Esta é a segunda parte de um olhar diferenciado para o extermínio de pessoas que eram contrárias ao sistema na Indonésia quando o golpe militar tomou conta do país há 50 anos. Em 2012 o diretor Joshua Oppenheimer lançou The Act of Killing (comentado aqui no blog), um filme um tanto estarrecedor porque ele mostrava alguns dos artífices da matança “interpretando” com certo orgulho os seus “feitos”. Agora, com The Look of Silence, o diretor assume outra ótica: a das vítimas. Para mim, um filme que faz muito mais sentido que o seu antecessor. Produção forte e com momentos muito marcantes.
A HISTÓRIA: Começa com Inong sendo testado para que Adi Rukun faça um óculos para ele. Em seguida, alguns casulos aparecem se mexendo antes que nasçam as borboletas. Adi Rukun assiste a um vídeo em que um dos responsáveis pela morte de muitas pessoas após o golpe militar aparece cantando. Em seguida, o diretor Joshua Oppenheimer pergunta para o senhor que aparece no vídeo como Ali Sumito foi morto. O homem conta, dando risadas, como matou a sua vítima enquanto os seus homens tinham “medo de sangue”. Em seguida ele conta como matou outro homem. Adi Rukun assiste a tudo em silêncio. À noite, vemos caminhões trafegando na estrada.
Na contextualização do filme, sabemos que em 1965 o governo da Indonésia foi derrubado pelos militares. E que todos os que se opunham ao novo regime foram considerados “comunistas”, o que incluía membros de sindicatos, agricultores sem terra e intelectuais. Em menos de um ano, cerca de 1 milhão de “comunistas” foram mortos – e os responsáveis por estes crimes seguem no poder no país. Este filme conta a história do irmão de uma destas vítimas buscando respostas dos responsáveis por este e outros crimes.
VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a The Look of Silence): Este é o primeiro dos cinco filmes indicados na categoria Melhor Documentário no Oscar 2016 que eu assisto. Antes de começar a ver The Look of Silence, francamente, eu não sabia que se tratava do segundo filme da série do diretor Joshua Oppenheimer que busca contar a história real por trás da “luta contra os comunistas” desenfreada na Indonésia há 50 anos.
O filme anterior, The Act of Killing, acertou ao explorar a história de algozes como Anwar Congo e Herman Koto, mas a mistura entre realidade e encenação dos episódios dantescos acaba tirando um pouco da força da produção. Ela acabou ficando “alegórica” demais para o meu gosto. Este The Look of Silence, por outro lado, é realidade pura. Boa parte do filme conta a história da família de Ramli Rukun, um dos “comunistas” cruelmente mortos por aquela onda de violência que assolou o país em 1965.
Quando o diretor está focado na família Rukun, percebemos não apenas a condição social dos pais de Ramli e Adi, mas também o sentimento da mãe do rapaz brutalmente assassinado. Diferente do marido, que está cego, tem pouca audição e pouca capacidade de locomoção, a mãe dos rapazes está muito lúcida e consciente. Ela tem uma memória vívida de tudo que aconteceu. Ela ajuda a colocar bastante humanidade na história, assim como o filho dela, Adi Rukun, que acaba sendo praticamente o narrador do filme.
Acompanhamos os passos de Adi em busca da verdade e da reparação. Ele quer ouvir da boca dos homens que participaram diretamente da morte de tantas pessoas o que eles fizeram, como fizeram e, principalmente, porque fizeram tudo aquilo. De forma muito natural o espectador se coloca no lugar de Adi. Ele é os nossos olhos e conseguimos nos colocar no lugar dele. A perplexidade que vemos nele é também a nossa.
A brutalidade do que aconteceu na Indonésia após o golpe militar já tinha sido explorada no filme anterior de Oppenheimer, mas nesta nova produção o contexto daqueles fatos fica muito melhor explicado. Em The Look of Silence fica evidente que alguns grupos da população foram usados pelo Exército para fazer o “trabalho sujo” e matar os “insatisfeitos” ou todos aqueles que pudessem apresentar o mínimo risco para o novo regime.
Usaram esses grupos para aparentar que o levante era “popular”, ou o que muitas vezes ouvimos falar como “guerra civil”. A partir de agora, toda vez que eu ouvir que um determinado país vive “disputas internas” ou uma “guerra civil”, vou desconfiar. Normalmente o próprio governo e outras forças com interesse no país – incluindo grandes nações, como os Estados Unidos – é que “financiam” estes confrontos e o extermínio de grupos inteiros de pessoas.
Claro que estas pessoas que aceitam fazer o “trabalho sujo” ganham “recompensas” e vantagens por terem se sujado no sangue de pessoas que não tiveram julgamento ou direito de defesa. Como o filme anterior comentava e este deixa ainda mais claro, estas pessoas ganharam poder e dinheiro. Muitos se tornaram políticos e seguem no poder até agora.
Entre as pessoas que Adi Rukun procura a pedido do diretor para tirar as suas dúvidas um dos que mais me surpreendeu foi justamente M.Y. Basrun, presidente do legislativo regional atualmente e antigo chefe do Komando Aksi, responsável pelas mortes no vilarejo da família Rukun. Ele vive em uma realidade paralela, jurando que os massacres ocorreram por desejo do povo e que ele está no poder pela mesma razão e não porque aterroriza as pessoas.
No final, contudo, ele deixa claro que se Adi não mudar de postura e se as pessoas voltarem a serem “comunistas” (leia-se contra o poder estabelecido), os massacres vão voltar a acontecer. Alguém precisa de uma ameaça mais clara? Aquele insano que está no poder ameaçou, na cara dura e na frente das câmeras, Adi e, por tabela, qualquer outra pessoa que visse aquele material e que pudesse ter qualquer ideia de abrir a boca e não seguir em silêncio.
A única manifestação mais humana entre as pessoas que são questionadas por Adi Rukun acaba sendo da filha de um dos responsáveis pela matança. Enquanto o pai dela fala com muita naturalidade das mortes que ele causou e de que ele bebia sangue humano para não enlouquecer – o que Inong já havia comentado antes também -, a mulher ao lado dele está visivelmente incomodada. Adi nota isso e pergunta para ela porque ela está daquele jeito. Ela é franca em dizer que não sabia nada daquilo e, no final, pede desculpas para Adi do que o pai dela fez. Mas o pai, propriamente, não esboçou arrependimento.
Aliás, o que parece comum entre todos aqueles homens é que eles parecem ter perdido as suas almas. Não parece que eles sejam capazes de sentir nada ou ter um pingo de consciência. Chega a ser incrível. Os militares que tomaram o poder naquele país, sem dúvida, conseguiram localizar e manipular as pessoas “certas” para o serviço que eles queriam que fosse feito. Algo que impressiona no filme é isso, como os homens que praticaram aquelas atrocidades não tem remorso. E seguem justificando o que fizeram.
A exemplo de filmes recentes que tratam dos alemães na Segunda Guerra Mundial, nesta produção também fica claro que eles tentam justificar os seus atos e não se sentem responsáveis pelas mortes – afinal, eles “seguiram ordens” ou fizeram o que todos “os homens de bem faziam”. Como se cada um não tivesse a capacidade de escolher entre fazer parte do absurdo ou não.
Entre as justificativas ridículas para aquelas mortes em massa, em mais de uma ocasião neste filme vemos a questão religiosa. Ah, os comunistas “não rezavam” ou não acreditavam em Deus. E desde quando isso é justificativa para matar alguém? Eles serem adúlteros é outra desculpa. Outro argumento falso. Ninguém tem o direito de tirar a vida de ninguém e muito menos por causa de religião, fé ou comportamento que uma pessoa ou um grupo considera reprovável.
Daí vem a beleza da família de Rukun. Eles não querem a vingança. A matriarca confia na justiça divina, que os assassinos vão pagar nesta vida ou depois. Adi simplesmente quer enfrentar os algozes e saber se eles tem um pingo de remorso, mas ele não tem o afã de dar o troco. Eles estão certos. E o filme de Oppenheimer acerta ao questionar como a maioria, que é composta pelos familiares das vítimas, pode ainda permitir que os vilões sigam no poder. Claro que eles tem medo e são coagidos, como bem comprova a fala de M.Y. Basrun. E por isso é importante uma figura como Adi e o diretor Oppenheimer. Eles querem que a verdade venha a tona e não seja esquecida.
Um país que não fala de seus próprios problemas e do passado repressivo só pode seguir sendo perseguido pelos fantasmas do passado. Não tem como evoluir. A Alemanha conseguiu, a duras penas, colocar o tema do nazismo nos holofotes uma e outra vez. Infelizmente na Indonésia os algozes ainda estão no poder e não há liberdade para questioná-los.
Espero que, um dia, a situação daquele país mude para melhor. Para isso, como na questão dos imigrantes que estão fugindo do Oriente Médio, acredito que as nações “desenvolvidas” deveriam ser envolvidas. Interferirem, inclusive, garantindo eleições livres no país. Ajudando a conter os abusos e incentivando a liberdade de imprensa, por exemplo. Quando as nações “mais poderosas” do mundo se furtam de opinar em assuntos importantes em alguns países, menos nos menos “importantes” ou não tão “interessantes” economicamente, as tragédias acontecem. E esses países não deixam de ter responsabilidade sobre isso. Muito pelo contrário.
Por tudo isso The Look of Silence é um filme importante e necessário. Primeiro, por evidenciar, mais uma vez, os absurdos que aconteceram na Indonésia com a conivência do mundo. Depois, por mostrar que a falta de memória é um problema que deve ser enfrentado por muitos países – como antes aconteceu com a Alemanha do pós-guerra. E, finalmente, por nos ensinar que os familiares das vítimas devem ter a coragem de enfrentar os seus algozes, mesmo que isso seja muito difícil, porque ninguém deve ter medo da verdade ou de cair no equívoco da vingança.
NOTA: 9,8.
OBS DE PÉ DE PÁGINA: Alguns podem estranhar o “envolvimento” do diretor Joshua Oppenheimer neste documentário. Ora, meus caros, não existe documentário sem um envolvimento direto e decisivo de seu diretor. Ele coloca Adi Rukun em situações complexas, é verdade, mas certamente este era o desejo do irmão de Ramli. Ele queria ouvir aquelas pessoas e saber se existia alguma chance de redenção para aquela história lamentável.
Em muitas outras situações o diretor de um documentário também expõe a sua equipe ou algum entrevistado a riscos. Mas admito que algumas vezes achei que ele pode ter exagerado um pouco na ousadia, desta vez. Afinal, quem garante que a família de Rukun não será hostilizada após aquelas filmagens? Isso foi algo que me incomodou um pouco. Ainda que o filme seja necessário e que os envolvidos tenham sido corajosos, me preocupei por Adi e seus pais.
Pensando em alguns trechos do filme, volta e meia os entrevistados que estavam sendo confrontados por um familiar de uma vítima – o que é algo muito diferente de ser “entrevistado” por um diretor de cinema que não tinha nada a ver com aquela realidade – procuram escapar das perguntas dizendo que Adi estava falando de política e que eles não tratavam deste assunto. Ora, eis outro momento de reflexão.
Tudo é política, meus caros. E quando pessoas como aquelas ou como tantas outras no Brasil querem que cada um de nós odeie a política é porque, no fim das contas, eles querem dominar a sociedade e fazerem o que bem entenderem – de roubalheira até extermínios. Tome cuidado cada vez que alguém tente te persuadir a não falar de política. Temos que falar disso se não quisermos viver em uma realidade ilusória e passível de manipulação. Mas para os algozes de Ramli e de tantos outros bastava dizer que não queriam falar de política para isso parecer lógico. Não é.
Achei muito interessante o trabalho do diretor Joshua Oppenheimer. Ele utiliza imagens atuais que mostram como vivem e o que sentem os familiares de uma das vítimas do extermínio na Indonésia ao mesmo tempo que resgata filmagens que ele fez há mais de 10 anos com depoimentos dos responsáveis dos assassinatos em massa. Interessante ver o depoimento deles de antes, quando era um diretor estrangeiro que estava interessado na história de “heroísmo” deles, e agora, quando o irmão de uma das vítimas lhes faz perguntas contundentes. São reações diferentes que, por si só, falam muito sobre aquelas pessoas, a sociedade em que elas vivem e sobre o próprio ofício de um documentarista. Muito interessante.
Oppenheimer faz um belo trabalho. Cuidado nos detalhes e na narrativa, privilegiando o foco na família Rukun e nos outros personagens importantes para a história. Desta forma, ele ajudou não apenas a retomar fatos históricos importantes para o país, mas também a mostrar como está a Indonésia hoje em dia – pelo menos parte do país, em um vilarejo do interior. No início parece que Adi Rukun tem um pouco de medo de fazer as perguntas mais duras, mas aos poucos ele vai ganhando confiança em enfrentar aqueles homens, especialmente Amir Siahaan, comandante dos esquadrões da morte no Rio das Cobras e que enriqueceu com o que fez, e M.Y. Basrun, presidente do legislativo regional.
Esta produção tem cenas muito fortes. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Por exemplo, quando Amir Hasan e Inong falam das mortes no Rio das Cobras e contam, em detalhes, como eles mataram Ramli Rukun. O irmão dele assiste a tudo em silêncio. Não é nada fácil acompanhar ele nessa missão. Mas se para o espectador não é simples, imagine para ele. Ainda que Adi tenha nascido depois da morte de Ramli e não tenha conhecido pessoalmente o irmão, certamente a dor dele é grande ao ouvir tudo aquilo e contado daquela forma tranquila e até com os narradores se “divertindo” com os detalhes do que contavam.
Além dos personagens já citados, vale destacar as cenas em que aparece Amir Hasan, líder do esquadrão da morte que já morreu – apenas a viúva e dois filhos deles são “confrontados” por Adi; e aquelas em que Kemat, um raro sobrevivente dos assassinatos em série, aparece.
Me chamou a atenção, nos créditos finais do filme, a lista enorme de “anônimos” que foram responsáveis por diferentes funções nesta produção. Certamente os nomes deles foram suprimidos para que eles não sejam colocados em risco na Indonésia. Impressionante como há países em pleno 2016 que não permitem que as pessoas se expressem e trabalhem para contar histórias como esta, que precisam ser contadas.
The Look of Silence estreou em agosto de 2014 no Festival de Cinema de Veneza. Depois o filme passaria, ainda, por outros 55 festivais. Um número impressionante e uma jornada igualmente incrível. Nesta trajetória a produção ganhou 40 prêmios e foi indicada a outros 36, inclusive uma indicação ao Oscar.
Entre os prêmios que recebeu, destaque para 16 prêmios como Melhor Documentário; cinco prêmios no Festival de Cinema de Veneza; prêmio de Melhor Filme conferido pela Associação Internacional de Documentários; dois prêmios como Melhor Filme Estrangeiro; e para o Peace Film Award entregue para Joshua Oppenheimer no Festival Internacional de Cinema de Berlim.
Entre os nomes conhecidos da produção, destaco pelo bom trabalho o diretor de fotografia Lars Skree e o editor Nils Pagh Andersen. Também muito importante o trabalho do departamento de som com Henrik Garnov e Martin Lind.
The Look of Silence faturou pouco mais de US$ 109 mil nas bilheterias dos Estados Unidos. Uma cifra ínfima. Espero que mais gente acorde para este filme e o assista. Ele merece.
Agora, algumas curiosidades sobre o filme. Ao ler as notas de produção é que fiquei sabendo que The Look of Silence foi concedido, desde o princípio, como a segunda parte de um projeto dividido em dois filmes. O primeiro, como vocês já sabem, foi The Act of Killing. Bacana o diretor ter pensado neste projeto desta forma. Inteligente.
E uma boa notícia. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Depois desta produção ser gravada, Adi e a família dele se mudaram para o outro lado do país, a milhares de quilômetros de distância dos homens que promoveram o extermínio das pessoas no Norte de Sumatra.
De acordo com o diretor Joshua Oppenheimer, foi Adi que o obrigou a ver os perpetuadores daqueles crimes como seres humanos.
Oppenheimer deu uma câmera para Adi registrar cenas ou memórias que pudessem ser usadas na narrativa do filme. A sequência em que o pai de Adi aparece perdido foi gravada por ele.
De acordo com o diretor, este filme foi exibido em pouco mais de 3.500 ocasiões e teria sido visto por cerca de 300 mil pessoas na Indonésia. Bacana isso. Quem sabe, desta forma, através de um filme como esse, a realidade daquele país comece a mudar?
Ainda segundo Oppenheimer, este é o primeiro filme da Indonésia indicado para um Oscar – e o segundo falado em bahasa, idioma do país, que é indicado ao prêmio máximo de Hollywood (o primeiro, claro, foi o outro filme dele, The Act of Killing).
Esta produção foi rodada depois que Oppenheimer havia editado The Act of Killing.
Falando no diretor, este é apenas o quinto título no currículo de Oppenheimer por trás das câmeras. Ele estreou em 1998 com o filme The Entire History of the Louisiana Purchase. Depois ele lançou, em 2003, o documentário em vídeo The Globalisation Tapes. Em 2012 viria o elogiado e premiado The Act of Killing e, na sequência, este The Look of Silence em 2014, quando ele também assinaria um episódio da série de TV de documentários P.O.V. Ou seja, o grande projeto da vida dele, até aqui, foram estes dois filmes sobre a Indonésia e a matança que aconteceu naquele país.
No Oscar de 2014 Oppenheimer perdeu a estatueta dourada para Twenty Feet from Stardom (comentado aqui no blog). Francamente, naquele ano, achei justo. Gostei muito do filme que ganhou a disputa. Por ironia, novamente neste ao o grande rival de Oppenheimer é um filme “musical” sobre Amy Winehouse. Em 2014 eu achei que Twenty Feet from Stardom mereceu. Agora, preciso assistir ainda a Amy para poder comentar. 😉
Os usuários do site IMDb deram a nota 8,4 para esta produção. Uma avaliação muito boa se levarmos em conta o padrão do site. Os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 107 críticas positivas e apenas quatro negativas para este filme, o que lhe garante uma aprovação de 96% e uma nota média de 8,8. A nota dos críticos, em especial, me chamou a atenção. Muito boa.
Este filme contou com recursos de diferentes países para ser realizado. Aparece como coprodução da Dinamarca, Indonésia, Finlândia, Noruega, Reino Unido, Israel, França, Estados Unidos, Alemanha e Holanda. Impressionante. Isso só revela a dificuldade de fazer o filme – e, ouso dizer, de fazer documentários hoje em dia.
CONCLUSÃO: Alguns crápulas se acovardam. Outros conseguem, mesmo frente ao irmão de uma vítima de suas práticas, seguir com o tom ameaçador. A maldade humana em sua pior forma é vista nesta produção porque The Look of Silence não é uma ficção, e sim um documentário. Os absurdos que ouvimos sobre mortes cruéis e covardes aconteceram, de fato. Assumindo a ótica das vítimas, desta vez, o diretor Joshua Oppenheimer nos faz caminhar pela seara do perdão e da reparação – mesmo quando estes conceitos parecem impossíveis.
Um filme que nos faz refletir sobre a evolução das sociedades, a conivência de “economias avançadas” que ignoram absurdos praticados em algumas partes do mundo – e que continuam ocorrendo ainda hoje – e o preço que inocentes pagam por isso. Ao mesmo tempo, esta produção também nos faz refletir sobre a nossa própria capacidade de olhar com honestidade para o passado e promover uma caminhada de reparação e perdão. Produção com diferentes leituras possíveis, mas todas muito importantes e proveitosas. Grande e marcante filme, merece ser conferido.
PALPITES PARA O OSCAR 2016: Até a temporada de premiações pré-Oscar começar, The Look of Silence era o franco favorito para levar a estatueta de Melhor Documentário na maior premiação de Hollywood. Mas nas últimas semanas esse favoritismo começou a diminuir com outro documentário ganhando premiações como o Producers Guild Awards e o Critic’s Choice Awards: Amy.
Como comentei antes, The Look of Silence é apenas o primeiro dos cinco filmes indicados ao Oscar nesta categoria que eu assisto. Então é cedo para dizer se ele merece a estatueta. De qualquer forma, francamente, acho que esta nova produção assinada por Joshua Oppenheimer é muito melhor que a anterior sobre o mesmo tema. Seria interessante ver o diretor, que foi muito corajoso em abordar este assunto, sendo premiado desta vez. Falo isso pela proposta do trabalho dele e, especialmente, pela qualidade deste novo filme. Gabarito ele tem para levar a estatueta para casa. Agora é preciso conferir aos concorrentes para ter certeza se ele conseguirá este feito.
7 respostas em “The Look of Silence – O Peso do Silêncio”
[…] The Look of Silence […]
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[…] filme fácil por isso, mas ele garante boa música para os ouvidos. The Look of Silence (comentado aqui) é um documentário muito importante e que também faz pensar sobre uma realidade […]
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[…] ano Winter on Fire concorre com produções fortes como The Look of Silence (comentado aqui) e Amy (com crítica neste link). Francamente, essas duas produções tem mais inventividade […]
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[…] vejo que ele tem uma parada dura para vencer, especialmente contra The Look of Silence (comentado aqui), um trabalho muito autoral e também corajoso de Joshua Oppenheimer. Outro filme que pode […]
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[…] realidades conflitantes, enquanto Cartel Land (comentado aqui) e The Look of Silence (com crítica neste link) tratam de realidades duras e que ainda seguem sendo válidas em locais tão distantes quanto o […]
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