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The Banshees of Inisherin – Os Banshees de Inisherin


As escolhas que fazemos todos os dias podem ser definidoras. Tudo bem quando estamos no piloto automático. Mas o que acontece quando decidimos mudar radicalmente uma das variantes desse cotidiano? Os efeitos podem ser imprevisíveis. E a escalada pode ser absurda. The Banshees of Inisherin é um filme interessante, com um ótimo roteiro, atuações muito interessantes e muitas, muitas camadas. A história em si não é complexa, mas as temáticas sim, são variadas e, muitas delas, densas.

A HISTÓRIA

Ouvimos um coral, enquanto uma forte neblina dá lugar para uma imagem que nos apresenta o encontro entre algumas terras e o mar. Por outro ângulo, vemos as mesmas terras, quase inabitadas, e a distância que aquela terra tem do continente. Vemos também as primeiras casas, um pouco mais distantes da costa. Corta. Andando pelo cais, vemos Pádraic Súilleabháin (Colin Farrell). Ele cumprimenta algumas pessoas e anda com passos firmes. Ele passa por imagem de Nossa Senhora e caminha por uma estrada de chão batido cumprimentando outras pessoas no caminho.

Ele desce uma encosta e encaminha-se para uma casa localizada de frente para o mar. Pádraic acaricia o cão que está sentado na frente da porta e bate na porta. Em seguida, ele vai até a janela e chama por Colm (Brendan Gleeson), perguntando se ele vai até o bar. Pádraic lembra o amigo que são duas da tarde, mas como ele percebe que Colm está dentro da casa fumando, mas não esboça nenhuma reação, Pádraic diz que eles se encontram no bar mais tarde. Em breve, essa relação vai dar muito pano pra manga.

VOLTANDO À CRÍTICA

(SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a The Banshees of Inisherin): Finalmente cheguei no filme que mais me chamava a atenção quando a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulgou a lista de produções indicadas ao Oscar deste ano. Claro que me refiro aos filmes mais indicados e, principalmente, aos que concorrem na categoria Melhor Filme – porque as produções de Melhor Filme Internacional sempre são meu alvo preferencial.

The Banshees of Inisherin foi um dos três filmes mais indicados do ano – empatou com Im Westen Nichts Neues (ou All Quiet on the Western Front, para o mercado internacional, com crítica por aqui) e ficou atrás apenas de Everything Everywhere All at Once (com crítica neste link) – e, da lista de Melhor Filme, era o que mais me interessava assistir. Pois bem, matei minha curiosidade. Francamente? Para mim, até agora, é o melhor filme na disputa. Parte da lista não me chama a atenção e vou passar batido e, entre The Banshees of Inisherin e Everything Everywhere All at Once, sem dúvidas prefiro este filme aqui. Mas vou falar sobre meus palpites para o Oscar no final.

Falemos, pois, do que interessa, que é sobre The Banshees of Inisherin. Como este filme apresenta diversas camadas e temáticas, como eu citei no início deste conteúdo, vou começar pelo primeiro tema importante que esta produção toca: como uma mudança na rotina de dois amigos pode mudar com a vida deles e de toda uma comunidade. Apenas isso já nos diz bastante sobre o local em que eles estão vivendo.

Sim, esta é uma história sobre um povo do interior. Um lugar em que todos conhecem a todos, sabem sobre suas famílias, rotinas, humores. Nestes ambientes, a vida segue uma mesma marcha quase sempre, com poucas flutuações entre o primeiro e o último dia do ano. O que faz as rotinas variarem, geralmente, tem a ver com as condições climáticas e com a chegada ou partida de alguém daquele entorno.

Mas o que vai desencadear esta história e mudar tudo tem a ver com a escolha de uma pessoa. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Colm decide se afastar de Pádraic, com quem mantinha uma amizade. Parecia um dia qualquer quando Pádraic procurou o amigo para ir para o bar, mas Colm não quer mais sentar junto, beber ou “jogar conversa fora” com Pádraic. Apesar de dizer isso com todas as letras, o amigo não aceita.

Ele não se conforma. Como pode ter perdido seu melhor amigo, até então, sem maiores explicações? E mesmo quando as explicações são dadas, algumas vezes de forma bem direta, Pádraic simplesmente não consegue aceitar a mudança em sua vida, em sua rotina. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Tudo bem que, no início, Colm não é totalmente explicativo. Ele primeiro diz para Pádraic apenas que não gosta mais dele, sem maiores explicações. Até aí, tudo bem, eu entendo a insistência do protagonista em tentar uma resposta um pouco melhor para uma mudança tão brusca na relação entre os dois.

Inicialmente, parece, Pádraic acredita que Colm está passando apenas por uma fase. Quem sabe, até, ele está apenas brincando ou testando o amigo. Mas a situação não muda, e o afastamento de Colm continua, até que ele começa a expor seus motivos para Pádraic. Inicialmente, ele comenta como iniciou uma nova composição e que irá terminar a música em poucos dias desde que não gaste mais tempo com as “besteiras” do ex-amigo. Como Pádraic ficou magoado com o novo diálogo entre eles no bar, Colm decide explicar um pouco melhor o que está acontecendo.

Ele diz, essencialmente, que está mais consciente com a passagem do tempo, e que deseja gastar o tempo que lhe resta de uma forma melhor. Ao invés de ter horas de conversas vazias com Pádraic, ele prefere gastar esse tempo compondo e ensinando música. Fazendo algo que ele gosta e que para ele faz mais sentido do que seguir uma relação de amizade que, essencialmente, Colm vê que não agrega nada para ele.

Na verdade, Colm chega a ser um pouco mais duro do que isso. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Literalmente, Colm fala que não faz sentido ele gastar o tempo precioso que ele ainda tem em conversas sem sentido com um homem limitado. Sim, isso mesmo, ele chama Pádraic de limitado. Para Pádraic, o que eles faziam não era “jogar conversa fora”, mas manter uma “boa conversa normal”. A partir daí, diversas questões são levantadas pelo filme.

Para começar, o abismo que separa, aparentemente, as personalidades e os “mundos” dos protagonistas. Colm e Pádraic não tem nada a ver, um com o outro mas, apesar disso, eles mantinham uma boa amizade. Até que Colm começa a pensar sobre a própria vida, sobre como o tempo está passando e ele quer aproveitar esse tempo de uma forma que faça mais sentido para ele.

Em certo momento, confrontado pela irmã de Pádraic, Siobhán Súilleabháin (a ótima Kerry Condon), que está muito preocupada com o irmão, Colm responde que se afastou do irmão dela porque ele é chato. Ela pergunta: “Mas ele sempre foi chato, o que mudou?”. Colm diz que não tem mais tempo para chatice na vida dele, no que ela comenta que ele mora em uma ilha no litoral da Irlanda e questiona, diante disso, o que ele mais espera daquela vida, daquela realidade.

Bem, só até aqui, temos diversas questões em cena. Primeiro, como a mudança na relação de duas pessoas pode ter um efeito dominó em toda uma comunidade quando estamos falando de um local pequeno, em que todas as pessoas se conhecem e, geralmente, onde elas tem certa tendência de “meterem-se” umas nas vidas das outras. Quando Colm decide se afastar de Pádraic, os efeitos dessa decisão acabam afetando diversas pessoas próximas, como se uma onda sucedesse a outra.

Qualquer pessoa com uma perspectiva melhor de vida ou que vivesse em um local com maiores atrativos não se importaria tanto com a decisão de Colm. Afinal, por que uma pessoa deve manter uma amizade e/ou uma relação se ela não vê mais sentido naquilo? Apenas para ser uma pessoa bacana, aprovada pelos demais, socialmente “correta”? Francamente, Colm não está errado em dizer que Pádraic é limitado. Apesar de terem crescido na mesma casa, fica evidente a diferença entre Pádraic e a irmã, Siobhán.

Ela é inteligente e sensível, apaixonada pela leitura, consegue ler os cenários com rapidez e perspicácia. Apesar de ter crescido naquele contexto, ela conseguiu se desenvolver melhor que o irmão e vê com clareza o que está acontecendo ali. Siobhán tem algumas das melhores frases do filme e resume bem muito do que vemos em cena.

Ela tem razão em dizer que o local em que eles moram define muito da realidade deles. De fato. Naquele cenário, em que o melhor que as pessoas podem fazer a partir das duas da tarde é ir para o bar beber, não parece haver muito espaço para grandes trabalhos ou feitos. A vida corre de forma rotineira, sem grandes sobressaltos – contrastando com o que está acontecendo na parte continental, onde uma guerra civil está sendo desbravada. Quem faz algo acontecer, no fim das contas, são as pessoas.

No caso deste filme, Colm faz toda a roda girar quando decide romper as relações com Pádraic. Claramente, ele não está bem. Como acontece com várias outras pessoas em certo momento da vida, Colm questiona o que ele está fazendo com a própria vida, no que ele está gastando seu tempo e energia. E decide mudar. O problema é que ele acaba rompendo relações com alguém frágil, carente, limitado em vários aspectos, e que não lida nada bem com aquela decisão tomada de mão única.

Por um lado, Colm está certo em questionar-se. Mas uma das grandes questões deste filme é que a escolha dele tem um impacto imenso na vida de outra pessoa. Assim, ele tinha o direito de ser tão egoísta? Ao invés de ter uma postura tão radical, ele não poderia ter chegado a um denominador comum com Pádraic para que os dois tivessem o que queriam? Colm poderia ter um pouco de paz e mais tempo para dedicar-se à música enquanto Pádraic poderia seguir tendo dois amigos na ilha – além de Colm, ele tem bastante proximidade com Dominic Kearney (Barry Keoghan), que o próprio Pádraic classifica como o maior “tapado” da ilha.

Como Siobhán chega a conjecturar, em certo momento, talvez Colm esteja deprimido. Afinal, não é algo muito normal alguém tomar uma decisão tão radical – e escalar na radicalidade de suas decisões e posturas – do dia para a noite e sem, aparentemente, se importar com os efeitos da sua decisão. É a velha história de que todas as pessoas tem o direito de decidirem a forma como vão gastar seu tempo, afinal o tempo é o nosso artigo mais precioso, ao mesmo tempo em que devemos ser “eternamente” responsáveis “por aquilo” que cativamos.

Ora, se cativamos o afeto de alguém, devemos ser responsáveis por isso. Não fazer tudo a qualquer custo, mas ao menos ter um pouco de consideração. Aparentemente, Colm levou a situação até chegar ao seu limite, sem Pádraic perceber absolutamente nada. Quando o limite de Colm foi estourado, ele agiu de forma radical. Quis romper as relações com Pádraic. Em outro contexto e local, esse rompimento seria aceito de forma natural. Claro que ninguém gosta de perder uma amizade, mas as pessoas se acostumam com isso conforme a vida se desenvolver. Afinal, isso vai acontecer diversas vezes na trajetória de alguém.

Mas a impressão que temos é que Pádraic é um sujeito que não se desenvolveu. Ele parece que estacionou no final da infância, tendo um comportamento de alguém realmente “limitado” – para usar as palavras de Colm -, que tem uma maturidade emocional de alguém com 12 anos de idade. Claro que ele tem muito mais do que isso, mas parece que parou no tempo. Quantas pessoas que conhecemos vivem a mesma situação? Elas podem viver desta forma sem grandes problemas, dependendo do contexto, mas tornam situações como as que vemos em The Banshees of Inisherin muito mais difíceis de serem desenvolvidas.

Assim, Pádraic não tem maturidade emocional para viver com o “rompimento” do amigo. Por viver em uma ilha, alegoria de espaço limitado, este aspecto é outro agravante. Afinal, mesmo sem querer, ele seguirá se encontrando com o “ex-amigo” no bar, na igreja e em outros locais. Sem conseguir ignorar a presença de Colm, Pádraic simplesmente não consegue aceitar o pedido de afastamento.

Por sua vez, sabendo da limitação do irmão e, principalmente, vendo como ele está sofrendo, Siobhán tenta argumentar com Colm de que se o irmão é chato, ele também é. Todos naquela ilha são, na verdade, porque todos alimentam “rancores piegas” que não levam a nada. Ela não poderia ter sido mais precisa. Quantos lugares pequenos ou com pessoas “limitadas” não estão fundados justamente em castelos de rancores que não levam a nada? No fundo, as pessoas criam os infernos que elas desejam.

Assim, na verdade, o que Siobhán tenta demonstrar é que Colm não é assim tão superior ou melhor do que o irmão, mesmo eles tendo um abismo cultural de distância entre um e outro. Sim, de fato Colm toca violino, sabe compor e dar aulas de música. Algo que Pádraic nem sonha como se faz. Mas, por outro lado, Pádraic busca ser simpático e solícito com todos, ser gentil, o que para ele é muito mais importante do que saber sobre música ou ter interesse em ler (como a irmã).

The Banshees of Inisherin nos faz refletir, assim, sobre como o mundo é construído por pessoas com visões muito diferentes sobre o que é importante ou valioso na vida. Enquanto Colm acredita, realmente, que suas composições poderão perdurar pelo tempo, ficar para a posteridade – um compositor de Inisherin realmente teria tanta importância quanto as referências que ele cita em suas discussões? – Pádraic defende que o que perdura é a memória que nós temos de pessoas gentis.

Quem está certo, no final? Alguém está errado? Eis uma discussão filosófica das brabas e que provavelmente terá diferentes correntes guerreando para fazer seu ponto de vista prevalecer. E para que, no final das contas? Seguiremos com as pessoas tendo visões muito diferentes sobre o que perdura – e geralmente errando sobre isso.

A dura realidade é que pouco perdura pelo tempo. Lembro, novamente, de Harari e seu “21 Lições para o Século 21”. Se olharmos para a História com H maiúsculo e sobre o tempo em uma perspectiva mais larga, poucas obras vão perdurar por séculos – apenas as de alguns gênios. Algumas narrativas vão perdurar, enquanto outras vão cair no esquecimento. Mas devemos nos preocupar tanto com a “marca” que vamos deixar para posteridade, especialmente a longo prazo, ou deveríamos nos preocupar mais com o presente e com o bem que podemos fazer para os outros agora, sem que isso tenha uma reverberação para a posteridade necessariamente? O que vale mais? O que a maioria tem competência e talento para fazer?

Certamente não vamos esgotar estes e outros questionamentos parecidos que The Banshees of Inisherin desperta nesta crítica. Nem é este o meu propósito. Quero tratar, por aqui, apenas sobre algumas questões muito interessantes que o filme nos desperta. Pois bem, particularmente, não acredito que Colm, por mais que se dedicasse, conseguiria tornar-se tão conhecido quanto seus ídolos, fazendo suas composições perdurarem por séculos. Siobhán tenta fazer ele refletir sobre isso, mas sem efeito.

Por sua vez, com uma realidade bastante limitada, Pádraic simplesmente quer “forçar” uma barra e exigir que Colm volte a ser seu amigo. Claro que ele está errado. Ninguém pode obrigar ninguém a ser amigo de uma pessoa. Amizade é algo recíproco e que deve fazer sentido para as duas pessoas. Quando deixa de fazer sentido para uma, não há “obrigação” que faça a relação perdurar. O problema acontece quando uma das partes simplesmente não aceita o fim do relacionamento – isso serve para Pádraic em relação à Colm e serve para todo homem ou mulher que se separa e que não aceita o fim do relacionamento.

Claro que muitos podem justificar os atos de Colm pela “estreiteza” dele, por ele ter, aparentemente, uma inteligência limitada. Sabendo disso, Colm não poderia ter radicalizado como radicalizou. Afinal, quem realmente saiu perdendo naquele cenário, foi ele mesmo. Para quem dizia querer apenas paz, os caminhos escolhidos por Colm levaram ele para a direção oposta.

Não apenas ele não conseguiu afastar Pádraic e ter paz, como acabou com o principal instrumento que ele precisava para “tornar-se imortal”. Como ele poderia continuar tocando ou compondo daquele jeito? Talvez Siobhán estivesse certa e Colm estava deprimido, precisando de ajuda e não de provocações para tornar-se cada vez mais radical. Mas ninguém ali, e especialmente Pádraic, parecia capaz de fazer um gesto de recuo para tentar dar o espaço que Colm queria e, depois, tentar ajudá-lo.

No fundo, tanto Colm como Pádraic rivalizaram no egoísmo. Colm foi o primeiro a agir, mas Pádraic também parecia não ter limites. Ele queria a todo o custo ter sua vontade saciada, não importa os custos para isso. Uma amizade, afinal, é feita de doação ou de egoísmo? Duas pessoas podem se dizer amigas cada uma delas pensando exclusivamente em suas próprias vontades, desejos e em satisfazer suas necessidades?

O mais triste de tudo isso é que nem Colm e nem Pádraic se percebem. Eles não entendem sobre o que estão fazendo, no fim das contas, porque não conseguem perceber a realidade com o mínimo de distanciamento. Algo que Siobhán consegue fazer. E mesmo tendo apoiado o irmão nos últimos oito anos em que os dois viveram juntos, após a morte dos pais deles, ela atingiu o limite de aguentar toda aquela loucura e rancor.

Ela age com coragem e, até certa forma, de maneira surpreendente. Escapa no momento certo – porque, aparentemente, ela não conseguiria conter o irmão, que já tinha feito muito mais do que deveria fazer. Quando, finalmente, Pádraic vê a irmã partir e perde sua maior companheira, Jenny, por causa de uma fatalidade, a guerra realmente é declarada.

Desta vez, é Pádraic que radicaliza. Ele passa a encarar Colm como seu inimigo – ou o mais próximo disso. A amizade dá lugar para uma rivalidade declarada. Curioso que tanto Pádraic quanto Colm parecem ter mais zelo e apreço por seus animais do que por seus “semelhantes”. Eles baixam as armas quando tratam de seus bichos e, por isso, parece que a dor por Jenny é maior e mais fácil de ser sentida do que a dor “solitária” de Pádraic antes disso acontecer. Colm ao menos parece reagir desta forma.

No fim das contas, se houvesse um pouco de compreensão em cena – eis um artigo pouco presente em The Banshees of Inisherin em todo seu desenrolar -, talvez Pádraic poderia ter tido um pouco mais de calma na relação com Colm, dando espaço para ele enfrentar o momento de indecisão e de cobrança sobre a vida que ele estava passando – ou algo pior, como uma depressão.

Porque, afinal de contas, Colm não poderia estar apenas em busca de paz e de usar melhor seu tempo. Não a partir do momento que ele fez uma promessa tão macabra e radical envolvendo automutilação. Não fazia nenhum sentido aquilo, exceto por uma busca desenfreada de Colm por demonstrar que ele estava no controle e que ele iria cumprir a palavra que ele tinha dado – por mais absurda que ela fosse.

No fim das contas, depois da morte de Jenny e da atitude radical de Pádraic na sequência, a impressão que temos é que Colm queria realmente aquilo, uma rivalidade para chamar de sua e “sofrer na carne”. Medidas desesperadas de alguém que demonstrava muita calma mas que, talvez, estivesse vivenciando um desespero profundo e silencioso.

A partir da guerra declarada, agora Colm e Pádraic passariam a viver alimentando a fogueira daquela disputa. Quem iria perder mais? Até onde a rivalidade poderia levá-los? Há quem diga que amor e ódio são vizinhos. No caso de The Banshees of Inisherin, amizade e rivalidade parecem dividir fronteiras próximas. Com certa facilidade, aparentemente, pessoas podem abandonar um sentimento e abraçar o outro, muito mais destrutivo.

The Banshees of Inisherin trata sobre estes temas, aborda os questionamentos que as pessoas fazem sobre o sentido de suas próprias existências, trata sobre amizade, amor, irmandade, ódio, rivalidade, disputa de narrativas, pessoas mais cultas ou mais “limitadas” dividindo os mesmos espaços e como estas relações podem se desenvolver bem ou mal. Aborda também a questão da família, de apoiar alguém próximo por bastante tempo mas sem a pessoa se anular para sempre, trata sobre libertação, busca de novos horizontes e sobre o inferno que as próprias pessoas podem criar para elas mesmas. Enfim, uma produção rica em temáticas.

Para além da história, The Banshees of Inisherin é um filme muito bem conduzido, com um roteiro em que nenhuma palavra sobra – muito pelo contrário, em que tudo é planejado com esmero e cuidado. Desde a direção de fotografia, passando pela trilha sonora, pelo roteiro irretocável e com ótimas sacadas e pelas interpretações sob medida e muito inspiradas, tudo em The Banshees of Inisherin parece funcionar bem.

Para não dizer que o filme é perfeito, apenas me incomodou um pouco a letargia dos personagens próximos aos protagonistas. Ninguém parece capaz de frear a escalada de loucura. Isso me pareceu um tanto exagerado – ok, funciona para a narrativa ter ainda mais impacto e força, mas acaba sendo uma narrativa um pouco difícil de acreditar.

Também me incomodou um pouco a incerteza sobre a segunda figura vestida de preto na encosta quando Siobhán está indo embora de barco – seria Dominic ou Mrs. McCormick (Sheila Flitton). Acho que é uma dúvida que não contribui para a história – afinal, independente da resposta, a morte de Dominic segue sendo uma dúvida – teria sido um acidente ou ele teria se matado? Enfim, questões que nunca serão respondidas e que fica a critério de cada um chegar a determinadas conclusões.

NOTA

9,6.

OBS DE PÉ DE PÁGINA

Fiquei feliz de ter conseguido assistir a esse filme nesta semana. Francamente, fora os filmes indicados na categoria Melhor Filme Internacional, The Banshees of Inisherin era a produção sobre a qual eu tinha mais curiosidade no Oscar deste ano. Gostei do que eu vi. Claro que a expectativa era alta, mas o filme não decepcionou.

Vou publicar a crítica sobre esta produção agora, ainda sem as observações de pé de página, mas prometo completar esta crítica amanhã, beleza? Inté!

Olá, minha gente. Voltei! Agora sim, vou terminar essa parte aqui da crítica. 😉 Como gosto de fazer sempre que vou ver um filme, eu quis saber o menos possível sobre The Banshees of Inisherin antes de conferir a produção. Ou seja, só depois que eu me toquei que o nome por trás do filme era o diretor e roteirista Martin McDonagh. O diretor inglês, nascido em Londres em 1970, é um dos nomes mais interessantes que vimos em Hollywood nas últimas temporadas.

McDonagh não tem uma vasta filmografia. Até o momento, ele apresenta cinco filmes no currículo como diretor e nove produções como roteirista. Ele estreou na direção e como roteirista com o curta Six Shooter, em 2004. Ali, ele começava a parceria com o ator Brendan Gleeson. O primeiro longa veio quatro anos depois: In Bruges, lançado em 2008, com Colin Farrell e Brendan Gleeson – sim, a mesma dupla de protagonistas de The Banshees of Inisherin – no elenco. Comentei sobre In Bruges por aqui, em julho de 2008.

Depois, em 2012, o diretor lançou Seven Psychopaths, estrelado por Colin Farrell. Cinco anos depois – percebam que McDonagh não é um diretor que lança um filme após o outro… – ele lançou seu filme de maior sucesso: Three Billboards Outside Ebbing, Missouri (com crítica neste link), filme que foi indicado em sete categorias do Oscar de 2018 e que ganhou os prêmios de Melhor Atriz para Frances McDormand e Melhor Ator Coadjuvante para Sam Rockwell. Agora, passados mais cinco anos desde o sucesso de Three Billboards, McDonagh emplaca nove indicações ao Oscar com este The Banshees of Inisherin. Nada mal. Interessante citar que McDonagh tem um Oscar no currículo: ele ganhou uma estatueta por ser o produtor, diretor e roteirista de Six Shooter, eleito o Melhor Curta do Oscar em 2006. Além deste Oscar, ele recebeu outros 87 prêmios.

Algo que chama muito a atenção no trabalho de McDonagh é que o diretor e roteirista, além de ter um estilo muito próprio, de ser muito cuidadoso com cada linha de seus roteiros e de trazer uma forma de falar de seus personagens bem diferenciada, buscando aproximá-los das pessoas comuns dos locais em que suas histórias são ambientadas, também trabalha como poucos o desempenho de seus atores. Fica muito claro que ele busca tirar o melhor de cada ator a partir da perspectiva de seus personagens. Todos os filmes dele tem uma entrega do elenco acima da média. O que mostra a competência e o trabalho “de bastidores” de McDonagh com esses atores. Como ele gosta de trabalhar com alguns nomes de forma um tanto que repetida, ele também deve desenvolver um nível de confiança e de proximidade diferenciado, o que ajuda nesse trabalho em conjunto.

No decorrer da crítica acima, comentei que dois pontos que merecem destaque em The Banshees of Inisherin são o roteiro, escrito com zelo, em que cada palavra foi escolhida com precisão e com uma narrativa interessante, envolvente e com algumas surpresas no caminho, e a direção, com foco especial no trabalho dos atores, mas sem esquecer que o local também faz as vezes de um personagem – afinal, toda aquela história só poderia se desenvolver em Inisherin, em mais nenhum lugar da mesma forma. Assim, McDonagh está de parabéns, tanto pelo texto quanto pelas escolhas envolvendo a captação de cada cena.

Um outro ponto de destaque da produção é o trabalho dos atores. Não é por acaso que três dos atores centrais desta história foram indicados ao Oscar – Colin Farrell como Melhor Ator, Brendan Gleeson e Barry Keoghan disputam na categoria Melhor Ator Coadjuvante e Kerry Condon concorre como Melhor Atriz. Essas quatro indicações mostram a força e a qualidade do trabalho do elenco de The Banshees of Inisherin. Particularmente, considero que Farrell, Gleeson e Kerry Condon mereceram mais suas indicações – achei a indicação de Keoghan um tanto “generosa” demais. Ou esse ano está fraco de atores coadjuvantes…

Apesar de quatro dos atores de The Banshees of Inisherin terem sido indicados ao Oscar, não devemos nos surpreender se nenhum deles conseguir levar uma estatueta dourada para casa. Brendan Fraser é o favorito na categoria Melhor Ator, Ke Huy Quan deve levar o Oscar de Melhor Ator Coadjuvante e Angela Bassett deve levar o Oscar de Melhor Atriz Coadjuvante. Mesmo não sendo premiados, os quatro atores de The Banshees of Inisherin podem levar suas indicações como um belo reconhecimento por seus trabalhos neste filme.

Além do roteiro, da direção e do elenco, alguns outros aspectos técnicos de The Banshees of Inisherin merecem destaque. Para começar, a bela direção de fotografia de Ben Davis, com cenas realmente muito interessantes daquele pequeno espaço no mundo onde se desenvolve o teatro de emoções e de tramas da história. Depois, a ótima trilha sonora de Carter Burwell, que aparece em momentos especiais, ajudando a dar ritmo e cadência para a história.

Com destaque um pouco menor, vale citar outros aspectos da produção, como a edição de Mikkel E.G. Nielsen; o design de produção de Mark Tildesley; a direção de arte de Tim Devine, Christine Fitzgerald, Paul Ghirardani e Virginia Reina; a decoração de set de Michael Standish; e os figurinos de Eimer Ni Mhaoldomhnaigh.

Vale comentar que o filme homenageia com um “em memória” o editor Jon Gregory, nascido em 1944 no Paquistão. Ele foi parceiro de McDonagh em In Bruges e em Three Billboards Outside Ebbing, Missouri, nos quais ele atuou como editor. Gregory morreu em 2021.

Depois de falar dos aspectos técnicos da produção, quero voltar para o elenco. Além dos quatro atores que centralizam as principais falas e momentos da narrativa e que eu já citei anteriormente, vale comentar o trabalho de alguns outros atores que fazem papéis secundários. O principal destaque vai para Sheila Flitton, que interpreta Mrs. McCormick, a velha do vilarejo que mais se aproxima de uma “banshee”. Ela parece estar atenta a tudo, saber quase tudo, antecipar os acontecimentos e, por lembrar uma espécie de “bruxa”, causa certa atração e repulsa entre os moradores locais.

Além dela, vale citar o bom trabalho de Pat Shortt como Jonjo Devine, o dono do bar onde momentos importantes do filme são desenvolvidos; Jon Kenny como Gerry, cliente do bar e que parece quase um irmão gêmeo/dupla de Jonjo; Gary Lydon como o padre Kearney, importante especialmente nas confissões de Colm; e Aaron Monaghan como Declan, aluno de Colm que é enganado pelo “enciumado” Pádraic.

The Banshees of Inisherin estreou em setembro de 2022 no Festival de Cinema de Veneza. Depois, o filme participaria, até janeiro de 2023, de outros 42 festivais e mostras de cinema pelo mundo. Além de estrear no prestigiado Festival de Cinema de Veneza, o filme participou dos festivais de Toronto, Helsinki, Hamburgo, Rio de Janeiro, Adelaide, Vienna, Tóquio, Valladolid, Mar del Plata, Estocolmo, entre outros.

Em sua trajetória até aqui, The Banshees of Inisherin ganhou 124 prêmios e foi indicado a outros 341. Sim, vocês leram certo: o filme ganhou ou foi indicado a 465 prêmios. Minha nossa! Que marca! Esse número inacreditável de indicações e de prêmios recebidos só demonstra a qualidade da produção e, claro, como ela tem um lobby muito bom.

Entre os prêmios que recebeu, destaque para quatro recebidos no Prêmio BAFTA, considerado o Oscar do cinema inglês. No BAFTA, o filme foi premiado como Melhor Filme Britânico do Ano; Melhor Atriz Coadjuvante para Kerry Condon; Melhor Ator Coadjuvante para Barry Keoghan; e Melhor Roteiro Original. O filme foi indicado em oito categorias do Globo de Ouro, saindo vencedor como Melhor Filme – Musical ou Comédia; Melhor Ator – Musical ou Comédia para Colin Farrell; e Melhor Roteiro para Martin McDonagh.

Ainda no tópico prêmios recebidos, vale comentar que o filme recebeu quatro prêmios do National Board of Review: Melhor Ator para Colin Farrell; Melhor Ator Coadjuvante para Brendan Gleeson; Melhor Roteiro Original e o direito de figurar no Top Ten Films do ano. No Festival de Veneza, The Banshees of Inisherin foi premiado como Melhor Roteiro e Melhor Ator para Colin Farrell.

No Oscar, o filme está concorrendo nas seguintes categorias: Melhor Filme, Melhor Ator (Colin Farrell), Melhor Atriz Coadjuvante (Kerry Condon), duas vezes em Melhor Ator Coadjuvante (Brendan Gleeson e Barry Keoghan), Melhor Trilha Sonora, Melhor Direção (Martin McDonagh), Melhor Roteiro Original e Melhor Edição.

Para quem gosta de saber em que locais os filmes foram rodados, vale citar que a ilha Inisherin na qual este filme é ambientado é um local fictício criado por McDonagh. Se vocês procurarem por Inisherin no mapa, não vão achar. Apesar disso, The Banshees of Inisherin foi sim rodado em duas ilhas irlandesas: Achill e Aran, com os principais cenários fazendo parte da primeira. The Banshees of Inisherin foi rodado entre os dias 22 de agosto e 23 de outubro de 2021.

Quem ficou curioso(a), como eu, para saber o significado do Banshees do título do filme, sugiro a leitura deste texto do site Mega Curioso. Em um breve resume, banshee é um “espírito feminino responsável por anunciar a morte de um indivíduo” segundo o folclore irlandês. Para quem assiste ao filme, fica evidente quem faz esse papel na produção. Lenda muito bem representada, diga-se de passagem.

Agora, vale citar algumas curiosidades sobre esta produção. De acordo com as notas de divulgação do filme, o ator Colin Farrell teve alguns “contratempos” com animais durante as filmagens. Jenny, animal de estimação preferido de seu personagem, chutou o ator quando ele tentava alimentá-la; depois, o cachorro que fez as vezes de animal de estimação de Colm mordeu o intérprete de Pádraic; e, finalmente, um cavalo que conduzia uma carroça em que o ator estava tentou virar o veículo no oceano. Menos mal que nada de pior aconteceu com ele…

O ator Brendan Gleeson é um violinista habilidoso na vida real. Por causa disso, é o próprio ator que toca em cena, quando vemos o personagem de Colm com seu violino. Interessante.

Enquanto trabalhava na trilha sonora do filme, Carter Burwell seguiu a regra de ouro dada pelo diretor e roteirista Martin McDonagh: nada de música tradicional irlandesa no filme. Seria muito óbvio, realmente, e não ajudaria na narrativa. Melhor assim.

A última cena de The Banshees of Inisherin realmente foi a última sequência do filme a ser feita. Segundo McDonagh, quando ele começou a escrever o roteiro de The Banshees of Inisherin, ele não tinha muito claro como seria o final – se mais triste ou mais “feliz”. Conforme ele foi rodando o filme e os elementos do roteiro foram se encaixando, ele decidiu qual seria o final da produção. Segundo McDonagh, “não havia outra maneira de a história terminar”. Para mim, faz muito sentido.

Durante a produção, é mencionado que a guerra que está transcorrendo no continente pode acabar em breve. Quando muda o mês na narrativa e a história entra no dia 1º de abril de 1923, a Guerra Civil Irlandesa, que durou entre junho de 2022 e maio de 2023, estava realmente próxima do fim. Para quem, como eu, não sabia nada sobre as razões daquele conflito, esse texto da Wikipédia pode ser uma introdução interessante. Segundo o conteúdo, a Guerra Civil foi travada entre dois grupos de nacionalistas opostos – ambos defendiam a independência da Irlanda do Reino Unido. O pano de fundo é bem ilustrativo sobre a história do filme, já que o conflito entre os irlandeses provocou milhares de mortes, apesar dos dois lados defenderem a mesma ideia central, e o conflito ter marcado o pais deixando a sociedade dividida e “ressentida” nas décadas seguintes.

Quando The Banshees of Inisherin estreou no Festival Internacional de Cinema de Veneza, ele foi aplaudido de pé por 15 minutos.

Existe uma explicação para o nome Inisherin. A ilha fictícia seria uma junção de dois termos gaélicos: “inish”, que significa ilha, e “erin”, que é uma forma antiga de “eire”, nome gaélico para Irlanda. Assim, Inisherin seria, em uma tradução livre, “ilha da Irlanda”. Segundo a história criada por McDonagh, a ilha estaria localizada a Oeste da Irlanda.

Os atores Pat Shortt e Jon Kenny compartilham muitas cenas juntas, seja estando lado a lado no pub, seja sentados juntos na igreja. Os atores começaram a carreira como uma dupla de comédia, chamada D’Unbelievables.

O ator Colin Farrell resumiu a história como “a desintegração da alegria”. Interessante a forma como o ator explica sua ótica. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Segundo Farrell, Pádraic começa o filme como um homem que “tivesse acabado de ganhar a loteria”, ou seja, ele estava muito feliz, contente, conectado. Mas, no final, o personagem se transformou em “alguém que acredita que há um lugar para a violência no mundo”, e que ela nem precisa ser justificada, porque faz parte da vida. Interessante. Belo resumo sob a ótica do personagem dele, sem dúvidas.

Os usuários do site IMDb deram a nota 7,8 para The Banshees of Inisherin. Os críticos que tem seus textos linkados no site Rotten Tomatoes dedicaram 329 críticas positivas e 13 negativas para esta produção, o que garante para este filme um nível de aprovação de 96% e a nota média de 8,7.

De acordo com o site Box Office Mojo, The Banshees of Inisherin faturou quase US$ 45,3 milhões nos cinemas, sendo US$ 10,4 milhões nas bilheterias dos Estados Unidos. O melhor desempenho da produção, até o momento, ocorreu no Reino Unido, onde The Banshees of Inisherin faturou US$ 11,2 milhões.

The Banshees of Inisherin é uma produção do Reino Unido, com coprodução dos Estados Unidos e da Irlanda.

CONCLUSÃO

Esse filme trata de muitos temas. Um dos principais envolve o que fazemos com o nosso tempo. De que forma queremos ser lembrados? Seremos lembrados? Além destas questões, The Banshees of Inisherin trata sobre a responsabilidade que temos com os outros, fala sobre sonhos, a realidade que construímos, como decidimos sobre nossa vida ou somos levados pelas circunstâncias, além de tratar sobre questões muito irlandesas – da guerra vivida pelo país até suas lendas. Um filme com muitas camadas, muito bem escrito e com ótimas interpretações. Uma das boas pedidas desta safra, sem dúvida alguma.

PALPITES PARA O OSCAR 2023

The Banshees of Inisherin é um dos filmes mais indicados deste ano. A produção dirigida e com roteiro de Martin McDonagh recebeu nove indicações ao Oscar – empatando com All Quiet on the Western Front e ficando duas indicações atrás de Everything Everywhere All at Once, filmes mais indicado do ano com 11 chances de ganhar uma estatueta. Como o filme tem uma indicação dupla, na categoria Melhor Ator Coadjuvante, na prática, ele pode receber até oito estatuetas do Oscar.

Se as pessoas que participam das bolsas de apostas relacionadas com o Oscar acertarem nos palpites, The Banshees of Inisherin pode ser o grande derrotado da noite. Afinal, segundo os apostadores, o filme pode levar apenas uma estatueta para casa, a de Melhor Roteiro Original – e, ainda assim, apesar das apostas no filme terem crescido nas últimas semanas, ele ainda segue em uma queda de braço importante com Everything Everywhere All at Once nesta categoria. Ou seja, segundo os apostadores, o filme pode levar apenas uma estatueta para casa – ou nenhuma.

Em outras categorias, The Banshees of Inisherin aparece em segundo lugar nas apostas. Esse é o caso das categorias Melhor Ator Coadjuvante, com Brendan Gleeson atrás de Ke Huy Quan (de Everything Everywhere All at Once); Melhor Atriz Coadjuvante, com Kerry Condon atrás de Angela Bassett (de Black Panther: Wakanda Forever); e Melhor Filme, com The Banshees of Inisherin atrás de Everything Everywhere All at Once.

Francamente, não vou me surpreender se os apostadores estiverem certos. Afinal, tornaram Everything Everywhere All at Once como o filme “queridinho” do ano. Na minha crítica sobre o filme, já comentei o suficiente sobre ele, mas resumo por aqui a minha avaliação dizendo que eu acho este um filme interessante, mas muito longe de ser o melhor do ano. Ele é criativo, claro, ousado também. Mas não é nada inesquecível ou realmente marcante. Ao menos, para meu gosto, claro.

Particularmente, acho The Banshees of Inisherin um filme mais envolvente e complexo, com muitas camadas, apesar da narrativa parecer simples. Ele faz mais a minha “cabeça” do que seu concorrente direto no ano. Para mim, na disputa direta com Everything Everywhere All at Once, The Banshees of Inisherin deveria levar a melhor – especialmente em Melhor Filme. Assim, estarei sim torcendo por uma “zebra” na entrega do Oscar, mesmo sabendo que será difícil esta zebra acontecer.

Além de Melhor Filme, acho que The Banshees of Inisherin deveria ganhar o Oscar em Melhor Ator Coadjuvante – gosto mais do trabalho de Gleeson do que de Huy Quan; e Melhor Roteiro Original. Ou seja, a meu ver, o filme poderia, tranquilamente, levar três estatuetas para casa. Mas, como eu disse antes, poderá levar de uma a zero estatuetas. Veremos.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 20 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing e, atualmente, atuo como professora do curso de Jornalismo da FURB (Universidade Regional de Blumenau).

2 respostas em “The Banshees of Inisherin – Os Banshees de Inisherin”

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