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Le Brio – O Orgulho


A excelência não se conquista com elogios e com palavras suaves. O orgulho não se vence com insultos, mas com a comprovação de que algumas das nossas ideias estavam equivocadas e com a constatação de que outros podem ser tão bons (ou melhores) do que a gente. Le Brio é um filme maravilhoso, cheio de retórica, de reflexões sobre os nossos dias, de atitude e de ensinamentos. Como é bom, depois de tanto tempo, encontrar um filme que fale sobre a importância de ótimos professores. Estamos precisando disso. Hoje, mais do que nunca.

A HISTÓRIA: Diversos vídeos com entrevistas se sucedem. Em um, ouvimos que o que mais chama a atenção da pessoas são “as calamidades constantes”. Em outro, escutamos que “as palavras são os veículos das ideias”. Uma terceira pessoa comenta que tanto ódio e tanto rancor só é possível na França. E ainda ouvimos o argumento de que a estupidez é ter preguiça, e que diferentes tempos revelam diferentes angústias.

Após diversos depoimentos, vemos a uma mulher com traços árabes no ônibus. Ela está com fone de ouvido e faz um longo trajeto até chegar ao seu destino final. Neïla Salah (Camélia Jordana) corre para chegar até ao auditório onde terá a sua primeira aula na faculdade. Mas logo que chega, apressada, ela recebe uma bronca do professor Pierre Mazard (Daniel Auteuil). Para muitos colegas da classe, ele foi racista e um cretino. Em breve, professor e aluna ficarão mais próximos do que eles poderiam imaginar nesse primeiro encontro.

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Le Brio): Quando eu vou ao cinema, ou quando assisto a um filme em casa, eu sempre espero, em algum momento, ser surpreendida. Do nada, me deparar com uma história incrível, surpreendente ou inspiradora. Então que grata surpresa ir ao cinema e encontrar um filme da qualidade deste Le Brio! Era justamente de algo assim que eu estava precisando.

Como tento fazer sempre, fui assistir a esta produção sem ter lido nada a respeito antes. Também tive a sorte de não assistir ao trailer de Le Brio – porque, depois de ter visto ao filme, me deparei com o trailer dele e percebi como o trailer estraga alguns dos grandes momentos da produção. Por tudo isso, eu não sabia o que esperar da história. E, possivelmente muito por causa disso, esse filme tenha me surpreendido e agradado tanto.

A homenagem que os roteiristas Victor Saint Macary, Yaël Langmann, Yvan Attal e Noé Debré fazem para a retórica e o poder da palavra fica evidente desde os primeiros minutos do filme. Primeiro, com o pout-pourri de filósofos, escritores e afins comentando sobre questões diversas de interesse coletivo e individual. O que todos eles tinham em comum? A eloquência, a retórica e a argumentação. Depois, assistimos a uma história que terá todos esses elementos.

Entre as qualidades desta produção, além de um roteiro muito bem construído e que nos “leva pela mão” durante toda a narrativa, temos o excelente trabalho dos protagonistas. Le Brio não teria metade da sua graça se não tivéssemos os talentosíssimos Daniel Auteuil e Camélia Jordana como os nomes principais da história.

Eles são carismáticos, talentosos, sabem conduzir os seus personagens muito bem e, de quebra, nos envolver na trama sem que um ou outro nos pareça realmente “estranho”. Muito pelo contrário. Com as suas entregas precisas e inspiradas, esses atores levam o público a desenvolver uma empatia fundamental para que o filme atinja os objetivos propostos.

Então sim, os atores que interpretam o professor Pierre Mazard e a aluna Neïla Salah são peças fundamentais para esse filme ser tão bom – e acima da média. Mas apenas eles não fariam o “verão” acontecer. Para um filme ser excepcional, ele deve ter um roteiro com essa qualidade. E é exatamente isso que Le Brio tem. Um roteiro maravilhoso.

Mérito do quarteto Attal, Debré, Macary e Langmann, que contou com a colaboração de Bryan Marciano. A história narrada por eles e dirigida por Yvan Attal com muita precisão acertou em cheio em focar uma narrativa aparentemente “simples” mas que traz diversas “inquietudes” e desafios dos nossos dias.

Na Europa, em especial, eles vivem muito essas questões das novas “ondas” migratórias e dos efeitos que o “choque civilizatório” – mais especificamente, os “estranhamentos” entre os ocidentais autóctones e os “imigrantes/invasores” muçulmanos – está provocando nos diferentes países.

A França, onde se passa essa história, é um dos países com a maior miscigenação entre os países daquele continente – e onde, de tempos em tempos, pululam histórias de conflitos provocados por xenofobia, preconceito, medo por ataques terroristas e pelas diferenças culturais exacerbadas.

Ao mesmo tempo, aquele é o país do Iluminismo e do lema “igualdade, liberdade, fraternidade”. É um país de grandes pensadores e artistas, uma nação orgulhosa de sua história e de seus feitos. Ao mesmo tempo, parte da população tem dificuldade em aceitar tanta miscigenação e a “perda” do que eles consideram o “espírito francês”. Somado a tudo isso, temos ali um país onde o elogio nunca vem fácil, e onde existem grandes escolas e universidades.

Nesse contexto, vemos a uma garota que mora no subúrbio e que transcorre, todos os dias, longos trajetos para ir e vir da universidade. Apenas o fato dela chegar lá, no ensino superior, já é uma vitória – ela é a única do grupo de amigos de origem árabe que chega tão longe. Mas na universidade, logo no primeiro dia de aula, ela ganha um protagonismo que ela não desejava ao entrar na sala do professor Pierre Mazard (o ótimo Daniel Auteuil) com alguns minutos de atraso.

No Brasil, onde temos muito esculhambada, normalmente, a noção de civilidade, alguém chegar atrasado é considerado “normal” ou, pelo menos, não ofensivo. Em outros países, onde o outro importa tanto – ou mais – do que o indivíduo em si, chegar atrasado em um compromisso é uma grande demonstração de desrespeito. Não raras vezes alguém leva uma bela bronca ou perde um negócio/oportunidade porque chegou atrasado.

Então o “achincalhe” de Mazard contra Neïla Salah (a também ótima Camélia Jordana) não é exatamente surpreendente. Mas na era dos celulares grudados nas palmas das mãos, a bronca de Mazard e o diálogo que se segue entre ele e Neïla é registrada por diversos alunos – grande parte deles encarando a reprimenda e as ironias de Mazard como preconceituosas e/ou ofensivas.

Se ele tivesse feito o mesmo com um aluno branco e de classe média, será que as pessoas levariam pelo mesmo lado? O personagem de Benjamin de Segonzac (Jean-Baptiste Lafarge), que também considerou a atitude de Mazard como preconceituosa, dá a entender que ele, Benjamin, foi o alvo dos deboches, críticas e “perseguição” no ano anterior do curso. Por ele ser homem e branco, essa constatação no filme dá a entender que, no fim das contas, Mazard não era realmente preconceituoso. Ele só era, como muitos e muitos professores experientes, pouco paciente com as “babaquices” e falhas dos mais jovens.

E aí temos em cena um dos vários pontos de reflexão desta produção: o choque entre gerações. Mazard acha muitos elementos dos dias atuais como “absurdos” ou “sem sentido”. Com certa frequência, sente-se um pouco “saudosista” dos tempos transcorridos, quando parece que as pessoas eram mais crítica, mais sensatas, mais inteligentes e mais atentas aos outros, às convenções e aos contextos.

Com certa frequência, conforme o tempo passa, as pessoas que vão ficando mais velhas e se vêem “sucedidas” pelos mais jovens acabam olhando para o tempo transcorrido, ou seja, para o passado, como algo melhor. O saudosismo faz parte da vida, mas é preciso olhar para ele com cuidado. E sobre isso Le Brio também nos fala. Mazard está correto em questionar alguns pontos dos “dias atuais”, mas ele nem sempre está certo em só ver qualidades no passado.

Aos poucos, ele vai reformando a sua própria visão do que está acontecendo ao seu redor e sobre os jovens – especialmente os filhos de imigrantes, como Neïla, que vive no subúrbio e que, apesar das diferenças culturais e oportunidades na vida, apresenta um grande potencial, talento e vontade de aprender e de crescer. Mazard acaba assim repensando as suas próprias ideias e ganha um novo “ânimo” em ensinar. Afinal, ele percebe o talento florescer em uma garota em quem muitos talvez não apostariam, a priori.

E aí vem o ponto fundamental desta produção, a meu ver: a beleza que é presenciar um talento florescer! E esse fenômeno não acontece apenas pelo mérito e pela vontade de Neïla, mas também pela aposta nela e pela dedicação que Mazard começa a ter em ensinar e inspirar, de fato, aquela aluna.

A exemplo do clássico Deads Poets Society, lançado no “longínquo” ano de 1989 (se você não assistiu a esse filme, assista! corra atrás dele agora mesmo!), Le Brio também nos fascina por nos contar sobre a força do bom exemplo. De como quando encontramos um verdadeiro mestre na nossa frente, alguém que nos inspira e nos motiva, podemos ser capazes dos feitos mais sensacionais.

Gostei tanto, mas tanto mesmo deste filme porque eu acho que precisamos de mais histórias como Le Brio. Histórias que nos lembrem sobre a força da inspiração e do exemplo. Que nos mostrem como um mestre não deve fazer o que queremos, mas nos mostrar os caminhos e as possibilidades. Que aperte os nossos “botões” nos momentos certos e que saiba nos criticar tão bem quanto nos mostrar quando estamos acertando.

Porque o mundo precisa de mestres e de pessoas que inspirem e motivem quem quer crescer, aprender, fazer mais e melhor. E talvez as pessoas deviam ter menos pressa em julgar e em colocar os outros em “caixinhas” e dedicar-lhes rótulos, correndo para classificar professores como racistas ou preconceituosos.

Certo, que os professores nem sempre acertam. Mas talvez porque eles sejam humanos, não é mesmo? Apesar de uma falha e outra, eles são indivíduos que se prepararam – e continuam se aperfeiçoando – para ensinar e inspirar. Merecem respeito e merecem ser ouvidos.

A partir desses mestres, deveríamos ter mais atenção para o que outras pessoas nos dizem antes de sairmos hostilizando elas com as nossas gravações e julgamentos. Sair do nosso “esquadro” e entender o modo de pensar e de agir dos outros exige esforço, mas vale muito a pena.

Para mim, Le Brio me falou sobre isso. Resgatou, essencialmente, essa beleza do aprendizado, da força da palavra, do exemplo e da motivação. Ensinar com exemplos e com a vida mesma. E estar aberto a perceber os próprios pensamentos e julgamentos para, a exemplo de Mazard, revê-los sempre que necessário. Porque ninguém está isento de “julgar” os demais. Fazemos isso, muitas vezes, sem perceber. Mas podemos sim sempre rever estes julgamentos e buscar um pouco mais de generosidade no processo.

Gostei muito desse filme por este conjunto de reflexões, pela história que ele nos apresenta e por falar de temas tão atuais. Especialmente por mostrar os “choques civilizatórios”, que incluem não apenas a diversidade de origens e de culturas, mas também de acesso à educação, ao emprego, e aos demais elementos que podem fazer alguém ter uma progressão na vida. Tudo está em cena, mas com uma levada muito natural e que nos convence por materializar parte da realidade que está acontecendo nas ruas e bairros das grandes cidades.

Isso tudo e mais um excelente trabalho dos atores principais fazem deste filme uma das grandes pedidas deste ano. Ao menos para os meus parâmetros, é claro. Porque a percepção sobre o cinema, como vocês bem sabem, depende de uma série gigante de fatores. Background cultural, visão de mundo, expectativas em relação ao filme, fase da vida, entre outros elementos. Da minha parte, espero que você tenha gostado do filme tanto quanto eu – ou que, após ler essa crítica, veja ele sob novas perspectivas. 😉

NOTA: 10.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Cada vez mais eu me convenço que um filme, para que ele fique acima da média, deve ter um número reduzido de personagens. Fica muito mais fácil entendermos a vida, o contexto, os desejos e anseios de um grupo pequeno de pessoas e desenvolvermos empatia – ou compreensão mesmo, quando a empatia não se torna tão fácil de alcançar – em relação a eles. Por isso mesmo, apesar de termos vários personagens que aparecem aqui e ali nessa trama, os roteiristas acertam em colocar o centro da história em poucos personagens. Assim, todos tem espaço de serem desenvolvidos de forma satisfatória.

O primeiro grande mérito de Le Brio é o roteiro de Victor Saint Macary, Yaël Langmann, Yvan Attal e Noé Debré, quarteto que contou com a colaboração de Bryan Marciano. Eles acertam no ritmo da história, na imersão que fazem em diferentes ambientes da cidade e no equilíbrio entre drama e comédia. A vida mesma é feita deste equilíbrio – quando temos percepção para perceber isso e conseguimos dar a “leveza” que a vida nos pede entre os seus diferentes elementos. Então é bacana ver uma história que não evita o amargo e o difícil, mas que também sabe focar no bonito, no divertido e no emocionante. Acho que os roteiristas conseguem o equilíbrio perfeito nesta produção.

Além do roteiro de Le Brio, o grande destaque deste filme são os atores. Tiro o meu chapéu para o veterano Daniel Auteuil e para a jovem Camélia Jordana. Os dois convencem, individualmente, em seus papéis e conseguem, juntos, fazer um dueto interessante e inspirador. Gostei muito do trabalho deles. Além dos dois, vale destacar o trabalho de Yasin Houicha como Mounir, o jovem amigo – e depois, namorado – da protagonista. Houicha vai emplacando no filme pouco a pouco, e acaba tendo um papel fundamental – sem ser exagerado, mas convincente – perto do final.

Outros atores coadjuvantes também fazem um bom trabalho. Vale destacar a atuação de Nozha Khouadra como a mãe de Neïla; Nicolas Vaude como Grégoire Viviani, o presidente da universidade em que Mazard dá aula; Jean-Baptiste Lafarge como Benjamin de Segonzac, o estudante que foi “perseguido” no ano anterior por Mazard e que se sente “solidário” a Neïla; e Zohra Benali como a avó de Neïla. Fazem um bom trabalho também os atores que aparecem como concorrentes no concurso de oratório, assim como os amigos de Neïla e de Mounir – ainda que nenhum deles mereça realmente uma menção especial.

Sempre que um filme vai muito bem, eu admito, tenho um certo “medo” com o final da produção. Afinal, não são poucos os exemplos de filme que “derrapam” na reta final. Não é fácil, em uma produção que consegue um bom crescimento narrativo, fechar a história com “chave de ouro”. Com Le Brio, passei pelo mesmo.

(SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Mas fiquei aliviada com o caminho que os roteiristas escolheram para esta produção. Mounir é quem “mata a charada” para Neïla. Sim, inicialmente Mazard ajudou a estudante por interesse próprio. Ele estava mais preocupado com o “perdão” que receberia do conselho de ética da universidade. Mas, como Mounir mesmo pondera, se Neïla foi “utilizada” por Mazard para este fim, ela também “utilizou-se” de Mazard. Tirou dele o “melhor proveito” para aprender e para crescer.

As relações são assim. Cada um se doa ao outro e cada um absorve o que desejar para crescer e melhorar. O que vai nos diferenciar é o quanto conseguimos multiplicar a partir desta doação. Além disso, ainda que seja verdade que Mazard começou o projeto pensando em si, depois fica evidente como ele começa a acreditar e a se orgulhar da pupila. Então ele faz o que faz por ela também. Aí está a grandeza da doação. Você pode até começar a fazer um pouco por egoísmo, mas depois se vê realmente pensando apenas no outro.

Entre os aspectos técnicos desse filme, o destaque vai para a direção de Yvan Attal. Ele sabe equilibrar bem os elementos internos e externos de um ambiente, aparentemente, pouco cinematográfico, como pode ser o da universidade. Então “passeamos” por diferentes locais da cidade, indo do subúrbio, passando pelo transporte público, e chegando nos auditórios e salas de aula da universidade. A cidade é um elemento interessante, assim como os personagens, e Attal acerta na forma com que se “apropria” e aproveita de cada um destes elementos. Um belo trabalho, com ritmo e com cadência interessante.

Aprecio muito as trilhas sonoras dos filmes. Muitas vezes, especialmente nas histórias de ação ou ficção científica, estas trilhas são um tanto óbvias – ou até “preguiçosas”. Mas volta e meia a gente se depara com uma trilha sonora realmente interessante, pensada como parte da narrativa do filme – com personalidade própria, portanto, e complementar à história. Esse é o caso da trilha sonora de Le Brio. Mérito de Michael Brook.

Além da trilha sonora de Le Brio, vale destacar, entre os aspectos técnicos desta produção, a bela e competente direção de fotografia de Rémy Chevrin e a edição competente de Célia Lafitedupont. Também comento o design de produção de Michèle Abbé-Vannier e os figurinos de Carine Sarfati – elementos que ajudam a contextualizar os personagens e a apresentar as suas realidades.

Le Brio estreou em outubro de 2017 no Festival de Cinema Mediterrâneo de Montpellier. Depois, o filme participou de outro festival apenas, o Biografilm Festival. Em sua trajetória, o filme ganhou dois prêmios e foi indicado a outros quatro. Os prêmios que ele recebeu foram o Biografilm Europa conferido pela audiência do Biografilm Festival e o de Mais Promissora Atriz para Camélia Jordana no Prêmio César, uma espécie de “Oscar do cinema francês”.

Vale citar uma curiosidade desta produção: Le Brio teve uma parte importante da sua história filmada nas instalações da Universidade Pantheon-Assas, conhecida como Sorbonne, que fica em um local destacado de Paris, próxima do Panteão. Outras cenas foram rodadas na Biblioteca Sainte-Geneviève. Paris… é sempre maravilhosa de ser vista. Seja pessoalmente, seja através de filmes como esse.

Os usuários do site IMDb deram a nota 6,9 para esta produção, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram quatro críticas positivas e uma negativa para Le Brio – o que lhe garante uma aprovação de 80% e uma nota média de 6,7. Vendo essas notas, em especial, eu percebo que realmente eu me “encantei” muito mais com a homenagem que este filme faz para os mestres, o ensino, o aprendizado, a superação e o poder da palavra do que a maioria. 😉

De acordo com o site IMDb, Le Brio teria custado cerca de 9,7 milhões de euros. Não encontrei informações sobre o resultado que o filme consegui nas bilheterias.

Relendo agora o que eu escrevi sobre esta produção, quero fazer apenas um parêntesis sobre um dos trechos da crítica. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Quando comentei antes que devemos ter mais cuidado antes de classificar as pessoas com rótulos ou colocá-las em caixinhas, não quero dizer com isso que devemos “perdoar tudo” e que devemos, por exemplo, aceitar manifestações de racismo, xenofobia, preconceito ou machismo. Não, não. Devemos estar atentos a tudo isso e combater essas manifestações de ignorância que podem resultar em violência verbal ou física. Mas o que digo e repito é que devemos ter cuidado ao classificar as pessoas. E combater, sempre que situações absurdas se apresentam na nossa frente, os comportamentos que não queremos mais ver nas nossas sociedades.

Le Brio é uma coprodução da França e da Bélgica. Fiquei feliz de encontrar, logo na sequência, dois filmes franceses no cinema que eu frequento em Florianópolis. Quem acompanha o blog há algum tempo sabe o quanto eu admiro o cinema francês. Eles realmente tem uma sensibilidade única e uma forma de contar as suas histórias muito envolvente.

Pensando aqui com os meus botões, acho que esse filme me tocou tanto porque eu tive a sorte de ter encontrado no caminho um ou dois professores realmente inspiradores. Pessoas que, em diferentes momentos da minha vida, me ajudaram a fazer mais do que eu me considerava capaz. Para quem já teve essa sorte, alguma vez na vida, saberá apreciar ainda mais as mensagens que vemos em Le Brio. De verdade, gostaria que todos tivessem essa sorte.

CONCLUSÃO: Os conflitos nas nossas sociedades por causa de diferentes origens, credos e línguas sempre existiram – e, pelo visto, sempre vão existir. Somado a isso, temos questões igualmente atemporais, como os conflitos internos e entre gerações. Le Brio nos mostra que ter estes conflitos não é um problema, mas pode ser um problema como procuramos solucioná-los (ou não). Além de homenagear os grandes mestres, Le Brio nos mostra que todos podem sim ser “grandes”, superarem os seus limites e origens. Se assim desejarem e se encontrarem o incentivo certo. Um grande filme, que tem conteúdo e emoção na medida certa. Das belas surpresas desse ano, sem dúvida.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

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