Quando uma sociedade caótica, com uma cidade cada vez mais desumana, encontra-se com uma pessoa que sofre de sérios distúrbios mentais abandonada e sacaneada por todos, temos o caos. Finalmente, depois de uma longa espera – e de certo atraso -, assisti a Joker. Admito que estava com um pouco de receio do filme. Afinal, sou fã de HQs e conheço bem o personagem. Mas, para o meu alívio, o que encontrei pela frente foi um filme adulto e muito bem construído.
A HISTÓRIA
Começa com as últimas notícias transmitidas pela rádio. Enquanto se prepara com os colegas para mais um dia de trabalho, Arthur Fleck (Joaquin Phoenix) escuta os efeitos do 18º dia da greve dos trabalhadores que recolhem o lixo de Gotham City. Segundo o jornalista, até os bairros mais elegantes da cidade estão parecendo uma favela. O Secretário de Saúde decretou estado de emergência pela primeira vez em décadas. Nesta cidade, que sofre com este cenário e com o alto desemprego, Arthur sofre para manter-se no emprego e para seguir com o mínimo de lucidez.
VOLTANDO À CRÍTICA
(SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes por filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Joker). Acredito que eu fui uma das últimas pessoas a assistir a esse filme. Verdade. Demorei bastante mesmo. Primeiro, porque quando ele estava nos cinemas, eu estava em uma correria gigante. Depois, devo admitir, porque eu estava com receio do que eu iria encontrar pela frente.
Joker é, para mim, um dos personagens mais interessantes do universo do Batman. Não sou uma fanática pelos filmes que levam para o cinema o universo dos quadrinhos. Assisto, claro. Mas sempre tenho um pouco de receio se os realizadores de cada produção irão, de fato, respeitar o material original. Honestamente, prefiro ver estas histórias no formato original – nas HQs.
Mas como Joker é um dos filmes cotados para o Oscar 2020 e, para muitos, ele irá render o Oscar de Melhor Ator para Joaquin Phoenix, eu não poderia deixar de assistir a essa produção. Pois bem, finalmente fiz isso. 😉 A minha introdução a esse texto já dá uma palhinha sobre o que eu achei sobre esta produção.
Para o meu alívio, o roteiro do diretor Todd Phillips, escrito juntamente com Scott Silver, respeitou a essência da história e dos personagens criados por Bob Kane, Bill Finger e Jerry Robinson. Para quem conhece a história de Joker e da origem do Batman, está tudo ali. Claro que, importante ponderar, sob a ótica de quem narra esta história. Ou seja, sob a ótica de Arthur Fleck.
Joker é a história que explica o surgimento de um dos principais vilões do universo do Batman. Narra, da forma mais humana possível, a “transformação” de Arthur Fleck em Joker. Importante dizer que o personagem tem mais de uma origem contada nas HQs, mas que a versão sobre a qual eu me lembro mais tem relação com o que é narrado neste filme – falei sobre isso mais abaixo.
Sempre vou me lembrar da HQ A Piada Mortal. Nela, está parte da origem do personagem. O que há em comum entre esta HQ e o filme? O fato do personagem ser um comediante frustrado. E só.
Mas se não existe uma única versão para a origem do Joker, importante o trabalho de Phillips e de Silver ao não ignorar parte de uma das versões ao mesmo tempo em que eles tem a sacada de dar para a história “requintes” do nosso tempo. Isso é cinema. Desta forma, eles remetem o público para cenas urbanas que nos fazem lembrar manifestações recentes em grandes cidades.
A insatisfação popular que, volta e meia, ocupa espaço nos noticiários em diversas cidades pelo mundo, casa bem com a Gotham City caótica que vira um catalisador para a explosão de Arthur. Ele não apenas é constantemente agredido e enganado como, com o agravamento da crise na cidade, também abandonado pelo poder público. Isso acontece quando os cortes chegam até a assistência social e ao apoio psicológico que ele vinha recebendo.
Outros fatores fazem Arthur perder o controle. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Depois de ser enganado por um colega de trabalho, que sugere que ele passe a andar armado, Arthur perde o emprego. Com tempo livre, ele segue na busca do texto perfeito para o seu próprio espetáculo de stand-up. Sua tentativa, ao invés de ser acolhida com generosidade, vira motivo de chacota de seu ídolo na TV, Murray Franklin (Robert De Niro).
Mas o que poderia ser uma plataforma para Arthur mostrar o seu talento ou dar a volta por cima, acaba vindo no pior momento de sua vida. Antes, ele acaba descobrindo que as suas origens não tem nada a ver com o que ele imaginava – ou com o que a mãe dele, Penny (Frances Conroy) vinha contando para ele até então.
Isso e mais a vergonha que ele passa ao procurar Thomas Wayne (Brett Cullen), empresário que vira candidato a prefeito e que é pai de Bruce (Dante Pereira-Olson), o futuro Batman, somado a tudo o que eu comentei antes, transforma um palhaço desempregado em assassino em série. E em cadeia nacional – ao menos a sua última morte.
A história, narrada por Arthur, tem um ritmo interessante e muito coerente. Vai crescendo na tensão e no caos do personagem ao mesmo tempo que algo similar acontece com a cidade. Querendo ou não, quando Joker deixa para trás a versão de que a origem do vilão tem a ver com o próprio Batman – naquela versão clássica de que o bandido, então parte da máfia, teria caído em um local cheio de produtos químicos -, o personagem ganha em profundidade.
Porque, como manda a regra do terror, nada pior do que um mal palpável, viável, algo que possa surgir sem que o ingrediente sobrenatural entre em cena. Clássicos do gênero, como The Shining, do genial Stanley Kubrick, ou Psycho, do mestre Alfred Hitchcock, entre outros, estão aí para nos mostrar que o pior terror é aquele que pode surgir na porta ao lado ou a partir de pessoas que “parecem normais” mas que tem um distúrbio grave e que podem se tornar brutais.
Assim, a versão de Phillips e Silver para a transformação de Arthur Fleck em Joker é uma das mais interessantes apresentadas até o momento. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Temos, por um lado, parte da versão de A Piada Mortal de um sujeito que é um fracasso em fazer rir. Por outro, ao invés de um acidente químico que explique os distúrbios mentais do personagem, temos um passado de violência e de muitos abusos praticados pela mãe e pelo padrasto.
Como o filme opta por deixar a origem de Arthur desconhecida – ele teria sido adotado por Penny, mas ninguém sabe, pelo menos até o fechamento desta narrativa, quem eram seus pais biológicos -, isso abre uma série de possibilidades sobre a origem de seus problemas ter algo de hereditária também.
Somado a isso temos a infância com abusos e a vida adulta com internações, muita medicação, distúrbios e, desde que Joker começa, violência sofrida nas ruas, falta de perspectivas e o choque com uma sociedade que parece injusta e desumana. Junte todos estes elementos e temos uma bomba-relógio em forma de pessoa pela frente.
Algo que achei interessante neste filme, a exemplo do que temos também no HQ A Piada Mortal, é a impressão que a história que vemos em cena, possivelmente, não é 100% confiável. Afinal, quem está contando esta versão dos fatos é um cara desequilibrado e que mata com muita facilidade. Assim, tanto na HQ quanto no filme, ficamos com a impressão de que parte da história e da narrativa pode ter existido apenas na cabeça/imaginação do personagem.
Uma prova disso, de que talvez o que vemos não seja exatamente o que aconteceu, é a forma com que o pai de Bruce Wayne é retratado. Ele parece um rico boçal, interessado apenas em conquistar o poder e em defender os seus interesses. Não é essa a visão que normalmente temos desse personagem nos quadrinhos. Então o quanto do que vemos em cena realmente aconteceu? Esse é um mistério que o filme deixa em aberto – propositalmente, o que é bom.
Por tudo isso, achei interessantes as escolhas dos roteiristas e do diretor. Como comentei antes, eles acertam não apenas na forma com que retratam o personagem, sua forma de pensar e sua narrativa “questionável”, mas também em como eles apresentam a caótica cidade de Gotham City.
A justificativa de Batman e de outros personagens terem sido criados naquela cidade tem a ver, justamente, com ela viver inundada na criminalidade e na revolta em vários momentos de sua história. Essa cidade fictícia, que faz alusão á muitas vezes caótica e violenta Nova York, é uma parte importante da história – não apenas de Joker, mas de todo o universo do Batman.
Assim, termos pela frente uma história que começa mostrando como Gotham City foi piorando, lentamente e gradativamente, até chegar ao ponto do caos e da destruição, nos faz pensar sobre as nossas próprias cidades e sociedades em revolução. Nos últimos anos, volta e meia temos cidadãos em diversas partes do mundo se revoltando e pedindo um basta para diversos tipos de situações. Mas qual é o limite para estas revoltas?
Acho que Joker nos mostra muito bem como a insatisfação legítima de muitos pode levar a situações de caos em que criminosos encontram o espaço desejado para fazer o que querem. Sabemos que alguns “se criam” nestas situações – e vemos, neste filme, cenas diversas sobre isso, desde lojas sendo saqueadas, patrimônio público sendo destruído até assassinatos sendo praticados. Tudo isso, de fato, acontece quando a indignação da maioria sai do controle.
Claro que a proposta de Joker não é debater o ser político e nem as manifestações que estão acontecendo mundo afora. O filme busca entreter e, de quebra, nos fazer refletir sobre como tratamos e convivemos com pessoas que tem distúrbios psicológicos. Geralmente as pessoas não sabem lidar com isso. Estão todos muito habituados a lidar com a “normalidade”, mas existe um imenso matiz entre esta dita normalidade e aquilo que outros chamam de loucura.
Entre um extremo e outro, segundo a Associação Americana de Psiquiatria, existem mais de 300 tipos de transtornos mentais identificados. Alguns são mais “leves” que outros, mas existem transtornos que, se não forem diagnosticados e tratados, podem colocar outros indivíduos em risco. Mas independente disto, como as pessoas “comuns” costumam olhar e tratar quem tem algum trastorno mental? Não poucas vezes elas são chamadas de “freaks”, “malucos” e afins.
Joker nos mostra, com bastante crueza, como a falta de empatia, de generosidade e de compaixão pode fazer um problema, que poderia ser administrado, sair do controle. Quando o rastilho do caos é aceso, ninguém sabe onde os acontecimentos podem parar. Por tudo isso, Joker é sim entretenimento, mas também é mais que isso. Quem está atento às diferentes camadas que fazem parte deste filme, pode tirar algumas reflexões de brinde. Agradecemos por isso.
NOTA
9,3.
OBS DE PÉ DE PÁGINA
Não adianta um filme ter um ótimo roteiro se não há um grande ator para tornar o personagem central da dimensão que ele precisa ter. Assim, de fato, Joker tem uma atuação soberba e irretocável de Joaquin Phoenix. Mas seu trabalho só tem a dimensão que tem porque o roteiro é competente na construção do personagem e da narrativa e porque Todd Phillips trabalha a cada minuto para valorizar essa atuação acima da média.
Para um personagem como Joker, apenas uma entrega total e visceral do ator escalado para o papel para que a produção se justifique. Antes, todos falaram de Heath Ledger por sua entrega como o Joker de The Dark Knight – que, vocês podem achar incrível isso, mas eu não assisti. Agora, todos falam do trabalho de Joaquin Phoenix com o mesmo personagem.
Vejo que Arthur Fleck vai marcar a carreira de Phoenix, mas não considero esta produção um “divisor de águas” para o ator. Não por acaso ele já foi indicado, em três outras ocasiões, ao Oscar. Primeiro, por Gladiator. Depois, por Walk the Line e, finalmente, por The Master (comentado aqui). Ele foi indicado, por estes mesmos filmes, ao Globo de Ouro – premiação na qual ele foi indicado, ainda, por seus trabalhos em em Her (com crítica neste link) e Inherent Vice. No Globo de Ouro, ele foi premiado por Walk the Line e, neste ano, por Joker. Acredito que o Oscar finalmente irá para ele por esse trabalho.
Será merecido se Phoenix levar o Oscar por Joker, é claro, mas eu acho que ele é um ator que merecia esta estatueta por outros trabalhos antes deste – como por Her. Para o meu gosto, ele é um dos grandes atores da sua geração. Tem trabalhos incríveis até este momento e, por isso, a meu ver, terá a carreira menos marcada por Joker do que Heath Ledger teve por The Dark Knight.
A estrela de Joker é Joaquin Phoenix, não há dúvida. O filme orbita ao redor dele. Todos os demais personagens e as linhas de diálogos e do roteiro convergem para o personagem de Phoenix. Mas, além do excelente trabalho do ator, vale citar outros parceiros de cena que também fazem um bom trabalho e que tem relevância nesta história.
Para começar, destaque para Frances Conroy, que interpreta a mãe do personagem, Penny Fleck; depois, destaque para Robert De Niro como o apresentador de TV Murray Franklin; para Zazie Beetz como Sophie Dumond, uma mãe solteira que tem a infelicidade de ser vizinha dos Fleck; Brett Cullen como Thomas Wayne, empresário e candidato à prefeitura; Shea Whigham como o detetive Burke, e Bill Camp como o detetive Garrity, ambos responsáveis pelas investigações das mortes no metrô; Glenn Fleshler como Randall, colega de Arthur que “empresta” uma arma para ele – sem sonhar o que isso poderá significar; Leigh Gill como Gary, o único colega de Arthur que o trata com o mínimo de respeito e simpatia; Dante Pereira-Olson como Bruce Wayne – futuro Batman; Carrie Louise Putrello como Martha Wayne, mãe de Bruce; Hannah Gross como a jovem Penny; e Sharon Washington como a assistente social que acompanha Arthur até que a verba deste trabalho é cortada. Vale citar, ainda, o trio de atores que interpretam os boçais do metrô – funcionários de Wayne: Carl Lundstedt, Michael Benz e Ben Warheit.
Sim, acho Joker um dos filmes marcantes de 2019. Mas não acho o melhor filme do ano. Antes que alguém me pergunte. 😉 Merece ser lembrado nas premiações, ser indicado e premiado, mas eu não daria o Oscar de Melhor Filme para ele, por exemplo.
Entre os aspectos técnicos do filme, sem dúvida começo destacando o roteiro competente de Todd Phillips e de Scott Silver, que criaram/recriaram uma origem que faz sentido para o Joker; e a direção segura e que valoriza a interpretação e a criatividade dos atores, especialmente de Joaquin Phoenix, ao mesmo tempo que sabe explorar muito bem Gotham City como uma personagem da história – e seus moradores enlouquecidos, é claro.
Outros aspectos técnicos que merecem elogios: a trilha sonora de Hildur Guðnadóttir; a direção de fotografia de Lawrence Sher; a edição excelente de Jeff Groth; o design de produção de Mark Friedberg; a direção de arte de Laura Ballinger; a decoração de set de Kris Moran; os figurinos de Mark Bridges; o ótimo trabalho dos 33 profissionais envolvidos com o Departamento de Maquiagem – a maioria deles, o que é curioso, com o trabalho não creditado no filme; os dezenas de profissionais envolvidos no Departamento de Arte e os dezenas de profissionais responsáveis pelos Efeitos Visuais. Todos eles ajudam esse filme a acontecer.
Joker estreou em agosto no Festival de Cinema de Veneza. Depois, o filme participou, ainda, de outros sete festivais e/ou mostras em alguns países. Na sua trajetória, até agora, o filme ganhou 29 prêmios e foi indicado a outros 129. Entre os prêmios que recebeu, destaque para os Globos de Ouro nas categorias Melhor Ator – Drama para Joaquin Phoenix e Melhor Trilha Sonora Original; e para os prêmios de Melhor Filme (o Leão de Ouro), Melhor Trilha Sonora e o Graffetta d’Oro de Melhor Filme no Fanheart3 Award do Festival de Cinema de Veneza.
Acho que vale deixar por aqui dois textos interessantes sobre o tema dos transtornos mentais. Esse primeiro, da OPAS Brasil, é uma folha informativa sobre o tema. Este outro, da revista Ciência e Cultura, traz informações sobre o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais da Associação Americana de Psiquiatria.
Antes comentei sobre como, nas HQs, a origem do Joker não é única, mas variada. Como introdução sobre este assunto, recomento este texto do site Omelete.
Agora, vale citar algumas curiosidades sobre esta produção. Segundo o ator Joaquin Phoenix, a parte mais difícil do seu personagem foi o trabalho de aperfeiçoar o riso do Joker. Para chegar no ponto que ele achou satisfatório, o ator consultou vídeos de pessoas que sofrem de risadas patológicas. Uma das preocupações dele também foi de interpretar um personagem com o qual os espectadores não conseguissem se identificar.
Phoenix fez uma dieta agressiva e emagreceu 23 quilos para interpretar Joker. Segundo o ator, ao fazer isso, ele conseguiu o que tinha esperado com a perda de peso: “sentimentos de insatisfação, fome, um certo tipo de vulnerabilidade e fraqueza”. Além disso, conforme Phoenix, ele conseguiu uma “fluidez” de movimentos que não tinha antes, conseguindo se mover de forma diferenciada – o que vemos bem em cena.
Achei o filme bom, sem dúvidas, mas não achei ele excepcional ou inesquecível. Por isso a nota acima. Penso que falta ao filme um “toque a mais”, um plus na história além de uma grande plataforma para um grande ator mostrar o seu trabalho. Talvez faltou desenvolver um pouco mais algum outro personagem e/ou contrastar as versões de Joker com a de outras pessoas… não sei exatamente como o problema poderia ser resolvido, mas achei que o filme poderia ter mais história e, quem sabe, mais surpresa espalhada aqui e ali.
Os usuários do site IMDb deram a nota 8,6 para esta produção, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 368 críticas positivas e 164 negativas para a produção – o que lhe garante uma aprovação de 69% dos críticos e uma nota média de 7,26.
O site Metacritic apresenta um “metascore” 59 para Joker – fruto 32 críticas positivas, 15 medianas e 11 negativas. Esse é o filme desta safra do Oscar com o pior desempenho segundo os críticos listados no Metacritic.
De acordo com o site Box Office Mojo, Joker teria custado cerca de US$ 55 milhões e faturado, apenas nos Estados Unidos, pouco mais de US$ 334 milhões. No restante dos países em que o filme estreou, ele fez mais US$ 732,7 milhões. Ou seja, no total, o filme passou a barreira do US$ 1,06 bilhão. Entre os filmes com classificação R – com restrição maior por causa de sua violência -, Joker é o único que conseguiu mais de US$ 1 bilhão – ultrapassando o recordista anterior, Deadpool, que arrecadou US$ 785 milhões.
Se Joaquin Phoenix não precisava de Joker para ser levado a sério como ator, o mesmo não pode ser dito de Todd Phillips como diretor. Esse filme, sem dúvida alguma, é o mais “sério” e interessante que o diretor fez na carreira – pelo menos em se tratando dos filmes de ficção.
Phillips estreou na direção em 1993 com o documentário Hated: GG Allin & the Murder Junkies. O primeiro longa de ficção dirigido por ele foi lançado no ano 2000: Road Trip. Depois de algumas bobagens, ele ficou conhecido por The Hangover (comentado por aqui). Que muitos amaram mas, vamos combinar, é outra bobagem. Não me deu ao trabalho de assistir aos outros filmes do diretor mas, vendo a lista, me parece que Joker é a produção que faltava para ele começar a ser levado a sério.
Joker é uma coprodução do Canadá com os Estados Unidos.
CONCLUSÃO
A sociedade, mesmo quando apresenta uma certa estabilidade e equilíbrio, não está preparada para lidar com pessoas com transtornos mentais. Isso é fato. Joker, um dos personagens mais interessantes do universo do Batman, ganha com esta produção um filme à sua altura. Esta produção fala sobre nosso tempo, de desigualdades, insatisfações e de violência, ao mesmo tempo que faz pensar sobre a loucura de tudo isso. Quanto mais desumana é uma sociedade, maior o caos. Joker trata sobre isso e respeita, para quem curte o universo das HQs, o personagem que inspirou a produção. Um alívio encontrar um filme que faça isso.
PALPITES PARA O OSCAR 2020
Acredito que o sucesso de Joker nos cinemas e, principalmente, entre o público – muito mais que entre os críticos – fará com que o filme seja bem indicado na premiação da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.
Não será surpreendente se Joker for indicado nas categorias de Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Ator, Melhor Trilha Sonora, Melhor Maquiagem e Cabelo e Melhor Edição. Caso os votantes da Academia quiserem dar ainda mais alegria para os fãs de Joker, o filme poderá ser indicado ainda a Melhor Diretor, Melhor Figurino e Melhor Design de Produção.
Em quais categorias o filme tem chances? Eu diria que, principalmente, para Melhor Ator, Melhor Trilha Sonora e Melhor Maquiagem – sendo que ele pode ganhar apenas na primeira, nas duas primeiras ou, não devemos nos surpreender, em nenhuma.
A concorrência está forte, este ano, em diversas categorias. Mas se eu fosse arriscar um palpite, acho que Hollywood dará, finalmente, o primeiro Oscar para Joaquin Phoenix. Ele merece? Sem dúvida. Por este filme e, antes, por Her.
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