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Roma


Um filme simples com diversas camadas de interpretação e pequenas pérolas de informações espalhadas aqui e ali. Roma, por muitos considerado como um dos fortes concorrentes do Oscar 2019 – ao menos na categoria de Melhor Filme em Língua Estrangeira -, realmente tem muitas qualidades. Mas eu não sei… ao término da produção, fiquei com aquele gostinho de que falaram tanto do filme e que ele entrega menos do que eu esperava. Grandes expectativas costumam resultar nessa conclusão. Mas uma obra-prima, realmente, teria satisfeito e superado as expectativas. Esse não é o caso de Roma.

A HISTÓRIA: Sobre um piso, alguns baldes de água são derramados. O reflexo que a água faz mostra em parte o céu, por onde passa um avião. Depois de limpar o piso, Cleo (Yalitza Aparicio) recolhe o material utilizado e conversa com o cachorro, Borras. Ela vai até um banheiro, colocado do lado externo da casa, e entra na residência dos patrões. No piso superior, ela recolhe as roupas de cama utilizadas e coloca as novas. Faz tudo com agilidade, levando o fiel rádio consigo em cada cômodo.

Em seguida, Adela (Nancy García García) chama a atenção de Cleo de que é quase 13h e que ela precisa se apressar. Cleo corre pela calçada e vai até o colégio para buscar o caçula dos patrões. Na volta, Adela comenta que Fermín (Jorge Antonio Guerrero) está ao telefone para falar com Cleo. As duas falam no dialeto mixteco, idioma que Pepe (Marco Graf) desconhece. Aos poucos, vamos acompanhando as histórias dessa família e de seus empregados.

VOLTANDO À CRÍTICA (SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Roma): Eu gosto muito do Sr. Alfonso Cuarón. E não é de hoje. Gosto do estilo do diretor muito antes dele ser reconhecido pelo trabalho extremamente técnico de Gravity (comentado por aqui). Eu acompanho o trabalho desde há exatos 20 anos, desde Great Expectations, filme com Ethan Hawke e Gwyneth Paltrow e anterior a Y Tu Mamá También – que o tornou mais conhecido e admirado.

Dito isso, comento que fiquei feliz que um filme dele, Roma, é considerado um dos favoritos – se não o maior favorito – para o Oscar de Melhor Filme em Língua Estrangeira. Como quem acompanha o blog há mais tempo sabe, essa é a minha categoria preferida do Oscar. Especialmente pelas obras interessantes e diversificadas que esta categoria me apresenta a cada ano da premiação.

Assim, devo admitir, fui assistir a Roma com grandes expectativas. Não apenas por seu favoritismo, mas porque conheço o talento de Cuarón. Nascido na Cidade do México em 1961, Cuarón fez uma releitura muito particular sobre os anos de 1970 e 1971 – quando se passa a história desse filme. Pensando na produção, me parece que o personagem de Pepe, interpretado pelo carismático Marco Graf, representa o pequeno Cuarón.

Assim, nos debruçamos sobre a realidade do México naqueles anos conturbados. Para isso, Cuarón nos apresenta uma visão bastante intimista e próxima de uma família da classe média, onde duas realidades muito diferentes são retratadas. A das pessoas com recursos e que podem se dar ao luxo de ter até três empregados – o que é o caso da família de Sofía (Marina de Tavira) e de Antonio (Fernando Grediaga).

Enquanto o casal, que vive uma crise no matrimônio, tem condições de viver bem, educar os quatro filhos em bons colégios e ter uma empregada, uma cozinheira e um motorista à sua disposição, os empregados da família vivem em função dos chefes e à espera de uma folga para ir namorar no cinema – ao menos Cleo e Adela.

A narrativa desta produção, linear e focada no cotidiano da família e de seus empregados, apresenta diversas sutilezas e temas que fazem pensar. Mas sem grandes “choques” narrativos ou inovações na forma de contar essa história. Cuarón faz um excelente trabalho na direção, valorizando o trabalho dos atores, focando no cotidiano da Cidade do México no início dos anos 1970 e com planos de câmera que valorizam os movimentos contínuos.

De forma acertada, ele foca em poucos personagens e foca a narrativa sob a ótica da empregada da família, Cleo. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Ela é uma garota simples, que não tem contato com a própria família (ouvimos falar apenas da mãe dela, na realidade) e que dedica a sua vida para os patrões – especialmente para os filhos de Sofía. Ela é especialmente apegada aos menores, Pepe e Sofi (Daniela Demesa).

A principal reflexão de Roma, para mim, é justamente as desigualdades sociais e de oportunidades que marcaram o México e outros países latinos nos anos 1970 e até hoje. No fundo, Cleo abre mão da própria vida para dedicar-se 100% à família dos patrões. No momento mais angustiante do filme, quando Cleo salva Paco (Carlos Peralta) e Sofi na praia, ela confessa que não queria que a filha que teve com Fermín nascesse.

Em outro momento importante do filme, Sofía comenta que não importa o que digam para elas, mas as mulheres estão sempre sozinhas. Esse é outro aspecto muito interessante e relevante do filme. Como mulheres com histórias tão diferentes, níveis de educação e oportunidades tão diversas, no fundo, podem ser vítimas da mesma sociedade machista. O México, assim como o Brasil e outros países, sofre com esta cultura em que todas as decisões e as principais oportunidades são decididas pelos homens.

Assim, com bastante facilidade, Antonio abandona a família ao mesmo tempo em que Fermín não assume o seu compromisso com Cleo. Para eles, fazer isso é muito fácil. Ninguém os questiona, ninguém acha absurdo o abandono e desprezo que eles promovem. Ao mesmo tempo, Cuarón revela uma fase da história em que as mulheres começam a assumir o controle de suas próprias vidas.

Desta forma, Roma também nos mostra o início de um maior “empoderamento” feminino na sociedade mexicana. Seja com Sofía mudando o foco de sua atividade para conseguir um emprego que lhe ajude a pagar as contas e sustentar a sua família, seja com Cleo revelando abertamente que não gostaria de ter a sua filha. Claro, podemos debater as razões dela não querer a sua própria filha. Seria por que ela está focada demais em ajudar a criar e cuidar das filhas da patroa ou será mesmo que, a exemplo de outras mulheres, ela não sente a necessidade em ter uma herdeira e colocar uma criança à mais no mundo?

As respostas para estas questões não são simples e nem devem ser dadas com base no que acreditamos ou fazemos. As questões sociais são complexas mesmo, seja no México do início dos anos 1970, seja nos dias atuais. Roma nos apresenta histórias muito humanas e com um olhar sensível e muito cuidadoso de Cuarón – além de dirigir o filme, ele é o responsável pelo roteiro de Roma.

Além destas questões muito particulares e humanas de Roma, o filme trata, em pequenas pérolas espalhadas aqui e ali, questões sociais importantes para o México daquela época. Como no início do filme Paco narra uma cena em que um menino foi morto por um militar por ter jogado um balão cheio de água nele, inicialmente eu achei que o México também vivia uma fase de regime militar – como era o caso do Brasil, na mesma época. Mas não. Buscando mais informações sobre o período, descobri que quem governava o México na época era o PRI (Partido Revolucionário Institucional).

Ainda assim, mesmo que o regime na época no México não fosse ditatorial, o exército e a polícia desempenharam um papel decisivo no que alguns chamaram de “guerra suja” contra a oposição ao PRI nos anos 1960 e 1970. Isso é o que vemos em cena em dois momentos contundentes da produção. Primeiro, no “treinamento” de Fermín, que acaba sendo flagrado por Cleo – que, inocente, acredita que o ex-namorado está treinando para as Olimpíadas.

Ele diz que foi “salvo” pelas artes marciais, mas de que tipo de salvação ele está falando? Órfão de mãe ainda criança e criado em uma favela, Fermín acredita que não caiu na criminalidade por causa das artes marciais. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Mas, depois, ele acaba sendo utilizado como um criminoso pelo próprio regime para matar estudantes que protestavam contra o governo. Ele não atira em Cleo, apesar de ter tido vontade, mas o efeito que ele causa naquela situação é o mesmo praticamente se ele tivesse realmente apertado o gatilho.

Apenas jogando os “fatos” na nossa frente, Cuarón nos faz refletir sobre os efeitos daninhos da desigualdade de oportunidades e de acesso à educação. No fundo, Cleo e Fermín fazem parte de um mesmo sistema injusto no qual eles não tem perspectiva praticamente nenhuma de sair de seus “destinos”. A ignorância faz Cleo engravidar sem ao menos saber como poderia ter evitado aquilo, enquanto Fermín serve de massa de manobra para crimes sem que ele realmente tenha percebido alguma outra alternativa para si mesmo.

Com isso, claro, não estou dizendo que todos são produto apenas do seu meio. Claro que, no final das contas, somos responsáveis pelos nossos atos e podemos escolher o que fazer dos nossos dias, mesmo que alguns tenham mais opções do que outros – e isso não pode ser ignorado. De forma muito direta, Cuarón nos fala sobre isso nessa produção. Um filme bastante humano, intimista, mas também com uma grande carga de debate social.

Algumas pérolas espalhadas pelo diretor aqui e ali também nos fazem refletir sobre outra questão. Seja pela narrativa de Paco sobre o garoto que levou um tiro do militar por jogar um balão cheio de água, seja pela criança que morre empalada em uma incubadora no hospital, Roma parece nos sugerir que as crianças são as principais vítimas de uma sociedade injusta e que apresenta diversos riscos que nem sempre podem ser calculados. Isso também nos faz pensar sobre a finitude da vida e sobre a falta de controle que temos sobre diversos fatos.

O momento alto da produção, sem dúvida alguma, é a sequência derradeira na praia. Extremamente angustiante a forma com que Cleo não pensa na própria vida e se entrega para salvar as crianças que ela ama – e que não são dela. Ela tem um altruísmo e uma entrega que impressionam. Naquele momento, impossível não pensar no pior cenário da situação, e justamente isso que cria a angústia muito bem planejada pelo diretor/roteirista. Sequência brilhante – especialmente por nos mostrar apenas parte do que está acontecendo, o que aumenta a angústia.

Cleo vai continuar dedicando a sua vida para aquela família. Apesar disso, ela nunca realmente vai fazer parte daquela realidade. Isso talvez seja o incômodo que perdura mais após o fim dessa produção. Um filme bem planejado, interessante e delicado mas que, apesar de todas as suas qualidades, não cria realmente um grande impacto.

Roma não surpreende ou provoca o desconforto que outras produções mais “potentes” deste ano e que buscavam uma vaga entre os finalistas do Oscar causam. É um belo filme, mas não o considero o melhor desta categoria neste ano. Ainda assim, algo eu tenho que admitir: o filme faz uma bela apresentação da cultura e dos valores mexicanos – inclusive a força de vontade das mulheres, as desigualdades sociais e algumas superstições e costumes. Mas acho que a produção poderia ser um pouco mais curta. Acho que Roma tem trechos realmente dispensáveis – como o incêndio aparentemente provocado após a festa de Réveillon e a cantoria que se segue. Alguns minutos a menos, retirados daqui e dali, fariam bem para a produção.

NOTA: 9,2.

OBS DE PÉ DE PÁGINA: Uma das qualidades de Roma, sem dúvida alguma, é a direção de fotografia de Alfonso Cuarón. Além de ter uma direção primorosa, Cuarón também teve um trabalho irretocável na fotografia – valorizada pelo preto e branco. Entre os aspectos técnicos da produção, vale destacar também a edição de Alfonso Cuarón e Adam Gough. Outro item importante para o sucesso de Roma.

Certamente existem diversos textos e materiais que falam sobre o cenário político e social do México no início dos anos 1970. Mas para quem deseja uma leitura rápida, recomendo este texto do site Público e esse artigo sobre o papel dos intelectuais frente àquele cenário repressivo do regime do PRI.

A grande estrela desta produção, sem dúvida alguma, é a atriz Yalitza Aparicio. Ela está perfeita como a protagonista Cleo, uma garota simples, singela, mas muito amorosa e dedicada. Ela simboliza muito bem a mulher “comum” do México. Está perfeita. E o mais interessante: segundo o site IMDb, Roma marca a estreia de Yalitza Aparicio no cinema. Um belo, belo achado do diretor Cuarón, sem dúvida. Ela simboliza muito bem a delicadeza, a simplicidade e a origem indígena de uma parte considerável das mulheres mexicanas.

Além dela, fazem um bom trabalho nesta produção a “patroa” de Cleo, interpretada por Marina de Tavira; a colega de Cleo, responsável pela cozinha da família, interpretada por Nancy García García; o elenco infanto-juvenil que dá vida para os filhos de Sofía, interpretados por Diego Cortina Autrey (Toño), Carlos Peralta (Paco), Marco Graf (Pepe) e Daniela Demesa (Sofi); e a atriz Verónica García, que interpreta à Teresa, mãe de Sofía.

Outros atores fazem papéis menores, mas que também tem a sua relevância – ainda que eles, a meu ver, ficam em um nível de entrega menor que o dos outros atores. Integram esse grupo os atores Fernando Grediaga, que interpreta a Antonio, chefe da família que emprega Cleo; Jorge Antonio Guerrero, que interpreta ao “desajustado” Fermín; José Manuel Guerrero Mendoza como Ramón, “namoradinho” de Adela e parente de Fermín; e Latin Lover como o Profesor Zovek – uma figura que simboliza alguns ídolos mexicanos mas que, francamente, não sei se precisaria estar nesta produção. Talvez a razão dele estar lá é de nos questionarmos quem são os nossos “ídolos” e o que eles representam ou significam.

Roma estreou no final de agosto no Festival de Cinema de Veneza. Depois, até novembro, o filme participou de outros 28 festivais em diversos países antes de estrear na internet em dezembro – Roma é distribuído pela Netflix.

Fiquei me perguntando, por um bom tempo, o porquê do nome Roma para esta produção. Depois é que eu fui descobrir que a história se passa, predominantemente, na vizinhança da “colônia” Roma, na Cidade do México. Aí sim, faz sentido. 😉

Roma é dedicado a Libo, que era a empregada doméstica da família do diretor e na qual ele se baseou para escrever a protagonista desta produção.

Agora, algumas curiosidades sobre o filme. A razão de vários aviões serem vistos na produção é que Cuarón decidiu filmar na Cidade do México e não em um estúdio – e, atualmente, segundo o diretor, um avião passa a cada cinco minutos pelo céu da cidade.

Vale citar algumas falas de Cuarón sobre Roma: “Há períodos na história que cicatrizam as sociedades e momentos na vida que nos transformam como indivíduos. O tempo e o espaço podem nos constranger, mas também nos definem, criando vínculos inexplicáveis com os outros que fluem junto conosco no mesmo tempo e nos mesmos lugares. Roma é uma tentativa de capturar a memória de eventos que eu experimentei há quase cinquenta anos. É uma exploração da hierarquia social do México, onde classe e etnia foram perversamente entrelaçadas nesta data, acima de tudo. Tudo é um retrato íntimo de duas mulheres que me criaram em um reconhecimento do amor como um mistério que transcende o espaço, a memória e o tempo”.

O diretor e roteirista era a única pessoa que conhecia todo o roteiro e a direção que o filme teria. A cada dia ele chegava nas filmagens para entregar para o elenco as linhas do roteiro que seriam filmadas naquele dia. A intenção de Cuarón era surpreender os atores e provocar choque e emoção em cada um deles. Além disso, cada ator recebia orientações e explicações contraditórias, para que houvesse algum “caos” no set a cada dia. Essa ação de Cuarón é explicada com a seguinte frase do diretor: “A vida é exatamente assim: caótica, e você não pode realmente planejar como reagirá sempre em cada situação que ela apresenta”.

Segundo Cuarón, 90% das cenas de Roma representam imagens que ele guardou na sua própria memória. Ou seja, um filme bastante “autobiográfico” ou bastante inspirado nas memórias do diretor, bem ao gosto de Fellini.

Ao apresentar Roma no Festival de Cinema de Nova York, o diretor Guillermo Del Toro disse que o filme de Cuarón é um de seus cinco filmes favoritos de todos os tempos. Deve influenciar bastante para isso o fato de Del Toro ser mexicano também – certamente o filme “bate” diferente para quem nasceu naquele país. Esse mesmo efeito, guardada as devidas proporções, Benzinho (comentado aqui) causou em mim neste ano.

O distrito Roma fica localizado na região Oeste a partir do centro histórico da Cidade do México – caso alguém um dia for para lá e quiser conhecer o local. 😉

Para o filme, Cuarón reuniu 70% dos móveis da sua casa e da residência de familiares para que esses objetivos aparecessem em cena.

De acordo com Cuarón, Roma é o filme “mais essencial” da sua carreira. Cada cena do filme foi gravada no local onde os eventos aconteceram ou em sets que procuraram reproduzir os locais com o maior grau de exatidão possível.

Nos créditos finais do filme, além de agradecer a membros de sua família, Cuarón agradece a nomes do cinema de origem mexicana, como Gael García Bernal, Guillermo Del Toro, Alejandro G. Inãrritu e Emmanuel Lubezki.

Parte da linguagem do filme está no dialeto mixtec. Curioso que o dialeto é falado, essencialmente, pelas mulheres que aparecem na produção – não apenas as empregadas, mas também Sofía.

Pedro Almodòvar considerou Roma como o melhor filme de 2018. A revista TIME também escolheu Roma como o melhor filme do ano, descrevendo ele como “uma ode ao poder da memória, tão íntimo quanto um sussurro e tão vital quanto o rugido do mar”.

De acordo com o roteiro de Roma, a história transcorre entre os dias 3 de setembro de 1970 e 28 de junho de 1971.

Segundo Cuarón, a simbologia de abrir o filme com um avião refletido na água era o de tratar da situação transitória da vida, declarando também que o universo é mais amplo que a vida que os personagens da produção apresentam.

A atriz Yalitza Aparicio, a exemplo de sua personagem Cleo – e da empregada na qual ela é inspirada -, também não sabia nadar.

Dos aspectos técnicos do filme, além da maravilhosa direção de fotografia de Cuarón e da edição dele e de Gough, vale destacar o design de produção de Eugenio Caballero; a direção de arte de Carlos Benassini e Oscar Tello; a decoração de set de Barbara Enriquez; os figurinos de Anna Terrazas e o Departamento de Arte formado por Marcela Arenas, Gabriel Cortes, Ziuhtei Erdmann, Eliud López, Ana Carolina Sánchez Mendoza, Raisa Torres e Marcos Demián Vargas.

Até o momento, Roma ganhou 90 prêmios e foi indicado a outros 122 prêmios – números realmente impressionantes. Entre as indicações, estão incluídas as indicações aos Globos de Ouro de Melhor Roteiro, Melhor Diretor e Melhor Filme em Língua Estrangeira. Entre os prêmios que o filme já recebeu, destaque para os prêmios de Melhor Filme e o SIGNIS Award para Alfonso Cuarón no Festival de Cinema de Veneza; e para 34 prêmios de Melhor Filme ou de Melhor Filme em Língua Estrangeira e 20 de Melhor Diretor para Alfonso Cuarón conferidos por diferentes círculos e associações de críticos de cinema dos Estados Unidos e de outros países. Ou seja, esse filme chega super premiado já tanto para o Globo de Ouro quanto para o Oscar em 2019.

Os usuários do site IMDb deram a nota 8,2 para Roma, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 287 críticas positivas e 13 negativas para a produção – o que lhe garante uma aprovação de 96% e uma nota média de 9,1. As notas dos dois sites para o filme são altas se considerarmos o padrão dos sites. O site Metacritic apresenta o “metascore” 96 para esta produção – fruto de 50 críticas positivas -, assim como o selo “Metacritic Must-see”.

Roma é uma coprodução do México com os Estados Unidos.

No caso de vencer em uma ou mais categorias do Oscar, será que Cuarón fará um discurso político? Com os Estados Unidos sendo governado, atualmente, por um senhor que deseja erguer um muro entre o México e o seu país, acredito que sim. De qualquer forma, seria interessante ver a mais um latino sendo consagrado pelo Oscar. Veremos.

Última crítica de 2018, aproveito esse post para desejar um maravilhoso 2019 para todos vocês, meus queridos leitores e minhas queridas leitoras aqui do blog. Espero que vocês tenham um ano incrível, com muitas alegrias, ótimos filmes e realizações! Abraços e até as críticas de 2019! 😉

CONCLUSÃO: Um filme que nos apresenta duas realidades muito diferentes e que, ao mesmo tempo, se mostram similares em diversos pontos. Roma traz no seu pano de fundo questões fortes do período de ditadura no México, ao mesmo tempo em que retrata com muito cuidado e atenção a intimidade de pessoas de classes sociais muito diferentes que convivem sob o mesmo teto. Essa produção acerta ao retratar uma época de início de empoderamento feminino, assim como de mudança de comportamentos, mas acaba sendo menos impactante ou inovador do que eu esperava.

Uma bela produção, mas que me pareceu um tanto longa demais e sem a carga de novidade de outros filmes que disputam com ela uma vaga no Oscar. Não achei o melhor filme desta categoria até o momento. Está entre as boas pedidas do ano, mas não me impactou como outras produções que buscavam (ou ainda buscam) uma vaga entre os finalistas da categoria Melhor Filme em Língua Estrangeira. Cinema, para mim, é mais que competência técnica. Um filme tem que apresentar emoção, mexer com o espectador ou inovar. Roma apresenta o primeiro elemento, mas com uma carga menor do que o esperado. Bom, competente, interessante e belo, mas não é excepcional.

PALPITES PARA O OSCAR 2019: Roma parece ter uma forte campanha para chegar forte no prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood. Sim, o filme tem muitas qualidades, mas não acho ele poderoso ou inovador o suficiente para ser considerado o favorito deste ano – que é como ele tem sido apontado até agora.

Dos filmes pré-indicados que eu assisti até o momento, sem dúvida alguma eu achei The Guilty (comentado aqui) mais impactante e inovador. É o meu preferido na disputa, até agora. Burning (com crítica neste link) é menos detalhista e bem acabado que Roma, mas também me pareceu mais impactante e inovador. Apenas Cold War (comentado aqui) pode ser comparado com o filme de Cuarón – não apenas pela fotografia em preto-e-branco mas, em especial, pela história central um tanto “conservadora”.

Conforme comentei neste artigo sobre os filmes que avançaram em nove categorias do Oscar 2019, estou especialmente curiosa para assistir aos filmes da Colômbia, da Alemanha e do Líbano. Quem sabe alguma destas produções ou mesmo o filme dinamarquês na disputa não surpreenda e ganhe do “favorito” Roma? O filme de Cuarón tem o seu valor, mas não me conquistou como eu esperava.

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

8 respostas em “Roma”

[…] Vale comentar algumas curiosidades sobre esta produção. Começo tirando a dúvida de muitas pessoas, talvez. Que sim, Belfast é inspirado nas experiências pessoais que Kenneth Branagh teve na infância. Ou seja, mais uma obra semibiográfica de um grande diretor que “revisita” a infância e homenageia as próprias lembranças em um filme preto e branco – como não lembrar de Roma (comentado por aqui)? […]

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