Algumas pessoas não querem saber de política. Mas são decisões políticas, muitas vezes, que pioram significativamente a sociedade em que vivemos. 13th é um documentário corajoso e que tem um objetivo muito claro: demonstrar como a exploração dos negros nos Estados Unidos não parou de acontecer com o fim da escravidão. Você pode até discordar de um ou outro argumento apresentado no filme, mas algo é certo: o sistema pode sim segregar e tornar os conflitos na sociedade cada vez piores ao transformar o nosso entorno em um ambiente cada vez mais injusto. Bem construído, com uma proposta interessante, 13th é um dos grandes filmes desta temporada pré-Oscar.
A HISTÓRIA: Começa com estatísticas e uma animação que mostra como os Estados Unidos, com uma população que equivale a 5% da população mundial, tem nada menos que 25% dos presos do mundo. O comentarista político Van Jones reflete sobre isso, como um a cada quatro cidadãos do mundo estão presos na “terra da liberdade”. Em 1972, o país tinha 300 mil presos e, atualmente, tem cerca de 2,3 milhões, ou seja, os EUA têm a taxa de encarceramento do mundo.
A advogada dos direitos civis Michelle Alexander pondera que, agora, muitas pessoas no país querem reduzir o sistema carcerário, porque ele estaria muito caro e grande, mas ela afirma que estas pessoas que defendem a redução do sistema carcerário não falam sobre como o Estado deveria remediar o dano que foi feito. De acordo com a 13ª Emenda da Constituição Americana, ninguém pode ser escravo no país. Ou seja, todos são livres. Uma exceção à regra é se a pessoa é criminosa. Esta produção defende que justamente o adendo neste artigo da Constituição abriu o flanco para uma série de desvios de políticas públicas que seguiram perseguindo os negros no país.
VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a 13th): Você pode até discordar de algum argumento apresentado pelo filme de Ava DuVernay, mas algo não dá para negar: esta produção é muito bem construída, planejada e apresentada. Cada detalhe do filme é pensado com um propósito e ele atinge o seu propósito de provocar reflexão, debate e indignação – pelo menos na maioria das pessoas, aquelas que não tem, a priori, resistência a qualquer argumento que revele desigualdade no tratamento racial.
Sim, porque há pessoas que realmente negam o que acontece ao redor delas. Até dá para entender quando estas pessoas não vivem na realidade comum da maioria – há pessoas abastadas e que vivem em uma certa “redoma” de segurança, riqueza e miopia social. Para as demais pessoas, as que vivem batendo pé nas ruas, que conhecem a realidade como ela é, não chega realmente a ser uma surpresa saber mais sobre as chagas mal resolvidas até hoje do escravagismo norte-americano. Quer dizer, não é uma surpresa completa, mas nem por isso 13th não deixa de ser surpreendente.
De forma muito inteligente o roteiro da diretora Ava DuVernay e de Spencer Averick larga com dados impressionantes e com uma espécie de introdução dos argumentos de alguns dos mais interessantes entrevistados do filme. Como em qualquer série de TV que logo quer mostrar as suas credenciais, este filme produzido para a Netflix também apresenta nos primeiros minutos a linha dorsal de seu argumento e do seu questionamento. Logo entendemos a razão do título 13th.
Após uma introdução instigante, acompanhada de uma trilha sonora que, logo no início, vai se mostrando marcante, Ava DuVernay vai nos mostrando com diferentes recursos de que forma a imagem do negro foi construída e apresentada nos Estados Unidos. Ela retorna para as primeiras representações gráficas e as primeiras histórias que mostravam o negro como um estuprador e criminoso, quase “uma besta” que não se controlava e que queria atacar sempre os brancos, especialmente as mulheres, até chegar a um “clássico” nesta representação que foi o infame The Birth of a Nation, que no ano passado completou 100 anos e que marcou negativamente a trajetória do diretor D.W. Griffith.
Utilizando muito bem recursos gráficos, fotografias e vídeos e filmes antigos, Ava DuVernay vai narrando não apenas a representação dos negros/afro-americanos nas artes e no imaginário da população, mas também o que aconteceu com eles depois que a escravidão foi abolida. Como disse um entrevistado logo no início do filme, somos “produto de uma série de escolhas” ou de “não-escolhas” que nossos antepassados fizeram.
Por isso que eu sempre digo que é muito importante cada um de nós conhecer a nossa própria história, enquanto nação e enquanto civilização, até para sabermos como chegamos aqui e de que forma a sociedade ao nosso redor está constituída. Não dá para ignorar o passado, porque ele continua influenciando ou até mesmo ditando a nossa realidade no presente.
Ainda que a gente saiba um pouco sobre o que aconteceu nos Estados Unidos desde a abolição da escravatura, sem dúvida alguma 13th nos apresenta vários fatos novos. E com uma visão bem clara e crítica sobre como tudo aconteceu – com a vantagem do filme ser feito agora, com os direitos humanos muito mais desenvolvido do que há 10 ou 20 anos. De forma bem argumentativa e convincente, os roteiristas vão nos apresentando os fatos históricos intercalados pela análise crítica dos entrevistados e com uma boa escolha de trilha sonora que trata sobre o preconceito e o tratamento diferenciado que os negros tem nos Estados Unidos sob o critério do governo e da lei.
Algo que perpassa o filme do início ao fim é o interesse econômico que sempre evolveu a exploração dos afro-americanos nos Estados Unidos. A escravidão era um “grande negócio” e, depois que ela se tornou insustentável do ponto de vista humanitário e do bom senso, as classes dominantes do país arranjaram um outro jeito de “lucrar” com os ex-escravos. Utilizando a exceção prevista na 13ª Emenda da Constituição, passaram a prender os negros por quase qualquer motivo – incluindo “vagabundagem”, ou seja, alguém estar caminhando na rua sem estar “fazendo nada” – para então utilizar a mão de obra deles como presidiários para obras de infraestrutura no país.
Quando a população de ex-escravos e seus descendentes se espalhou pelo país, inclusive ocupando subúrbios de grandes cidades, a prisão teve que ser disseminada para estes centros urbanos também. Pouco a pouco as polícias começaram a fazer este trabalho, muitas vezes prendendo afro-americanos por praticamente razão alguma. Em paralelo, veio a segregação racial, a lei que literalmente dizia qual era o espaço dos brancos e qual era o espaço dos negros.
A resposta para isso foi a resistência de uma parte importante dos afro-americanos com, especialmente no final dos anos 1960, nomes como Martin Luther King, os Panteras Negras e tantos outros defendendo uma resistência a este absurdo da segregação legal após o fim da escravidão. Muitas pessoas, naquela época, foram consideradas “inimigos públicos” do país. Mas pouco a pouco mais gente se juntou a causa deles e os direitos humanos começaram a ganhar corpo no país.
Conforme este movimento, que pedia direitos iguais para todos, foi ganhando voz, a repressão teve que mudar o argumento. Sob a justificativa de combater a criminalidade crescente, as leis foram ficando cada vez mais severas mas, na prática, elas claramente seguiam perseguindo os afro-americanos e os latinos e deixando boa parte dos brancos de fora. Tanto isso é verdade que basta ver a proporção de negros e de brancos no sistema carcerário americano.
Mas isso não é tudo. Como bem mostra 13th e várias reportagens que mostraram recentes levantes populares nos Estados Unidos, um dos grandes problemas é quando policiais matam negros desarmados e sob argumentos suspeitos e questionáveis. A população afro-americana, juntamente com brancos, latinos e pessoas de outras origens que se revoltam contra injustiças, passou cada vez mais a se indignar com isso, com diferentes levantes e revoltas em momentos diferentes dos EUA desde os anos 1960 – e no ano passado e neste ano também.
Se a parte histórica de 13th pode não ser tão surpreendente para muitos, já que várias pessoas conhecem o que aconteceu no país em rápidas pinceladas e com os fatos principais desde o fim da escravidão, a parte em que o filme desvela os interesses econômicos por trás de tudo isso chama a atenção. Especialmente quando o filme trata da Alec (American Legislative Exchange Council) e das empresas que faziam parte da associação e que mexeram os pauzinhos para aprovar leis que fariam, no fim das contas, com que todos eles faturassem ainda mais dinheiro. Porque ninguém deve duvidar que o “combate ao crime” serve a alguns interesses bem específicos e enche os bolsos de várias pessoas.
Para mim, além de jogar os holofotes para estas questões, me chamou muito a atenção como 13th ajuda a explicar o impasse pelo qual os Estados Unidos está neste momento. Tanto Hilary Clinton quanto Donald Trump aparecem mais jovens com declarações absurdas contra afro-americanos e, mais que isso, ambos estão imersos em interesses econômicos que ganham muito dinheiro com o sistema carcerário inflado que o país tem atualmente, com 2,3 milhões de presos em 2014.
Mais que isso, todos sabemos, Donald Trump é uma figura muito ligada à indústria armamentista. Ele jamais vai concordar em uma saída mais humana para o problema, uma saída que esteja preocupada com as causas da violência e não apenas com a repressão que não resolve nada. Porque esta é a grande questão que 13th e outras obras levantam.
Se a sociedade tivesse na valorização da vida humana um elemento fundamental, estaríamos olhando para a desigualdade social, para a diferença de oportunidades e de condições adequadas para o desenvolvimento das pessoas e em formas de resolver isso mais do que em prender pessoas e, o que 13th mostra bem, segregá-las da sociedade para o resta da vida.
Um dos elementos fundamentais deste filme é mostrar não apenas a desigualdade de tratamento da polícia e da Justiça a respeito de brancos e negros, mas também como a minoria acaba sendo julgada. Esse é um dos fatos mais impressionantes que 13th nos apresenta. Diferente do que podemos imaginar no Brasil, onde as pessoas podem demorar para ser julgadas, mas costumam passar por um julgamento, nos Estados Unidos a maioria disparado é coagida a fazer um acordo com a promotoria e não ir para um julgamento. A alegação é que elas ficarão poucos anos presas se fizerem um acordo e, se não fizerem isso, serão condenadas por um período muito mais longo.
Além disso, diversos governos, inclusive e especialmente o do democrata Bill Clinton, foram endurecendo as leis que, no fim das contas, apenas aumentaram a discriminação e a segregação racial no país. Desta forma, ficou ainda mais claro para mim a razão pela qual muitas pessoas nos Estados Unidos estavam resistindo a votar em Hilary Clinton. Afinal, ela era “mais do mesmo” da política do marido dela. A alternativa para Hilary? Ainda pior. Ela se chamava Donald Trump.
Após assistir a 13th ficou ainda mais claro para mim que não é uma exclusividade do Brasil termos que votar no “menos pior”. Nestas últimas eleições os americanos tiveram que decidir entre o ruim e o péssimo. Complicado. No fim, além de apresentar argumentos muito convincentes sobre como um sistema pode funcionar não para promover a justiça e a igualdade, mas para garantir o oposto, incluindo governos, legisladores, sistema judicial e policial, 13th lança perguntas salutares sobre os passos seguintes que serão dados no país.
Como bem demonstra os roteiristas do filme e os seus entrevistados, quem está se forrando de dinheiro com o “combate” à criminalidade não vai perder o controle jamais. Conforme as pessoas vão resistindo e vão pedindo mudanças, estas corporações vão se adequando aos novos tempos e buscando novas formas de faturar muito dinheiro com a segregação racial e social.
Como a professora de Ciências Políticas da Universidade da Pensilvânia Marie Gottschalk argumenta em determinado momento do filme, o combate ao “inimigo” da sociedade pode estar migrando dos afro-americanos para os latinos e para os imigrantes de outras partes. Mas este combate vai seguir acontecendo porque ele traz lucro e “benefícios” para muita gente.
A grande questão é que deveríamos pensar em formas de incluir as pessoas e não excluí-las, maneiras de tornar as sociedades mais igualitárias de verdade e não fazer de conta que vivemos em países de oportunidades para todos. Não é assim nos Estados Unidos, 13th deixa claro, e não é assim no Brasil. Ou tomamos uma posição mais humanista e que exija mudanças para melhor a partir do sistema, incluindo leis mais adequadas e trabalhos da segurança pública da mesma forma, ou vamos cada vez mais ter conflitos sociais e problemas.
Chega de colocar o interesse econômico à frente dos direitos humanos. Esta talvez seja uma das grandes mensagens de 13th. Ainda que o filme, e de forma muito acertada, não termine com otimismo. Muito pelo contrário. Ele finaliza quase fazendo um alerta para o espectador de que o andar da carruagem está nos levando para um abismo. Documentário bem filmado, planejado e construído. Utiliza os recursos de forma adequada e tem uma direção de Ava DuVernay que explora ângulos diferentes dos entrevistados para tornar a estética da produção ainda mais interessante. 13th se destaca pelo conteúdo e também pelos detalhes, muito bem planejados e que funcionam bem para prender a atenção do espectador.
NOTA: 9,8.
OBS DE PÉ DE PÁGINA: Admito que não dei a nota 10 para este filme por muito pouco. Na verdade, apesar de ter achado a produção irretocável, eu só não dei a nota máxima porque achei que o filme não mexeu tanto comigo quanto poderia. Ou, em outras palavras, achei este filme marcante, elogiável, imperdível até, mas não o considerei inesquecível.
Eu não sou assinante da Netflix, mas admito que por produções como esta a empresa merece aplausos e ser cada vez mais disseminada. Produções independentes fazem falta e uma empresa como a Netflix pode consolidar-se cada vez mais por fazer apostas corajosas como esta. Neste sentido, desde já, estou um pouco na torcida para eles ganharem um Oscar, o que consagraria ainda mais a empresa e a sua proposta que foge do “mainstream” de Hollywood.
A exemplo do comentado aqui O.J.: Made in America, 13th estreou primeiro em um festival. No caso de 13th, foi no Festival de Cinema de Nova York, em setembro. Depois o filme estrearia no Festival de Cinema de Londres, no dia 6 de outubro, um dia antes dele ser lançado pela Netflix na internet. Ao ter sido lançado primeiro em festivais de cinema, 13th se credenciou para tentar uma vaga no Oscar 2017.
A exemplo de O.J.: Made in America, 13th também avançou da lista inicial de 145 filmes habilitados para concorrer na categoria Melhor Documentário do Oscar 2017 para figurar na lista de 15 filmes que seguem na disputa por uma das cinco vagas finais. Seria uma grande zebra se estes dois filmes não estiverem entre os cinco finalistas ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.
Agora, algumas curiosidades sobre 13th. O filme foi rodado na Estação West Oakland Amtrack, na cidade de Oakland, na Califórnia. Sem dúvida alguma uma locação interessante para as entrevistas.
Este é o 26º documentário produzido pela Netflix. Impressionante o que esta empresa já fez em termos de produções próprias. E, a cada ano, ela vem acumulando cada vez mais prêmios. O que mostra que boas ideias e serviços baseados na internet podem render dinheiro e, o mais importante, uma diversidade interessante de olhares sobre fatos importantes para as nossas sociedades.
Até o momento, 13th ganhou três prêmios e foi indicada a outros cinco. Os prêmios que o filme recebeu foram de Melhor Diretor TV/streaming para Ava DuVernay, Melhor Documentário TV/streaming e Melhor Documentário Policial no Critics Choise Documentary Awards. Vale lembrar que esta mesma premiação consagrou O.J.: Made in America. Possivelmente estas duas produções vão fazer a grande queda-de-braços no Oscar 2017. Veremos. Da minha parte, e falo mais sobre isso abaixo, gostei mais de 13th do que de O.J.: Made in America. Os dois filmes são importantes, mas achei 13th mais interessante, impactante e bem feito. Além disso, ele tem uma temática muito mais atual para os Estados Unidos e para o mundo do que o “sonho americano desfeito” de O.J. Simpson.
13th é uma produção 100% dos Estados Unidos. Por causa disso o filme entra na lista de críticas que atendem a uma votação feita aqui no blog há muito tempo.
Quando coloquei a tag para a diretora Ava DuVernay eu percebi que esta não foi a primeira vez que escrevi um texto em que ela era citada. Olhando para a filmografia dela, que inclui 17 títulos entre curtas, filmes para a TV, documentários, séries para a TV e filmes para o cinema, percebi que eu já assisti a outra produção dirigida por ela: Selma (comentado por aqui).
Vale recordar que a produção, de 2014, acabou sendo indicada em duas categorias do Oscar 2015 e faturou a de Melhor Canção. Grande filme. como 13th, merece ser visto. Depois de 13th, Ava fez Battle of Versailles, um filme para a TV, e agora está filmando A Wrinkle in Time, uma aventura para os cinemas com Chris Pine e Reese Witherspoon, entre outros.
Os usuários do site IMDb deram a nota 8,4 para esta produção, enquanto os críticos do Rotten Tomatoes dedicaram 55 críticas positivas e duas negativas para o filme, o que lhe garante uma aprovação de 96% e uma nota média de 8,9. Ainda que as avaliações nos dois sites sejam boas e acima da média de ambos, elas estão abaixo das notas e da aprovação de O.J.: Made in America. Sem dúvida o filme sobre o astro do futebol americano parece ter um fascínio maior para o público americano do que esta produção que coloca o dedo na ferida sobre o racismo e sobre o sistema injusto dos Estados Unidos.
CONCLUSÃO: Um filme forte, objetivo e com uma argumentação poderosa. Questionar um dos pilares da sociedade americana não é para poucos, e 13th faz isso ao argumentar que o país é tudo, menos a “terra da liberdade”. Interessante a forma com que a produção destrincha os interesses econômicos e corporativos por trás da lucrativa “indústria” das prisões nos EUA. Indústria esta que, como no Brasil, sabe segregar muito bem negros de brancos e pessoas com ou sem dinheiro. Forte, bem construído e utilizando recursos interessantes como a música nos lugares certos, sem dúvida alguma é uma das boas pedidas de documentários deste ano. Merece ser visto e ser debatido, inclusive para repensarmos o que estamos fazendo no Brasil e em outras partes em termos de “segurança pública”.
PALPITES PARA O OSCAR 2017: Eu realmente espero que a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood tenha coragem de colocar 13th como um de seus finalistas na categoria Melhor Documentário. O filme tem qualidades para chegar lá, não há dúvidas. Mas todos nós sabemos que Hollywood também é uma “instituição” política, de formação de opiniões e que manda mensagens muito claras não apenas para a sociedade americana, mas mundial. Assim sendo, terá que ter coragem para dar visibilidade para um filme que questiona muitos interesses nos Estados Unidos.
Depois de ter sido muito questionada em 2016 por não ter indicado a grandes atores negros para a premiação máxima do cinema de Hollywood, o que todos esperam é que as mudanças provocadas após a gritaria geral tenham efeitos no Oscar 2017. Uma forma de demonstrar isso seria indicando 13th entre os cinco melhores documentários do ano. Veremos. Da minha parte, ainda preciso assistir a outros concorrentes que estão na lista dos 15 pré-selecionados nesta categoria, mas o que já posso comentar é que gostei muito mais deste 13th do que de O.J.: Made in America, outro dos favoritos.
Ainda que seja bem feito e que agregue algumas informações em relação ao que já sabíamos sobre O.J. Simpson, O.J.: Made in America não tem o impacto que este 13th tem. Além disso, o filme de Ava DuVernay tem algumas “sacadas” mais interessantes e foge um pouco do óbvio, especialmente ao intercalar músicas de rap no meio da narrativa. Achei também o argumento do filme mais contundente e menos disperso do que o filme de O.J. Simpson.
Ainda preciso assistir aos demais para dizer se 13th é o melhor do gênero no ano, mas desde já posso dizer que estou torcendo por ele em um confronto direto com O.J.: Made in America. Também é possível afirmar, desde já, que seria muito bacana para a Academia não apenas colocar 13th como um de seus filmes indicados como Melhor Documentário, mas também dar uma estatueta dourada para ele. Quem sabe, assim, o filme teria um apelo mais forte no país – apesar de Donald Trump ter vencido como presidente nas últimas eleições? Seria importante para a sociedade americana debater francamente o tema da criminalidade e do sistema penitenciário do país. O Oscar pode dar uma forcinha neste sentido.
5 respostas em “13th – A 13ª Emenda”
[…] Made in America (comentado por aqui) e Weiner e outros fortes candidatos como 13th (com crítica neste link), Fuocoammare (comentado aqui) e Gleason, apenas para citar […]
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[…] cotados – a saber: O.J.: Made in America (com crítica neste link), 13th (comentado por aqui), Life, Animated (com crítica por aqui) e Fire at Sea (comentado neste link) -, achei Gleason o […]
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[…] 13th […]
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[…] produções que estão concorrendo ao Oscar neste ano, a exemplo dos documentários 13th (comentado aqui) e O.J.: Made in America (com crítica neste link), Hidden Figures mostra que apesar da escravidão […]
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Adorei sua resenha e sua crítica! assisti o documentário e fiquei com uma sensação tão injusta. Recomendo a todos. Excelente
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