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Un Monde – Playground


Uma visão crítica e bastante dura da escola. Un Monde (ou Playground no título para o mercado internacional) conta a história da adaptação de uma menina para um ambiente agreste e no qual todos são obrigados a passar. Mas afinal, o que se aprende na escola? Sem dúvidas, se aprende muito do que não se sabia antes. Para o bem e para o mal.

A HISTÓRIA

Duas crianças estão abraçadas. Um abraço forte. Uma delas, não para de chorar. O irmão diz pra ela que vai ficar tudo bem, que eles vão se ver no recreio e que ela vai fazer muitos amigos. Enquanto o irmão deve entrar, a menina se despede do pai mais uma vez. Ela é levada para dentro, onde se apresenta para a turma. Nora (Maya Vanderbeque) procura o irmão no almoço, mas é obrigada a se sentar longe dele. No recreio, ela procura novamente o irmão, mas acaba sendo afastada por ele antes de perceber uma dinâmica perigosa que se desenvolve no colégio.

VOLTANDO À CRÍTICA

(SPOILER – aviso aos navegantes que boa parte do texto à seguir conta momentos importantes do filme, por isso recomendo que só continue a ler quem já assistiu a Un Monde): Um dos filmes mais sinceros, diretos e francos sobre a escola que eu já vi – e que provavelmente você vai ver nesta ou em outras temporadas. Sim, a escola é um ambiente importante por várias razões. Mas também é ali que traumas e problemas podem surgir e afetar as pessoas para o resto da vida.

O grande diferencial deste filme é a forma sensível como a história é contada pela diretora e roteirista Laura Wandel. Toda a narrativa é conduzida pela protagonista, a interessantíssima personagem de Nora – vivida com muita propriedade, encantamento e força pela ótima Maya Vanderbeque.

Uma escolha interessante de Laura Wandel é que toda a história está ambientada na escola onde os irmãos estudam. Temos alguma informação sobre a família de Nora e de Abel (Günter Duret), como que o pai deles, Finnigan (Karim Leklou) é quem cuida dos filhos, mas não sabemos mais nada sobre o contexto familiar.

O pai é viúvo? Apenas está desempregado enquanto a esposa trabalha? É divorciado? Não sabemos. Assim como não sabemos como é a relação dele com os filhos em casa ou mesmo como os irmãos convivem no ambiente doméstico.

Essa escolha é interessante porque torna evidente que o tema do filme é o que a escola faz com as crianças, como ela forma pessoas, o que ela ajuda a construir e a desconstruir – ou destruir. Nos falta informação para entender o contexto completo daquela família, mas não é isso que está em jogo aqui. O que interessa é a escola, o funcionamento daquele ambiente e os problemas que ele enfrenta na atualidade – mais do que antes, aparentemente.

(SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Muito se fala hoje sobre bullying. Há quem diga que ele sempre existiu. Sim, de fato, ele existia em outras gerações. Mas a impressão que temos – e não apenas por causa deste filme – é que o número de casos e a extensão deles é muito maior hoje do que antes. As pessoas – no caso, crianças e jovens – estão mais intolerantes, violentas? Lamento em dizer que sim.

E estas crianças e jovens vão se transformar em que tipo de adultos? Há esperança para o quarteto de valentões da escola retratada em Un Monde? Talvez sim, mas certamente não pela forma como a escola trabalha com eles. Nem mesmo a família, aparentemente. A imbecilidade, a ignorância e a crueldade algumas vezes é defendida em algumas famílias. Não apenas no Brasil, evidentemente. O problema é global.

Então, primeira questão deste filme, é que ele foca de forma franca e direta tudo que acontece no ambiente escolar. O recreio, que deveria ser apenas um momento de diversão e de brincadeiras, é um verdadeiro inferno para muitos alunos, a exemplo de Abel.

Laura Wandel aborda muito bem o que acontece nestes intervalos em que a solidão, a angústia e, diversas vezes, a violência contra uma pessoa predomina. O recreio é um momento importante de socialização, mas não é o único lugar em que a “crueldade” de algumas crianças se manifesta. Comentários maldosos, preconceituosos, de escárnio e/ou de exclusão acontecem também em sala de aula através de cochichos, durante o almoço e as aulas de educação física.

Neste cenário, o que resta a uma criança sensível como Nora? (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). No início, ela procura a segurança do irmão. Ao fazer isso, ela expõe Abel a uma situação complicada, porque o garoto deixa de ser aquele que bate para passar a ser o saco de pancadas. No início, ela procura defender o irmão. Mas, depois, ignora as violências que ele passa, tem vergonha dele e passa a renegá-lo. E tudo isso acontece por que?

Bem, porque o ambiente escolar é agreste. Ele força as pessoas a se tornarem insensíveis, muitas vezes. Quem “descuida” e se “deixa levar”, muitas vezes, aparentemente, para “sobreviver”, acaba mudando a própria essência. Nora chega a “roçar” neste perigo, mas nunca ela deixou, de fato, de se preocupar ou de buscar defender o irmão. Ela aprende sobre esta crueldade das crianças da pior forma, sendo também excluída e desprezada.

Mas vale lembrar como toda essa história começou. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). No início, Abel era do grupo de meninos que batia. Depois, ele passou a ser o alvo, até que um novo alvo aparece e Abel volta a ser aquele que bate. Ele já tinha reagido de forma violenta antes, mas perto do final do filme Abel pratica um ato que poderia resultar na morte de um colega. Isso é muito grave, ao mesmo tempo que é realista.

Porque a violência cresce na medida em que as pessoas se deixam dominar pelo cenário e pelas circunstâncias violentas. É possível impedir e frear tudo isso. Mas, para isso, é preciso acompanhamento de adultos. Visão crítica sobre o que acontece. Crianças e jovens sozinhos não são capazes de parar com o ciclo da violência.

Essa é uma mensagem importante deste filme. Sim, as crianças podem se ajudar. Podem sozinhas encontrar o caminho de retornar ao que é certo. Mas isso é muito fugaz. O ideal seria um adulto ou um coletivo estarem atentos a tudo isso.

O ambiente escolar é diversos e complexo. Un Monde revela isso muito bem. E nos faz refletir sobre este momento importante da formação dos indivíduos e, consequentemente, das sociedades. Que tipo de pessoas e de sociedades estamos construindo? A escola é importante para a socialização, assim como para o aprendizado de diversos conceitos e práticas, mas também pode ser um ambiente destruidor.

Vale destacar como Nora chega a questionar muito de seus valores, de seu comportamento e até da sua estrutura familiar por causa do preconceito de colegas. Pessoas que fazem ela questionar o pai e o irmão. Isso é justo? É certo? No futuro, durante o amadurecimento que ela vai passar, na adolescência ou na vida adulta, Nora até pode questionar a si mesma e a família, mas como criança ela não deveria ter que passar por isso por “pressões sociais” de “amigas” (que não o são, é claro) na escola.

Enfim, eis um belo filme sobre este ambiente escolar que deveria ser sempre revisto e debatido de forma franca. O ideal é que o que acontece na escola fosse analisado de forma conjunta entre pais, professores, educadores e sociedade em geral. E que a própria violência fosse discutida de forma mais aberta e franca entre todos, focando não apenas a escola mas outros ambientes, como as casas.

Un Monde chega a angustiar em diversos momentos, mas acerta em cheio em nunca tirar o foco de Nora. A câmera está sempre direcionada para ela, o que nos deixa com a perspectiva da menina que está “perdendo a inocência” enquanto enfrenta o ambiente desafiador da escola. O primeiro de vários locais em que ela se sentirá sozinha, desafiada e desprotegida. Afinal, ela deve lidar com muitos desafios que não teria em casa.

Tudo isso faz parte do amadurecimento. Mas o que o filme mostra e debate é se este processo deveria ocorrer desta forma. Será mesmo que não teríamos uma maneira mais saudável de trabalhar com tudo o que temos exposto no ambiente escolar? Sem contar que Un Monde foca muito bem como o processo de violência ocorre.

Sem se dar conta, Abel reproduz a violência que recebeu logo que encontra uma oportunidade para trocar de papel. Ele acaba, então, descontando tudo que recebeu de forma ainda mais agressiva contra outra vítima sem perceber que está reproduzindo um modelo violento e injusto. Tudo para “se livrar” das pancadas e do vexame, mas sem se colocar no lugar do outro. Isso acontece muito na nossa sociedade cheia de pessoas doentes e com marcas do passado muito mal resolvidas.

Naquele ambiente retratado por este filme temos um pequeno retrato da nossa sociedade. Um coletivo doente, que perdeu vários valores, especialmente os que envolvem a empatia, o respeito e a consideração de uns com os outros. Espero que algum dia consigamos resgatar a essência perdida e preservar o olhar sensível e o coração aberto de garotas como Nora, ao invés de apenas embrutecê-las.

NOTA

8,5.

OBS DE PÉ DE PÁGINA

Fiquei feliz de começar o ano assistindo a Un Monde. Um filme que, admito, não é simples de ser visto, especialmente pela coragem de Laura Wandel em fazer uma narrativa sensível, sem pressa e sempre próxima da atriz Maya Vanderbeque.

Impressionante o trabalho da jovem atriz que, segundo este artigo, que traz uma entrevista com Maya, foi escolhida entre mais de 100 meninas quando o casting de Un Monde foi feito. Quando a produção foi rodada, Maya tinha apenas nove anos de idade. Interessante quando a jovem atriz comenta que para fazer as cenas em que sua personagem se emocionava no filme, ele buscou fatos tristes que tinham acontecido na família ou com ela mesma na escola, onde ela disse que foi “incomodada” também.

Maya Vanderbeque é o grande nome do filme, sem dúvida alguma. Em segundo plano, por não ter a câmera sempre focada nele, ganha destaque Günter Duret como o irmão da protagonista. Além de Karim Leklou, que aparece em ocasiões pontuais como o pai de Nora e Abel, ganha um pouco de destaque por suas aparições Laura Verlinden, que interpreta a professora Agnes, em quem Nora pode confiar na escola.

O olhar diferenciado de Laura Wandel chama a atenção neste filme. Esse é o quinto trabalho dela como diretora e o terceiro como roteirista. Un Monde marca a estreia da realizadora em longas. Antes, ela tinha dirigido três curtas e dois episódios de uma série de curtas documentários. Por esse filme, ela se apresenta com ótimas credenciais. Merece ter o trabalho acompanhado.

Interessante, além do foco da diretora em Nora, a escolha por um número reduzido de personagens secundários. Além dos personagens já citados, temos poucas crianças e jovens com algum destaque – e poucas falas – e poucos adultos também que ganham relevância na história. Se o foco é mostrar o processo pelo qual Nora passa de perto, evidenciando todas as emoções da personagens e suas mudanças, essa escolha faz todo o sentido.

Un Monde estreou no Festival de Cinema de Cannes em julho de 2021. Depois, o filme participou, ainda, de outros 12 festivais em diversos países, incluindo os festivais de San Sebastián, de Hamburgo, de Londres e de Torino. Em sua trajetória até aqui, o filme colecionou 12 prêmios e foi indicado a outros 11.

Entre os prêmios que recebeu, destaque para o Prêmio FIPRESCI “Un Certain Regard” para Laura Wandel no Festival de Cinema de Cannes; para o Prêmio Sutherland conferido para filmes de estreia de diretores no Festival de Cinema de Londres e para o de Melhor Filme conferido pelo Prêmio do Júri Jovem no Festival Internacional de Cinema de Amiens.

Curioso como o título original mudou para o mercado internacional. Para este mercado global o filme foi rebatizado de “Playground”, o que nos remete ao recreio e a uma ironia sobre o momento que deveria ser de alegria para as crianças e que vira cenário de um verdadeiro terror para alguns.

O título original já é mais “filosófico”, já que “Un Monde”, como o título mesmo sugere, significa “Um Mundo”. A interpretação deste título, claro, pode nos levar a ver que o mundo de Nora se resume aos desafios, aprendizados e desgostos da escola, ao mesmo tempo que pode ser interpretado de forma mais ampla.

Aquele ambiente escolar seria um espelho ou uma introdução ao mundo que estamos criando e/ou permitindo que seja criado? Aquele é um mundo possível, mas o abraço afetuoso no final do filme nos mostra que um outro mundo também é possível. Com menos violência e mais afeto, mais abraços apertados, talvez? Não custa sonhar, ensinar e fazer por onde para que isso aconteça. Depende de cada um de nós.

Ah, vale comentar sobre algo interessante neste filme. (SPOILER – não leia se você não assistiu ao filme). Ele dá a entender que apenas as crianças podem se ajudar. Porque quando os adultos entram em cena, suas “medidas” são inócuas. Colocar alunos e pais de alunos agressores e agredidos em uma sala e os agressores pedirem desculpas é óbvio que não resolve o problema. É preciso trabalhar o cerne da questão, entender e trabalhar a violência destas crianças e jovens. Mas os adultos agem de forma quase displicente neste filme e, convenhamos, na vida real.

Me preocupa muito o discurso de alguns pais de “ah, mas meu filho tem problemas, por isso ele é violento”. Certo, mas além do diagnóstico, que tal tratarmos sobre esta violência? Falar sobre ela de forma franca. Trabalhar as frustrações, os medos e a violência de crianças, jovens e jovens adultos antes que uma situação destas saia de controle. Claro que crianças e jovens não vão resolver tudo sozinhos. Eles podem se apoiar e mudar algo, mas os adultos precisam fazer a sua parte e parar de fugir do problema fazendo de conta que ele não existe ou que é “mimimi”. Esse tipo de avaliação, aliás, me deixa indignada. Comentário típico de gente covarde.

Vale mais uma consideração sobre essa história. (SPOILER – não leia… bem, você já sabe). Que bonita a irmandade entre Nora e Abel. Claro que até esse pilar balança um pouco durante o filme, o que serve para fazer quem assiste pensar sobre como aquele cenário agreste e injusto pode abalar até as estruturas mais fundamentais. Mas que é linda a preocupação de um com o outro e, dentro do limite de cada um, a busca por proteger a si mesmo e ao irmão, isso é verdade.

Entre os aspectos técnicos do filme, destaque para a direção e o roteiro muito bem realizados de Laura Wandel. Este é o diferencial deste filme, assim como a interpretação de Maya Vanderbeque. Também vale destacar a direção de fotografia de Frédéric Noirhomme e a edição de Nicolas Rumpl; e, em segundo plano, a maquiagem de Katja Piepenstock; o design de produção de Philippe Bertin; e os figurinos de Vanessa Evrard.

Un Monde é uma produção 100% da Bélgica. Assisti essa produção porque ela é a representante da Bélgica no Oscar 2022 – falo abaixo um pouco mais sobre como este filme avançou no “short list” da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood.

Os usuários do site IMDb deram a nota 7,4 para esta produção, enquanto que os críticos que tem os seus textos linkados no Rotten Tomatoes dedicaram 15 críticas positivas para o filme, o que lhe garante uma aprovação de 100% e uma nota média de 8,2. Chama a atenção, realmente, o alto nível de avaliação do filme. Pouco visto ainda, no site Metacritic, por exemplo, Un Monde apresenta apenas duas críticas – ambas positivas.

CONCLUSÃO

Um filme corajoso, todo filmado sob a perspectiva de uma criança tímida, sensível e que começa a ganhar “casca” ao ir para a escola pela primeira vez. Naquele ambiente, ela aprende e desaprende. Sofre e se fortalece. Um retrato bem feito sobre este ambiente que precisa de muito mais atenção do que costuma receber de pais, professores e sociedade em geral. Filme sensível, bem conduzido e angustiante em diversos momentos. Mas bastante necessário.

PALPITE PARA O OSCAR 2022

Feliz 2022 pra gente! Estou feliz de começar o ano de férias e tendo tempo de assistir a alguns filmes que estão cotados para o Oscar deste ano. Como vocês sabem, a minha categoria favorita no Oscar, a cada ano, é a que apresenta os filmes estrangeiros (ou em “língua estrangeira”, como eles eram chamados há alguns anos).

Pois bem, voltando a assistir a filmes, depois de tanto tempo – acredito que seis meses sem conseguir ver nada -, claro que eu começaria esta “cruzada” olhando para a categoria Melhor Filme Internacional do Oscar 2022. No dia 21 de dezembro de 2021 a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulgou a “lista curta” (“short list”) com os 15 filmes entre os 92 representantes de diferentes países que avançaram na disputa por esta categoria.

Vou assistir aos filmes que eu consegui acesso – ainda não são todos da lista – por ordem alfabética do país de origem. Assim, comecei com este representante da Bélgica. Claro que por ser o primeiro que eu vi, da lista, ainda é cedo para cravar sobre as chances dele de avançar. Tudo vai depender dos outros concorrentes. Conforme eu assistir aos outros filmes ficará mais fácil saber se a safra é boa e forte ou se não.

Mas, neste momento, me arrisco a dizer que Un Monde não deve avançar para a lista final dos indicados – lembrando que o Oscar costuma indicar apenas 5 indicados por categoria, exceto na de Melhor Filme, que pode chegar a 10. Não acho que Un Monde tenha tanta força para chegar entre os cinco. Muito menos, claro, ganhar o Oscar. Mesmo sem ter assistido aos filmes, me arrisco a dizer que os representantes da Dinamarca, da Alemanha e da Itália tem mais chances. A conferir.

Vale lembrar que os membros da Academia vão começar a votar nos filmes no dia 27 de janeiro de 2022, concluindo a votação no dia 1º de fevereiro, e que os indicados serão conhecidos no dia 8 de fevereiro. A entrega das estatuetas do Oscar serão feitas no dia 27 de março. Até lá, quero assistir aos principais concorrentes do ano. Vamos juntos? 😉

Por Alessandra

Jornalista com doutorado pelo curso de Comunicación, Cambio Social y Desarrollo da Universidad Complutense de Madrid, sou uma apaixonada pelo cinema e "série maníaca". Em outras palavras, uma cinéfila inveterada e uma consumidora de séries voraz - quando o tempo me permite, é claro.

Também tenho Twitter, conta no Facebook, Polldaddy, YouTube, entre outros sites e recursos online. Tenho mais de 25 anos de experiência como jornalista. Trabalhei também com inbound marketing, professora universitária (cursos de graduação e pós-graduação) e, atualmente, atuo como empreendedora após criar a minha própria empresa na área da comunicação.

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