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Stardust – O Mistério da Estrela Cadente


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Gandalf (desculpe, Ian McKellen) começa perguntando: “Somos humanos porque olhamos as estrelas ou olhamos as estrelas porque somos humanos?”

Esse é praticamente todo o fundo filosófico do filme Stardust. Uma frase no início da história. Digo isso porque depois da apresentação de sir McKellen somos sugados por uma história fantástica envolvendo bruxas, príncipes, uma estrela caída do céu e humanos. Nada de filosofia no meio do caminho, e sim um pouco de humor – algumas vezes um pouco descontextualizado – e, especialmente, romance e fantasia.

A HISTÓRIA – O filme tem como base uma obra de Neil Gaiman e conta, como outras histórias do gênero, a entrada na vida adulta do nosso personagem principal. Em Stardust nosso herói se chama Tristan (Charlie Cox). Ele mora em um vilarejo conhecido como Wall (muralha), que divide o mundo real do mágico. Depois de sermos apresentados a história de como Tristan foi concebido, passamos a acompanhá-lo na maior de suas aventuras: a busca de uma estrela cadente para sua amada Victoria (Sienna Miller). No seu caminho ele encontra bruxas, piratas e muitos desafios.

VOLTANDO À CRÍTICA (aviso aos navegantes: não leia essa parte para não estragar nenhuma surpresa – recomendado apenas para quem já assistiu ao filme) – Para ser franca, eu sempre gostei muito do autor de Sandman, mas não sabia que Gaiman era o autor dos quadrinhos que deram origem a esse filme. Depois de saber disso – ou seja, depois de ver o filme – passo a entender um pouco da diversidade onírica do filme e, mais, um pouco das razões que estão fazendo de Stardust um imerecido fracasso de bilheterias.

Como pedem os mais atuais filmes de fantasia – especialmente depois do nível de qualidade atingido pela série de O Senhor dos Anéis -, Stardust segue a linha de lindas paisagens/locações, muitos efeitos especiais (visuais e sonoros) e um elenco de respeito. Ainda assim, o filme balança entre acertos – como a parceria entre os atores Charlie Cox (que interpreta Tristan) e Claire Danes (na pele de Yvaine, a estrela cadente) – e erros, como os estereótipos com os personagens do Capitão Shakespeare (Robert De Niro) e Lamia (Michelle Pfeiffer). Me explico: não consigo olhar para a interpretação de Michelle Pfeiffer sem me lembrar continuamente de As Bruxas de Eastwick – quando ela estava melhor no papel de bruxa nesse filme que, curiosamente, completa já espantosos 20 anos de lançamento -, assim como não consigo olhar para Robert De Niro depois que ele vida a “fada-madrinha” (não resisti a essa ironia) de Tristan e Yvaine e não me lembrar de A Gaiola das Loucas – ok, ele não está nessa refilmagem horripilante, mas mesmo assim me lembra demais esse filme. Os dois atores veteranos estão bem, mas não conseguem fugir dos estereótipos – e, no caso de Pfeiffer, da sombra de sua personagem anterior.

Fora esses detalhes que não me deixaram curtir de todo o filme, devo comentar que a história é bem interessante e bem dirigida pelo inglês Matthew Vaughn. O encontro inicial entre Tristan e Yvaine rende alguns dos melhores diálogos do filme, assim como o encontro inicial entre as bruxas Lamia e Ditchwater Sal (Melanie Hill, atriz inglesa mais conhecida por produções para a televisão que está perfeita em seu papel). Falando nessa última, gostei da interpretação de Kate Magowan como a mãe de Tristan.

No geral, o filme vale por toda a parte técnica e por vários momentos da narração, especialmente nos momentos em que Charlie Cox e Claire Danes estão em cena. Também gostei dos personagens que vivem no “mundo dos humanos”, ou seja, no vilarejo de Wall. Só não entendi, para ser franca, o que a maioria dos moradores desse vilarejo estavam fazendo na cena final do filme, já que ela se passa “no outro mundo”. Mas ok, nem tudo pode ser lógico em um filme de fantasias, não é? Mas o importante é que eu me diverti com o filme, e isso já vale o tempo gasto com ele. Só não dou nota maior porque, realmente, alguns estereótipos e “tiques de interpretação” me irritaram um pouco.

NOTA: 8.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Acho uma pena o filme estar passando pelo fracasso de bilheterias pelo qual está passando nos Estados Unidos. Atualmente ele está na décima posição entre as maiores bilheterias, e sigue caindo. A produção custou US$ 65 milhões – bem gastados, se vistos os efeitos especiais e tudo o mais – e arrecadou, até o dia 26 de agosto de 2007, apenas US$ 26,3 milhões… ou seja, talvez nem vá se pagar nos Estados Unidos.

Comentei anteriormente que entendo em parte a razão disso ao saber que a obra é inspirada em um trabalho de Neil Gaiman. Explico: para os fãs desse mestre das HQs o filme é, digamos, “muito colorido” ou, para tentar ser mais explícita, é muito “fantasia para a família” do que seria uma adaptação mais séria ou justa a maneira de trabalhar e criar de Gaiman. Um tom mais “sombrio” talvez agradesse mais aos fãs do autor.

Curioso como atores importantes fazem “pontas” na história. Exemplos são Rupert Everett como Secundus, que entra basicamente para morrer em seguida, e os veteraníssimos Peter O´Toole (como o Rei… aos 75 essa lenda do cinema não pára de trabalhar, um exemplo!) e David Kelly (como o Guarda do muro que separa os dois mundos). O´Toole e Kelly, irlandeses, merecem um destaque especial. O primeiro, aos 75 anos, segue trabalhando mais do que nunca – com dois filmes em pós-produção e três em pré-produção previstos para 2008. E o segundo, aos 78 anos, tem meio século de trabalhos para o cinema no currículo.

Vale ressaltar que Neil Gaiman entrou no filme como um dos produtores – junto com outros quatro. Ou seja: o filme está mais para o seu gosto do que para seu desgosto.

Bacana também comentar que o filme se passa um pouco na Inglaterra e um pouco no mundo da fantasia e que grande parte da equipe envolvida, especialmente atores, são ingleses.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

9 respostas em “Stardust – O Mistério da Estrela Cadente”

Oi Beatriz!

Bem-vinda a esse blog. Fiquei bem feliz com tua visita. Desculpa a demora em responder… tento dar um retorno aos leitores logo, mas desta vez foi difícil. Vim passar férias no Brasil, com a família, e interrompi as atualizações aqui no site.

Também gostei bastante de Stardust. Até acho que o filme talvez merecesse uma nota melhor da minha parte… mas, como eu disse no comentário acima, acho que o filme poderia ser melhor se evitasse algumas “referências” ou se não lembrasse demais outros filmes.

Só fiquei na dúvida, Beatriz, se tu diz que as bruxas merecem a sua destruição porque elas são ruins em geral ou porque tu não gostou da interpretação das atrizes… e também fiquei na dúvida sobre a destruição das bruxas em geral (até as boazinhas) ou só sobre essas de Stardust, em sua constante busca pela juventude eterna.

Obrigada, mais uma vez, pela visita. E volte sempre!! Um grande abraço!

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Talvez a explicação de termos personagens dos dois mundos na cena final do filme se deva ao fato de Tristan ser filho de pais tambem de ambos os lados do muro, tanto é que os dois estão juntos na coroação do jovem rei. Isso deve ter unificado os dois universos, de alguma forma. Alguem concorda?

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Olá Marcelo!

Seja bem-vindo por aqui! E obrigada por teu comentário.

Eu entendo que os “humanos” fossem convidados do casamento porque, afinal, Tristan é filho de um humano com uma mulher do mundo mágico. Mas ainda assim me parece um pouco absurdo eles participarem do casamento no “outro mundo” já que era proibido para eles passarem para lá, por se “perderem” e tudo o mais.

Realmente o casamento de Tristan e de Yvaine marca “uma paz” entre os diversos povos e “reinos”, mas achei meio “fantasioso” demais todos os seres se encontrarem na celebração. Ainda que tenha alguma lógica…

Obrigada, mais uma vez, pela visita e pelo comentário. E volte sempre! Um abraço

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Adorei o filme…muito, muito bom!
Uma ótima ligação entre os personagens no filme, tudo faz sentido, e é um filme que nos faz esperar pelo final, maravilhoso!
Como nada é perfeito, “erros”, se é que se pode chamar assim, são imperceptíveis!

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Oi Renata!

Primeiramente, seja muito bem-vinda por aqui.

Realmente, o filme é bem bacana. Também me diverti com ele. E tens razão quando diz que tudo é bem amarrado… o roteiro realmente é competente. Só, como disse antes, não gostei muito de um ou outro personagem que eu achei meio “estereotipado”, mas isso também não estraga a história.

O casal de atores principal realmente faz valer o ingresso e/ou locação. Eles estão muito bem, com uma sintonia perfeita. E o final é bem bacana. As ressalvas que eu comentei do filme são detalhes, não chegam a ser “erros” não… e erros de continuação ou algo assim quase são regras hoje em dia, então tanto faz – exceto quando são muito gritantes, não é mesmo? O que não é o caso.

Obrigada pela visita e pelo teu comentário. Espero que voltes mais vezes. Um abraço!

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Embora eu tenha gostado do filme, consigo entender o que levou o filme à ser um fracasso de bilheteria. Por mais que este tenha sido um filme caro, bem produzido e bem dirigido, jamais veremos StarDust como um filme ao nível de Harry Potter e Senhor dos Anéis. E quando digo veremos, me refiro a todos nós do público. Levando em conta que as histórias citados acima sejam sagas, ou seja, possuam mais de um filme,sendo assim mais fácil de dar sentido a toda obra, ainda sim é considerável o fato de StarDust ter grandes falhas. Ao exemplo de quando um dos irmão morre na estalagem, o sangue que escorre de seu corpo é azul. Uma obvia referencia ao sangue real, mais ridícula com relação a história. Michelle e Robert mais uma vez arrasaram ao que conta atuação, Claire Danes é uma grande atriz e ainda tem um futuro promissor, o mesmo ao jovem Charlie Cox. Faltou seriedade no filme ( da parte dos produtores é claro). Faltaram mais cenas como citado acima pela autora da crítica, com um “toque” mais “sombrio”. Se a crítica acima fosse minha a nota dada ao filme seria 6

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Oi Critico!

Sem dúvida, é muito mais fácil para uma trilogia ou para uma série de filmes contar uma história com riqueza de detalhes do que apenas uma produção. Mas isso não significa que um filme “solo” não possa ser excepcional.

Por isso discordo um pouco contigo quando fazes esta comparação. Podes até comparar uma trilogia com outra, mas fica bastante desigual comparar um filme “solo” com uma trilogia. Não achas?

Muitos fatores fazem um filme ser um fracasso de bilheterias. O investimento em marketing e no número de cópias são questões fundamentais. Mas há muitas outras em jogo, como o apelo do elenco, do diretor, a data em que dita produção é lançada, etc.

Eu não diria que a questão do sangue azul é uma falha, apenas e talvez um exagero. Mas falha significa outra coisa. Como erros de continuidade, pontos soltos da história que ficam sem explicação, etc.

Agradeço pela tua visita e pelo teu comentário. Mas certamente a minha impressão do filme foi diferente da tua. Ainda assim, não iria te sugerir um comentário diferente. Afinal, opiniões divergentes sempre são bem-vindas, não achas?

Apareça mais vezes por aqui, inclusive para comentar sobre outros filmes.

Abraços e inté!

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Eu também pensei exatamente a mesma coisa sobre a cena final do filme, apesar de poder ser o que o Marcel Maciel disse em seu comentário, ainda assim, achei que faltou alguma explicação no filme sobre a união de ambos os lados do muro nessa cena final do filme, pois, se a questão da não ultrapassagem pelo muro foi tão importante durante o filme inteiro, ficou estranho a união dos dois lados na cena final.

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