas depois não reclame do efeito bumerangue.

Mesmo com tua postura lamentável, agradeço a visita e o comentário.

Abraços!

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