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Im Westen Nichts Neues – All Quiet on the Western Front – Nada de Novo no Front


Você está com o espírito preparado para ver quase duas horas de uma verdadeira carnificina? Sim, porque Im Westen Nichts Neues (ou All Quiet on the Western Front para o mercado internacional) conta uma pequena parte do capítulo de maior terror e morte em série da História. Essa história completou pouco mais de 100 anos. Foi decisiva para outro capítulo tenebroso da História humana: a Segunda Guerra Mundial. O que vemos em cena, nesta produção, é morte a dar com pau e uma reflexão sobre como todo aquele campo de batalha não levava a nada, apenas ao extermínio, ao terror, tristeza, pavor e sangue, muito sangue.

A HISTÓRIA

Em um cenário com montanhas ao fundo, vemos um céu carregado de nuvens. Depois, vemos uma floresta de árvores altas e neblina. Alguns filhotes dormem ao lado da mãe raposa. Depois, eles acordam e voltamos a ver a floresta, agora sob a perspectiva de quem está no solo e olha para cima. Na sequência, vemos um campo cheio de corpos e uma fina camada de gelo. Alguns disparos, incluindo algumas rajadas de tiros, interrompem o silêncio. Quando bombas caem, o estrago é maior. O mesmo percebemos quando a câmera percorre uma trincheira. A ordem é para atacarem, mas os corpos não param de cair.

Um comandante manda Heinrich (Jakob Schmidt) subir na escada e atirar. Antes dele, o amigo Hans faz esse movimento, mas ele leva um tiro na cabeça. Heinrich não tem escolha e, com os outros, sobe as escadas e avança no campo enquanto os inimigos atiram. Heinrich consegue avançar um pouco no campo de batalha, consegue se proteger, vê outros dois companheiros de farda morrer e acaba encarando um ataque direto. Este é apenas o início desta saga focada na Primeira Guerra Mundial.

VOLTANDO À CRÍTICA

(SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Im Westen Nichts Neues): Pessoal, importante comentar que eu vi a esse filme há cerca de duas semanas. Ou seja, antes dele figurar entre os filmes mais indicados ao Oscar deste ano. Claro que eu assisti a esse filme já sabendo que ele era um dos favoritos – se não O favorito – na categoria Melhor Filme Internacional. Mas ele ganhou mais indicações do que eu esperava, devo admitir.

Vou tratar especificamente sobre as indicações de Im Westen Nichts Neues ao Oscar depois, no apartado especial sobre isso. Agora, vou me ater a falar sobre o que eu achei desta produção. Tentarei fazer uma crítica mais direta, objetiva e curta, beleza? Até para conseguir dar mais fluxo de críticas aqui no blog. Antes de mergulhar na crítica, acho válido comentar que a partir de agora vou tratar de aspectos importantes da produção, então recomendo que só continue a ler quem já assistiu ao filme – ou seja, apenas agora vou dar o famoso aviso de SPOILER a partir daqui.

Como comentei na introdução deste texto, lá no primeiro parágrafo, Im Westen Nichts Neues nos apresenta grande parte da crueldade e da carnificina da Primeira Guerra Mundial de forma franca, direta. O filme não é para qualquer pessoa, imagino. Quem não curte muito explosões, pessoas sendo trucidadas, aquelas cenas terríveis que acontece em uma guerra real, acredito, não devem passar por esta experiência.

Particularmente, quando comecei a assistir a Im Westen Nichts Neues, me chamou a atenção o apelo visual do filme. O diretor e roteirista Edward Berger apresenta uma construção de belas imagens na parte inicial da produção, com um estilo diferenciado, mais lento – algo que estamos acostumados quando observamos parte do cinema europeu, especialmente o do leste europeu.

Parece que estamos vendo a diversas telas sobre um tempo passado em um museu ou galeria de arte. Mas como acontece em diversas histórias do gênero, aquela beleza visual está ali apenas para nos lembrar de como existe vida e beleza antes da destruição e da morte. Estas últimas, geralmente causadas por nós. Assim, a direção de fotografia do filme é seu primeiro ponto de destaque.

Com aquele cartão-de-visitas, Berger deixa claro, logo no início da produção, que Im Westen Nichts Neues pretende demonstrar, como 1+1=2, que a imbecilidade humana é a grande desgraça da humanidade. Em diferentes ocasiões do filme vemos homens morrendo à toa, de forma massiva, sendo derrubados como pinos em uma pista de boliche, simplesmente porque gente poderosa assim decidiu, sob o pretexto de defender nações contra inimigos que ninguém sabe ao certo quem são.

Sabemos, na verdade, que por uma parte importante da história humana – leia-se Yuval Noah Harari e outros historiadores que tratam sobre o assunto -, diversas nações e parte importante da cartilha político-econômica do mundo previa que os países deveriam guerrear para tornarem-se prósperos. Afinal, muitos países “desenvolvidos” cresceram suas fronteiras e tornaram-se “prósperos” através de invasões, guerras, conflitos variados. Infelizmente, por muito tempo, essa foi a lógica humana. Pouco importavam, então, as vidas perdidas no caminho – eram preços a pagar por quem realmente tinha poder nestas épocas.

A imbecilidade humana então faz-se presente durante toda a narrativa desta produção, fazia parte daquele momento histórico e segue ditando regras, inflamando ânimos, manipulando e matando pessoas até hoje. Na época do filme, o protagonista, quem usou aquele uniforme antes dele, seus amigos e todos os demais homens que lutam e morrem nos campos de batalha foram iludidos, inflamados, manipulados por ideias equivocadas, pela busca de um país superior, defendendo valores que, na verdade, não estavam sendo combatidos ou em risco. Locais incríveis, apresentado por Berger no início da produção e em outros momentos, vão ser devastados por causa desta manipulação, ignorância e imbecilidade.

Im Westen Nichts Neues é sobre isso. Sobre como a Primeira Guerra Mundial dizimou pessoas como se elas entrassem em uma máquina de moer gente e para nada – ou quase nada, quando paramos para fazer as contas. No fim, os países não ficaram satisfeitos com a “paz”, especialmente o país do protagonista, a Alemanha, e poucos anos depois veríamos eclodir a Segunda Guerra Mundial, que serviu apenas para dizimar mais milhões de pessoas por razões tão absurdas – e com mais algumas se somando ao extermínio de pessoas – quanto.

Mas voltando para o filme… Im Westen Nichts Neues nos mostra, sem filtro ou pudor, o que aconteceu dia após dia na reta final da Primeira Guerra Mundial. O que mais vemos em cena, claro, são mortes, assim como bombardeios, tiroteios e uma ou outra machadada dos soldados alemães no peito dos inimigos franceses – e vice-versa. Mas em meio à carnificina, esta história, baseada no livro de Erich Maria Remarque e anteriormente adaptada para os cinemas no clássico All Quiet on the Western Front, dirigido por Lewis Milestone e lançado nos cinemas em 1930 – sim, apenas 12 anos depois do fim da guerra! -, traz alguns outros enredos.

Claro que um dos destaques óbvios do filme é a “irmandade” entre soldados. Um clássico das guerras e dos filmes sobre elas. O protagonista vai para o campo de batalhas com alguns amigos e faz no exército alemão alguns outros. Todos, considerados como irmãos. Essa é a parte do filme que busca humanizar a história, dando importância para o protagonista e um punhado de personagens para que eles ganhem significado para além do número de mortos. Claro que esta escolha também busca fazer refletir, sobre como todos os demais mortos também tinham suas histórias, sonhos, aspirações, e por aí vai. Esta é uma forma recorrente, e geralmente bastante eficaz, de criar empatia com o público que assiste ao filme.

Bem, Im Westen Nichts Neues faz tudo isso. Preserva a busca do autor Remarque por contar os absurdos daquele capítulo da nossa História a partir da perspectiva de um soldado alemão e de seus amigos e companheiros de farda. O diretor Berger consegue fazer isso com maestria. Claro que o filme de 1930, dirigido por Milestone, foi um divisor de águas. O cinema estava em suas primeiras décadas e o filme de Milestone virou referência entre os filmes de guerra.

Hoje, fica muito mais difícil Im Westen Nichts Neues conseguir o mesmo. Afinal, apesar de apresentar primor técnico e uma direção sem falhas, defeitos, perfeita, este filme tem fortes concorrentes como filme marcantes do gênero. Para citar apenas os óbvios, antes deste Im Westen Nichts Neues, marcaram época e foram muito mais decisivos, em termos de inovações tecnológicas e de estilo, quando foram lançados, produções como Saving Private Ryan, dirigido por Steven Spielberg e lançado em 1998; e 1917, dirigido por Sam Mendes e lançado em 2019.

Ou seja, Im Westen Nichts Neues é um filme aprimorado, em termos de técnica e de narrativa, mas ele marca muito menos o espectador do que filmes recentes – das últimas duas décadas e meia. Pessoalmente, consigo avaliar melhor o cinema neste período, por acompanhar a evolução técnica e narrativa do cinema desde os anos 1980, do que comentar, com propriedade, o impacto que o filme de Milestone e outras produções sobre a Primeira Guerra Mundial e outras guerras tiveram em outras décadas.

Não posso, portanto, falar sobre a história do cinema de forma geral, mas apenas observando o cinema nas últimas quatro décadas, posso comentar que Im Westen Nichts Neues não é tão marcante quanto outras produções de guerra lançadas neste período. Sim, ele é muito bem-feito. Tem uma ótima direção, assim como fotografia, e um trabalho competente do elenco. Mas a história em si não é nova, assim como a parte técnica também não apresenta nenhuma grande novidade. Já vimos o mesmo antes. Claro, talvez com um pouco menos de sanguinolência e de “crueldade” em um filme “mainstream”. Talvez essa seja a diferença.

Então, para resumir, logo que começamos a ver Im Westen Nichts Neues, chama a atenção a fotografia e a direção, muito bem-feitas e um pouco acima da média. Apesar disso, o filme não pode ser chamado de inovador. Sobre o roteiro, desde o início, minha expectativa era por acompanhar, pouco a pouco, a morte de todos. O estilo da produção é este, de criar tensão durante todo o momento, preparando quem está assistindo para acompanhar a próxima baixa, a próxima morte de um personagem relevante na história.

No mais, essa produção pode ajudar algumas pessoas que não tem muita informação sobre a Primeira Guerra Mundial a ter um pouco da visão do que aconteceu por lá nos campos de batalha, mas sem contextualizar o que vemos em cena. A produção não tem essa preocupação. Em nenhum momento Berger contextualiza o que precede o que vemos ou explica o contexto do que está acontecendo. Claro, os filmes não tem essa função, essencialmente. Mas algumas vezes eu acho necessário o mínimo de contextualização – e acho que isso faltou neste filme.

Para além disso, chama a atenção em Im Westen Nichts Neues o realismo do filme. O que vemos em cena é a guerra em seu estado bruto. Muito “romantismo” e “idealismo” antes dos soldados embarcarem e de entrarem no conflito, e o choque de realidade depois que eles chegam ao destino final. A partir daí, o que vemos é muita morte, destruição, e muita, muita miséria. Fome é algo recorrente, assim com o risco de morrer a qualquer momento – inclusive por razões ridículas, como roubar um animal de um produtor do interior para conseguir comer algo além de pão duro.

Enfim, não há nada de bonito em Im Westen Nichts Neues. Apenas milhões de jovens morrendo iludidos por uma ideia equivocada de heroísmo e de pátria, passando antes por todos os tipos de dificuldades e por miséria. Morrendo por nada. E o pior: morrendo em um avanço depois do acordo para acabar com a guerra ter sido feito apenas porque um general mal resolvido, com raiva por não ter sido um militar tão importante quanto o pai, mandou. Claro, o cretino não iria morrer. Por isso ele pode mandar tantos jovens para a morte. Ele não se importava. Seu orgulho e a falta de resolução de seus problemas pessoais provocaram isso. Parabéns pra ele (sim, esta frase guarda ironia e raiva).

Mas é isso que aconteceu. Isso que temos. Im Westen Nichts Neues nos apresenta essa imbecilidade humana e seus estragos sem filtros, de forma franca, direta e para ninguém duvidar sobre como as guerras são infames. Neste sentido, Berger e seus colegas no trabalho de escrever este roteiro, Lesley Paterson e Ian Stokell, fazem um belo trabalho. Eles cumprem seus objetivos, nos fornecem um filme bem produzido e bem acabado sobre a carnificina da Primeira Guerra Mundial. Para quem tem estômago, é uma experiência interessante. Mas não chega a ser marcante na história do cinema, como outras produções fizeram antes.

NOTA

8,7.

OBS DE PÉ DE PÁGINA

Como comentei anteriormente, entre os aspectos técnicos da produção, sem dúvidas o destaque vai para a direção de fotografia de James Friend. Ele faz um trabalho exemplar, irretocável. Destaco também a direção de Edward Berger, que é quem dá o ritmo, a profundidade e o tom realista para esta história. Ele faz um bom trabalho também no roteiro, junto com Paterson e Stokell, mas o roteiro não está entre os destaques principais da produção.

Ainda entre os aspectos técnicos, me chamou a atenção a trilha sonora de Volker Bertelmann, que é bastante pontual e enfática; a edição de Sven Budelmann, que foi bastante trabalhosa; o design de produção de Christian M. Goldbeck; o trabalho exemplar dos 20 profissionais envolvimdos no Departamento de Som; a decoração de set de Ernestine Hipper; os figurinos de Lisy Christl – trabalho mais de resgate histórico do que de criação, mas bem realizado. Além destes pontos, vale citar o bom trabalho dos 52 profissionais envolvidos nos Efeitos Visuais do filme; o trabalho dos 15 profissionais responsáveis pelos Efeitos Especiais; os 22 profissionais envolvidos com o Departamento de Arte e os 14 profissionais responsáveis pelo Departamento de Maquiagem – que fazem um trabalho muito interessante, algumas vezes quase teatral.

Sobre o elenco, todos os atores em cena fazem um bom trabalho. Destaque, claro, para o protagonista, Paul Bäumer, interpretado por Felix Kammerer. Ele faz um trabalho muito interessante, passando toda a verdade do personagem conforme ele vivencia diversas situações, desde a inocência que ele tinha antes de entrar na guerra até todas as modificações que ele vai sentindo conforme vivencia a dureza e a miséria do campo de batalha.

Além de Bäumer, vale citar o bom trabalho de Albrecht Schuch como Stanislaus Katczinsky, o comandante que acaba “adotando” Paul e seus amigos quando eles chegam na tropa; Aaron Hilmer como Albert Kropp; Moritz Klaus como Franz Müller; e Adrian Grünewald como Ludwig Behm; estes três interpretando os grandes amigos do protagonista e que estavam super empolgados para ir para a guerra. Além de Felix Kammerer, este quarteto é o que mais tem destaque na produção.

Como coadjuvantes, aparecendo menos que os demais, mas tendo alguma relevância na produção, ainda vale citar Edin Hasanovic como Tjaden Stackfleet, um soldado veterano que, a exemplo de Stanislaus, também recebe os novos recrutas com braços abertos e tentando criar uma irmandade que proteja a todos, procurando evitar a morte; Daniel Brühl, ator bastante conhecido, em quase uma ponta como Matthias Erzberger, que lidera, do lado alemão, a busca por um cessar-fogo; Thibault de Montalembert como o general Ferdinand Foch, o líder do lado francês na busca por um acordo que acabe com o conflito; Devid Striesow como o general Friedrichs, aquele infame que decide matar mais pessoas na reta final da guerra porque ele não aceita a derrota.

Como o filme tem vários personagens secundários, claro que outros atores apresentam alguns minutos de relevância, mas ninguém que eu considere que mereça uma menção especial por aqui.

Im Westen Nichts Neues estreou no dia 12 de setembro de 2022 no Festival Internacional de Cinema de Toronto. Depois, o filme participou de outros quatro festivais de cinema. Na internet, lançado pela Netflix, o filme estreou no dia 28 de outubro de 2022.

Até o momento, Im Westen Nichts Neues ganhou 18 prêmios e foi indicado a outros 92 prêmios – incluindo a indicação em nove categorias do Oscar. Im Westen Nichts Neues foi indicado também na categoria de Melhor Filme em Língua Não-Inglesa no Globo de Ouro 2023 e em 14 categorias dos Prêmios BAFTA.

Entre os prêmios que recebeu, destaque para quatro prêmios de Melhor Filme em Língua Estrangeira dado por quatro associações de críticos norte-americanos; para dois prêmios de Melhor Roteiro Adaptado, incluindo o prêmio conferido pelo National Board of Review; e para os prêmios de Melhor Maquiagem e Cabelo e Melhores Efeitos Visuais dados pelo European Film Awards.

O site IMDb apresenta a nota 7,8 para o filme Im Westen Nichts Neues. Os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 125 críticas positivas e 11 negativas para a produção, o que garante para Im Westen Nichts Neues um nível de aprovação de 92% e uma nota média de 8,3. O site Metacritic apresenta o “metascore” 76 para esta produção, fruto de 31 críticas positivas e de cinco medianas.

Por enquanto, vou fazer estas observações de pé de página… mas, se sobrar um tempinho durante esta semana, ainda vou ampliar esta parte da crítica com alguns outros comentários e informações. 😉

Muito bem, minha gente, voltei (hoje, dia 08/02), para fazer alguns complementos desta parte do conteúdo. Segundo as notas da produção, Im Westen Nichts Neues é a terceira adaptação da mesma história para os cinemas. Além do filme de Milestone, que é um clássico, e que já comentei anteriormente, existe a versão menos conhecida da história, lançada em 1979 e dirigida por Delbert Mann, e que tem o mesmo nome, ou seja, All Quiet on the Western Front.

Im Westen Nichts Neues é o filme mais caro, produzido pela Netflix, e tendo como origem a Alemanha.

O livro de Remarque foi inspirado nas próprias experiências do escritor, que lutou como soldado alemão na Primeira Guerra Mundial. A obra dele ficou conhecida pelo realismo na descrição dos horrores das batalhas e dos problemas que os soldados enfrentaram durante e após a guerra.

Edward Berger utilizou uma área militar e um aeródromo localizados na região Norte de Praga para rodar as cenas do campo de batalha. O local era, na prática, um enorme campo de lama, do tamanho de 10 campos de futebol.

Na prática, Im Westen Nichts Neues não é considerado uma refilmagem do clássico de Milestone e sim uma adaptação do livro de Remarque porque os roteiristas escreveram o texto a partir da obra de 1928.

Para preparar-se para o papel, o ator Felix Kammerer vestiu um colete que pesava 10 quilos e correu com este material por 10 quilômetros todos os dias durante meses antes do filme começar a ser rodado. O ator, aliás, está estreando nos cinemas com esta produção.

Im Westen Nichts Neues é uma coprodução da Alemanha com os Estados Unidos e o Reino Unido.

Algo interessante deste filme, dele resgatar uma história como a narrada por Remarque, é que ele volta a levar para os cinemas o capítulo trágico da Primeira Guerra Mundial. Importante relembrarmos esses fatos, até para tentar evitar que eles se repitam. E, sem dúvidas, a Primeira Guerra Mundial foi bem menos retratada nos cinemas do que a Segunda Guerra Mundial. Então, apenas por isso, é interessante ver mais uma adaptação desta história nos cinemas.

Por falar em Primeira Guerra Mundial, acertadíssimo o final desta produção quando é citado que tantas pessoas morreram por quase nada, apenas para os países avançarem alguns pequenos metros ou quilômetros em uma disputa que não favoreceu Alemanha ou França – países que vemos em cena. Aliás, quem ficou interessado em saber um pouco mais sobre o conflito, sugiro este texto da BBC e este outro conteúdo da Superinteressante como introdução ao tema.

CONCLUSÃO

Tecnicamente, um filme perfeito. Im Westen Nichts Neues reconstrói com riqueza de detalhes, boas atuações e uma direção que se destaca entre os elementos da produção, um capítulo tenebroso da história ocidental. Mas, apesar de ser um filme impecável na técnica, o representante da Alemanha no Oscar carece de novidade. Sim, já vimos essa história antes – não apenas porque este filme é uma refilmagem de uma produção originalmente lançada em 1930, mas também porque não há exatamente uma novidade narrativa nesta história. Particularmente, prefiro filmes que tragam algo de novo, ainda que sempre seja válido apresentar velhas histórias para novas gerações – que, muitas vezes, não conheceram as histórias originais.

PALPITES PARA O OSCAR 2023

Im Westen Nichts Neues surpreendeu a todos – ou quase todos, acredito – quando a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulgou a lista de indicados ao Oscar deste ano. Como comentei anteriormente, o filme foi indicado em nove categorias. Realmente algo marcante para uma produção estrangeira.

Esta produção está concorrendo nas seguintes categorias: Melhor Filme; Melhor Filme Internacional (representando a Alemanha); Melhor Maquiagem e Cabelo; Melhor Trilha Sonora; Melhor Som; Melhores Efeitos Visuais; Melhor Roteiro Adaptado; Melhor Direção de Fotografia e Melhor Design de Produção. Acho que Edward Berger merecia ter sido indicado como Melhor Diretor, afinal, a direção dele é algo fundamental para o filme ter a qualidade técnica que tem, mas não foi desta vez que ele conseguiu chegar lá…

Da minha parte, acredito que a maior chance de Im Westen Nichts Neues está mesmo na categoria Melhor Filme Internacional. Antes de ser indicado nove vezes ao Oscar, ele já era apontado como o favorito nesta categoria. Claro, ele tem qualidades técnicas e narrativas para isso. Da minha parte, como já vi a vários filmes de guerra, não vejo tanto primor nesta produção… particularmente, eu prefiro outros filmes que concorreram na mesma categoria este ano – inclusive alguns que ficaram de fora da lista dos cinco finalistas.

Para além desta categoria, vejo o filme tendo alguma chance em Melhor Som, Melhores Efeitos Visuais e, correndo um pouco por fora, em Melhor Direção de Fotografia e Melhor Design de Produção. Se o filme emplacar em todas estas categorias, ou seja, se levar cinco estatuetas para casa, será um feito. A produtora Malte Grunert e o diretor e roteirista Edward Berger poderiam fechar a banca e festejar até o final do ano.

Ele pode chegar lá? Pode, claro. Mas acho um pouco improvável o filme ganhar cinco estatuetas. Mais de uma? Possivelmente. Vejamos o que nos dizem as bolsas de apostas. Na disputa por Melhor Filme, Im Westen Nichts Neues aparece apenas na sétima posição entre os apostadores. Em primeiro lugar aparece como favoritíssimo Everything Everywhere All at Once (comentado por aqui no blog).

Na categoria Melhor Roteiro Adaptado, Im Westen Nichts Neues aparece em segundo lugar nas bolsas de apostas, atrás de Women Talking. O nível de apostas mostra uma boa margem de vantagem para Women Talking, mas Im Westen Nichts Neues aparecer em segundo é algo interessante. Em Melhor Direção de Fotografia, Im Westen Nichts Neues aparece em primeiro lugar, e com bastante vantagem. De fato, esse aspecto no filme é algo irretocável e que chama muito a atenção.

Em Melhor Maquiagem e Cabelo, segundo os apostadores, Im Westen Nichts Neues corre por fora, aparecendo apenas no quarto lugar – com The Whale como franco favorito, seguido de Elvis. O filme alemão ocupa a mesma quarta posição na bolsa de apostas na categoria Melhor Design de Produção – disputa liderada por Babylon. Em Melhor Trilha Sonora, acontece o mesmo: Im Westen Nichts Neues na quarta posição e Babylon como favorito.

Em Melhor Som, Im Westen Nichts Neues aparece em segundo lugar nas bolsas de apostas, atrás de Top Gun: Maverick. E a distância é grande. Ou seja, pela ótica dos apostadores, Top Gun: Maverick é favoritíssimo e não deve perder nesta categoria. Não assisti ao filme do Sr. Tom Cruise, então não posso opinar, mas imagino que o Som seja um dos aspectos fortes da produção.

Em Melhores Efeitos Visuais, Im Westen Nichts Neues aparece apenas na terceira posição entre os favoritos dos apostadores – atrás de Avatar: The Way of Water, apontado como favoritíssimo nessa categoria, e de Top Gun: Maverick, em segundo lugar. Como era de se esperar, segundo a ótica dos apostadores, Im Westen Nichts Neues é o favorito, e em posição de super vantagem, na categoria Melhor Filme Internacional. Em segundo lugar, mas correndo totalmente por fora, estaria Argentina, 1985 (com crítica no blog neste link).

Ou seja, segundo os apostadores, Im Westen Nichts Neues deve sair do Oscar com duas estatuetas – ao menos ele é favorito nas bolsas de apostas em duas categorias – e, se tiver sorte, pode sair com até quatro prêmios da noite de premiação. Essa projeção me parece bem coerente. Veremos logo mais.

Em breve, vou fazer um post sobre os indicados ao Oscar neste ano, mas queria comentar que acho que Im Westen Nichts Neues merecia ter sido indicado em Melhor Edição e Melhor Diretor, não vejo tanta qualidade para Melhor Filme, Melhor Roteiro Adaptado, Melhor Maquiagem e Cabelo ou Melhor Trilha Sonora. Mas, mesmo antes do próximo post, queria comentar que achei a lista de produções indicadas em Melhor Filme muito fraca. Será mesmo que a última safra tinha como seus melhores filmes produções como Im Westen Nichts Neues, Avatar: The Way of Water, Elvis e Top Gun: Maverick? Fora o filme alemão, admito que não assisti aos outros citados e que tenho certa preguiça de fazer isso. Como eles não devem ser premiados, acho que vou passar…

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 20 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing e, atualmente, atuo como professora do curso de Jornalismo da FURB (Universidade Regional de Blumenau).

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