Um filme com um começo incrível. Uma aula de direção, de ritmo e de “provocação”. Pena que aquele início vigoroso não dure muito tempo. Belfast nos conta um momento tenebroso de uma cidade e de um país que nos faz refletir sobre a intolerância vivida em várias partes até hoje. Filme bem dirigido, com um bom elenco e uma ótima direção de fotografia, mas que não passa muito dos bons princípios. Razoável, no fim das contas.
A HISTÓRIA
Acompanhados de uma trilha sonora animada, vemos a diversas cenas da Belfast atual. Essa sequência dá lugar para cenas de outra época. Voltamos para o dia 15 de agosto de 1969. Por trás de um muro, em uma parte da cidade, saímos do colorido de um painel pintado e predominantemente azul para ver a cena de uma viela em preto e branco com crianças brincando livremente. Um homem anda de bicicleta, enquanto uma mãe começa a chamar o filho. Em breve, aquela cena tranquila será convertida em caos no início dos ataques de protestantes contra católicos na cidade.
VOLTANDO À CRÍTICA
(SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Belfast): Não vou mentir para vocês. Eu queria assistir a Licorice Pizza antes deste Belfast, mas não consegui. De qualquer forma, estes dois filmes seriam os próximos da sequência do Oscar. Só a ordem teve que ser mudada por fatores alheios à minha vontade.
Digo isso apenas a título de curiosidade. Não acho que assistir a Belfast antes tenha afetado a minha visão do filme. Eu gosto do Kenneth Branagh. Então, mais por ele, que eu tinha curiosidade sobre esta produção. Achei o começo do filme impecável. Com um ritmo e uma direção de Branagh de fazer o queixo cair. Pena que esta potência dure apenas alguns minutos e não siga durante o restante do filme.
(SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Uma terra cheia de conflitos e de drama e que tem este contexto narrado por uma criança. Isso não é novidade pra gente. Quem já assistiu a um bocado de filmes e não começou ontem a ver produções de Hollywood ou de outras latitudes já viu algumas produções neste estilo. Belfast segue esta linha, de um filme de “guerra”/conflito, bem dramático, sob a ótica de uma criança.
Outra questão fundamental desta produção é que ela homenageia, volta e meia e sempre que possível, o cinema. Não importa se o protagonista assiste a filmes na sala de cinema ou na televisão de casa. Os filmes estão lá para servirem como um bálsamo da realidade dura e absurda que acontece nas ruas de Belfast. Bueno, cinema como escape, como bálsamo e a melhor parte da infância não é também uma novidade.
Claro que nem sempre a gente precisa ou recebe uma história original e um filme que traz novidade. Quanto mais o cinema avança, mais fácil alguma história repetir, ao menos em parte, a “fórmula” de outra produção. Ainda que isso seja verdade, Belfast, para o meu gosto, bebe demais em referências e em narrativas que já assistimos e que, por terem sido inéditas em seu momento, nos marcaram mais.
Apesar dessa falta de originalidade da produção, Belfast tem algumas questões interessantes. Para começar, o filme se revela muito atual, já que aborda um conflito interno na Irlanda causado pela intolerância religiosa. A perseguição de católicos feita por protestantes é apenas parte da história, como o filme dirigido e com roteiro de Kenneth Branagh bem nos demonstra.
Algo interessante nesta produção é como ela trata, de forma direta e indireta, nem sempre deixando tão às claras e sim nas entrelinhas, sobre as origens da intolerância e do conflito. Parte da história é explicada pelas dificuldades sociais vivenciadas por uma parte importante da sociedade irlandesa da época.
A xenofobia e, no caso desta história, a intolerância religiosa, muitas vezes tem origem no desemprego, na fome e na falta de acesso ao estudo e à assistência médica. Algumas vezes, todos estes elementos somados levam a um “caldeirão” de insatisfação que, sem justificativas, claro, provoca violência e ainda mais injustiça social.
Nestas horas, parte da população se volta contra o “diferente” para atacá-lo achando que este “diferente” é o culpado por seus problemas. Nunca é. A raiva e o ódio provocados pela miséria e pela injustiça social deveriam mobilizar as pessoas para buscarem melhor condição de vida e oportunidade das autoridades públicas. Mas, muitas vezes manipulados por quem está no poder ou cegos por algum preconceito prévio, esses insatisfeitos destilam seu ódio contra inocentes.
Belfast nos faz pensar sobre isso. Assim como mostra outro perfil de participante daqueles ataques de protestantes contra católicos: o bandido que se esconde por trás de um colapso social. Este é o caso de Billy Clanton (Colin Morgan), que mora na mesma comunidade da família do protagonista e que, aparentemente, é um velho conhecido do pai de Buddy.
Aproveitando-se da convulsão social dos ataques de jovens protestantes contra católicos, Billy e outros de sua estirpe acabam “tocando o terror” para tirar vantagem. No caso, financeira, extorquindo as pessoas e ajudando a colocar gasolina na fogueira. Esta é uma parte do quadro de muitos conflitos. Quando aproveitadores tentam tirar vantagem do caos.
Em 2022, quando vivemos a Guerra da Ucrânia e diversos outros conflitos e disputas onde os mais “fortes” e “espertos” buscam tirar vantagem da violência, da morte e do sofrimento, fazendo os mais “fracos” pagarem o preço caro de viverem em sociedades onde os conflitos e os problemas não são resolvidos de outra forma, Belfast se mostra muito atual.
Dito isso, comento que a temática do filme e algumas das suas reflexões são pertinentes e importantes. Mas o desenvolvimento da história, especialmente a “forçada de barra” do filme para tornar a narrativa lúdica e bela mesmo em meio ao caos, como uma forma de “homenagear” quem viveu aqueles dias, acaba prejudicando o resultado final da produção.
Para o meu gosto, fora o início impecável e potente, que elevou a expectativa de quem assistia ao filme para ver mais aquilo em cena, Belfast acaba caindo demais no lugar-comum. Já vimos filmes narrados por crianças que viveram conflitos, com esta mesma pegada e com diversas referências de homenagem ao cinema. Nada de novo no front, portanto.
Como eu comentei antes, não vivemos apenas de inovação no cinema. Histórias “requentadas” e cheias de referências podem render bons filmes – vide Tarantino e seu caldeirão de referências buscando acrescentar novas ideias ao mesmo tempo, além de outros nomes. Mas, a meu ver, este não é o caso de Belfast. Achei o filme, de fato, apenas mediano. Para mim, bem longe de ser um dos melhores filmes do ano. Só vale pela temática mesmo.
NOTA
7,8.
OBS DE PÉ DE PÁGINA
Com todo o respeito a quem gostou muito de Belfast, mas acho que uma das maiores qualidades do filme é a sua duração: 1h38min. Um filme mais curto cai bem para esta história que perde força com o tempo e para a qual, a meu ver, falta um pouco de “sustância”.
Acredito que a indicação ao Oscar de Kenneth Branagh na direção se justifica, especialmente, pelos primeiros 10 minutos do filme. Aquele começo é, realmente, uma aula de cinema e é algo arrebatador. Pena que o restante da produção não apresenta o mesmo vigor. Mas, por aquele início, acho que o diretor mereceu a sua indicação. Mas não merece ganhar – a não ser que estamos em um ano extremamente fraco na direção e que justificaria o prêmio para ele.
Branagh também se saiu bem por emplacar o roteiro de Belfast entre os indicados deste ano na categoria Melhor Roteiro Original. Como disse antes e, desta vez, estou sendo repetitiva, acho a proposta de Belfast muito boa. O filme tem boas intenções e se mostra muito atual pelas reflexões que levanta. Mas, apesar disso, é um dos pontos fracos da produção por, justamente, não manter o vigor do início e por apostar muitas fichas em uma visão fantasiosa e pueril – justificada, ok, pelo narrador ser uma criança, mas isso não é exatamente novo ou instigante – da realidade.
Não assisti a muitos filmes desta categoria. O único que eu vi da lista, além de Belfast, foi Verdens Verste Menneske. O próximo da lista será Licorice Pizza. Mas, comparando o filme de Joachim Trier com este filme de Brannagh, não tenho dúvidas de que prefiro o roteiro de Verdens Verste Menneske. Acho igualmente atual, mas muito melhor escrito e muito mais instigante. Claro que o filme made in Noruega dificilmente tem chances contra a produção de um nome conhecido de Hollywood. Mas que a produção dirigida por Trier é melhor, disso não tenho dúvidas. Aliás, quem ainda não eu, pode acessar por aqui a crítica do filme norueguês.
Mesmo não mantendo o vigor visto no início da produção, Kenneth Branagh faz um trabalho cuidadoso e que valoriza muito bem os atores, as perspectivas deles na narrativa e o cenário construído para esta produção. A fotografia do filme é um diferencial de Belfast, sem dúvidas. O preto e branco funciona muito bem, valorizando a história. Nesse sentido, além do trabalho de Branagh na direção, vale citar o ótimo trabalho de Haris Zambarloukos na direção de fotografia. Um aspecto de destaque no filme.
Falando nos aspectos técnicos da produção, vale citar a ótima edição de Úna Ní Dhonghaíbe; o design de produção pensado em todos os detalhes de Jim Clay; a decoração de set incrível de Claire Nia Richards; o ótimo trabalho na direção de arte de Dominic Masters, Stephen Swain e Robert Voysey; e os figurinos perfeitos para a ambientação de época de Charlotte Walter. A trilha sonora, relevante para o filme, de Van Morrison, já não achei tão incrível assim. Mas vale citá-la.
Merece um crédito diferenciado o excelente trabalho da equipe do Departamento de Arte, formado por 20 profissionais e grande responsável por reconstruir parte da Belfast da época dos conflitos. Nos sentimos, algumas vezes, dentro de um cenário teatral. Outras vezes, somos levados para outros cenários. Na composição final, considero que a ambientação garantida por esta equipe e por outros nomes que eu citei antes foi muito bem feita, nos transportando, de fato, para aquela época e local.
Além dos aspectos técnicos, já comentados, vale citar o bom trabalho do elenco. Kenneth Branagh escolheu a dedo, em especial, o “núcleo duro” da história. Temos grandes estrelas em cena, nomes conhecidos e bem premiados e/ou reconhecidos. Fora o protagonista, é claro. A história fica centrada em uma família, principalmente, especialmente porque a narrativa é de uma criança. Mas há muitos atores secundários que ganham falas e alguma importância na história. Apesar de, no fim das contas, não nos lembrarmos deles muito além dos créditos finais.
O destaque do elenco, claro, como não poderia deixar de ser, é o garoto Jude Hill, que interpreta a Buddy, protagonista desta história. Branagh narra o filme sempre sob a ótica do garoto. Por isso mesmo, parte da história fica evidente e parte fica subentendida – até porque a compreensão de uma criança sobre aqueles acontecimentos só poderia ser parcial, de fato. Esta perspectiva é que acabamos tendo da história. Estreando como ator neste filme, Jude Hill faz um bom trabalho, segurando bem a responsabilidade de ser protagonista, imprimindo verdade na maioria das cenas, sem exagerar no seu papel – que também é um tanto equilibrado.
Como quase toda criança, Buddy idealiza e admira os pais. Não por acaso, eles são os “heróis” da produção sob a ótica do protagonista. Desta forma, como não poderia deixar de ser, os atores Caitriona Balfe e Jamie Dornan, respectivamente mãe e pai do garoto, estão belíssimos em cena. Sob a ótica do garoto, eles são como astros de cinema – especialmente nas cenas de dança. Faz parte da narrativa. Tanto Caitriona quanto Jamie estão bem em cena, mas nada além do que já vimos eles fazendo.
Em papéis secundários de luxo, estão dois nomes potentes do cinema: Ciarán Hinds e Judi Dench. Eles interpretam, respectivamente, o avó e a avó paternos do protagonista. Interpretando pessoas comuns da época, de uma geração mais “apegada” ao local de nascimento, ou seja, à cidade de Belfast, estes dois gigantes estão bem em seus papéis. Nada que eu ache excepcional ou além do que eles já entregaram em outros filmes. Mas eles, mesmo não se esforçando muito, sempre estão acima da média.
Outros nomes em papéis menores mas que tem certa relevância na história e que merecem ser citados: Lewis McAskie como Will, irmão mais velho do protagonista; Olive Tennant como Catherine, a menina do colégio com quem Buddy sonha em casar; Colin Morgan como Billy Clanton, uma das ameaças da família de Buddy e antagonista do pai do menino; Lara McDonnell como Moira, amiga de Buddy entusiasmada com as revoltas na comunidade; e Turlough Convery como o pastor da igreja frequentada pela família do protagonista.
Este é um filme sobre pessoas comuns que viveram uma época complicada de uma cidade, de um país e de uma sociedade. Época complicada por diversos fatores. Época triste e que repercute até hoje. Assim, a história em cena não é fantástica. Não precisa ser. Só acho que faltou um desenvolvimento um pouco mais interessante da história. Esse é o principal “problema” de Belfast. Excesso de referências e de “homenagens” que tornam o filme um pouco “forçado” e previsível demais em diversas ocasiões.
(SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Nos créditos finais de Belfast, o diretor e roteirista afirma que Belfast é uma homenagem aos que ficaram, aos que partiram e aos que estavam “perdidos” em 1969 naquele caos social irlandês. Ok sobre quem partiu e quem ficou. A conta é pesada para ambos e eles mereciam ser homenageados. Mas e os “perdidos”? Fica um pouco aberto, não? E dá margem para a homenagem se estender a figuras como Billy Clanton, que tocaram o terror por serem bandidos disfarçados de manifestantes. Não acho que eles merecem a homenagem.
Agora, falando sobre a história para além do que comentei antes. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Fora o que eu já citei, o que podemos falar sobre os personagens que vemos em cena? São pessoas “comuns”, uma família “normal” da época, com um pai relativamente ausente porque está trabalhando fora do país, já que na Irlanda do Norte ele não encontrou oportunidade de trabalho; uma mãe que acaba cuidando praticamente sozinha da educação dos filhos; dois filhos responsáveis e dois avós apegados à família e a vida que eles levam na cidade que eles amam. Na verdade, todos amam Belfast – com o pai dos meninos com um apego um pouco menor. Em comum, todos amam a cidade, o país e a família, assim como sua história e modo de vida.
Belfast estreou em setembro de 2021 no Festival de Cinema de Telluride. Até o início de março de 2022, o filme participaria, ainda, de outros 24 festivais em diversos países. Em sua trajetória até aqui, Belfast ganhou 45 prêmios e foi indicado a outros 246, incluindo sete indicações ao Oscar deste ano.
Entre os prêmios que recebeu, destaque para o Prêmio BAFTA de Melhor Filme Britânico do Ano; para o prêmio de Melhor Roteiro no Globo de Ouro 2022; para o Prêmio de Melhor Ator Coadjuvante para Ciarán Hinds do National Board of Review; e para o de Melhor Filme segundo a escolha do público do Festival Internacional de Cinema de Toronto.
(SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme ainda). Não sei vocês, mas durante a experiência deste filme, a todo o momento, eu ficava esperando que algo de terrível acontecesse. Essa expectativa, junto com os desejos para o futuro do protagonista e o seu amor pelo cinema acabam tornando a experiência de Belfast um tanto agridoce. Por um lado, vivenciamos o que Buddy está passando, ao mesmo tempo em que fica impossível ignorar o perigo e a violência relativamente “camuflados”.
Vale comentar algumas curiosidades sobre esta produção. Começo tirando a dúvida de muitas pessoas, talvez. Que sim, Belfast é inspirado nas experiências pessoais que Kenneth Branagh teve na infância. Ou seja, mais uma obra semibiográfica de um grande diretor que “revisita” a infância e homenageia as próprias lembranças em um filme preto e branco – como não lembrar de Roma (comentado por aqui)?
Para registrar momentos de espontaneidade durante o filme, Kenneth Branagh deixou as câmeras rodando muitas vezes sem que o elenco soubesse quando Jude Hill estava em cena. O ator achava que eram apenas ensaios, mas a equipe estava registrando suas interações sem ele saber. Com o tempo, ele percebeu que os ensaios também estavam sendo gravados. Muitas cenas do filme, na versão final, utilizam essas cenas gravadas durante os “ensaios”.
O ator Ciarán Hinds deixou Belfast em meados dos anos 1970 e imigrou para a Inglaterra por causa dos problemas que a Irlanda estava passando naquele momento. Mas, diferente do que vemos no filme de Branagh, Hinds era católico e não protestante.
Várias pessoas que fazem parte do filme nasceram, de fato, em Belfast. Este é o caso de Kenneth Branagh e dos atores Jamie Dornan, Ciarán Hinds e Josie Walker (esta última interpreta a Tia Violet).
O roteiro de Belfast foi escrito por Branagh por incentivo do ator e amigo John Sessions. O trabalho de Sessions como Marley em Belfast foi o último dele, já que o ator faleceu em novembro de 2020.
Ciarán Hinds e Kenneth Branagh cresceram a cerca de 1,5 quilômetro de distância um do outro em Belfast. Os dois deixaram a cidade para frequentar a Royal Academy of Dramatic Art. Branagh tem 61 anos e Hinds tem 69 anos. Com esta diferença de idade, os dois não chegaram a se encontrar em Belfast, apenas depois, na vida profissional.
A atriz britânica Judi Dench tem uma relação forte com a Irlanda. A mãe dela nasceu em Dublin e a família se mudou para a cidade após a Segunda Guerra Mundial, quando saíram da Inglaterra, quando Judi tinha 10 anos. Os sogros da atriz vivem na Irlanda e estavam no país quando as situações relembradas no filme ocorreram.
Dos principais nomes do elenco, Colin Morgan é o único que não nasceu em Belfast. Ele é natural de Armagh, cidade da Irlanda do Norte.
Para quem quer saber mais sobre os conflitos ocorridos em Belfast em 1969, recomendo esta leitura do site do canal History. O texto explica a origem dos conflitos na Irlanda que duraram 30 anos e que ficaram conhecidos como “The Troubles”. Segundo esse texto, os tumultos, assassinatos e carros-bomba utilizados em vários episódios causaram cerca de 3,6 mil mortes e pouco mais de 30 mil feridos.
Como o filme não explica muito das origens do conflito, sugiro procurarem leituras como esta do History. Ali fica claro porque os conflitos do “The Troubles” se concentraram em Belfast e Derry, cidades com comunidades católicas importantes na Irlanda do Norte. Os católicos reclamavam de discriminação e de tratamento injusto por parte do governo e das forças policiais, que eram controlados pelos protestantes. É preciso observar que os irlandeses que buscavam a independência do império britânico, em sua maioria católicos, conseguiram essa independência através da Irlanda do Norte apenas em 1921.
Entre outras questões, as disputas entre católicos e protestantes na Irlanda do Norte passava, portanto, por questões políticas, envolvendo separatismo, nacionalismo e “lealdade à Inglaterra” em lados opostos. Sobre 1969, especificamente, o texto comenta sobre a “Battle of the Bogside”, que durou três dias e que teve alguns dos piores conflitos sendo registrados em Belfast.
Na ocasião, bairros católicos foram invadidos e 1,5 mil casas foram incendiadas. No dia 14 de agosto o primeiro-ministro da Irlanda do Norte pediu apoio do governo britânico, o que iniciou um período de implantação de tropas inglesas em território irlandês que durou décadas.
Os usuários do site IMDb deram a nota 7,3 para esta produção, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 263 críticas positivas e 40 negativas para a produção, o que garante para o filme o nível de aprovação de 87% e a nota média 7,9.
O site Metacritic apresenta o “metascore” 75 para Belfast, fruto de 47 críticas positivas, sete medianas e uma negativa.
Segundo o site Box Office Mojo, Belfast arrecadou cerca de US$ 42,7 milhões, sendo US$ 9 milhões nos Estados Unidos e o restante em outros países, com destaque para o Reino Unido, onde o filme fez US$ 19,3 milhões.
Belfast é uma produção 100% do Reino Unido.
CONCLUSÃO
Um filme que começa potente e de forma muito interessante, mas que não mantém o vigor por muito tempo. O tema central de Belfast é bom e importante. Trata sobre a intolerância, configurada por aqui como religiosa, mas que é composta por diversos elementos. A reflexão sobre isso faz o filme valer. O restante… bem, mais uma vez temos um filme que homenageia o cinema enquanto nos conta a história de um tempo tenebroso sob a ótica de uma criança. Nada novo, portanto. Mediano.
PALPITES PARA O OSCAR 2022
Como comentei rapidamente antes, Belfast foi indicado em sete categorias do Oscar: Melhor Filme; Melhor Direção para Kenneth Branagh; Melhor Atriz Coadjuvante para Judi Dench; Melhor Ator Coadjuvante para Ciaran Hinds; Melhor Roteiro Original; Melhor Canção Original para “Down to Joy” e Melhor Som.
Segundo as bolsas de apostas, o filme não é o favorito em nenhuma destas categorias. As melhores chances de Belfast no Oscar deste ano estariam em Melhor Roteiro Original, com a produção em segundo lugar na disputa – atrás de Licorice Pizza; em Melhor Direção, com Kenneth Branagh em segundo lugar – atrás da favoritíssima Jane Campion; e em Melhor Filme, com a produção em terceiro lugar nas apostas, atrás de CODA e de The Power of the Dog.
As chances são consideráveis, portanto, do filme sair de mãos abanando do Oscar. Francamente? Quem leu a crítica acima já sabe a minha opinião sobre o filme. Por ele ser apenas mediano, acho que o maior prêmio de Belfast já foi ganho: ele ter sido indicado sete vezes neste ano. Não acho que o filme merecia tanto e não acho que ele mereça ganhar algum Oscar. Ao menos até aqui – ainda faltam filmes da lista para assistir.
Então, para resumir, se Belfast de fato sair sem alguma estatueta da premiação deste ano, não acharei algo injusto. Acho que faz sentido, na verdade. Há filmes melhores nesta temporada e, acredito, tenhamos filmes melhores que nem foram lembrados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood neste Oscar.
2 respostas em “Belfast”
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