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Trumbo – Lista Negra


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Quase todos os países do mundo já viveram épocas tenebrosas em suas histórias. Os Estados Unidos não é diferente. Na verdade, o mundo enquanto conjunto civilizatório já viveu diversas épocas tenebrosas e que valeriam variados filmes críticos. Trumbo trata de uma destas épocas sob uma ótica pouco mostrada pelos filmes de Hollywood: a chamada caça à bruxas dentro dos estúdios de cinema durante a Guerra Fria. Eu já tinha lido um bocado a respeito e sabia sobre a perseguição de vários nomes, mas nunca tinha visto um filme tão direto e focado neste assunto quanto este Trumbo.

A HISTÓRIA: Começa explicando que durante os anos 1930, em resposta à Grande Depressão e ao crescimento do Fascismo, milhares de americanos se filiaram ao Partido Comunista dos Estados Unidos. Depois que os Estados Unidos se aliaram à União Soviética durante a Segunda Guerra Mundial, muitos mais se juntaram ao partido. O roteirista Dalton Trumbo, antigo defensor dos direitos trabalhistas, tornou-se membro do partido em 1943. Mas a Guerra Fria lançou uma nova luz de suspeita sobre os comunistas americanos. A história propriamente começa em 1947, na propriedade de Trumbo ao norte de Los Angeles. Vemos o autor trabalhando, o cenário de Hollywood naquela época e o início da caça aos comunistas em Hollywood.

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso só recomendo que continue a ler quem já assistiu a Trumbo): Gosto de filmes que falam de cinema e da relação que esta arte tem com a sociedade e vice-versa. Eles não são muito frequentes, por isso é sempre um deleite quando encontramos uma boa produção que trate desta indústria. Trumbo, para ser ainda melhor, não trata de uma fase qualquer da indústria, e sim quando ela mudou para sempre.

Há diversos acertos e alguns pequenos deslizes neste filme. Primeiro, vou falar de todos os acertos – que, em número, excedem em muito as falhas da produção. Para começar, o roteirista John McNamara, baseado no livro de Bruce Cook, acerta em focar a carreira de Trumbo pouco antes dela começar a ser questionada e desmoronar. Não demora muito, assim, para o filme entrar na questão central, que foi a criação pelo Comitê de Atividades Anti-Americanas, criado em 1938, de um inquérito para investigar a Indústria Cinematográfica de Hollywood em 1947.

Ao mesmo tempo que o roteiro de McNamara acerta em ir direto ao ponto e em se debruçar no que aconteceu durante, imediatamente depois e nos anos seguintes deste processo que ficou conhecido como “caça às bruxas em Hollywood”, o filme perde um pouco de contextualização. Eis um motivo para, apesar de soberbo, brilhante e necessário, este filme não ser perfeito.

Valeria ter gasto alguns minutos a mais para explorar melhor aquelas ameaças de greve que aparecem rapidamente no início de Trumbo. Na verdade, elas foram causadas, mais que por influência dos “comunistas”, como o filme pode ter sugerido, por uma mudança de lógica em Hollywood. Na década de 1940 os grandes estúdios, até então predominantes nas decisões de Hollywood, estavam começando a ruir enquanto catalisadores da indústria. Grandes diretores e atores surgiram com poder criativo e de escolha, ditando regras e não mais repetindo as velhas fórmulas dos estúdios.

Neste cenário, naturalmente diversas categorias começavam a exigir mais. Trumbo mostra os designers de produção fazendo piquetes e greve, mas na história de Hollywood há diversos outros profissionais que fizeram isso. Uma das greves mais conhecidas foi a relativamente recente paralisação dos roteiristas de Hollywood entre o final de 2007 e o início de 2008, em uma paralisação que durou 100 dias e que afetou produções para o cinema e para a televisão – confira aqui uma matéria que fala do final desta greve.

Comentei isso apenas para deixar claro que a greve dos designers de produção e as manifestações de outras categorias na Hollywood da segunda metade dos anos 1940 tinha pouco a ver com os comunistas. Verdade que eles defendiam uma outra organização econômica e social, mas nem todos eram panfletários. E mesmo que fossem, eles não faziam isso através dos filmes e sim em sua vida particular. Trumbo, o filme, mostra isso com propriedade.

Gostei muito do roteiro de McNamara e da direção de Jay Roach. Os dois realmente focam no personagem central, o roteirista Dalton Trumbo, mas nem por isso ignoram o que acontece ao redor dele. Verdade que acho que faltou um pouco mais de contextualização histórica, como eu comentei antes. Afinal, depois da prisão e da soltura de Trumbo, passados alguns anos daquela perseguição descabida, parece um tanto inusitado para quem não acompanhou a história de Hollywood o ator Kirk Douglas (interpretado por Dean O’Gorman) bater à porta do roteirista para pedir que ele refizesse o roteiro de Spartacus.

Afinal, quando Trumbo começa, figuras como Louis B. Mayer (interpretado por Richard Portnow), um dos fundadores do estúdio MGM, é quem dita as regras da indústria. Como, anos depois, Kirk Douglas era o produtor de seu próprio filme e, junto com Stanley Kubrick, foi o grande responsável por Spartacus? Isso tem a ver com o que eu disse antes, com a ascensão de diretores como Alfred Hitchcock e de atores como Huphrey Bogart e Kirk Douglas, que ganharam mais independência, autoridade e autonomia, enquanto os estúdios perderam força.

Essa falta de contextualização atrapalha um pouco Trumbo. Senti falta também de serem citados mais nomes perseguidos naqueles tempos. Afinal, verdade que Trumbo fez parte do “The Hollywood Ten” (Os Dez de Hollywood), primeiro grupo identificado e penalizado por ser comunista e trabalhar em Hollywood, mas em junho de 1950 três ex-agentes de FBI e um produtor de televisão de direita, Vincent Harnett, publicaram o Red Channels.

Esse documento listava nada menos que 151 nomes de roteiristas, diretores e atores que passaram a integrar a lista negra do Comitê de Atividades Anti-Americanas. Conforme as pessoas eram convocadas para falar com o Comitê e preferiam ficar caladas, elas também eram listadas – cerca de 320 pessoas passaram a fazer parte desta lista que as impedia, em teoria, de trabalhar na indústria. Entre os nomes incluídos nesta relação estavam os de Leonard Bernstein, Charlie Chaplin, John Garfield, Dashiell Hammett, Lillian Hellman, Arthur Miller e Orson Welles.

Claro que eu não esperava que Trumbo listasse todos esses nomes, mas poderia ter indicado, aqui e ali, no roteiro de McNamara, alguns destes nomes conhecidos além daqueles 10 iniciais que acabaram presos. Mas esses são os únicos aspectos que me “incomodaram” um pouco neste filme, pensando neles especialmente depois que a produção terminou. Porque enquanto o filme está se desenrolando ele é apenas um grande deleite.

Trumbo acerta ao mostrar os bastidores de Hollywood e, principalmente, em focar os efeitos daquela caça às bruxas na vida dos nomes perseguidos e suas famílias. Para mim, o filme tem dois grandes recortes: o óbvio, sobre a indústria do cinema, e o menos óbvio, dos perigos da histeria coletiva e da política do medo. Especialmente o segundo tema é mais do que atual. Nos Estados Unidos, desde o ataque às Torres Gêmeas, a política do medo vive assombrando a população e a cultura do país, provocando estragos particulares e coletivos dentro e fora do país.

Falemos primeiro do recorte sobre Hollywood que o filme faz. Fiquei impressionada não apenas com a interpretação de Bryan Cranston, que está perfeito, mas também com os atores que interpretam personagens importantes daquela época e daquele círculo como Edward G. Robinson (interpretado por Michael Stuhlbarg), Hedda Hopper (a ótima Helen Mirren), John Wayne (David James Elliott), Arlen Hird (Louis C.K.), Buddy Ross (Roger Bart), Frank King (John Goodman), Hymie King (Stephen Root) e Otto Preminger (Christian Berkel). Ainda ainda o já citado Kirk Douglas e uma ponta de John F. Kennedy (Rick Kelly).

Sempre é um prazer ver tantos personagens importantes da história – especialmente de Hollywood – sendo reinterpretados e trazidos novamente “à vida”. A reconstituição de época e os “bastidores” do cinema que permeiam toda a história são interessantíssimos, especialmente para quem gosta do tema. Interessante ver as relações de poder e o jogo de interesses que permeia os diferentes estúdios e profissionais que atuam naquela área, assim como o governo e formadores de opinião – como a jornalista Hedda Hopper. Na época figuras como ela podiam destruir ou, pelo menos, abalar reputações com bastante facilidade.

Essa narrativa dos bastidores de Hollywood não é muito comum e, por isso mesmo, Trumbo se torna um filme diferenciado. No fim das contas, apesar de toda a pressão e “terrorismo” das pessoas que queriam acabar com os comunistas no país, o talento venceu. Com a ajuda inicial fundamental dos irmãos Frank King e Hymie King, Trumbo conseguiu sobreviver e, pouco a pouco, trabalhar cada vez mais – e até em demasia – para pagar as contas e dar estabilidade para a família.

E daí surge o outro aspecto interessante de Trumbo. Ao focar essencialmente em um personagem importante daquela época, o filme dirigido por Roach se aprofunda na personalidade e no cotidiano do personagem, mostrando não apenas o seu talento, mas também o seu contexto familiar e de amizades. Esta produção acerta, sem dúvida, ao fazer isso, porque daí percebemos os efeitos daninhos de uma perseguição aloprada como aquela da caça às bruxas. Vale lembrar também que aquele tipo de perseguição se espalhou pelo mundo, em diferentes países e realidades – no Brasil ela também existiu e, como diz Trumbo, vitimou não apenas a cultura, mas também tirou vida de várias pessoas.

Bueno, voltando para o filme. Ao se debruçar na história de Trumbo, vemos como aquela paranoia coletiva cobrou um preço alto das famílias, que eram hostilizadas por vizinhos e conhecidos e não podiam admitir o que os perseguidos faziam para viver. As pessoas eram condenadas pelo que elas acreditavam e pensavam e não por seus atos. Como Trumbo afirma na entrevista que o filme reproduz apenas uma parte, o tal Comitê de Atividades Anti-Americanas nunca conseguiu provar nenhuma atividade realmente daninha para o país.

O que aquela perseguição provocou foi a perda de liberdade de centenas de pessoas que, no fim das contas, foram impedidas de trabalhar. E sem trabalho, passaram por diversas agruras – algumas morreram, como diz Trumbo, vítimas dos efeitos desta perseguição. No caso do protagonista deste filme, depois que saiu da prisão Trumbo ficou obcecado por fazer exatamente aquilo que a caça às bruxas queria lhe impedir de fazer: trabalhar.

Obcecado por escrever cada vez mais, mas sem a possibilidade de assinar os próprios roteiros, Trumbo virava as noites, trabalhava praticamente o tempo inteiro e sem ter mais tempo para a família – algo que ele conseguia fazer muito bem antes de ser perseguido. O filme mostra muito bem essa mudança e a forma com que Trumbo acaba envolvendo toda a família naquela nova rotina – até que a esposa dele, Cleo (interpretada pela ótima Diane Lane), resolve dar um basta e chamar a atenção do marido sobre a forma repressora que ele adotou em casa.

Esse filme tem grandes momentos – dois que me tocaram muito foi a conversa de Cleo com o marido e as vezes em que a família dele, em casa, torceram para que ele ganhasse os dois Oscar’s que ele ganhou assinando com outros nomes duas produções premiadas pela Academia.

Todo o contexto cruel que cercou todas aquelas vidas é um verdadeiro absurdo. E é bom falar deste absurdo hoje, em 2016, porque há muitas figuras que querem voltar para aquele tempo de censura e de perseguição. É preciso recordar, lembrar, para impedir que histórias assim se repitam. Trumbo funciona muito bem neste sentido. Grande filme, mais uma das boas descobertas apresentadas pelo Oscar 2016.

NOTA: 9,7.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Vale listar os “The Hollywood Ten”: Herbert Biberman, Lester Cole, Albert Maltz, Adrian Scott, Samuel Ornitz, Dalton Trumbo, Edward Dmytryk, Ring Lardner Jr., John Howard Lawson e Alvah Bessie. Eles foram condenados a períodos que variaram entre seis e doze meses de prisão.

O tema da caça às bruxas feita em Hollywood é fascinante. Vale buscar mais a respeito. Recomendo, para quem quiser iniciar essa pesquisa, este texto bem ilustrativo sobre o Macartismo da Planeta Educação; também este outro texto do blog Ready for My Close Up Now que não apenas traz os nomes e obras dos 10 de Hollywood, mas também os movimentos de solidariedade à eles (algo que Trumbo também ignora); vale dar uma olhada neste texto da revista Época, com outras informações curiosas sobre o período; e, mesmo escapando um pouco do tema, mas complementando ele um bocado, vale a leitura deste texto da História Viva sobre a “colaboração” ou influência direta do Exército americano no cinema até que eles se divorciaram após o Vietnã.

Trumbo não trata do tema, mas o blog Ready for My Close Up Now lembra bem que se existia o MPA (Motion Picture Alliance for the Preservation of American Ideals), que tinha entre um de seus líderes John Wayne, também existia para contrabalancear a balança o Comitê Pela Primeira Emenda que contava com Humphrey Bogart, Lauren Bacall, John Huston, entre outras personalidades que defendiam os 10 de Hollywood. Aliás, falando em MPA, Trumbo não trata disso, mas ela foi fundada por Walt Disney – sim, meus caros! – e tinha como participantes, ainda, Gary Cooper, Barbara Stanwick, Cecil B. DeMille, Ginger Rogers, Ronald Reagan, King Vidor, entre outros.

Uma coisa, e Trumbo aborda bem isso, é alguém “dedurar” um colega para sobreviver, como alegou o ator Edward G. Robinson, interpretado com precisão e brilhantismo por Michael Stuhbarg, outra bem diferente é a delação “por prazer”, praticamente, como aquela feita por Elia Kazan – que era brilhante, mas pisou na bola ao destruir a vida de diversos colegas. Diversos nomes não precisavam ter denunciado os colegas para sobreviver.

O diretor Jay Roach acerta ao apostar no talento de Bryan Cranston e estar sempre próximo do ator, assim como dos outros personagens próximos a ele. Ele faz uma boa e competente direção, mas sem nenhuma grande “invenção”. O que é bom, porque valoriza o trabalho dos atores e o bom roteiro de John McNamara – ainda que ele tenha falhado em alguns pontos que eu já comentei, especialmente na falta de contextualização e da citação de mais nomes daquele contexto histórico.

O elenco de apoio do filme é muito competente – e chama a atenção a quantidade de estrelas. Além de Bryan Cranston, se destacam Helen Mirren, Diane Lane, Michael Stuhlbarg e Louis C.K. Mas além deles e dos outros nomes já citados, vale comentar o bom trabalho dos atores que dão vida para os filhos dos Trumbo: Toby Nichols como Chris Trumbo entre as idades de seis e 10 anos; Madison Wolfe como Niki Trumbo na idade entre oito e 11 anos; Meghan Wolfe como Mitzi Trumbo na idade entre seis e oito anos; Mitchell Zakocs como Chris Trumbo entre os 10 e os 12 anos; Mattie Liptak como Chris Trumbo entre os 13 e os 17 anos; Becca Nicole Preston como Mitzi Trumbo entre os nove e os 12 anos; John Mark Skinner como Chris Trumbo quando ele tem 29 anos; e a sempre competente Elle Fanning como Niki Trumbo na fase universitária/adulta quando ela tem uma troca mais madura com o pai.

Da parte técnica do filme, vale destacar a ótima trilha sonora de Theodore Shapiro; a direção de fotografia de Jim Denault; a edição de Alan Baumgarten; o design de produção de Mark Ricker; a direção de arte de Lisa Marinaccio e Jesse Rosenthal; a decoração de set de Cindy Carr; e os figurinos de Daniel Orlandi. Todos eles, especialmente os últimos, são fundamentais para a ambientação da história.

Achei os irmãos King – que, na verdade, tinham o sobrenome Kozinsky – mais que admiráveis. Eles deram emprego não apenas para Trumbo, mas para vários outros nomes perseguidos pela lista negra. Vale dar uma conferida na história deles neste link da Wikipédia.

Eu nem preciso dizer que Bryan Cranston mais que mereceu a indicação como Melhor Ator no Oscar 2016, né? Grande ator. Espero que ele faça mais filmes excelentes e que logo mais ganhe, por mérito puro, uma estatueta dourada. Este ano não tinha como porque a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood já devia um Oscar há tempos para o Leonardo DiCaprio, mas eu espero, sinceramente, que a hora de Cranston chegue. Agora, falando ainda e Oscar, Helen Mirren bem que podia ter sido indicada como Melhor Atriz Coadjuvante pelo trabalho neste filme, não? Ela está tão bem que não tem como não odiar a personagem que ela está fazendo. 😉

Trumbo estreou em setembro de 2015 no Festival Internacional de Cinema de Toronto. Depois, o filme participaria, ainda, de outros sete festivais mundo afora. Nesta trajetória, até o momento, o filme recebeu dois prêmios e foi indicado a outros 31. Ele rendeu apenas o terceiro lugar como Melhor Ator para Bryan Cranston no Prêmio dos Críticos de Cinema de Iowa; o Spotlight Award no Festival Internacional de Cinema de Palm Springs para Bryan Cranston e o prêmio de Melhor Ator para Cranston no Prêmio da Associação de Críticos de Cinema Southeastern.

Algo que este filme aborda e que nunca eu vou entender: por que tantas pessoas tem medo de outras que pensam diferente e preferem combatê-las do que aceitar que elas tem o direito de pensar diferente? Isso já aconteceu muito na história da Humanidade – da Inquisição na Idade Média até a “blacklist” de Hollywood – e volta e meia alguém tenta fazer este tipo de medo e de atitude predominar. Temos que estar alertas e cada vez mais defender que todas as pessoas tenham liberdade de pensar diferente – desde que este pensamento não se materialize em crime e infrinja as leis, evidentemente. Neste segundo caso, a aplicação da lei deve ser feita. E isso é tudo.

Agora, algumas curiosidades sobre o filme: o diretor Jay Roach disse que muitas cenas de Trumbo em que o protagonista escreve sozinho na mesa ou na banheira foram improvisadas por Bryan Cranston enquanto as câmeras estavam rodando e que ele realmente estava criando frases para os roteiros que o personagem estaria escrevendo.

O ator Steve Martin comentou que quando ele era muito jovem a sua namorada e a família dela lhe apresentaram novas ideias e oportunidades intelectuais – e o pai dela era Dalton Trumbo, de quem Martin nunca tinha ouvido falar até aquele momento.

Gary Oldman foi cogitado para o papel de Trumbo. Francamente, Cranston faz um trabalho tão impressionante como o roteirista que eu não consigo imaginar mais ninguém como protagonista deste filme.

Importante observar duas “incorreções” do filme. Edward G. Robinson, na verdade, nunca delatou nenhum nome para o Comitê, como Trumbo mostra. Ele testemunhou quatro vezes, mas nunca apontou nenhum nome. Outro personagem, Arlen Hird, não existiu com este nome – ele é, na verdade, um amálgama de vários nomes de escritores que fizeram parte da lista negra. Observando a lista dos 10 de Hollywood, da qual ele teria feito parte, realmente já dá para perceber isso. Curioso não terem escolhido um outro personagem real, não é mesmo? Não vi muito a razão para isso. Também não entendi porque colocar Robinson como delator quando ele não foi – e outros sim.

Trumbo fez pouco mais de US$ 7,8 milhões nos Estados Unidos. Somando com o que a produção fez nas outras bilheterias mundo afora, ele chegou a US$ 8,2 milhões. Ainda pouco para o filme.

Os usuários do site IMDb deram a nota 7,5 para esta produção, enquanto os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 107 críticas positivas e 38 negativas para o filme, o que lhe garante uma aprovação de 74% e uma nota média de 6,7. Fiquei curiosa para ver o documentário sobre Trumbo. Será que é melhor que o filme? Alguém viu e quer comentar? 😉

Esta é uma produção 100% dos Estados Unidos.

CONCLUSÃO: Filme extraordinário e que conta um momento muito importante da história não apenas dos Estados Unidos, mas do mundo. Afinal, enquanto artistas eram perseguidos naquele país, tínhamos situação parecida no Brasil quando por aqui tivemos ditadura militar, e em tantos outros países em fases um pouco anteriores ou posteriores. Bem narrado, com um ator de primeiríssima linha como protagonista e um belo elenco de apoio nos outros papéis, Trumbo é um destes filmes inevitáveis para quem gosta de cinema.

Quem dera que mais filmes se debruçassem não apenas nas relações e bastidores da Sétima Arte, mas que também falassem de épocas tenebrosas da nossa história coletiva. O filme acerta no ritmo e na crítica, assim como na imersão na história pessoal e profissional do protagonista. Por pouco ele não é perfeito. Senti falta da produção citar mais nomes importantes de Hollywood que foram perseguidos naquela época, assim como explicar um pouco melhor a mudança do “sistema” da indústria, que deixou naqueles anos de ser dominada por grandes estúdios para passar a ser muito mais autoral.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 20 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing e, atualmente, atuo como professora do curso de Jornalismo da FURB (Universidade Regional de Blumenau).

3 respostas em “Trumbo – Lista Negra”

Eu comecei a assistir o filme e achei um porre, a personagem da Helen Mirren tava me tirando do sério, de tão chata. A verdade é que eu acho que escolhi um dia ruim para ver o filme, daqueles que você está sem paciência… não sei o que me deu. Seu texto esclareceu muitas coisas e me deixou curiosa sobre tantas outas, muito interessante quando você fala sobre a histeria coletiva, é um ponto de vista que não tinha pensado. Parabéns pela resenha crítica, mesmo! Assim que der, vou ver esse filme e prestar atenção em tudo e lembrar das informações preciosas que estão disponíveis aqui. Abrçs!

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