Um filme que começa de forma muito interessante, nos trazendo à memória como parte do povo alemão sofreu na pele a ideologia nazista. Mas Werk Ohne Autor não é uma produção comum sobre a Segunda Guerra Mundial. Ainda que trate de temas fortes daquela época, Werk Ohne Autor trata, sobretudo, sobre o poder da arte. Não apenas para inspirar, mas também para mover e salvar vidas. A essência do autor deve estar na sua obra, isso essa produção deixa muito claro. Mas quem nos inspira, no final? Alguns que puderam ser considerados loucos. Um filme muito bem conduzido e interessante, ainda que seja preciso trabalhar com dois ritmos muito diferentes ao longo da produção – o que não necessariamente funciona com perfeição.
A HISTÓRIA: Começa em Dresden, em 1937. E uma galeria, em uma visita guiada, um alemão fala sobre a Arte Moderna. Ele comenta que ela existia antes da Alemanha Nazista, mas que, agora, eles querem novamente uma arte alemã. Essa arte, segundo ele, estamparia os valores alemães. No grupo de pessoas que visitam o museu, estão Elisabeth May (Saskia Rosendahl) e o seu sobrinho, Kurt Barnert (Cai Cohrs). Durante a visita, quem os guia no museu diz que os artistas que fazem Arte Moderna tem falhas na visão, que podem decorrer de acidente ou de herança. Sugere que, se for o segundo caso, os nazistas podem atuar para que esse problema não se perpetue. Em breve a família de Elisabeth e de Kurt vivenciarão uma situação como a sugerida por ele.
VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Werk Ohne Autor): Esse era o único filme que faltava para que eu conseguisse completar a lista das cinco produções que concorreram ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira no Oscar 2019. Cinema alemão, do qual eu gosto tanto – só não mais que o cinema francês. E obra de um diretor do qual eu aprecio também o trabalho, Florian Henckel von Donnersmarck – que fez, antes, o interessantíssimo Das Leben der Anderen (comentado aqui no blog).
Para falar a verdade, eu não tinha acompanhado mais a von Donnersmarck. Tanto que eu não sabia, por exemplo, que após Das Leben der Anderen ele havia lançado apenas um outro filme, The Tourist, com Johnny Depp e Angelina Jolie e que, em seguida, ele ficou oito anos longe dos lançamentos nos cinemas. Depois de impressionar a muitos com Das Leben der Anderen, parece que ele foi “contaminado” por Hollywood com o comercial The Tourist e voltou para as suas origens vários anos depois com esse Werk Ohne Autor.
O filme tem dois momentos muito diferentes. E isso chega a ser impactante. A diferença entre a primeira parte do filme e o que vemos depois é marcante. Funciona bem? Acho que o diretor começa forte, de maneira impactante, e que depois ele perde um pouco da força abraçando uma trajetória mais “plana” do protagonista, digamos assim. Por outro lado, isso também é interessante, não apenas para mostrar que a arte não precisa ser visceral como que não precisamos ter os nossos “desejos” de plateia por sangue, vingança ou afins atendido.
Werk Ohne Autor foca na história de um artista. Não por acaso a narrativa acompanha esse artista, vivido, na etapa adulta, pelo ator Tom Schilling e, quando criança, por Cai Cohrs, desde a sua infância. Quando era muito jovem, ele foi marcado e inspirado pela tia Elisabeth May (a ótima Saskia Rosendahl). Ela é uma pessoa à frente do seu tempo, muito sensível e com forte apreço pelas artes, mas acaba sendo diagnosticada como esquizofrênica.
O problema é que eles viviam, quando ela era jovem, justamente durante o regime nazista. Naquele momento, não importa se você fosse alemão ou estrangeiro. Se você tinha algum problema de saúde ou alguma doença mental, você era considerado “inferior” e não “merecia” dividir os recursos públicos com pessoas “saudáveis”. Francamente, especialmente pelas atitudes de Elisabeth quando ela estava internada, apresentando uma visão tão crítica e sensível, tenho sérias dúvidas se ela realmente sofria de esquizofrenia.
Será que ela não poderia ter sofrido apenas com uma crise nervosa? Relativamente limitada no interior da Alemanha e bastante pressionada na adolescência, quem nos garante que ela não tinha sofrido apenas com uma carga grande de estresse? E ainda que não fosse isso, que ela realmente tivesse esquizofrenia, hoje sabemos que essa doença mental tem tratamento e pode ser controlada.
A parte inicial do filme, especialmente quando é mostrada uma reunião de oficiais do Reich, é de arrepiar. Sob o comando do Dr. Burghart Kroll (Rainer Bock), o professor Carl Seeband (Sebastian Koch) e outros médicos responsáveis por clínicas e hospitais espalhados pela Alemanha, ganham o poder de determinar quem viveria e morreria sob as ordens do regime nazista. A ideia de Kroll era eliminar todas as pessoas que tinham doenças mentais e que eram consideradas, por isso, inferiores. Na cabeça doentia daquelas pessoas, eles estariam fazendo um “favor” para as gerações futuras.
Apenas ao assinalar uma cruz vermelha – ou um sinal de mais – na ficha dos pacientes, Seeband e seus colegas estavam decretando o envio das pessoas para campos de extermínio na parte “oriental” do país. O cinema alemão não tem problema em lembrar que o extermínio de milhões de pessoas não focou apenas em judeus, mas em outras pessoas que eram consideradas “inferiores” ou “non gratas” pelo regime nazista e criminoso do Reich.
Depois daquela introdução marcante e impactante, Werk Ohne Autor desacelera bastante. Mas isso não faz com que a produção deixe de ser interessante ou fique enfadonha. Muito bem conduzida por von Donnersmarck, Werk Ohne Autor acompanha o sobrinho de Elisabeth, Kurt, em sua jovem vida adulta. Ele também parece ter uma visão diferenciada do mundo, como a tia. Mas vivendo uma época pós-guerra e com a família tendo aprendido com a história de Elisabeth, Kurt não segue o mesmo caminho da tia.
A partir daí, vemos como ele evoluiu em sua busca pela arte. Inicialmente, ele se desenvolve na parte comunista da Alemanha, onde consegue sucesso seguindo a ideologia que faz parte daquela realidade. Mas ele não está satisfeito. Buscando por liberdade artística e por reconhecimento da vanguarda desta área na época, Kurt migra com a namorada, Elisabeth Seeband – que ele prefere chamar de Ellie (Paula Beer), para a parte ocidental da Alemanha.
Nessa parte da produção, mergulhamos na lógica da arte moderna e da busca dos artistas por sua própria identidade e expressão desta identidade para os demais. Se a tia do protagonista o influenciou a começar a sua trajetória, é o professor Antonius van Verten (Oliver Masucci) que o incita a amadurecer na sua linguagem artística. Ainda que ele parece ter se “decepcionado” com o pupilo inicialmente, a sua crítica e a sua própria história ajudam Kurt a encontrar a linguagem e o foco que ele precisa para expressar o que ele acreditar ser a sua identidade.
Interessante a forma com que a produção explora as diferentes escolas artísticas, o quanto a política e a vida influenciam a arte. A busca do artista por sua própria voz é sempre algo admirável e que rende boas histórias. O foco principal de Werk Ohne Autor é esse, assim como contar, é claro, parte do que aconteceu durante a Segunda Guerra Mundial e no pós-guerra a partir da ótica de alguns alemães.
O período da guerra e do pós-guerra visto pela ótica dos alemães que não aderiram ao regime – mas que foram um tanto “forçados” a aceitá-lo para sobreviver – é um dos pontos de interesse do filme. Assim como aquela busca da essência artística do protagonista. Para embalar a história – e torná-la mais “comercial”, talvez? – o diretor e roteirista também nos apresentam uma história de amor inicialmente “impossível”.
(SPOILER – não leia se você ainda não assistiu ao filme). Afinal, alguém quer algo mais improvável e “mundo pequeno” do que o sobrinho da garota que é morta por Seeband e que tinha o mesmo nome que a filha dele se apaixonar justamente pela filha do carrasco de sua tia? Elas terem o mesmo nome é algo marcante também, especialmente porque a tia do protagonista implorou para o médico como se fosse a sua filha.
Claro que, conforme a história se desenrola, parece que em algum momento virá a tona a verdade sobre a tia de Kurt e seu carrasco. Esse risco existe, mas a revelação acaba não acontecendo. Seeband, claro, mata a charada ao ver as obras de Kurt, mas o genro “desafeto” dele acaba sem entender a reação do sogro e não tem revelado o mistério da tia. Com isso, parece, von Donnersmarck está nos mostrando que a vida é cheia de encontros e de coincidências, mas que nem todas as histórias tem as revelações e as resoluções que gostaríamos ou que veríamos em novelas.
Apesar de ter feito um juramento como médico, de salvar vidas, Seeband era, acima de tudo, um nazista convicto. Ele é tão carniceiro e preconceituoso que não se importou de praticamente tirar a possibilidade da própria filha engravidar apenas para “impedir” que um sujeito que ele considerava inferior – afinal, Kurt era um artista e vinha de uma família que não era tradicional ou poderosa – tivesse um filho com ela.
(SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Ainda que o filme não nos entregue a “vingança” ou ao menos a queda de máscara de Seeband, mas ele avança com um final feliz dos sobreviventes do Holocausto. Kurt e Ellie conseguem ficar juntos e ela consegue engravidar, que é muito mais e o contrário do que o pai da garota desejaria. Kurt também consegue desenvolver o seu próprio estilo artístico, ainda que a crítica considere a sua arte “sem autor”.
O título original do filme, em alemão, faz alusão a isso, a uma arte “sem autor”. O título para o mercado internacional explora a frase que a tia do protagonista falava para ele – de nunca desviar o olhar. Para o Brasil, o título foi levemente modificado e faz alusão às memórias do artista sobre o próprio passado. Por incrível que pareça, os três títulos fazem sentido – apesar de, claro, quererem explorar aspectos diferentes da história.
Vamos falar do primeiro. Para os críticos que avaliam o trabalho de Kurt Barnert, ele é um dos maiores expoentes da arte do seu tempo, da sua geração. Eles elogiam o trabalho que ele faz, mas consideram que o que ele responde não é satisfatório. Por não conseguirem as respostas que desejam, os críticos consideram que a arte dele é “sem autor”. Isso fala muito sobre os nossos dias, inclusive. Os críticos e o público em geral desejam determinadas respostas e que seus desejos sejam satisfeitos, independente do que o autor deseja comunicar.
Me desculpem os críticos e o público que “funciona” com esta lógica, mas eu funciono com uma lógica diferente. Respeito o que os artistas comunicam e o que eles querem expressar. Não quero que tudo satisfaça o meu gosto ou as minhas expectativas. Para mim, o importante é que a arte faça sentido e/ou que me emocione.
Uma prova desta falta de abertura para o que o autor deseja comunicar é o que vimos recentemente com o final de Game of Thrones. As pessoas levam para tudo a cultura do “futebol”. Ou seja, havia um “team Daenerys” e um “team Jon”. Para estes times, só existia um final possível: a vitória de seus personagens no final. Qualquer outra possibilidade seria um “lixo”. Não é isso que vemos em Werk Ohne Autor também quando os jornalistas e críticos entrevistam Kurt e não conseguem dele as respostas que desejam?
Não importa a frustração ou as expectativas de quem assiste ou aprecia a algo. O ego deveria ser deixado de lado para entender a ótica do outro, do artista, suas motivações, sua história, seus sentimentos e todo o contexto que circunda aquela obra. O mesmo vale para o cinema. Devemos entender o que cada cineasta deseja nos passar antes de saber se aquilo fez ou não sentido para cada um de nós. A partir daí pode surgir a nossa crítica, embasada não apenas em gostos pessoais e em “torcidas” estilo futebol.
A frase dita por Elisabeth e que sempre inspirou Kurt tem a ver com o ensinamento de nunca ter medo de nada, de enfrentar a vida de frente e de não ter vergonha de ser o que se é. Uma frase potente, simples e que acaba moldando um bocado a percepção que o protagonista tem do mundo. Finalmente, a frase que acabou sendo usada no título do filme no mercado brasileiro tem a ver com a busca do próprio cineasta, do cinema alemão e do país em não esquecer o seu passado, até para evitar que ele se repita. Tudo isso é importante, e tudo isso ajuda a explicar esta produção.
Gostei de Werk Ohne Autor. Apesar de longo, por ser muito bem construído e por atores carismáticos como protagonistas, o filme não cansa. Passa até meio que rápido. No final das contas, essa produção tem uma narrativa clássica, linear e um pouco previsível. Nos surpreende mais apenas no início, mas depois segue uma vertente confortável.
Essa não é uma produção inesquecível, mas é um filme bem feito e bem realizado. Mais uma obra interessante sobre o regime nazista e o pós-guerra, explorando algo que não é comum de ser mostrado no cinema sobre esta época, que é justamente como os artistas se comportavam e trabalhavam nas “duas Alemanhas” que restaram após a derrota de Hitler e seus cães de guerra. Por ter esse toque diferenciado, assim como pela maneira com que a produção encara o fazer artístico e a crítica da arte, Werk Ohne Autor merece ser visto.
NOTA: 9.
OBS DE PÉ DE PÁGINA: Último filme da lista dos principais concorrentes ao Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira deste ano, Werk Ohne Autor mostra a força do cinema alemão. Mas não achei o melhor filme da temporada. Particularmente, prefiro Shoplifters (com crítica neste link), Capernaum (comentado por aqui) e até mesmo produções que não chegaram entre as finalistas, especialmente Den Skyldige (comentado neste link) e Beoning (com crítica por aqui). Gostei mais desses filmes todos do que da produção que levou o Oscar para casa, Roma (com crítica neste link). Mas o filme vencedor é melhor que este Werk Ohne Autor? Acho que eles empatam, ao menos nos quesitos direção e fotografia. Em termos de roteiro, me parece que até o filme alemão apresenta elementos mais interessantes e que fazem pensar do que o filme de Cuarón.
Um dos pontos altos de Werk Ohne Autor é a sua direção de fotografia. Assim como outra produção indicada a Melhor Filme em Língua Estrangeira nesse ano, Cold War (com crítica neste link). Em Werk Ohne Autor esse trabalho leva a assinatura de Caleb Deschanel. Também vale destacar a ótima trilha sonora de Max Richter e a edição de Patricia Rommel e Patrick Sanchez Smith. Todos fazem um belo trabalho. O diretor Florian Henckel von Donnersmarck também consegue equilibrar bem todos os elementos em cena, exprimir ótimas interpretações dos atores e valorizar a parte artística da produção. Apenas o seu roteiro achei um tanto previsível e “clássico demais” na segunda parte – após aquele começo potente e impactante. Mas o trabalho dele não é ruim.
Falando nos grandes méritos do filme, além da direção segura de von Donnersmarck, da direção de fotografia de Deschanel e da trilha sonora de Richter, vale destacar o carisma dos protagonistas, especialmente de Tom Schilling e de Paula Beer. A atriz Saskia Rosendahl aparece menos do que gostaríamos, mas também esbanja carisma e beleza. Os três são o ponto alto da produção, sem dúvida. Não exageram nas interpretações e passam a veracidade necessária para nos convencer de seus personagens. O ator Sebastian Koch, veterano, também faz um belo trabalho.
Além deles, vale comentar o bom trabalho de outro veterano, Oliver Masucci, bem como o professor de arte Antonius van Verten; Hanno Koffler bem como Günther Preusser, que se torna amigo de Kurt na escola de arte; Evgeniy Sidikhin como o major russo Murawjow, que acaba protegendo Seeband depois que o médico ajuda no parto de seu primeiro filho; o talentoso Jörg Schüttauf como Johnann Barnert, pai de Kurt e mais uma vítima do regime nazista – mesmo sem apoiar o regime, ele teve que se filiar ao partido e acabou pagando caro por isso; Jeanette Hain como Waltraut Barnert, mãe de Kurt e irmã de Elisabeth; Ina Weisse como Martha Seeband, mãe de Ellie; o veterano Rainer Bock quase em uma ponta como o Dr. Burghart Kroll, comandante do extermínio; David Schütter como o artista Adrian Schimmel/Finck, que acaba “empresariando” o colega Kurt; e os atores jovens que interpretaram os protagonistas quando crianças/adolescentes, a saber: Cai Cohrs interpreta Kurt aos 6 anos de idade e Oskar Müller o interpreta quando ele teria 13 anos; e Mina Herfurth interpreta Ellie aos 6 anos.
Além do elenco e dos aspectos técnicos já comentados, vale citar o bom trabalho de Silke Buhr no design de produção; de Theresia Anna Ficus, Markus Nordemann, Robert Reblin, Marek Warszewski e de Jiri Zavadil na direção de arte; de Julia Roeske e de Yvonne von Krockow na decoração de set; e de Gabriele Binder nos figurinos.
Werk Ohne Autor estreou em setembro de 2018 no Festival de Cinema de Veneza. No mesmo mês o filme estreou nos festivais de cinema de Toronto e de Zurique. Depois, a produção passaria, ainda, por outros oito festivais em diversos países. Nessa trajetória, o filme ganhou quatro prêmios e foi indicado a outros 13, incluindo as indicações para os Oscar’s de Melhor Filme em Língua Estrangeira e Melhor Direção de Fotografia no Oscar 2019. A produção também foi indicada ao Globo de Ouro de Melhor Filme em Língua Estrangeira.
Os prêmios que o filme recebeu foram o de Melhor Ator – Nacional para Sebastian Koch no Bambi Awards; o de Melhor Produção no Bavarian Film Awards; o de Melhor Filme em Competição na mostra Arca CinemaGiovani Award e o Leoncino d’Oro Agiscuola Award para Florian Henckel von Donnersmarck, ambos entregues no Festival de Cinema de Veneza.
Agora, vale citar algumas curiosidades sobre esta produção. Durante o filme, fiquei me perguntando o quanto da história poderia ter relação com alguma história real. Segundo os produtores de Werk Ohne Autor, o filme é “vagamente baseado” na história do artista alemão Gerhard Richter. Parece que foi “levemente” inspirado mesmo, porque Richter reagiu à produção dizendo que ela apresentava “abuso e distorção gritante” da sua biografia.
Procurando mais sobre Richter, vi que ele já rendeu alguns documentários interessantes. Nascido em 1932 na cidade de Dresden, na Saxônia, o artista começou a ser retratado pelo cinema em 1994 com o curta para a TV Gerhard Richter. Em 1999, ele apareceu no documentário Speaking of Abstraction: A Universal Language. Depois, em 2005, foi foco do documentário Gerhard Richter: 4 Decades. Outro documentário focado nele foi lançado em 2011, Gerhard Richter Painting. Segundo a Wikipédia, o pintor alemão viveu mais de 16 anos “debaixo do comunismo” na Alemanha Oriental antes de se mudar para a Alemanha Ocidental em 1961.
Segundo este artigo de 2005 da Deutsche Welle sobre Richter, o “superstar alemão” produzia obras que valiam até US$ 9 milhões e foi considerado, pela Art Newspaper em março de 2002, o “artista vivo mais caro” do mundo – ao menos no início dos anos 2000. Segundo o artigo, em 40 anos de carreira, o estilo de Richter mudou continuamente, passando por pop art, fotorrealismo, arte conceitual e minimalista, chegando até a pintura abstrata. Também criou objetos, fotocolagens e instalações.
Para quem deseja ver mais sobre a obra diversificada do artista que inspirou o filme, vale dar uma conferida na página dedicada para ele do site Artsy.
O professor de arte de Kurt é inspirado no artista Joseph Beuys, que foi chefe do departamento de escultura na Kunstakadamie em Dusseldorf no início dos anos 1960. Foi nessa época, também, que o artista Gerhard Richter se matriculou na escola de arte pela primeira vez.
Os usuários do site IMDb deram a nota 7,7 para esta produção, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 74 críticas positivas e 23 negativas para o filme – o que lhe garante uma aprovação de 76% e uma nota média de 7,31. O site Metacritic apresenta um “metascore” 69 para Werk Ohne Autor, fruto de 17 críticas positivas, sete medianas e uma negativa.
De acordo com o site Box Office Mojo, Werk Ohne Autor faturou cerca de US$ 1,3 milhão nos Estados Unidos. Pouco, se comparado com um filme americano, mas um resultado razoável para uma produção estrangeira com três horas de duração. Até porque o filme estreou em apenas 122 cinemas do país.
Werk Ohne Autor é uma coprodução da Alemanha com a Itália. Há algum tempo, aqui no blog, vocês votaram pedindo por mais críticas de filmes alemães. Por isso, essa crítica passa a figurar na lista de textos que atendem à votações feitas aqui no blog. 😉
Me desculpem as poucas atualizações aqui no blog nos últimos meses, mas estou em uma correria boa no meu trabalho. Mas prometo, logo que possível, voltar a publicar mais textos por aqui. Com maior frequência, ao menos. Logo voltarei a alguns clássicos do cinema também – até para “reavivar” a seção aqui no blog destinada a isso e que anda meio abandonada.
CONCLUSÃO: Werk Ohne Autor começa de forma impactante. Um drama familiar que acabou sendo o drama de diversas outras famílias é contado de forma vigorosa na parte inicial deste filme. Depois, temos uma quebra de ritmo marcante em Werk Ohne Autor, o que não é difícil de trabalhar. A produção então suaviza bastante, mas acaba transmitindo a sua mensagem de amor à arte e de que o amor vence mesmo a brutalidade. Sempre bacana ver como os alemães olham e refletem sobre o próprio passado. Sem dúvida, uma cultura admirável, apesar de todos os seus equívocos históricos. Um filme longo, de três horas, que não é difícil de assistir. O tempo passa mais rápido do que o previsto. O que é um bom sinal. Vale ser visto, sem dúvidas.
3 respostas em “Werk Ohne Autor – Never Look Away – Nunca Deixe de Lembrar”
[…] Never Look Away […]
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O que me intrigou no filme foi o nome que ele deu a tela dele com a tia “mãe e filho”. Ele era filho dela? Isso acontecia quando uma moça ficava grávida muito cedo, alguém da família que já fosse casado assumia a criança…
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Que resenha maravilhosa do filme. Meus parabéns com um pingo de inveja, gostaria de ter essa capacidade de interpretar o filme por essa sua ótica clara, por essa sua lente tão limpa, para enxergar os fatos por trás dos atos.
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