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The Duchess – A Duquesa


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Filmes de época, normalmente, são bacanas. Porque sinalizam um grande investimento – de recurso e de talentos – em reconstruir um tempo que ficou no passado e porque, claro, revelam uma parte da história que nos trouxe até aqui. Sempre acho curioso ver como “vivíamos” tempos atrás – sejam séculos ou décadas. Então, em teoria, filmes assim me agradam – ainda que, admito, eu não sofra de nenhuma fixação que me faça correr atrás de cada título do gênero. Mas acho bacana, no geral. Só que talvez por ter assistido a tantos filmes considerados “de época” até hoje eu, atualmente, exija algo mais. Um pouco mais de qualidade ou de criatividade, pelo menos. E sei lá, acho que ainda tenho na lembrança o comentado por aqui The Other Boleyn Girl… Só sei que assisti a este The Duchess e gostei, certo… mas não cai de amores pelo filme de jeito maneira.

A HISTÓRIA: O Duque de Devonshire (Ralph Fiennes) está buscando uma jovem mulher para lhe dar um herdeiro. Visitando Lady Spencer (Charlotte Rampling) ele se decide pela filha da aristocrata, Georgiana (Keira Knightley). A garota fica empolgada, ainda que, pouco antes, estivesse em um de seus jogos com conotação um tanto amorosa com Charles Grey (Dominic Cooper) e demais integrantes da aristocracia inglesa. Transformada em Duquesa, Georgiana percebe que o marido é rude e nada interessado nela ou nas filhas que o casa vai tendo. Afinal, o “contrato matrimonial” deles previa um garoto, um herdeiro. Para complicar a situação, a Duquesa convida para sua casa Bess Foster (Hayley Atwell), uma aristocrata que foi abandonada pelo marido e que acaba se tornando amiga de Georgiana em uma festa. 

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a The Duchess): Toda vez que um filme começa com “baseado em uma história real” eu fico com o pezinho atrás. Sei lá… para mim isso é uma senha dos produtores para tentar emocionar as pessoas mais do que o necessário logo de cara. Afinal, cada acontecimento “terrível” que aconteça acaba se tornando muito mais forte porque “realmente aconteceu”. Isso é bem relativo, porque sabemos que a maioria dos filmes “baseados em histórias reais” mudam um pouco essa tal de história real. Então prefiro as produções que não falam isso logo no início, mas no final, por exemplo, como é o caso de Into the Wild.

Então The Duchess começa com essa informação, de que é um filme “baseado em uma história real”. Certo. A partir daí, mergulhamos em parte dos bastidores da vida da aristocracia inglesa do século XVIII, incluindo políticos que circulam ao redor do Duque de Devonshire (neste link existe uma história desta rama familiar). A história é meio óbvia (pelo menos para quem já assistiu a alguns filmes do gênero): existe os interesses dos monarcas e a subjugação das mulheres – ou, em outras palavras, uma diferença brutal entre os direitos de uns e outros; a necessidade proeminente da realeza em continuar com o nome de sua família ou, para resumir, a obrigação da mulher em gerar um filho homem; disputas pelo poder, frieza no trato humano, e demais efeitos que são gerados por estes elementos. Ah, claro que existem traições do monarca e um amor impossível e verdadeiro em jogo. Enfim, aquelas história que estamos tão acostumados a ver.

Para ser franca, o único “acerto”, por assim, dizer, do roteiro de Jeffrey Hatcher, Anders Thomas Jensen e do diretor Saul Dibb foi mostrar um pouco da vida fora da côrte. Acabamos por assistir, ainda que como pano-de-fundo da história, a idolatria do povo daquele época para com os monarcas – seria uma prévia da atual fascinação das pessoas por estrelas de Hollywood, “heróis” dos esportes e celebridades em geral? – e, o que foi mais interessante, parte da criação teatral e dos bastidores políticos da época. Pena que estes três elementos, fascínio do povão pela monarquia, esforço criativo dos autores teatrais e os laços que uniam políticos e monarcas seja tratado de forma tão ligeira pelo filme. Para mim, estes pontos poderiam ter feito da produção algo melhor. Mas enfim…

Vale citar que os três roteiristas se basearam na obra “Georgina, Duchess of Devonshire”, escrita por Amanda Foreman. Aliás, achei curiosa a polêmica que esta autora causou na Inglaterra. Segundo este texto no blog Recanto das Palavras, ela teria posado nua, tampando suas partes “íntimas” com exemplares do livro de Georgina, como uma forma de autopromoção que foi condenada por colegas biógrafos. Vendo a foto, eu diria que o gesto dela foi, no mínimo, ridículo – e despropositado, vamos! Afinal, não seria mais fácil ela posar diretamente para a Playboy? Não precisaria, para isto, ter feito um doutorado ou ter pesquisado para escrever um livro. 🙂

Ainda que eu tenha achado o filme fraquinho, ele é muito bem feito, claro. Tem uma direção de fotografia, figurinos e direção de arte impecáveis. Como 99,9% dos filmes de época, convenhamos. 😉 Ainda assim, vale citar o trabalho do húngaro Gyula Pados na fotografia, de Michael O’Connor nos figurinos e de Karen Wakefield na direção de arte. O’Connor, aliás, ganhou merecidamente o Oscar deste ano por seu trabalho. Ainda assim, de todos os elementos técnicos, o que eu acho que verdadeiramente se  vê em evidência por sua qualidade (além dos figurinos) é a trilha sonora, assinada por Rachel Portman. Achei ela belíssima, além de um elemento importantíssimo para a história – como deve ser uma trilha sonora. Grande trabalho de Portman.

No mais, os atores estão bem. Keira Knightley é (e está) belíssima. E dá conta do recado, com bastante coerência. Ralph Fiennes, Charlotte Rampling e Dominic Cooper também fazem seus papéis de forma ajustada. Para mim, se destacou mais que eles – em um empate com Keira Knightley – a atriz Hayley Atwell. As duas chegam um passo à frente de seus colegas de cena, ainda que ninguém faça nada excepcional. Ouvi em alguma parte burburinhos de pessoas que acreditavam que Ralph Fiennes merecia uma indicação ao Oscar pelo seu desempenho como o Duque deste filme. Não acho. Ele está bem, mas não para receber um prêmio – e nem ser indicado ao Oscar.

Sobre a história, convenhamos que era mais que previsível que Georgina se casasse com um duque nada amoroso, mais chegado em ser bacana com as amantes do que ela – afinal, ela era sua mulher, feita para procriar e não para ter ou dar prazer – e mais afetuoso com os cães do que com pessoas. Neste cenário, até que ela soube se fazer bastante presente, em uma época em que a mulher não tinha voz e nem voto. Em tempos modernos, ela seria o que muitos chamam de uma “mulher à frente do seu tempo”. Quer dizer, até certa medida. Porque ela leva para casa uma mulher que certamente viraria amante do marido – e, por mais que o filme sugira o contrário, tenho minhas dúvidas se ela não fez isso propositalmente para ser menos “procurada” na cama pelo duque. Então, honestamente, não sei até que ponto ela realmente gostava do amante e queria viver uma vida alternativa com ele. Talvez a Duquesa soubesse de seu poder e gostasse dos seus seguidores mais do que de uma liberdade idealizada. 

E antes que me esqueça de falar sobre isso (mais uma vez, porque esta é a segunda atualização do texto): achei especialmente emblemática a cena em que o Duque olha para os filhos, brincando no jardim do palácio da família, e comenta de como seria bom ter aquela liberdade. Para mim, essa cena quer dizer muita coisa. Imagino que ele pensou o mesmo de Georgina, quando a viu pela janela “brincando” com damas e cavalheiros da nobreza, e sentiu um bocado de inveja daquilo. Na impossibilidade de viver algo assim, ele quis ter parte daquilo para ele – uma juventude que ele não tinha mais. E, de quebra, ele cuidou de terminar com a liberdade e aquele prazer de jogar que a esposa tinha até então. Egoísta e ridículo, ainda que igualmente vítima de um sistema de castas e de poder absurdo e que não deveria existir em tempos modernos – mas que ainda é preservado em locais como Espanha e Inglaterra, onde perdura a monarquia.

NOTA: 6,5. 

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Como acontece com muitos filmes de época, especialmente sobre a nobreza, os personagens em tela aparecem um bocado “suavizados”. Afinal, aparentemente, “vende mais” ou dá melhor ibope as boas e velhas histórias de amor do que uma produção que tente tocar um pouco mais fundo nos bastidores da nobreza. No caso de Georgina, por exemplo, existe uma teoria de que ela seria bem mais “liberal” do que a imagem que aparece no filme. Envolvida com artistas e políticos – influente por isso e por seu estilo, que verdadeiramente inspirava as mulheres na época -, ela foi tema de muitos pintores e desenhistas da época. Um deles, Thomas Rowlandson, segundo este artigo da Wikipedia, teria desenhado uma sátira da Duquesa em que ela trocava beijos por votos nas eleições de 1784, com a finalidade de eleger Charles James Fox – que viria a se seu amante. Possivelmente ela fosse mais classuda e, ao mesmo tempo, mais “libertina” do que a imagem que o diretor Saul Dibb nos apresenta em The Duchess.

O diretor, aliás, é um bocado “novato”. The Duchess é o seu segundo filme nos cinemas. Ele dirigiu em 2004 a Bullet Boy, um drama inglês sobre a bandidagem na Londres moderna. Além de Bullet Boy, ele se envolveu, até agora, em dois projetos para a TV. Nada mais. 

Até agora, a produção ganhou quatro prêmios – incluindo o Oscar mencionado para o figurino – e recebeu outras 14 indicações. Todos os prêmios que recebeu, sem exceção, foram para o trabalho de Michael O’Connor. 

Os usuários do site IMDb foram um pouco mais generosos do que eu com o filme… lhe dedicaram a nota 7. Os críticos que tem textos publicados no Rotten Tomatoes, por sua vez, publicaram 92 críticas positivas e 62 negativas para a produção, o que lhe garantiu 60% de aprovação. Totalmente sem querer, mas acabei ficando no meio termo entre público e crítica. hehehehehehehehe. Pior que, logo que terminei de ver o filme, veio a nota 7 ou 6,5 na minha cabeça, mas preferi a segunda ao relembrar a avaliação que eu tinha feito de The Other Boleyn Girl. Não tenho dúvidas que gostei mais daquele filme do que deste – assim como apreciei mais o trabalho de Natalie Portman do que de Keira Knightley, ainda que a segunda tenha uma presença muito maior em termos de “realeza” e, quem sabe, de beleza mesmo. Mas o que me interessa é o talento.

The Duchess é uma co-produção entre Inglaterra, Itália e França.

Mas para não dizer que o filme é completamente previsível, admito que me surpreendi um pouco com a reação do Duque lá pelas tantas. (SPOILER – não leia se você ainda não assistiu ao filme). Afinal, não era todo nobre da época que admitia uma traição. Acredito que o mais previsível seria esperar que ele matasse o oponente ou a mulher, para ficar com a amante, mas não… William Cavendish até aceita que Georgiana tenha uma filha bastarda do amante. Incrível, eu diria. Mais um sinal de que a mulher deveria ser muito porreta naquela época – para ter tanta moral de se manter viva mesmo com essa “pisada na bola”. No fundo, acho que ela deveria merecer uma interpretação menos calcada na beleza e mais na perspicácia – quem sabe uma Cate Blanchett ou outra atriz desta envergadura?

E não sei se toda a mulher teria a resposta certeira que teve Georgiana. Não sou mãe ainda, admito que isso possa afetar meu julgamento… mas será mesmo que eu preferiria abrir mão do amor da minha vida para ficar em uma história infeliz por causa de meus três filhos? Provavelmente sim, mas não sei… é um preço bem alto para se pagar. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Também achei a “química” entre Knightley e Atwell forte desde a primeira vez que elas se encontram. Até aquela cena no quarto. Daí pensei: “Uau, vamos partir para algo novo! Uma relação bissexual durante a inglaterra de três séculos atrás…”. Mas que nada! Foi apenas uma sugestão besta no meio do filme. Que pena. 😉

Agora, fiquei especialmente indignada ao pesquisar um trailer do filme para colocar aqui no blog quando encontrei uma versão de trailer que foi veiculada na Inglaterra para promover o filme. Neste trailer – que me recusei a linkar por aqui, é claro -, os produtores comparam a “heroína” de The Duchess com a Lady Di… ah, me poupem, vai!!! A que ponto chegamos…

CONCLUSÃO: Um filme bem acabado sobre a aristocracia inglesa do século XVIII. Como praticamente todos os filmes do gênero, ele apresenta uma fotografia, um figurino, uma direção de arte e uma trilha sonora perfeitos e primorosos, mas sofre com pouca inventividade. Deixa de ousar, como muitos filmes sobre aquele cenário, apresentando a mesma história de subjugação feminina, abusos de poder, traições e jogos de interesses. Poderia ter se aprofundado mais em outros aspectos da história da duquesa, como seu envolvimento com a jogatina, os artistas e os políticos da época. Resumindo, é bem feito, tem atuações convincentes, mas deixa a desejar no roteiro e em uma exploração mais aprofundada dos personagens. Deve cair bem no gosto dos fãs dos atores e atrizes.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

10 respostas em “The Duchess – A Duquesa”

Olá, Alessandra,

somente agora vi seu comentário no Cinema é Magia, agradeço imensamente. Parabéns pelo site e obrigado pela atenção. Vou inserir seu blog no meu Blogroll. Aproveito para convidar você e a todos para conhecerem alguns blogs de minha autoria…

A Casa Torta: O Mundo de Agatha Christie
http://acasatorta.wordpress.com

Somente Boas Notícias
http://somenteboasnoticias.wordpress.com

Televisão é Magia
http://telemagia.wordpress.com

Grande abraço e sucesso,

Tommy
Cinema é Magia
http://cinemagia.wordpress.com

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Olá Tommy!!

Que bacana que você tenha passado por aqui. Gosto muito do blog Cinema é Magia e quero, em breve, visitar os outros que você indicou. Quero gastar umas horas, especialmente, no A Casa Torta… afinal, eu sou uma fã(nática) de Agatha Christie. Ou, sendo mais justa com a verdade, eu fui uma fanática pelos livros desta autora inglesa. Tenho todos eles, você acredita? Pois sim… na adolescência, fui devorando um após o outro e acabei comprando a coleção toda, dezenas e dezenas de livros… mas, no fim das contas, não li todos (ainda).

E obrigada, muito obrigada por me incluir no teu blogroll. Me sinto honrada.

Um grande abraço e tudo de bom para você. Muito sucesso também e força com os blogs! Inté.

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Oi Enzo!!

hehehehehehehehehe

Imagino que estás te referindo ao filme dirigido pela Sofia Coppola, não é mesmo? O Marie Antoinette de 2006… olha, lembro que vi o filme (mas não recordo de detalhes) e que gostei. E, cá entre nós, a Sofia Coppola tem mais qualidade técnica e criativa que o Saul Dibb, né? 😉

Um abração e até breve!

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Sobre o que falasse de ser “baseado em fatos reais”, eu tb costumo ficar com o pé atrás. Geralmente o que faço é tentar pensar como seria o outro lado da história. Se pensarmos a história pelo lado do Duque, ele provavelmente contaria o quanto a mulher dele deu trabalho… ahahahah
Sobre o filme, como falasse, foi fraquinho. O dramnha pessoal não me convenceu, e mesmo a atuação de Ralph Fiennes me pareceu exagerada, teatral. Sei que o objetivo era conferir um ar mais sério ao duque, mas o resultado final não me agradou… A história era tão… previsível que não consegui nem ficar com pena da coitada. 😛
Agora, o figurino (que é sempre um dos meus itens preferidos a ser analisados) encheu os olhos. Mas não esperaria nada menos que isso de uma produção assim.

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Oi Isa!!

Pois sim, cadê “o outro lado” desta história? hahahahahahahahaha. Na verdade, acho que a história contada pelo Duque seria bem chata – exceto se ele deixasse menos espaço para suas aventuras amorosas e contasse mais sobre estratégias de guerra e bastidores do poder… daí, quem sabe, sairia algo interessante de sua versão.

Os atores deste filme, em geral, estão bastante teatrais – apenas as atrizes parecem ter dado mais “emoção” para suas personagens. E sim, a história é um bocado previsível – o que não me impediu de ficar um tanto revoltada com o desenrolar dos fatos e com o desfecho para a protagonista.

Ah, os figurinos… são belíssimos, realmente. Dignos do Oscar que o filme recebeu.

Um abraço!

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Oi Kianny!

Antes de mais nada, seja bem-vinda por aqui!

Então, realmente gostos não se discutem, se respeitam.

Eu gosto muito das duas atrizes, mas acho que ainda tenho uma “quedinha a mais” pela Natalie Portman. Ainda que a Keira Knightley seja uma ótima atriz também.

Obrigada pela tua visita e pelo teu comentário. E volte por aqui mais vezes, ok?

Abraços e inté!

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Oi Maria!

Primeiramente, seja bem-vinda por aqui!

Puxa, que forte o teu depoimento. 40 anos de casada com sofrimento? Bem, espero que tenhas tido também muita alegria neste período.

A história deste filme é bem pesada. De fato, antigamente a vida para as mulheres era muito mais complicada, não é mesmo? Em algumas parte do mundo, mesmo hoje, ainda segue sendo assim. Mas nós aqui no Brasil não podemos reclamar porque hoje temos muito mais liberdade – pelo menos a minha geração.

Obrigada pela tua visita e pelo teu comentário. Espero que voltes por aqui muitas vezes ainda, inclusive para falar de outros filmes.

Abraços e até a próxima!

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